kupapata dos sentidos
Vou na rota dos meus autores e na fé na Nossa Senhora
da Muchima, esperando essa longa e esguia ilha de
Luanda que há-de visitar-me e percorrer-me um dia.
Esse dia vai ser de quente e noite.
Os meus olhos pousam quando descansam nas verdes
folhas dos Pepetelas e nas hastes dos calús e eu sigo neste
prato farto de abacaxis e muambas para servir, apenas
ouvindo perto.
Oiço estórias que se confiam, nas mesas postas, de sobas e
kimbandas e então a minha carne come outras kubatas e
palpa outras cadências de sangue, e tudo é exacto e certo.
Silêncio. Vem aí a ária grave e morna da kitandeira,
sempre contígua a esse peixe seco
e à verga onde este
descansa.
É um inteiro maciço
de colorido pregão,
de bramido à capela,
que caminha firme
de pés descalços
sobre o fonema
que vai lindo,
rindo nela e
indo até
ao cabo
da
língua
da
terra.
Isabel Agos
*Isabel Agos estará em Julho em Castelo Branco, a convite da
Casa Comum das Tertúlias.
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