O Pecado de Senaqueribe ou o nascimento do
romance policial ?
Hoje estou aqui para fazer uma grande revelação. Revelação essa que tem
sido menos prezada pelos historiadores e pelos escritores de romances
policiais históricos. De facto quem tem abordado estes temas são os
teólogos ou mais propriamente os estudiosos da Bíblia , mais propriamente
os da linha luterana . Porque analisar estas coisas pertencem aos beatos
ou testemunhas de outras confissões religiosas (desculpas para as
outras confissões, porque eles fazem mais em prol da religião que
os próprios católicos e muitos tornam-se historiadores da
antiguidade pré - clássica por via da análise bíblica e do seu próprio
estudo . Isto de ler a Bíblia tem muito que se lhe diga . O que hoje me
traz aqui hoje é a abordagem de um mistério com mais de três mil anos )
.O segredo dessa história milenar que tem ficado
escondida nos anais da história é a falta de provas ou mais
concretamente a história causa - efeito de crime e castigo . Se as provas
ou os documentos que formos analisar têm sido deixados de
lado leva-nos a questionar todos os passos de reconstituição
da personagem histórica nos seus últimos tempos de vida .
Chamamos pois a vossa atenção para o monarca assírio Senaqueribe (filho
de Sargão II ) que morreu no ano de 681 a.c . É a sua
história brutal de déspota , de homem que quis criar uma nova
ordem política e geográfica que fez com que os deuses o
amaldiçoassem e fosse vítima de um crime. Durante muito tempo a única
fonte disponível seria a Bíblia e este caso tornava-se como muitos outros
casos policiais arquivados na história do médio oriente
antigo. Alguém disse um dia e com razão que a investigação histórica
pode-se assemelhar a um inquérito policial.
Passamos a analisar os pontos essenciais da nossa investigação de
hoje : Crime - Suspeitos - Provas - Inquéritos - Testemunhos e Conclusões
.
A investigação que vamos fazer hoje não está descrita nos
arquivos habituais , as testemunhas falam silenciosamente . A Bíblia
falava da vingança do Senhor contra a arrogância
de um homem que quis domar o mundo , apaixonou-se por uma mulher .
Mudou os códigos de leis como prova do seu amor . È neste quadro
que passamos a abordar as semelhanças a um policial concreto o
modo como aconteceu o crime , como o assassino preparou levou-me a
delirar por esta história e pensar como um bom criminoso :
Meu Deus , como é que eu não pensei nisto antes ?
È que para entramos neste universo temos não só que pensar
como um criminoso , mas à maneira da época e reconstituirmos
esse mesmo universo mesopotâmico que esteve fora do
nosso alcance . Muito antes de se escreverem policiais no ido ano
de 681 ac Nínive teve o seu crime espetáculo . Meu Deus
a notícia até está descrita numa das tabuinhas cuneiformes . Assim
não haveria forma de pedirmos a alguém para reinventar o
romance policial histórico ?
Temos muitos e variados romances policiais históricos... mas nenhum foi tão
longe como a própria realidade . A sua resolução parecia remetida para um
canto , talvez debaixo do tapete ... Eis que no dito ano de 1979 um assiriólogo
finlandês ,o professor Simo Parpola ( hoje em dia professor jubilado da Universidade de Helsínquia) num Congresso de assiriologia apresentou uma
comunicação com um título próximo de um dos romances de Agatha Cristye :
O Crime na Mesopotâmia . O texto está net à espera de quem o leia .
O investigador finlandês desvendou o crime e quem seria o
possível mandante .
Quando menos se esperava Sirmo Parpolla como um bom detetive entrou
no espírito da coisa, e revelou nos mínimos detalhes os os usos e costumes daquela época , e não só ambiente de todo a corte , os súbditos na entrada
do palácio , como os visitantes se portavam e o protocolo diplomático ,
revelou os códigos de leis e as relações familiares e até um dos
familiares fosse o próprio assassino . Só um indivíduo muito próximo
do poder saberia os aspetos ligados à arte e à sua ideologia .
Poderíamos reclamar um novo tipo de romance policial, ou concorrer ao
prestigiadíssimo prémio criado com o nome da escritora Ellis
Petters. Este prémio foi criado para premiar romances
policiais históricos como à escritora que lhe deu o nome.
Criou um monge detetive que lutou em Jerusalém . Uma
história que vale por si e deu nome a um prémio . Resta saber quem irá
morder o anzol e escrever uma história policial passada no ano de 681 ac . Aí poderemos parafrasear
Mário Liverani (reputado assiriólogo italiano que esteve em Lisboa há mais de
vinte anos no colóquio internacional sobre o Oriente Antigo
. "Depois basta ouvir a decisão do juiz do tribunal da
história e esperarmos pelo veredicto ."
Todos nós continuamos à espera de um resultado final deste romance
policial.