fanzine Tertuliando (On-line)

Este "blog" é a versão "on-line" da fanzine "Tertuliando", publicada pela Casa Comum das Tertúlias. Aqui serão publicados: artigos de opinião, as conclusões/reflexões das nossas actividades: tertúlias, exposições, concertos, declamação de poesia, comunidades de leitores, cursos livres, apresentação de livros, de revistas, de fanzines... Fundador e Director: Luís Norberto Lourenço. Local: Castelo Branco. Desde 5 de Outubro de 2005. ISSN: 1646-7922 (versão impressa)

sábado, julho 30, 2011

Cenoura à frente dos olhos : Ya-Ya-go nas músicas de intervenção do PREC

Autor: Cenoura à Frente dos Olhos

Título da dissertação: Ya- Ya-o nas músicas de intervençaõ do PREC

Doutoramento: Letras ( História Contemporânea)

Data da defesa: 28 de Maio de 2025

Júri: Professor Doutor Magic o `Toll (Orientador, Universidade Nossa Senhora de Tolkien), Professor Doutor Dolce Gabbanna (Arguente e Orientador, Universidade El-Corte Inglês, Arguente), Professora Doutora Ilusão Óptica Marada de Chamon (Coordenadora, Co-orientadora, Universidade da Carrapeta)

Como é que um jogo de cartas pode influenciar o período revolucionário? Foi esse o tema desenvolvido por Cenoura à Frente dos Olhos que levou a bom porto a sua tese de doutoramento. O o jogo de bisca lambida, burro de pé, terão tido influência nos desenhos animados dos últimos trinta e sete anos. As chamadas feitas nos desenhos animados dos super-heróis contra os antigos latifundiários concentraram esforços para ir ao encontro das forças negras e dos super-poderes contra as músicas do PREC. DEsde já têm uma notícia a dizer: Não estamos nada contentes com a morte do Visconde de Santelmo e queremos processar a autora da novela "Anjo Meu " Maria Joâo Mira por esta ideia peregrina! SE for preciso colocamos-lhe um processo como fizeram com aquela peça possidónia... "
"AH! Acrescentou uma outra figura , não venham cá Blocos ou Institutos Universitários que nós mostramos o que é a realidade. Agora até colocam Marcas de Gel a cantar no Festival da Canção! Que horror ! Isto é o fim do mundo em cuecas !"
Cenoura à Frente dos OLhos após a sua tese de doutoramento States com sindrome bipolar... Tendo-lhe sido oferecido várias caixas de anxiolíticos pelo actual Primeiro Ministro Pedro Passos Coelho.

sexta-feira, julho 29, 2011

Lenda e mito

Camiño Noia Campos em entrevista ao Público afirmou “Um conto surge da imaginação , consiste numa história ficcionada. No caso da lenda, a história aconteceu memso. Quem a conta não tem dúvidas sobre isso. Conta-a como tendo acontecido próprio, ou com alguém de confiança. Se o contador de história já não acredita na sua veracidade, então já deixou de ser lenda (…)[1].

Alexandre Correia afirma:
“É geralmente aceite de que a lenda é um relato passado de geração em geração, tendo um fundo verídico, onde o objecto de crença pelas comunidades que a respeitam. É uma história não testada pela história. Está localizada numa área geográfica ou numa determinada época, embora os factos históricos “apareçam tranfigurados pela imaginação popular. A existência de uma lenda é, em si mesma, uma consequência da fragilidade da história, ou dos documentos que a fundamentam. Por isso, nasce sempre um espaço nebuloso da história, procurando contemplá-la, ou justificá-la, num quadro de representações do imaginário . (…)”[2].

As personagens da lenda são seres bem definidos e bem representados na memória colectiva, documentos que a fundamentam. Aliás raramente uma lenda começa com a fórmula “era uma vez” como sucede com o conto.

À força de ser sucessivamente contada ao longo das gerações, a lenda passa por um processo de diluição do seu fundo real com a incorporação de uma forte componente imaginativa e fantasiosa, certo é também que sempre contada pela comunidade como mantendo um forte fundamento histórico e real[3].
Como colocar nestes termos a dualidade história/lenda? Será que o destino das lendas é serem “abatidas” pelos historiadores? Serão os historiadores inimigos fatais das lendas? Embora pese o desdém com que muitas vezes se olha para a lenda nas abordagens históricas , na realidade a ciência histórica diz-nos que não. Como sustenta Velasco, não é certo que só à lendas onde não há história, nem história onde há lendas[4]. Toda e qualquer lenda que se preze tem os seus pontos de referência, que vão juntando várias arestas pouco limadas e que em determinda altura olhamos para esses pontos com outro olhar. E é esse o olhar de Dangelo Muller que resume a noção de lenda e de mito através desta forma:
“Algumas lendas, como as etiológicas, são pequenos mitos e os mitos geram lendas locais, daí surgir a confusão entre tais géneros da literatura oral. O mito tem características de ser universal, atemporal e uma acção constante em movimento que se disfarça noutros mitos, enquanto a lenda é local, é um ponto imóvel de referência e que selocaliza obrigatoriamente no tempo. A lenda explica, mágica ou sobrenaturalmente, qualquer origem e forma local, indica a razão de um hábito colectivo de uma superstição”[5].
É desta maneira que surge mais um elemento necessário aquilo a que chamamos símbolo. Ora o símbolo é nada mais nada menos, que uma entidade benigna que é visto nalgumas culturas como uma espécie de espírito protector, enquanto noutras culturas é visto como um ser maligno. Neste caso apresentamos um regresso condicional do homem, ou seja a metamorfose do lobisohomem constitui uma volta do positivismo feroz ao estado pré-humano animal ou bestial, próximo daquilo que o autor chama de “relação hostil “presente na violência, sangue e monstruosidade.
Conclui-se que o licantropo ou lobisohomem assuma vários tipos de arquetipos. Carl Jung que trabalhou o conceito, interliga-o à ideia de símbolos ou inconsciente. O autor acreditava que o arquetipo estaria na parte mais profunda do inconsciente, o chamado “inconsciente colectivo” construído pelas imagens e símbolos impercetíveis.
O arquétipo pode ser a forma típica de pensar e agir do ser humano, baseado em imagens universais, vindas de tempos antigos e mantidas pelo inconsciente colectivo ao longo de várias gerações. Dizer que a ideia de arquétipo está ligada ao símbolo e estrutura implica vincular o conceito a um patamar baseado em símbolos, que se unem e formam, isto é , pequenos modelos psíquicos.
A problemática do licantropo e o cruzamento das leituras míticas, arquétipas e símbolicas obtêm-se através de um corte epistemológico referente aos elementos componentes do mito em si, os quais permitem a sua fixação no suposto subconsciente colectivo formulado por Jung .
A crença mais generalizada do lobisomem como o último dos sete filhos varões e em rigor, de filhos que nasceram de seguida, sem irmã de permeio.
Segundo um artigo no “Almanaque de Lembranças” para 1870[6], nos arredores de Lamego. A existência de um lobisomem está dependente de várias circunstâncias.
Assim morrendo alguém que se julga ter sido vítima de uma bruxaria, transforma-se depois em lobisomem com a propriedade de tomar algum tempo a figura de um lobo, de um jumento, de um bode, ou de um cabrito montês, outras vezes o lobisomem gera-se quando algum jumento se espoja no chão ou aparece uma bruxa, e esta diz algumas palavras incompreensíveis. Gera-se também espontaneamente quando havendo numa família um certo número de filhas, aparece um filho. Dando-se neste caso é forçosamente lobisomem. Há meios de evitar que o sétimo filho seja condenado a ser lobisomem. “Logo que nasçam três filhos varões seguidos, o terceiro deve ser baptizado com o nome de Adão; não tendo havido essa preocupação e completando-se a série de sete,o último deve ter como padrinho o irmão mais velho. (Foz do Douro)” [7]
Nos Açores e no Brasil o meio consiste no primeiro dos sete irmãos a dar nome de Bento[8].
Segundo os relatos a data em que se dá a primeira transformação começava aos 13 anos. Esta metamorfose decorria geralmente numa noite de lua cheia.
Os lobisomens apresentavam-se às horas do crepúsculo numa mata ou lugar sombrio, e de noite atravessam povoações fugindo e fazendo grande barulho nas ruas, barulho esse que é ouvido especialmente pelas pessoas que querem influir. Os malefícios piores são os dos lobisomens que têm a forma dos pés de cabrito ou cavalo, quando se vê algum destes seres deve-se repetir três vezes: “Avé Maria, Avé Maria, Ave Maria, dá-se um grande estoiro e rebenta”[9].
Em Coimbra havia na Couraça de Lisboa, na muralha acima da praça da Alegria , uma pilastra ou ameia que derrubada por um lobisomem. Numa outra história recolhida por Adolfo Coelho, a história dos lobisomens parece confirmar a história de comer crianças, tal como a história infantil que tantas vezes ouvimos.
“Um homem que tinha o fado de lobisomem e foi uma vez para a carrada (buscar lenha ao mato) e levou o filho com ele:
- Deixa-te estar aqui no carro, e se vires alguém ou algum burro, chuça-o com esta vara .
O carro ficou no carro e de noite, enquanto o homem foi para o seu fadário, os bois regressaram a casa, mas nem apareceu o filho, nem o pai. O pai entrou em casa, depois de ter comido o próprio filho, tendo aparecido à porta de casa na forma de um cão, pouco depois de ter novamente a forma humana. No momento em que chegou a casa, pediu à mulher que o catasse . Estava muito amarelo e cansado. A mulher estava muito preocupada , porque o filho não aparecia e começou a perguntar ao marido:
- Quando é que aparece o rapaz?
- O rapaz há-de aparecer . - respondeu ele .
- Mas onde é que tu andas-te? Não foste à carrada?
- Fui dar um passeio. Estou tão enjoado que tenho vontade de vomitar. Ao vomitar o homem acabou por fazer sair o filho de dentro de si[10]”.

[1] Cf Paulo Moura , op.cit , p.4
[2] Cf Alexandre Correia ,op.cit
[3] Cf idem , ibidem
[4] Cf idem , ibidem
[5] Cf Dangelo, Muller, Mestre Amaro, um lobisohomem do Canavial: a representação do Licantropo em Fogo Morto ( Dissertação de Mestardo em Literatura Brasileira, 2009 )
[6] Cf Almanaque de Lembranças para 1870, p.341
[7] Para este assunto veja-se a obra de Adolfo Coelho Obra Etnográfica reeditada em meados dos anos noventa ( introd e notas de João Leal ) p354
[8] Cf Almanaque Açoriano , n. 1868, p.111 e ainda em Almanaque de Lembranças , n. 1860, p.181
[9] Cf Almanaque de Lembranças ,S/ D ,
[10] Cf Adolfo Coelho , op.cit , p. 354 e ss

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quinta-feira, julho 28, 2011

Estudos sobre os lobisomens : O EStado da Questão

Desde a mais tenra infância que tive um fascínio por histórias de lobisomens, nessas alturas saía à noite para ver se existiam ou não. Desde essa altura que fui fazendo uma pesquisa paciente, primeiro em histórias infantis, depois noutro registo, o da histórias fantásticas e nos últimos tempos sobre as questões antropológicas deste “ser”.
Maldição, bruxaria? Seriam certamente cânones aproveitados por essas mesmas histórias ditadas pelo cunho da Igreja, na transição do paganismo para o Cristianismo.
Tal como nas histórias infantis em que as personagens devem procurar feiticeiros que lhes dêem respostas para acabar com os feitiços lançados, também decidi percorrer a floresta imensa da historiografia nacional e internacional. Que autores se dedicam ou dedicaram a estudar estas mesmas matérias?
Costuma-se dizer e com razão, “Quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto”, e foi assim que decidi fazer percorrer diversas bibliotecas académicas (fossem elas de antropologia, história, ou não, de centros de investigação), todas elas se pautavam pelo mesmo registo uma ausência total destes estudos. Apenas se soltaram alguns magos e feiticeiras que tinham as poções historiográficas necessárias para chegar a acabar por este feitiço.
Na maior parte das vezes estes feiticeiros encontram-se e encontram fórmulas de encontrarem novas formas de continuarem as suas tarefas , neste caso evidente encontrei invocações certeiras de um dos encontros através de actas de estudos de literatura oral galega. Nestas actas encontrei pormenorizada investigação desde memórias, relatos, estudos, pesquisas arqueológicas, sínteses de lendas e um estudo da queda do deus em que o autor define que o lobo deixa de ser um deus presente no pantãeao basco, para passar a ser um aliado do demónio[1].
Passada essa transição, seria necessário aproximar-nos não só do período medieval, mas também como é que se reproduziu a ideia de um homem que era lobo, caçador e ao mesmo tempo homem, víril e sedento de carne, estando presente o estatuto do grupo, como fazendo parte do lobo. Há sobretudo dois estudos que nos ajudam a elaborar este imaginário medieval a partir da construção de reis que seguiam em regra as leis da Igreja e as novas regras impostas por esta mesma instituição[2], daí que o mesmo autor tenha escrito um pequeno estudo obra que tenha desenvolvido a evolução do lobo, a partir da sua estrutura, dentição, grupo e posteriormente, tenha abordado como foi construído o imaginário lendário e mítico em torno do lobo[3].
A partir daqui nasce uma nova concepção de lobo aquele a que a Igreja Católica foi construíndo ao longo dos séculos em que o lobo era servo do diabo.
De uma certa forma as lendas se foram apropriando desta última fase, que o diga Carlo Zimburgo que analisou grande parte dos escritos para época do final da Baixa Idade Média à transição do Renascimento.
O feitiço do lobo mau é algo que me estimula há muito tempo, e nesse sentido foi através de Carlo Zimburgo que encontrei os primeiros elos de ligação com o final do Império Romano e das invasões bárbaras , e posteriormente de grupos de homens vindos do Oriente trazendo as suas próprias culturas, e com elas as histórias de seres que levavam pessoas e eram capazes de comunicar com o demónio[4].
Em Portugal não há ainda uma obra sistemática sobre o imaginário de uma comunidade relatina á temática do lobos durante um determinado período temporal. Apenas tive acesso a algumas obras e autores que tivessem feito trabalhos semelhantes para estes períodos, Alexandre Ferreira indicou uma pista de duas páginas na sua tese de doutoramento “Os Mouros Míticos de Trás os Montes”[5], por esse motivo decidi comparar os géneros e embrenhei-me dentro dos bosques da literatura onde podemos encontrar alguns ecos da representação do lobisomem ao longo da Idade Média[6].
Nos últimos dez anos têm vindo a ser desenvolvidos nas universidades portuguesas alguns estudos sobre o imaginário dos lobisomens nos últimos dois séculos, nomeadamente através de Maria Amélia Colaço[7], posteriormente a revista Estudos Orientais num número dedicado aos estudos de homenagem ao Professor Doutor António Augusto Tavares, apresentou um dos seus artigos sobre a ligação do homem e do lobo numa perspectiva arqueológica[8].

Mais recentemente Arturo Branco, do Brasil, apresentou uma tese inovadora sobre o imaginário social construído a partir de fontes e da busca das razões pelas quais Bram Stocker escreveu o romance “Drácula”[9]. Passando os últimos séculos chego século XIX numa altura em que todas as lendas pressupõem uma nova busca com carácter científico, por almanaques, processos judiciais, e até mentais como uma outra forma de olhar as mentalidades e aqui esteja a resposta para quebrarmos o feitiço, ou simplesmente, processos judiciais ou psiquiátricos à boa maneira do Doutor Lombroso[10] .
A primeira lenda do lobisomem afirm que e quem tiver mais de um filho varão, o sétimo deverá correr fado, a menos que tenho um padrinho um irmão (o primogénito). A segunda hipótese diz-nos que se o padrinho no baptismo ocultar certas orações, estará a contribuir para que a criança se torne lobisomem. Por fim, a terceira e última hipótese, diz-nos que é através do casamento de parentes das mesmas famílias que podem nascer um lobisomem. O fadário consiste em ir despir-se à meia-noite, numa encruzilhada, espojando-se no chão, onde um animal já fez o mesmo[11].
Depois de termos analisado as questões dos arquétipos da história do lobisomem ao longo dos séculos, como é que a lenda do lobisomem se foi apropriando da imagem do lobo através de imagens, contos, moedas, e até na literatura. Em Portugal, Camilo Castelo Branco abordou o tema no folhetim “Os Mistérios de Lisboa”.

[1] Para este assunto vejam-se as actas do Colóquio “O mito que fascina : do lobo ao lobishome “Actas do II Congresso de literatura oral em língua galega , 166 pp .. Aqui são apresentados algumas das conclusões de José Luís Garrosa , Axton Gomes e Xabier do Campo foram extraídas para algumas reflexões .
[2] Cf Daniel Bernard, Le sangue noir , Paris ,Gallimard , 1 ed, 1994 ,
[3] Cf Daniel Bernard, L’homme et loup , ( avec la colaboration de Daniel Dubois , Paris , s/ d Bernier Levaut , 1981 , 94 pp
[4] Cf Carlos Zimburgo , História Nocturna – A decifração do Sabat , Ed. Relógio de Água , 1995 , 1 a ed,
[5] Cf Alexandre Correia ,, Mouros Míticos em Trás os Montes ,vol.1 , Dissertação de Doutoramento à Universidade de Trás os Montes em Literatura POrtuguesa orientada pelo Professor Doutor Pedro Tamen , 2006, pp 52-54
[6] Cf Philiphe Menard , Les Histoires de Loup – Garou au Moyen – Age , in Symposium de l’homme ,Prof Riquer , Barcelona- Universitat Quadrenas , Crena , 1986 , pp 209 – 239
[7] Cf Maria Amélia Colaço ,O homem , o lobo e o cão , Dissertação de Doutoramento inscrita na Universidade Lusíada de Lisboa ( 1998 ) a decorrer ainda a sua investigação )
[8] Cf , Estudos Orientais – Revista do Instituto Oriental da Faculdade de Ciências Socais e Humanas , n . 7, 1998, Estudos de Homenagem ao Professor Doutor António Augusto Tavares
[9] Cf Arturo Branco , O morcego e o lobo , Tese de Mestrado em História Social , Goiania , 2009
[10]Para este assunto veja-se o artigo de Félix Castro Vicente, “Bibliografia sobre o Caso de Manuel Rosamanta “O homem de Urito “de um pregode cordel desconhecido sobre o tema” , Revista Lerhes , n.9(2009) , pp1-16
[11] Para este assunto veja-se a tese de Alexandre Parrita Ferreira , Mouros Míticos de Trás os Montes ( Disertação de Doutoramento ) , vol.I , p52

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quarta-feira, julho 27, 2011

fanzine Tertuliando (On-line): Dem�nios Eg�pcios e Mesopomt�micos: Precisam-se

segunda-feira, julho 25, 2011

Registos de doutoramento numa universidade portuga

Voltamos a reeditar este género de humor. Com os resultados das teses de doutoramento recentemente apresentadas nas universidades. Desejamos a todos os candidatos das nossas universidades. Muito Boa sorte! SE acharem alguma semelhança com a realidade é pura coincidência!


Rabicó Aceroula Bonde Delícia,“O rugido do rei Leão diante da Leoa Muribunda nos relevos neo-assírios” (2006) Orientação de Faz-de Conta que te oriento (Helsínquia) e Por Amor da Santa (Avançada)

Arlete Mémé Negra, “O pontificado de Dora a Exploradora na redacção da revista Vogue Apopis Bastet durante o I Período Intermediário “(2001) Orientação de Fimcapé Fénix Sete-Rios (Universidade Tiro ao Alvo) e Indecifrável Não se dá Com ninguém. (Concluída)

Cuca Não Mete Medo a Ninguém ,“À procura da ilha de Caras de Walt Dysney na procissão religiosa dos tarados sexuais da Hatusa Dysney “(2002)Orientação de Servilhetas e Tortilhas Oviedo (Andorra) e O que fiz eu para merecer isto? (Concluída)

Capuchinho Vermelho Pará, Escuta e Olha,“Entre as pedras retiradas da barriga do Lobo Mau – Comparação entre o Mito de Hesíodo e a lenda de Kumarbi “(1999) Orientação de Lilith Vai de Retro (São Paulo) e Pé de cabra Equivocado (Concluída)

Lenhador Machado de Motossera ,“Os gemidos latinos da avózinha diante do cesto da menina na visita – Histórias da Loba a Rómulo e Reno nos saldos de El- CorteInglês durante a Ocupação Romana na Lusitânia “(2005) Orientação de Deixa que te Leve (Coimbra) e Vale Tudo até Arrancar Olhos (Concluída)

Rabicó Aceroula Bonde Delícia: Será delícia fazer tese ?

Desde 1986 que os assirólogos têm feito analogias aos baixos relevos neo-assírios com a Kaballa Judaica e que apresentaram esse elemento como Tese de Douramento na área de História das Civilizações Pré-Clássicas: especialidade Assiriologia.
Recentemente Rabicó Aceroula Bonde Delícia ,Da Universidade Diz Alguma Coisa daquilo que estou a Fazer que te rebento os Dentes defendeu uma tese um tanto invulgar: “O rugido do rei Leão diante da Leoa Muribunda nos relevos neo-assírios” . Rabicó, o porco saído do Sítio do Picapau Amarelo decidiu fazer juz à sua sabedoria.
Fomos entrevistar o Marquês de Rabicó antes das suas provas públicas de Doutoramento, onde o autor da tese nos revelou alguns tópicos essenciais da sua investigação . Vão ver que a tese promete...
- Doutor Rabicó, porquê este título e este tema ?
- Bem, sabe eu sempre vivi entre o medo e o temor, o desejo da minha morte por parte da minha mulher me levou a escrever a Agatha Christie....
-Sabe, ela faleceu à cerca de 35 anos...
- Sim, foi o que me disse Dona Benta, depois de Agatha Cristie ter estado lá no Sítio.
- E o que fez então? Contou-lhe a sua vontade de fazer assiriologia
- Não, descobrimos que não era ela, mas o Dexter, o médico legista. Matou a minha mulher, Emília a Marquesa de Rabicó... Tirou-lhe as pílulas de fala do Doutor Caramujo.
- Meu Deus! Que horror!
- Que nada! Até foi um alívio!
- Não diga isso, ela era um barato!
- Você é que sabe...
-Pois bem, foi ele é que me disse que havia essa área A assiriologia e me aconselhou a ver o filme A árvore da vida de Terrence Malick , ler a tese de Simo Parpolla da Filândia e ver o filme O rei Leão da Disney.
- o que descobriu então?
- Descobri que o Rei Leão era o Projecto da minha vida, porque tinha tudo a ver comigo a dor, me via nos baixos relevos neo-assírios de Assur-nar-sir-pal II onde se vêem estacas com os inimigos...
- Não me diga que acha o Conde Drácula é esse monarca?
- Claro que é, eu me escrevi com Anne Rice e ela me disse que sim , escrevi também a Elisabeth Koslova me disse que sim, e...
- A Bram Stocker também?
- Sim, ele disse-me que voava... também a história de Twilight, também revela esses mesmos contornos.
- Não acha que está a querer por tudo na mesma panela?
- Não, eu espero morrer e depois ser tão famoso como Stieg Larsson ou Roberto Bolano. Já leu aquele romance enorme? Não tem ponta que se lhe pegue...
- E o último romance de Maria Teresa Orta ?
- Não sei, o livro é tão grande, coitada da Marquesa da Alorna, eu conheci ela num jantar... Acha que consigo levar aquilo para a praia? Nem dá para fazer ligação com a minha tese...
- Você fez ligações com o Conde Drácula na Roménia, África e noutros locais do mundo. Porque não havia uma ligação em Portugal?
- Talvez, fique para o pós doutoramento. Vou fazer um estudo sobre a Marquesa da Alorna e aí vou torrar a paciência a ela e a Anne Rice.
- Muito obrigado Doutor Rabicó. Bem, meus queridos, isto promete....

Voltamos com os resultados da tese, amanhã ou depois...

-Espere aí, tenho mais dados da minha tese...

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terça-feira, julho 19, 2011

Realismo mágico precisa-se

Uma das coisas mais interesantes da literatura é aquela que nos faz ligar a nossa cultura ancestral ( os mitos, as tradições e o foclore ) com a própria realidade. Muitos autores foram e são peritos nisso, e nós bebemos as suas histórias. Os Cem anos de solidão são exemplo disso, A ilha dos amores infinitos transferem-nos para realidades que nos fazem regressar à nossa infância. Eu também quiz um dia sonhar... escrever essas mesmas histórias e percorrer aventuras onde mortos, duendes, lobisomens e mouras encantadas são os detectives natos contratados por um escritor. Será este tipo de literatura um género menor?
A meu ver, não parece-me mais que Portugal necessite de um estilo de género onde alguns teóricos digam que Mia Couto, Lídia Jorge trace estes espíritos. Na minha opinião só houve um único livro português que tivesse todas as condições para ganhar o estilo do realismo mágico.

João Cerqueira, A Tragédia de Fidel Castro, Saída de Emergência, Col. Bang
Esse sim, considero um verdadeiro romance que contém todos elementos que o podem classificar de realismo mágico. Este ano uma nova escritora Tea Obreht ganhou o prémio Orange e que na prestigiada New Yorker Books Magazine de 4 de Juho ela foi considerada como uma das mais influentes escritoras da nova geração.
Mas afinal de Tigers Wife um dos melhores romances de sempre?
A história ambientada nos Baslcãs, na antiga Jugolsvia, onde tradição, medicina e traumas mal resolvidos vão criar todo um ambiente para um romance inesquecível. Só esperamos a sua tradução... rápida e que nos transporte até à Sérvia e reconhecer o que é realismo mágico!

Basta de Harry Potters, Senhores dos Aneis, há que criar outros romances vá... força nisso... Não prometemos nada, mas esperamos sonhar e recordar universos paralelos onde tudo é perfeito como nos contos de fadas.

segunda-feira, julho 18, 2011

Museu Cargaleiro de Castelo Branco

Fotografias exteriores do Museu Cargaleiro de Castelo Branco, da autoria de Luís Norberto Lourenço, tiradas ontem*, inaugurado em Abril de 2004, num espaço adaptado para o efeito, o Solar dos Cavaleiros, com a chegada de nova colecção, foi criado de raiz, ao lado, um novo edifício, pelo que o alargamento do Museu foi inaugurado pelo Presidente da República a 9 de Julho de 2011, no âmbito das Comemorações do 10 de Junho, na passada sexta-feira abriu ao público em geral, visto que à data da inauguração presidencial não estava ainda tudo visitável.














*Era nossa vontade dar a conhecer e divulgar as exposições patentes no MCCB, como temos feito noutros casos, ajudando à divulgação das mesmas, fomentando visitas... infelizmente não nos permitiram fotos no interior do mesmo. Vontade do Mestre, imposição da tutela, ordens da Directora? Durante a nossa visita coincidimos com 5 visitantes, nos dois edifícios, não devem querer mais! São opções! Mas há outras, num que aqui divulgámos, dão um documento simples a assinar (o que fiz com todo o gosto), para que quem quer tirar fotos informe, responsabilizando-se sobre qual o motivo da recolha fotográfica! Pena que as regras não sejam para todos, ver aqui:
http://pintaraoleo.blogspot.com/2010/08/nao-perder-museu-cargaleiro-em-castelo.html

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domingo, julho 17, 2011

De que falamos quando falamos sobre lendas e mitos ?

A 17 de Junho de 2010 folheava numa tarde o jornal Público quando olhei para um artigo que me chamou à atenção “As lendas só são lendas porque acreditamos nelas”[1]e pensei em inscrever-me no mestrado em História Contemporânea para desenvolver um aspecto único, fora dos parâmetros centrais da política ou da questão institucional. Interessava-me recolher as memórias dos descendentes de homens e mulheres, que durante anos tinham tido a fama de se transformarem em lobos e lobas nas noites de lua cheia, e que por algum azar teriam que viver com esta maldição. Pensei logo que era mesmo aquilo que eu queria estudar num futuro mais próximo. Estudar o lobisomem, como também procurar respostas para um fenómeno que hoje em dia afecta a extinção do lobo visto como o mau da fita, o animal que come as ovelhas, um ser sanguinário e predador. O lobo foi vítima do imaginário popular que fazia dele nas fábulas, nos ditados populares, em contos e sobretudo nas histórias infantis aquele ser mau e pronto a abater. Para tentar compreender este fenómeno decidi traçar cerca de dois mil anos de história na qual o lobo e o cão foram-se separando nesta aventura tomética. Durante esta demanda decidi pesquisar não só romances, como também relatos orais, processos judiciais e moedas onde o lobo surge como totem de uma determinada comunidade. Por isso não pude deixar de recuar aos tempos pré –históricos e observar as diferenças entre o lobo, o homem e o cão.
Se a ideia inicial era estudar um grupo de pessoas que eram descendentes de homens e mulheres que tinham fama de se transformar em lobos, a tarefa tornou-se inglória, porque os entrevistados se tornaram indisponíveis, porque temiam ser catalogadas como familiares de monstros, loucos haviam sido internado em hospitais psiquiátricos.
Desta forma fui obrigado a mudar o plano de estudo do meu trabalho e os objectivos inciais, se numa primeira fase seria estudar a forma como decorria a vivência entre familiares e comunidade entre as mesmas pessoas, agora já não havia mesmo dúvidas, mesmo sendo um caso real de foro psicológico, denominado licantropia, havia reminisciências de um passado nas zonas do Norte do País . Grande parte da população da região de Setúbal, assim como noutras cidades são oriundas de zonas montanhosas do Norte do País e mesmo as zonas mais próximas como Azeitão e Palmela poderiam ter estas mesmas histórias. Contactei o museu de Palmela, estive no Arquivo Distrital onde pensei encontrar alguma história ou processo judicial que se pudesesse encontrar vestígios entre o crime e a crença nesta lenda milenar.
Parti então para a segunda fase deste trabalho investigar a história do lobisomem a partir da sua origem, de que forma é que é que foi criada esta lenda e se foi desenvolvendo até ser escrita por diversos autores e ser contada em histórias para crianças foi um passo.
Costuma-se dizer “quem não caça com cão, caça com gato” e foi o que decidi fazer. Procurei os relatos orais recolhidos no século XIX por Adolfo Coelho[2].
O lobisohomem é um ser por excelência muito rico na tradição oral e na literatura em pormenores e histórias relatadas desde a Grécia Antiga, muito embora se possa conhecer uma aresta desta história, decidi pegar em todas as versões e juntá-las até chegar a uma conclusão. Sendo frequente ainda na representação destas histórias de que o lobo surja como companheiro do homem,ou simplesmente corredor, por correr fado. O certo é que a crença popular refere também o cavalo, o burro e o bode. Não se estranha por isso que no fadário popular, o lobisomem enquanto produto da fantasia popular, possa ser considerado como uma tentativa de apresentar uma criatura onde se conjuga a ferocidade maléfica do lobo com as emoções, angustiadas ou igualmente maléficas do homem. Aliás a fantasia tem a característica de produzir seres e situações que “não são materializadas” e que por isso, são apenas indícios para quem os cria ou para quem neles acredita.
O que me interessava investigar na história do lobisohomem, não é só aquilo que foi transmitido ao longo de milhares de anos, mas também o que fez variar a história do lobisohomem, por diversas culturas e em casos especiais se transformou numa espécie de ingrediente local condimentado à moda da cultura autócne.

[1] Cf Paulo Moura “As lendas só são lendas porque acreditamos nelas “in Suplemento P2 (Público)ano XX ,5ª feira 17/6/ 2010 , pp4 -5
[2] Adolfo Coelho, Obra Etnográfica , Vol. 1 , Festas , Costumes e Outras Matérias , col. Portugal de Perto , P.D. Q, pp354-

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sábado, julho 02, 2011

Un poeta portugués se presenta: José Santolaya e Silva sobre António Salvado

Mais um documento digitalizado na íntegra e disponibilizado por nós no SCRIBD e aqui publicitado.
Continuamos apostados na salvaguarda do nosso património documental... sem Ministério da Cultura, com crise e com "troika" e tudo!!

Un poeta portugués se presenta

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