Naram-Sim acabara de ver com o seus próprios olhos de que a teoria era
verdade, mas tinha uma única missão: destruir a larva. Roubara as teses que
se encontravam na biblioteca e vira como
a influência da luz poderia ter para além dos baixos relevos neo-assírios. A
estrutura da tese concentrava-se inicialmente na imagem do baixo relevo como um
livro aberto de banda desenhada, na sua mente a tese teria tudo a ver com uma
questão de religião e não com uma
questão de arte. As fotos que adquirira
por parte de um particular francês baseavam-se aliás nas referências do baixo
relevo da Gulbenkian. Havia contactado
com este investigador pela internet. O estudante de doutoramento conseguira uma bolsa em Paris para estudar
esse mesmo relevo que procurava à vários
anos. Naquele instante estavam frente a frente um ao outro. Que se passariam
naquelas cabeças? François lera em
pequeno o romance Deuses,Túmulos e Sábios . Desde essa altura sonhara com
aqueles palácios e inventara inúmeros
jogos com aquelas imagens . Eram ambos os autores das imagens de das alterações
das historiadoras tencionavam dar-lhes cabo das investigações. François
propusera-se a estudar a fórmula de marketing político e a criação de uma opinião pública junto da população e do império assírio . Mas aquelas não eram as linhas
que ele ambicionava. Aquele relevo
pertencia à sua família durante muitos
anos. Só não conseguia entender como é que alguém o fizera desaparecer. O seu avô juntara dinheiro durante largos nos para aprender
acádico viajar por todos os museus europeus tirar cópias de livros e comprou aquele magnífico exemplar. Agora tinham
que pôr em prática os seus planos contra
os actuais donos daquele quadro. Naram-
Sim disse-lhe que teria um plano infalível contra eles. A cem menos dali
Carlota e Caetna uniam-se contra Agatha
Critsie e preparavam uma emboscada que só elas tinham acesso, já que uma delas roubara as chaves de Naram- Sim . Brincar com alta tecnologia é
algo que não se imagina, vive-se. Agora teria que entrar no universo mágico de
Naram-Sim e fazer uma escolha qual dos papéis é que ela inverteria para si.
Depressa entendeu que as chaves para os segredos estavam nos espelhos da
Gulbenkian onde havia um portal que as levaria ao processo que estariam de
tocaia ao assassino e estavam diante de
dois: François e Naram-Sim. Será que os dois seriam a mesma e a própria pessoa? Não, segundo as informações colhidas o relevo exposto era dos familiares de
François ,coisa que ele nunca aceitara. Com Naram-Sim o caso mudava de
figura, estava ali por outra e mais completa razão.
A escolha daqueles sinais dava-lhes muito mais razões para pesquisarem na
discoteca ao mesmo tempo que estudavam a
arte neo-assíria estava qualquer coisa ali mal. Algo que pretendiam investigar. Chegavam á conclusão de que ao olharem ao longe a figura do génio lado teriam que estudá-la
ao pormenor . Com que meios se projecta
no meio de então? Como é que
podiam compreender este ser mitológico ? Podiam concluir de que aquele relevo
era um aviso. Os génios, os grifos demónios e s seres alados povoaram os seus sonhos durante a infância. Ao
olharmos para as entradas das igrejas, nunca poderíamos entender as suas
origens sem a máxima “fora da igreja não há salvação, dentro da igreja há
salvação “. Uma origem que medeia uma época tão longíqua e profunda mas é o sonho que atravessa a nossa memória conduz-nos a um
universo habitado por seres alados capazes de dar as respostas às nossas preces. Olharam para o relevo. A sua grandiosidade contemplava-as, não eram capazes
de o olhar de rente. Mas o ser alado também não o permitia. E isto
porquê? Esse modelo idealizado pelo
homem assírio aterrorizado pelo seu Deus. É isso que se
sente quando olhamos para esse SER.
Dentro deste sistema acabara de ler um artigo numa revista de
arqueologia espanhola sobre magia negra e maldição algo que o professor
Francisco Caramelo já fizera também para os estudos de homenagem do professor
José Nunes Carreira Mas não eram só esses mas também artigos ligados arte em
revistas da especialidade como haviam já
provado esse mesmo factor. A história da mesopotâmia perseguia-o tanto que o fizera recuara atrás
e tentar perceber o porquê das coisas . Ao ver aquelas imagens na discoteca fazia-o recordar aos
seus tempos de Deus, rei das quatro , regiões do Mundo, haviam pelo menos os disfarces que o faziam
compreender a sociedade em que se inseria, no entanto tudo aquilo fazia parte
de um ficheiro contido numa ranhura de um dos arquivos de Ur para restabelecer
a ordem. Ali descobria que não havia o Paraíso e que
aqueles monstros que guardavam a entrada eram os mesmos que falara num seminário. Diante disto tinha
a relações públicas à porta da discoteca que impunha um nível de perstígio.
Ninguém sabia quem era o famoso Legal-já-jezi que muitos conheciam só de nome da história. Mas havia por ali
alguém e esse alguém era ele que
tencionava raptar aquela larva para a destruir.
Usava um brinco para se poder comunicar com os seus antepassados. Alguém
lhe dizia que ele estava prestes a cair na armadilha, num jogo didáctico
e que se deveria recordar das palavras
mágicas. Naram- Sim aprendera a fumar. Acendia um cigarro enquanto falava com um escriba . Não
conseguia compreender porque é que as
pessoas olhavam as horas para uma caixa mecânica onde pudessem ver as horas que
dispunham. Naram-Sim apenas sabia que a
larva enquanto pessoa era uma mulher
deslumbrante. Cantarolava a ópera Orfeu e Euridice de Monteverdi . Para tentar
recordá-la ia às suas memórias para tentar embalar aquela mulher porquem ele
se apaixonara, também antevia ali o mito da descida da deusa Isthar aos
infernos. No meio de toda esta confusão alguém accionara um alarme. Deixou-a de ouvir. A sua música
era o perfeito elixir para os seus sentidos e de nenhum outro ser podia dizer
que se havia apaixonada alguma vez nem tinha tido qualquer tipo de sentimentos
iguais aqueles. Continuava à espera de
notícias de nana . A larva era um programa altamente sofisticada. Quando se encontrou com François que trabalhava ali como barman
para poder pagar o seu doutoramento
e se poder familiarizar não só Benedita , bem como os restantes elementos do
grupo que ali trabalhavam naquele espaço avant-garde. Algumas revistas e
programas de televisão haviam feito referência aquele espaço muito bem
elaborado, no entanto o tema de conversa entre os dois posicionava-se sobre as
mulheres e possivelmente uma que Naram-Sim vira na pista de dança. Qual
Cinderela que perde o seu sapato de Cristal. François não podia deixar de
sorrir como é que um fulano vindo de Londres se fora encafuar ali dentro daquele espaço e ainda por cima por uma
mulher que nunca haviam visto. Sentiu um arrepio na espinha, porque
presenciara outras histórias de amor. Naram- Sim não pensava noutra coisa a
não ser naquela mulher. Queria-lhe escrever poemas de amor, mas não sabia mais nada dela.
Nana não existia. Era um programa. Um projecto que tinha milhares de anos. Desde que En-Uma
escrevera um tratado futurista sobre a
capacidade dos seres Humanos serem capazes de produzir fotossíntese que os historiadores, biólogos, filósofos,
não paravam de escrever teses sobre
aquele tratado. O mais cómico era um deles Angel que vivia na Amazónia à
procura da substância que faria este
programa desenvolver-se como um ser humano e conseguir ao mesmo tempo ter a
capacidade de produzir essa substância. Ninguém sabia onde ele estava. Todos? Não,
Naram-Sim comunicava-se com ele através de um estranho aparelho onde iam
abordando as fórmulas de apanharem tal substância. Mas para tentarem
compreender aquele texto uma equipa de historiadores desenvolveu um colóquio
onde chegassem a algumas conclusões. Os filósofos seguiram-lhes o exemplo e
até imagine-se os biólogos experimentaram as delícias das comunicações
interdisciplinares. Uns diziam tratar-se de um texto filosófico onde se
relacionava com a profecia de En-Huma. Um texto que havia desaparecido para
sempre e era tido como lenda . Nestas andanças andavam as meninas de mestrado,
como Carlota , Caetana que tentavam
tirar o maior dos proveitos para as suas teses, vinha depois o
misterioso professor visitante defender que tudo aquilo não passava de uma
visão de uma luta das forças da ordem contra as forças do caos e que de uma
certa forma detinha uma posição muito idêntica a um mito o Pecado Mortal do
Jardineiro. Alguém se lembrou de relacionar a luz. Porquê tanta gente a
estudar uma coisa que nem sequer existia
em Portugal?
Carlota Joaquina afirmou que uma
destas fórmulas foram conducentes para o Museu Nacional de Arqueologia receber uma boa parte do espólio egípcio quando tomaram os baixos relevos que se
encontravam nos navios alemães.
-
Encontramos
os registos e os relatos nos jornais da época e tudo isso pode ser relevante
para o futuro das minhas investigações. Bem eles sabiam que o projecto que
tinham em mãos era evidentemente resultado desse tratado. Foi aí que Benedita, relações públicas da discoteca “O
Vigário “ lançou a bomba.
Naram-Sim olhou-a
nos olhos. Viu-os como da primeira
vez, azuis como o mar onde as enormes
ondas se desfaziam perto da areia da
praia. Conseguia ver ainda o fogo que existia dentro dos seus olhos quando o
via. Seguiam-se como pequenas câmaras de vigilância atentas a qualquer pormenor anormal que se passasse.
-
Quem és? - perguntou ela.
-
Não te
lembras de mim? Não te lembras daquilo que vivemos?