Notícia publicada no jornal "Gazeta do Interior" a 12 de Julho de 2001, documenta uma tertúlia realizada ainda antes da criação da Casa Comum das Tertúlias, fundada a 5 de Outubro de 2001 (com o nome de "Tertúlia", a CCT surgiria da fusão desta com a "Tertúlia Itinerante", contando com a experiência do "Espaço Tertúlia" de que fomos co-organizadores e da "Tertúlia do Teatro de Portalegre"), em Castelo Branco, a ideia de criar formalmente uma tertúlia já andava por aqui, era no entanto ainda uma ideia vaga, a decisão de avançar foi tomada depois do balanço positivo que se fez de outra iniciativa tertuliana que a seguir relembramos.
A tertúlia aqui divulgada serviu para apresentar a revista anarquista "Utopia", seu n.º 11/12, como convidado o docente, sindicalista, anarquista e colaborador da revista, o nosso amigo e colega José Manuel Janela. Foi por incentivo dele que tomámos lugar na "Tertúlia do Teatro de Portalegre".
A tertúlia serviu ainda para o debate sobre "Anarquia e Democracia", sobre as convergências e as divergências entre as duas ideias e consequentes práticas políticas.
Luís Norberto Lourenço, eu próprio, na organização duma tertúlia marcada para a Casa do Arco do Bispo em Castelo Branco realizada a 6 de Julho de 2001 e que reuniu 17 tertulianos.
Agora as tertúlias pupulam por aí, "esartianas", mais "jovens" ou menos jovens, mais subsidiadas ou menos subsidiadias, mais alto-patrocínio ou menos alto-patrocínio, mais sustentadas pelo poder, menos sustentadas pelo poder, mais jantar menos jantar (que não é propriamente de borla, nem para todas as bolsas... e o que é que isso interessa, claro), com reuniões a horas menos próprias à tarde, em dias úteis, nalguns casos...
Aquilo que era "umas tertúlias...", "coisa de somenos importância, enfim!", "uma perda de tempo", "anda a promover-se...", aquilo que tantas mentes... que nunca participaram em nenhuma, note-se, falavam e falam do que nunca assistiram, mas ouviram falar, leram sobre... dizia eu, aquilo que tanto criticavam é a agora a moda, é agora "o modelo" organizativo por excelência escolhido, por instituições, associações e grupos mais ou menos informais!
Tem uma certa graça, não é verdade!?
Razão antes do tempo? Uma boa ideia que ajudamos a semear e que cresce? É pena que algumas não sejam tertúlias e mais pareçam colóquios, encontros, conferências... certamente o "espírito de tertúlia" não está presente, um espaço aberto a todos, reuniões a horas que a maior parte dos cidadãos podem participar, sem jantaradas que muitos não querem nem podem pagar, variadas temáticas (não tem que ser a regra, uma iniciativa tertuliana pode ser temática, há as do fado, as taurinas, as desportivas, as poéticas, as literárias...), a promoção da cidadania... e não fazer fretes a ninguém, com uma agenda própria, entenda-se!
Luís Norberto Lourenço