fanzine Tertuliando (On-line)

Este "blog" é a versão "on-line" da fanzine "Tertuliando", publicada pela Casa Comum das Tertúlias. Aqui serão publicados: artigos de opinião, as conclusões/reflexões das nossas actividades: tertúlias, exposições, concertos, declamação de poesia, comunidades de leitores, cursos livres, apresentação de livros, de revistas, de fanzines... Fundador e Director: Luís Norberto Lourenço. Local: Castelo Branco. Desde 5 de Outubro de 2005. ISSN: 1646-7922 (versão impressa)

quinta-feira, setembro 10, 2015

PROJECTO SHERAZADE ....




Todas as  histórias  quando são pequeninas querem  ser short-storyes , podem  ser mágicas , cheias de dragões , com árvores e feijões mágicos . Os seus pais podem ser idênticos , podem ter nomes diferentes em qualquer  parte do mundo , mas podem ser ambientados  à realidade  do seu país .

Por essa mesma  razão à milhares de anos , dias e noites ouvimos histórias que nos são contadas de maneiras diferentes desde um dia em que  uma menina  chamada Sherazade decidiu tornar-se escritora .
Sherazade estava condenada à morte pelo seu marido ,mas a nossa menina  era esperta ,decidiu  contar-lhe uma  história , mais ou menos  uma espécie de novela .
Por essa razão , todas as histórias  quando são pequeninas precisam de  crescer , levar pontos , vírgulas e criar personagens inesquecíveis .

Podem ser meninas que querem ser bailarinas , artistas de circo , ou serem como os meninos que  vos contei da igualdade, todos eles são pequenos contos que hão de dar em novelas e por  fim em romances .

Todos os grandes romances têm várias tendências , podem ter fantasias , histórias  inimagináveis à maneira de Gabo , Homero , Hesíodo, eu  prefiro as policiais , as de realismo mágico , como as Incidente em Antares , Mia Couto . Mas tenho preferências estranhas , misturar histórias infantis com  pessoas adultas e  personagens históricas .

Na minha opinião o verdadeiro romance mágico português é o de João Cerqueira , que publicou dois romances  A tragédia de Fidel Castro , A segunda vinda  de Jesus  Cristo  à Terra . Destes  romances não conto nada , porque até já vos falei dele noutra altura por aqui .

Hoje estou aqui para vos apelar  a  participar ao  Projecto Sherazade , o filme  " As Mil e uma  noites " podiam fazer parte deste projeto , mas não fez . Houve  aqui  outras  histórias de ficção científica , romances de amor e guerra , mas antes de tudo histórias de adultos que queriam ser pequeninas .

Por essa razão devemos que apelar á vossa  criatividade , sejam à forma de non -sense ou mesmo realista e juntarmos tudo e as  vossas  vidas nunca mais serão as mesmas .
Quero apelar  ao vosso talento , aos vossos sonhos ,  e aqui apresentarei  outras histórias escritas por mim e por alguns alunos  meus .
Durante algum tempo que  dei aulas , dei aulas de escrita criativa ou apelei à criatividade nos exames de história a partir dos seus gostos televisivos e nesse ponto de vista eles tornaram -se verdadeiros visionários em romances inovadores .

Sejam meninos e meninas , homens e mulheres de  condição inferior ou superior , todos eles tiveram uma norma de história mitológica . Podemos agradecer aqui a cada autor , que com a sua  vontade de criar o seu mundo , deram asas uma outra mensagem , mais  simbólica e cheia de códigos . Atrevam-se a fazer-nos sonhar , a ser meninos outra vez e a retomar aqueles serões junto da lareira de que afinal de quem  conta um conto  acrescenta um ponto .

Poderíamos nós viver sem Sherazade ? Poder , podíamos . Mas não era a mesma coisa .

De que falamos quando falamos de igualdade ?



 Era uma vez uma menina que não queria  ser bailarina , não queria usar sapatilhas , mas usar um fato de macaco  e uma chave de fendas .  Desde pequenina , a menina brincava com carrinhos e sonhava  com óleo e o barulho da oficina . Por outro lado , havia um outro menino que não sabia línguas , que tinha vindo do outro lado lado do  atlântico , e tinha uma cor escura , tinha outra religião . Esse menino não acreditava num Deus único , nem num homem castigador , mas sim , na natureza . Custava-lhe crer que a cor , a língua e os recortes sociais  fossem modelos  da sociedade .

Por outro lado , havia outro menino , o menino da mata , que não queria ser menino , não gostava de se chamar Pedrinho , não gostava de brincar com carrinhos , mas gostava de ler revistas de moda , cozer roupas e usar e abusar das linhas ....

Hoje em dia , todos eles fazem parte da sociedade, seja menina mecânica , o menino que sabia ler outras línguas, o outro  que queria ser estilista  e ser mulher, todos eles têm uma forma  de ser iguais .
Se Raymon Carter tivesse escrito o que era a igualdade , seria tudo isto que ele haveria  de escrever  e falar sobre igualdade . Ou de alguma forma de podermos ter acesso à cultura ou à saúde ? Ou teremos nós apenas decretos muito bem escritos que não correspondem à realidade ?

Estas pequenas histórias que aqui contamos podem chegar até outras  épocas  que não tiveram direito à educação , à leitura , mas que hoje escolheram ser ignorantes ,porque preferiram  ter uma capa bonita , um embrulho sedutor  quando no fundo não existe nada . Será aqui a escolha do saber ? Ou de não saber ? Quem é que pode afirmar o que sabe e o que não sabe ?
Seriam estes meninos capazes de levarem a sua história ao mundo ? Como poderiam eles participa no direito à cidadania ? Não seriam eles capazes de mudar as mentalidades , além dos decretos-lei ? O  decreto -lei não muda nada  as cabeças , mas sim pequenas histórias e exemplos , por isso contamos as histórias de três  crianças de hoje que podem ser as de ontem. Será que nós portugueses conhecemos os nossos direitos e deveres ? Será que temos direito ao livre -arbítrio ?


Sim , para já temos a nossa constituição , uma espécie de suprema árvore do conhecimento , da qual podemos utilizá-lo para o bem e para o mal . Poderia ser que os nossos meninos fossem meninos ou meninas que comessem o fruto da  árvore das leis no jardim da  constituição , só assim todos eles poderiam dar as mãos .Porque serão eles os homens e mulheres de amanhã . Só assim é que poderemos   falar de igualdade .