fanzine Tertuliando (On-line)

Este "blog" é a versão "on-line" da fanzine "Tertuliando", publicada pela Casa Comum das Tertúlias. Aqui serão publicados: artigos de opinião, as conclusões/reflexões das nossas actividades: tertúlias, exposições, concertos, declamação de poesia, comunidades de leitores, cursos livres, apresentação de livros, de revistas, de fanzines... Fundador e Director: Luís Norberto Lourenço. Local: Castelo Branco. Desde 5 de Outubro de 2005. ISSN: 1646-7922 (versão impressa)

domingo, outubro 29, 2006

Tertuliando na web (notícia)

A notícia foi feita com base em dois breves comunicados por nós enviados em alturas distintas. A notícia contém algumas imprecisões quanto à 1ª parte da notícia, para qualquer esclarecimento leiam sobre esse assunto:
http://republicalaica.blogspot.com/2006/08/escrita-partilha-e-afectos-debate-com.html
Por: Luís Norberto Lourenço

domingo, outubro 22, 2006

Do nosso Arquivo Tertuliano: poesia de Manuel Sapateiro


46.ª iniciativa: APRESENTAÇÃO DO LIVRO DE POESIA DE MANUEL RODRIGUES “SAPATEIRO”, a 1 de Novembro de 2002, pelas 16h, no Bar Sebastião, em Castelo Branco. Org. CCT (ex-Tertúlia). Com a presença de 21 tertulianos, entre eles o autor.
O autor adoptou Castelo Branco como a sua terra, onde foi durante anos responsável pelas Biblioteca Itinerentes e depois pela Biblioteca Fixa de Castelo Branco da Fundação Calouste Gulbenkian.

sábado, outubro 21, 2006

Poesia Contemporânea*


Uma decepção mais ou menos esperada, esta a dos poetas mais recentes (a geração daqueles que, atacando o género do romance, peca por excesso de pretensiosismo). Continuo a aceitar como excepção um Carlos Alberto Machado (de quem ninguém fala), verdadeiro oásis no centro de tanta superficialidade literária. Lido um dos mais recentes de Manuel de Freitas, sobre uma pretensa incursão cabo-verdiana (Cretcheu Futebol Clube, Assírio & Alvim, 2006), pensei: que dirão os cabo-verdianos sobre isto? A quem interessa verdadeiramente esta poesia? Aos amigos; ou a qualquer grupo de adolescentes da periferia, a quem certos glossários sabem como sumo tropical?
Sem escapar a múltiplos lugares-comuns, versos musculados e referentes deslocados para o arquipélago das hispérides, que tentam sugerir-nos outro paradigma, a poesia de Manuel de Freitas, neste Cretcheu não afugenta uma mosca. Talvez nem tenha essa pretensão. Porém, fica um travo amplo a mistificação entediante (deveremos consultar os glossários de Manuel Lopes, de Manuel Ferreira, ou ficarmo-nos pelo sofá?). Manuel de Freitas começa a distinguir-se por ser um poeta das relações urbanas, das noites mal dormidas, das seriações onomásticas de amigos (por quem exagera nos envoi), dos véus que não levanta e que ocultam uma maturidade ficcionada ou mesmo uma mal disfarçada imaturidade. Terá o autor vivido as vidas que nós perdemos, como certas caricas de Rimbaud?
Cotejando a obra deste autor com a de João Vário, por exemplo, que é um cabo-verdiano universalista, percebemos como é fácil promover a mediania e obliterar o génio. João Vário (Timóteo Tio Tiofe ou João Varela) é um inequívoco superlativo literário a que a grande maioria dos poetas portugueses contemporâneos nem de longe ambiciona igualar (é que a estes faltam certos atributos como erudição, vida, oficina). A densidade poética da série «Exemplos» (Coevo, Dúbio, etc), de valores intelectual, ético e literário inestimáveis, fazem de Vário um poeta iluminante, ainda que se mantenha à margem das instituições literárias portuguesas, bem como da crítica. A sua escrita é preciosa, porque densa, mística, épica e bíblica. À mistificação responde com o mito, à realidade forjada responde com o cosmo humanitário, à leviandade boémia responde com a questionação ética.
Manuel de Freitas procura a honestidade de revelar a mentira: «Apanhámos outro táxi,/ talvez demasiado bêbedos.». Para João Vário, a verdade é uma busca incessante: «É esse tormento ou essa luz,/ que divide ao meio a verdade,/ que nos assiste para falar de predestinação?» (Exemplo Dúbio, Coimbra, 1975). Porque Deus é dúbio. Poesia cabo-verdiana ou por Cabo-Verde, em distintos registos: o de quem não conhece o país; e o de quem saiu, talvez demasiado cedo.


*António Jacinto Pascoal,
Mestre em Literaturas Africanas

sexta-feira, outubro 20, 2006

Para que não se esqueça...

Fotografia com vista parcial da 14.ª tertúlia organizada pela Casa Comum das Tertúlias (ex-Tertúlia).
Tertúlia: APRESENTAÇÃO DO LIVRO “FESTIVAIS INTERNACIONAIS DE TEATRO”, com a presença de José Mascarenhas, Director do Teatro de Portalegre – 8 de Fevereiro de 2002 – 21h 30m, Bar Platinium, Castelo Branco.


Continuamos a divulgar o nosso património documental.

Por: Luís Norberto Lourenço

sábado, outubro 14, 2006

Inteira Vida*





A obra Inteiro Silencio (Caminho, 2006) de Cristina Mello representa um passo muito adiante de Metade Silêncio (Minerva, 1992), porquanto a linguagem surge agora com maior laboração estética e rigor linguístico, evitando um certo pendor minimalista do primeiro livro, mas mantendo a contenção os topoi da perda e da dor em sentidos físico e espiritual (e até certos morfemas obsessivos, como «mantra») – de resto, o magnífico desenho de capa de Jorge Ulisses surge integrado no corpo do livro de 1992. Mas, mais do que isso, Inteiro Silêncio é uma longa litania, fundada naquilo que nos parece radicar num universo vivido pelo sujeito poético como realidade que não admite ficções.
Ao lamentar-se ante um precipício pessoal, o sujeito poético sugere linhas de leitura recorrentes e obsessionantes: a perda do amado; o desejo do seu regresso; a violência traumática a que o «outro» o confinou («Quantas chicotadas ainda faltam?», «Acostumado veneno», «Acostumado açoite», «O lancinante veneno», «Que chicote me derrubou no chão» - os vergões e serpentes vários); o desejo de que o «outro» abandone a falsa consciência (e a ingénua falsidade) em que terá mergulhado («Porquê, então,/ Os enfeites», «Mas para quê tanta pirueta?»); a esperança de reencontrar o Amor, por sobre a dor passada («Ainda quero»); o ciúme assumido como forma de se distanciar da falsa concorrência («As mulheres saindo/ E todas sorvendo nesse dorso/ O teu inebriante cheiro// Uma mulher/ Apenas uma (…)// Os corpos partem/ Mas um deles fica»).

Mas Cristina Mello consegue, e bem, edificar um espaço de esperança serena, onde ainda parece tecer um pequeno pacto paradoxal com o profundo desespero (lido também nas dimensões metafórica e metaliterária da literatura): «Cada um é só/ Em sua casa/ Nem na palavra/ Somos muitos». Que não se confunda, porém, o cenário literário com a realidade afectiva. É com a comunicação pessoal que Cristina Mello nos interpela, colocando-se, já não no lugar de Penélope (do primeiro livro), mas na ara do sacrifício amoroso e universal a que Electra ascende.



*António Jacinto Pascoal

(Mestre em Literaturas Africanas)

segunda-feira, outubro 09, 2006

Ventos de mudança

Feira do Livro Regional da Beira Baixa
(Breve balanço)

Terminada a "Feira do Livro Regional da Beira Baixa" é hora dum primeiro e breve balanço, sobre a mesma.
Fotografia (cedida pelos Ventos da Líria) tirada durante uma das iniciativas agendadas para o evento, o Concerto dos Ventos da Líria, conjunto de Alcains, cuja actuação é merecedora dos mais rasgados elogios, do público e da organização, os Ventos da Líria deram uma magnífico concerto, em comunhão com um público participativo e que nos honra por marcar uma nova etapa na diversificação e na melhoria da oferta cultural do Clube de Castelo Branco, sintomático disto mesmo é o facto de a próxima programação da "Cultura Politécnica", da responsabilidade do IPCB, vir a integrar o salão da sede do Clube de Castelo Branco (onde foi tirada a foto), no roteiro dos espaços utilizados pela mesma.
A parceria entre o Clube de Castelo Branco e a Casa Comum das Tertúlias beneficia as duas partes, pelo que vai continuar em projectos já em andamento.
Os quais serão atempadamente anunciados.
Legenda da fotografia: os cinco elementos dos Ventos da Líria em plena actuação e ao fundo parte da exposição de fotografia "Apanhados" de Jolon.
Um apanhado geral do que aconteceu:
A Casa Comum das Tertúlias e o Clube de Castelo Branco organizaram uma "Feira do Livro Regional da Beira Baixa", de 4 a 8 de Outubro de 2006, das 14h às 24h, na sede do CCB, inaugurada no passado dia 4 pelas 18h 30m, com a presença do Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Castelo Branco, Engº Jorge Neves, do Sr. Presidente do Clube de Castelo Branco, António Arnel Afonso, do responsável pela Casa Comum das Tertúlias, Dr. Luís Norberto Lourenço e do Bibliotecário da Biblioteca Municipal de Proença-a-Nova, Dr. Nuno Marçal.
Tendo a organização dirigido convites a todas as autarquias da Beira Baixa, alargando o convite a outras autarquias de concelhos próximos.
As autarquias editam e patrocinam inúmeras obras muitas vezes desconhecidas nos concelhos vizinhos, pelo que este evento será uma oportunidade de dar a conhecer as suas obras a todos os concelhos da região.
Autarquias presentes: Câmara Municipal de Castelo Branco, Câmara Municipal de Proença-a-Nova, Câmara Municipal de Vila de Rei, Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, a que se juntou a Junta de Freguesia de Castelo Branco e a Associação de Estudos do Alto Tejo, a Associação Social e Cultural do Rancho Folclórico do Retaxo, a revista "Estudos de Castelo Branco". Foram convidados vários autores da Beira Baixa com edições de autor para venderem os seus livros na Feira do Livro, a Dr. Adelaide Salvado e o Dr. Lopes Marcelo responderam positivamente ao repto.
A Câmara Municipal de Vila de Rei ofereceu para a Biblioteca do Clube de Castelo Branco, um exemplar de cada uma das obras que colcou à venda nesta Feira do Livro Regional.
O evento a pensar em obras de autores da Beira Baixa e sobre a BB, foi preenchido com várias actividades culturais:
"Feira do Livro Regional da Beira Baixa"
Programa das actividades:
• 4 Out. – 18h 30m – Inauguração oficial da Feira do Livro e da Exposição de Fotografia "Apanhados" de Jolon, por: Engº Jorge Neves (Presidente da Junta de Freguesia de Castelo Branco), Dra. Cristina Granada (Vereadora da Câmara Municipal de Castelo Branco, esteve no evento, mas não no momento da inauguração), António Arnel Afonso (Presidente do Clube de Castelo Branco) e Dr. Luís Norberto Lourenço (organizador da Casa Comum das Tertúlias).
• 5 Out. – 16h – Tertúlia: Apresentação do livro de poesia “Inteiro silêncio”, de Prof. Dra. Cristina de Mello, por Dr. Luís Norberto Lourenço.
Celebrou-se o V aniversário da Casa Comum das Tertúlias.
• 6 Out. – 21h 30m – Tertúlia: Apresentação da “Rede Cultural” por Dr. Lopes Marcelo (coord. do Grupo de Trabalho Para a Carta Patrimonial da Beira Baixa, da Sociedade de Amigos do Mus. Francisco Tavares Proença Jr.), contando ainda com a presença da Dra. Maria Celeste Capelo, da Direcção da SAMFTPJ, da Dra. Sílvia Moreira (arquóloga da Câmara Municipal de Castelo Branco) e do Dr. Ricardo Silva (docente da ESART) membros deste grupo de trabalho;
• 7 de Out. – 21h 30m – Concerto: Ventos da Líria
• 8 Out. – 16h – Tertúlia: Apresentação da fanzine “Cadernos Ultra-Periféricos”, nº 5, 6 e 7, pelo arquitecto Vasco Câmara Pestana (edit.) e poeta Carlos Baptista.
Data: 4 a 8 de Outubro de 2006
Horário: 14h às 24h
Local: sede do Clube de Castelo Branco (Largo de S. João, nº 27)

Organização:
Clube de Castelo Branco e Casa Comum das Tertúlias

Casa Comum das Tertúlias / Luís Norberto Lourenço
Tlm. 966417233
E-mail: luis.lourenco@portugalmail.pt
Blogs: http://casacomumdastertulias.blogspot.com

Clube de Castelo Branco
Largo de S. João, N.º 27, 6000-103 Castelo Branco
Tlf. 272082615
E-mail: clubedecastelobranco@sapo.pt
Blogs: http://clubedecastelobranco.blogspot.com

Apoios:
Junta de Freguesia de Castelo Branco
Câmara Municipal de Castelo Branco
Câmara Municipal de Proença-a-Nova