Há  algum tempo atrás vi um filme intitulado "Mimzzie" em que dois irmãos  recebem  uma caixa  vinda  do mar. Dentro dessa caixa de madeira encontravam-se várias caixas e um coelho de peluche que falava. A grande caixa onde estavam as outras, deu capacidades  fora do normal às duas crianças. A uma o poder de descobrir os desenhos  da mandala  tibetana e à capacidade de mover as pedras e possibilidade prever  acontecimentos ou conhecer o passado de cada pessoa.
A arqueologia  e a história têm também essa capacidade. Escolhi  este filme  para ilustrar  uma pessoa em questão que não é uma pessoa  qualquer.
Tem uma grande sensibilidade  que transpõe para os seus trabalhos que nos deixam atónitos. Falo-vos de uma senhora  que se tem empenhado em trazer para Portugal a Egiptologia. A sua  tese de doutoramento, classificada com Muito Bom e Louvor, intitula-se “Os nomes próprios  do Império Novo”, porém não é apenas esta tese e a sua rara idade no meio académico nacional que a tornam especial. Fez parte do grupo de criadores da primeira revista de egiptologia, “Hathor” (1989), da  Associação Portuguesa  de Egiptologia e, em 2000, obteve uma concessão do Estado Egípcio para escavar em Mênfis.
Por todas estas actividades há que se lhe reconhecer a fibra e o talento, mas recordo-vos ainda que esta senhora ligada à organização do Congresso Internacional de Egiptologia de Lisboa, a 04 de Abril de 2001, que trouxe a maiores sumidades nesta área à capital.
No ano seguinte dirigia já a primeira escavação arqueológica portuguesa no Egipto. Local: Mênfis. A palavra dá lugar  à acção e tudo começa.
 Foi por isso que escolhi o filme Mimzzie porque tem tudo a ver com a pessoa de que vos falo: a  professora Maria Helena Trindade Lopes. Uma lutadora que continua  a sonhar. Há pessoas que esmorecem  e perdem  a capacidade de sonhar quando atingem a maioridade  ou simplesmente a idade adulta, outras não. Neste grupo está seguramente a minha amiga Maria Helena Trindade Lopes.
A escavação portuguesa em Mênfis  recorda-me as pedras  e a capacidade de que o coelho Mimzzie  tinha de olhar para o passado e prever o futuro. No filme o coelho  de peluche tem de voltar ao local de origem  para se proteger, reviver  e recuperar  esse mundo. Também a escavação portuguesa – e o sonho de Maria Helena Trindade Lopes - não deve parar.
Como pensa a ciência, o governo em Portugal?
Estaremos condenados a prever um final riste para esta história? Todos deverão ter lido no dia 10 de Junho de 2008  uma notícia no "Diário de Notícias" da possibilidade do fim da escavação arqueológica onde a responsável  teve que pedir um empréstimo pessoal a um banco porque a Fundação para a Ciência e Tecnologia não deu este ano a verba necessária para a continuação dos trabalhos.
Ora, a história e a  arqueologia precisam de apoios, de estratégias  e de mais pessoas activas  como a grande Helena  que tem alcançado no seu percurso académico  várias vitórias. Um percurso e uma voz  diferentes dos que estamos, mesquinhamente habituados.
Tal como  no filme vamos fazer as pedras  falar  e os hieroglíficas  soltarem o seu grito do fundo dos tempos, das areias escaldantes do deserto, para que se possa  salvar esta operação  delicada.
 Mimmzie, o coelho de peluche, conta com a nossa ajuda  e tenta comunicar também convosco, só que nem sempre  temos a capacidade de o ouvir, e muito menos “os grandes iluminados”.
 Peço-vos um minuto para ouvirem as pedras  e os seus sinais mágicos  falarem. Temos que acreditar num final feliz para esta história que se passa  em Mênfis . Força Helena!
PS: Já agora visitem  
http://home.utad.pt/~apries/Setúbal,  30 de  Julho de 2008
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