fanzine Tertuliando (On-line)

Este "blog" é a versão "on-line" da fanzine "Tertuliando", publicada pela Casa Comum das Tertúlias. Aqui serão publicados: artigos de opinião, as conclusões/reflexões das nossas actividades: tertúlias, exposições, concertos, declamação de poesia, comunidades de leitores, cursos livres, apresentação de livros, de revistas, de fanzines... Fundador e Director: Luís Norberto Lourenço. Local: Castelo Branco. Desde 5 de Outubro de 2005. ISSN: 1646-7922 (versão impressa)

quinta-feira, julho 26, 2012

COMO LIVRAR-ME DO CHATO DO PINOQUIO ?

Que história medonha! Um boneco querer transformar-se em ser humano! Mas isso não foi feito já no cinema no robot que queria ser um menino que fazia tudo para agradar à mãe? Pois eu Não sou adepto de ficção científica, como disse no outro dia gosto é de torrar a paciência das pessoas no Facebook. Gostava de ver aquele boneco de madeira ser queimado!
Com o frio que está partia-lhe as perninhas, uma auma e zás lá ia pela lareira abaixo! Podia até me tornar no primeiro escritor adolescente de romances policiais e tentar desvendar o crime da morte do Pinoquio? Eu aplaudia amorte do Pinoquio e iria escrever uma história “As Crianças que não gostavam de bonecos de madeira que queriam virar gente “
Para já só aquela roupinha… que ele usa… E porque é que ele estava com aquele chapéu idiota com umas flores , mais parecia um palhaço… só faltava a flor esguichar água… daí a associação do autor ao colocá-lo mais tarde no circo… e o que seria o nariz dele? Uma forma de se mostrar… de demosntrar as suas habilidades artísticas, como mentir…
Agora, o avô, pai, sei lá o nome do velho poderia contratar-me para investigar a morte do seu menino, pois todos os anos ele recebia uma flor que esguichava água…
Porque o teriam morto? Pensariam vocês ?E o que pensaria o velho? Oh, porque ele mentiria, porque ele desiludiu o seu mestre, ou porque fugiu do circo transformado em burro??? É mesmo burro… ser enganado por alguém, que lhe acena com qualquer coisa ,vê-se mesmo que não tem cérebro… até porque é de madeira… e a madeira não tem sentimentos! Porque é que será que temos que levar com estas histórias? A culpa é dos desenhos animados Disney, que não sabem adaptar a história …Pois como disse, quero construir  outra, onde possa colocá-lo dentro da madeira! Só vos posso garantir que não gosto da história daquele boneco de madeira que quer ser gente , não me venham cá dizer que nós não somos humanos, que devemos ouvir os mais velhos… mas  um boneco de madeira, um boneco de madeira, do mal o menos, e depois?  Ainda se lembram de um outro com tesouras… onde o seu criador morre antes de o criar…
Por favor sou um teenager que quer ação… jogos cheios de sangue, palácios e perigos…agora não há nada que me tenha despertado a atenção se não deitar este boneco no fogo… Tchau… Boneco maluco!

Mario Pinto de Andrade

Ao longo de vários meses a BBC Radio transmitiu um programa excepcional que apresentava a história da humanidade atravésde 100 objectos escolhidos pelos internautas e ouvintes.Ao longo desse mesmo período cada objecto, correspondia a uma determinada época,que contava uma história, onde narrava os hábitos culturais, sociais e económicos da época .Lembrei-me se não poderáimos ter participado com alguns elementos da literatura africana de expressào portuguesa e até mesmo entregue uma cassete onde um contador de histórias poderia ser o exemplo da literatura africana propriamente dita?

A escolha deste exemplo move-se com o período ao qual optamos por estudar a figura de Mário Pinto de Andrade que diga-se na verdade um especíme muito raro, raro porque aliar a política como ponto de consciencialização de massas e isso foi algo que este pensador se assim o podemos chamar. O seminário de Ciclo Africano aproximou-nos não só muito mais da realidade africana ,dos seus problemas, tal como o programa de rádio da BBC o fazia regularmente. E é aí que reside a nossa comparação procurar autores que s etenham dedicado a esta época, bem como à figura de Mário Pinto de Andrade. Acreditamos que possam decorrer neste momento teses, estudos, colóquios sobre a problamática de literatura de expressào portuguesa e sobre o movimento de negritude. Ao l.ongo de dois meses procuramos nas nossas universidades estudar esse campo ou fazer memso até uma liagação inter-disciplinar entre História, Literatura e Antropologia. Alguns responderam, outros nem tanto. O ponto de partida para este trabalho foi semdúvida o livro Mário Pinto de Andrade – um intelectual na política organizado pelas Professoras Inocência Mata e Laura Padilha. Não consegui até à data falar com Inocência, a segunda respodeu-me ao e-mail e disse que seria um ponto importante a louvar, porque até agora não houve qualquer ligação entre aliteratura, história e política. Poucos são os estudos que nos permitem fazer um estudo sistemático sobre este homem. Socorremo-nos de Fernado Tavares Pimenta, que nos permitiu conhecer como era a vida colonial, mas de pouco tinha sobre o Märio Pinto de Andrade. Houve alturas em que desesperamos, nõa só por falta de bibliografia sobre este pensador, as suas obras estão depositadas em bibliotecas qe neste momento estão encerradas, ou parcialmente encerradas, já que se torna dificil fazer investigação.
O encerramento de algumas bibliotecas públicas ecentros de investigação durante o período natalício, foi uma espécie de pedra no sapatinho, ou melhor a nossa fava no bolo rei. Além do mais a maioria da bibliografia que tencionavamos pesquisar era dificil de encontrar ou encomne dar vcomo foi o casoimdo livro de Jean Michel Mabeko- Tali, Dissidências e poder de estado: O MPLA perante si próprio.
Depois a nossa actividade laboral não nos deixa por vezes levar até aos outros preocupações com cerca de cinquenta anos, passa a ser o nosso pensamento quotidiano. Temos consciênccia que muita coisa ficou por dizer, e que temos de agradecer ao nosso professor Pedro Aires Oliveira a sua paciência e disponibilidade em nos responder quando o desânimo era grande ,a maioria dos estudos centram-se no período dacolonização durante os séculos XVI, XVII. E Estudar o século XX? E estudar o africanismo ou a negritude portuguesa? E porque não estudar as razões porque levaram Mário Pinto de Andrade a escolher a literatura como forma de acção política e d econsciência? Tal como dizia Fernado Pessoa “a minha pátria é a minha língua “e quem sabe se para um filólogo essa não foi a divisa da sua principal batalha?

Pouco haverá a dizer neste estado da questão. Apenas convidamo-vos a fazer uma visita ao jardim zoológico onde observaremos um elefante. Essa visita será feita por um grupo de historiadores cegos, não digo isto por zumbaria ,mas como forma fábula que poderia ser um dos elementos chave das preocupações de Mário Pinto de Andrade para autênticidade daquilo que seria a literatura africana de expressão portuguesa. Nesse grupo cada elemento apalparia uma parte do elefante Um dos cegos apalparia a cabeça e a tromba do elefante, o segundo o corpo e as patas e o terceiro o rabo. É neste ponto de vista que podemos comparar o trabalho do historiador, a cada um de nós cabe uma parte da investigação, seja ela, cultural, política oun mesmo até económica. Há um longo caminho a percorrer e onde afinal queremos chegar, afinal todos temos curiosidade em saber como é que um elefante é descrito por um grupo de cegos, quanto mais por historiadores cegos descrevendo documentos e analisando cartas, cassetes, DVDs, filmes, o que quiserem ouvir .Neste sentido seria uma pequan cassete de um contador de histórias das tribos africanas que nos traria aquilo que de melhor sempre teve cultura africana, sem esquecer é claro Mário Pinto de Andrade . Só nessa perspectiva podemos tocar no elefante todo. Se os historiadores são ou não turistas cegos como afirma a fábula aqui apenas tocamos ao deleve num aspecto que acreditamos que deva ser cada vez mais importante estudar: a descolonização na perspectiva comparada, estudar os intelectuais, os escritores, e juntar a história à literatura. Neste sentido optamos por parafrasear João Abel Manta em relação a Mário Pinto de Andrade “Muito prazer em conhecer, vossa excência “. O prazer diria ele, será todo vosso.

sábado, julho 21, 2012

Cinzas*


CINZAS

Quanto mais flagelado um país, maiores as torturas infligidas. Duas horas da tarde. Trinta e nove graus centígrados. Agosto. Céu muito azul, mas só por cima. A linha do horizonte expande uma névoa que a ilusão atira para manhãs imersas em ondas de sal. Mas o mar fica muito longe. Trezentos quilómetros reduzem-nos à realidade das sufocações e da prostração. Progressivamente o céu azul deixa de o ser, e a névoa, cada vez mais densa, difunde-se, e o sol que era há pouco luminoso e límpido é agora marralheiro e turvo.

Subitamente acordamos da virtualidade e afundamo-nos no desespero do realismo fatal. Na crista da serra perfilam-se colunas espessas de fumo negro. Não tarda que os sentidos reajam ao cheiro insidioso a natureza queimada. O ruído de uma máquina voadora aguça presságios. Leva suspenso um gigantesco balde de água como a cegonha transportava o bebé das nossas ilusões pueris. Mas aqui, em lugar de nascer, mata-se. Os sanguinários da floresta rebentam todos os verões em cogumelos cada vez mais venenosos e perversos. São eles os protagonistas da vergonha, são eles os algozes de um país cada vez mais diluído na aridez e na apatia da resignação.

Já se ouve o grito sufocante das sirenes que, não tarda, roçarão os nossos sentidos em promessas de salvamento e solidariedade. Trazem homens pendurados, armados de machados com que tentarão desenterrar refrigérios para infernos que seres menores atearam. Ao ruído da sua passagem eleva-se a vozearia rude da sueca na esplanada da tasca mosqueirenta e lúgubre.

- Cubro com a manilha. E já ganhámos, parceiro! Mais uma rodada, oh, Manecas!

- Onde é que é isto hoje? Em Casegas? Porra, que é todos os anos a mesma merda…!

- É aquele a embaralhar.

- Filhos da puta, que mergulhavam todos de focinho na fogueira. Ah, carago, se eu mandasse…”

- É aquele a dar.

- Trunfo é paus.

- Os que já arderam, ou os que vão arder a seguir?

- Deixa-te de porras e joga, que já ganhámos outra vez…

- Não brinques com coisas sérias, Tomás.

- Não brinques? O que é que falta queimar? Onde estão os gajos que mandam? Agarraram o “Bexigas Doidas”, o ano passado, e já aí anda outra vez, de isqueiro no bolso. E todos sabem que não fuma, nem é para dar lume a ninguém. Sabes que mais? Porque é que não acabam de vez com esta palhaçada? Cá por mim, pode arder o resto, já hoje. Cortava-se o mal pela raiz. Pinhais e quintas para defender é coisa que nunca tive. Esses que se preocupem…

Quando o cepticismo e a indiferença passam ao lado da tragédia, e o instinto de reagir é embotado pela letargia do discernimento, nada mais conta que a acomodação e a placidez. Tudo o resto são reminiscências atávicas consolidadas na iliteracia cultural de um povo atolado em depressões recorrentes.

Agora é uma ambulância que aparece e desaparece na vertigem de fugas e prioridades. Sumiu-se na última curva da estrada que as alternativas governamentais farão derivar para aceiros envergonhados, ladeados de lixo florestal por limpar.
E a Natureza arde. A cumprir ciclicamente um mandato de morte anunciado. Mas eles estão lá. Farão o que puderem. Homens e mulheres em defesa, quantas vezes, de quem os maltrata. O cego mais cego é o que não quer ver. Meu Deus, e tanto cego por aí!

Sufoca-se. O vento cúmplice da desgraça arrasta consigo vagas de fumo cada vez mais negras e opacas. Cheira a fogueiras de um S. João calendarizado não há muito. O dia que amanheceu luminoso, prenunciador de sossegos e calmarias, um monstro o transformou num inferno de sobressaltos e angústias por resolver.

Alto de Silvares. As janelas abertas do automóvel deixam cair sobre o papel partículas de uma natureza a agonizar. Quisera juntá-las e devolvê-las à consciência dos psicopatas que se movimentam impunes a uma justiça inerte e bafienta. A impunidade é o meu desespero, e a hipocrisia política a minha náusea. Impotente, rodo a chave e arranco.

A noite chegou mais cedo ao acrescentar os seus negrumes ao céu de Inglaterra que se abateu, espesso e parado. Cisternas de bombeiros percorrem

na escuridão barragens, charcas e piscinas na busca autorizada do único elemento da natureza capaz de neutralizar com eficácia a fúria de um outro, seu irmão, aquele que mais depressa tudo reduz a átomos - o fogo. É uma luta fratricida, mas decretada por emergências que a aflição impõe. 

Duas da madrugada. As labaredas que o dia escondeu são as mesmas que agora mostram cristas aterradoras, cada vez mais próximas do que ainda está por arder. O lugar é comum, mas o cenário é, de facto, dantesco, e a luta, injustamente desigual. Mas eles continuam lá. Desistir não é o lema. “Vida por vida”. Até à exaustão. Até caírem para o lado.

Ninguém dorme. Como dormir com o inferno à porta?! Estendem-se mangueiras e molham-se quintais. A lua, quase cheia, pouco ajuda, incapaz de romper a impenetrável massa de fumo. As forças minguam, tal como o vento parece ter amainado. Milagre? Pode ser. O turbilhão de chamas recrudesceu. Como a fera do circo a recuar, cobarde, ao som do chicote do domador.

Daqui a pouco é novo dia. A manhã romperá vestida de cinzas poisadas em chãos fumegantes. Os primeiros alvores trazem recados pungentes de dor e desolação. A tragédia abatera-se sobre quem toda a vida foi abnegado e justo. Cortes e pardieiros reduzidos a escombros ainda em combustão albergam corpos calcinados de rebanhos e animais de lavoura, único sustento de gente pobre e crucificada. Olivais promissores, irremediavelmente perdidos. Porcos a engordar até ao ano que vem, complemento único de uma subsistência magra, jazem carbonizados. Hortas e vinhedos que, por caprichos ou necessidades, eram o orgulho de quem com sacrifício os amanhava e amava, o lume os reduziu completamente. Cerejeiras e pessegueiros onde melros e toutinegras ainda ontem trinavam hinos à natureza, morreram (de pé!), de cotos apontados a clamar justiça. De duas casas de habitação, restaram as paredes, e nos quintais ficaram a carcaça de um carro velho, os alcatruzes retorcidos de uma nora secular e os aros das rodas de uma carroça antiga. A casa de amarelo era o património único de um emigrante modesto a compor a vida em França, porque o país do berço tudo lhe negou até aos trinta e cinco anos. Não resistiu à derrocada emocional. Cometeu o suicídio, soube-se depois. Desesperos e solidões ditaram-lhe um bilhete que deixou escrito. No final, a expressão de um desejo último: ser sepultado na terra que o acolheu. Nem na morte quis regressar.  

Não passaram muitas horas para que os jornais e as televisões abrissem com a fotografia de um jovem de vinte e nove anos de idade. A farda de bombeiro e o olhar resoluto fixado em auroras prometidas identificavam uma vida que acabava de soçobrar à insanidade de especímenes que de humanos têm apenas a forma anatómica e nenhuma lei teve ainda a coragem de extinguir de vez…

Em tudo quanto foi terra de gasómetro e silicose a atmosfera continua de cinzas, e o sol, vestido de luto. As mulheres redobraram o preto e choram em grupos de corvos. Os homens, acocorados sob um castanheiro velho, de ouriços a abrir, consomem cigarros em baforadas de raivas e impotências por resolver há muitos, muitos anos. Os cães, esses seres extraordinários que tudo pressentem e entendem, lançam interrogações em latidos lúgubres que se fundem no ronco de um helicóptero em manobras de rescaldo. 

Por entre silêncios e palavras que não saem, acorrentadas ao nó da garganta, a tarde avança, pesada. Com ela recuam sonhos e projectos para longes sem regressos. Os velhos já nada pedem à vida, e os novos são aparições fortuitas e fugazes.

Ao cair da noite, suspensa das traves de uma adega escura onde repousa o vinho acidulado e fresco, uma corda grossa balanceava o corpo ainda quente de um homem de cabelo grisalho e barba por desfazer.

Ontem, à sueca, ele não tinha herdades nem pinhais para guardar. Agora, de olhos esbugalhados e vidrados no vazio, embala no charco da matéria um filho morto, mas muito vivo além, porque apenas transpôs o território onde campeia a imperfeição humana.

Dos dois só a memória dele perdurará. 

 *Fernando Serra

Nota editorial:
Texto enviado pelo autor.

Etiquetas: , ,

sexta-feira, julho 20, 2012

Judeu Errante... JHS


Um dos temas mais fascinantes da história contemporânea e na sub-área de História de África centra-se no sonho angolano de Israel. Daí que o tema desta crónica de hoje se centra neste tema. Um tem a que a meu ver merecia um estudo masi aprofundado e nâo se devia estudar apenas as questões nacionais. Daí que um dois raros momentos em que me deixei fascinar por história contemporânea se devia a esta questão. Estudar a questão internacional, andar pela Europa, visitar Holanda, ir a Israel, recolher informações a nível interncaional entre a 1 República e já maia tarde durante o Estado Novo. Saber essas questões, são obviamente uma das tarefas mais estimulantes e ao mesmo tempomais ingratas, pois as questões a nível internacionais ficam perras. A maioria dos portugueses tem tendência e menosprezar a história internacional nas questões das relações internacionais. Aqui fica o recado e deixaremos este legado, pois como se centra a grand eparte da história chega só a olhar Salazar, para evitar esse género de pensamentos fundamentados por telejornais que invoca o regresso da extrema-direita ao estdo português, leva a que cada vez mais os portugueses façam culto do chefe. Para comprerendermos aquilo que hoje em dia se condimenta a questão económica europeia, recordemos a história contemporânea e os passos a que Portugal teve que apelar para  doar Angola a Israel. Já viram se esse Irael  fosse em Angola como teria sido a descolonização portuguesa. Daí que se torne essencial  falar neste mesmo caso e da situação internacional da época e, por isso  essa mesma transformação relativa à tolerância religiosa e ao privilégio de não ser só estrangeiro permitiria a Portugal, pelas potências estrangeiras jogar alto ao oferecer uma colónia sua Angola, Portugal pedia protecção e prestígio aos israelitas, como também o prestígio de ter negociado um terreno que permitia ganhar a jogada perante a diplomacia internacional.

Desta forma, republicanos e alguns teóricos sonharam com um Regresso a Israel diferente a Angola na qual seria possível uma colonização judaica em Angola, não só porque Portugal poderia receber o perdão do Deus Anónimo do Antigo Testamento Judaico e o Messias Judeu poderia falar também português. Ao formular esta piada, centro-me na observação de Angar Schaeffer no artigo publicado na Revista de Estudos Judaicos “ A colonização israelita em Angola não seria altamente rentável do ponto de vista económico(…) “
Nessas mesmas questões centravam-se não só a simpatia de um império, um mundo financeiro favorável e ao mesmo tempo internacionalmente querer chegar perante o universo diplomático, já que não haveria de forma alguma a perda de soberania, porque a colónia portuguesa de Angola não iria ser feita por estrangeiros, mas sim por colonos.

Por hoje ficamos por aqui , pensemos numa nova  etapa da história quando um dos maiores divulgadores da história faleceu e é velado na capela do Convento de Jesus. O sonho de um homem que foi rei no seu castelo, conseguiu o seu sonho, seguiu. Poderão perguntar o que é que estas duas matérias têm a ver uma coisa com a outra. O que eu vos digo é que um conseguiu seguir o seu sonho e fez uma saída simbólica, sairá de um local cheio de significado: símbolo do maior poder da história moderna portuguesa: D. João II. Tal como se pensou num período em que Israel pudesse ser em Angola, mas esse sonho  acabaria por desaparecer, mas José Hermano Saraiva concretizou um feito transmitir história, factos desconhecidos, talvez este pudesse ter sido falado por ele numa das suas últimas intervenções. Não partilhava das suas opiniões, mas admirava a sua forma de transmitir a história e as suas  narrativas. Havia quem lhe chamasse Professor, Errante, mas como o Judeu Errante ele procurava uma causa e foi essa a
forma de o homenagear. Descanse em  paz José Hermano Hermano Saraiva.
_________________________________________________________________________________
Para saber mais: 
[1] Cf Nuno Severiano Teixeira, O poder e a Guerra, Ed. Estampa, 1997 (Inicialmente apresentada como Dissertação de Doutoramento ao Instituto de Florença). A hipótese aqui apresentada é aquela que se adequa melhor, para além das outras a que se apresentam a defesa das colónias e de Portugal se defender do perigo espanhol.
[2] Exemplo disso são os catálogos das exposições da Primeira República salientamos o catálogo da Exposição do Povo apresentada entre Junho a Setembro de 2010 na Fundação EDP. Destacamos as páginas 14 e 15 sobre a identidade civil do indivíduo do catálogo da exposição do povo com textos de José Neves
[3] Jorge Martins, Os Judeus e a Primeira República, ed.Vega, 1 ed, Outubro de 2010
[4] Cf Manuel Bandeira Júnior, Livros Brancos, Almas Negras, A missão civilizadora do colonialismo português, 1870 -1930,1 Ed,  ICS, 2010
[5] Cf Actas das Reuniões à porta fechada sobre questões das colónias, ed. Assembleia da República
[6] Cf Ana Paula Pires O conflito mundial histórico da Primeira República, História da Primeira República, Fernanda Rollo e Fernando Rosas (coord. de), ed. Tinta da China, 2009, p24-ss
[7] Cf Idem, ibidem
[8] Cf Idem, Ibidem
[9] Cf  Angar Schaefer, “Wolf Terló  e o projecto de colonização em Angola“ in Estudos  Judaicos, n. 9, 3-86
[10] Cf, Angar Schaefer, op. cit
[11] Cf Angar Schaefer, “Wolf Terló  e o projecto de colonização em Angola“ in Estudos  Judaicos, n. 9, 3-86
[12] Cf , Angar Schaefer, op. cit

A EVOLUÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO EM PORTUGAL


Já que todos nós falamos continuamente nesta entidade jurídica. Coloca-se então a palavra: O que é? Ou o que representa o Ministério Público?
Face ao desconhecimento da noção de Ministério Público  ou o que representará esta mesma entidade, existem vários candidatos ou um só, ora o Estado representa os menores e mesmo até os interesses dos particulares, ao mesmo tempo ele é defensor e aplicador da lei. Surge-nos então uma questão  para investigarmos esta equação com diversas variantes: Como era o Ministério Público em Portugal durante o Estado Novo? Desconhecendo-se quem foi ou forma os servidores da justiça ao longo de 100 anos. Proponho então esta  mesma corrida a diversas entidades. Conclui-se pois a ambição deste mesmo projecto que se quer inovador e muito útil a futuras investigações. Daí que  serão muito úteis as Biblioteca da Procuradoria Geral da República, Biblioteca do Centro de Estudos Judiciários e o Sindicato do Ministério Público. Minhas senhoras e meus senhores, os dados  estão lançados… De que falamos quando  falamos de Ministério Público?

quinta-feira, julho 19, 2012

“O Público ao domingo não se diverte(…) , o público cura-se .”


Neste momento centremo-nos nestes dois objectos e as suas principais funções: uma caixa de antidepressivos, duas  bandarilhas. O que é que isto quer dizer? Qual o propósito desta análise? Hoje em dia todos nós não dispensamos uns comprimidos antes ou depois do local de trabalho, uma espécie de capsula anti-stress. Estes dois objectos têm esse mesmo [1]efeito, “não fazem pior, apenas curam “e apenas curam porque estamos diante de uma cidade que durante muito tempo foi um local empreendedor onde trabalhavam milhares de pessoas, sob as mais penosas condições.

É sob o lema “Ao domingo o público não se diverte, mas  cura-se “citando Ramalho Ortigão que se coloca  a favor das touradas e por outro lado Fialho de Almeida está pelo lado contrário .Ora, para os olhares mais distraídos que nunca viram a praça de Touros Carlos Relvas ela  foi em  tempos palco de acessos debates a favor ou contra a sua inauguração. Não é de ontem que  as polémicas contra as touradas  e a sua discussão em torno delas, não é que morra de amores  por touradas, mas o que me interessa aqui é o discurso inflamado por parte dos público sadino e daqueles  que escreveram nos jornais  da época Um exemplo disso  é o caso  de uma carta assinada por Georgina  Novaes insurgindo-se  contra   a inauguração  do recinto. Segundo ela “uma nova  escola de instrução pública não  teria, decerto, tantos admiradores  e amadores. A prova evidente  de que povo  precisa de escolas e não de praças de touros, é a maneira  como ele  corre  pressuposto  a aplaudir  e aclamar  um  espectáculo inumano, bárbaro, perigoso e repugnante, espectáculo  que faz recordar  os circos da antiga Roma” . 

“O Público ao domingo não se diverte(…) , o público  cura-se.”

Venho falar-vos de dois desportos que nos permitem  não só ver a semelhança  entre estes. Os aficcionados  e aqueles a quem continuam  a promover tertúlias contra as touradas. Ontem tal como hoje se promoveram  movimentos contra touradas. Formar-se –ão grupos muito restritos  onde os pescadores  seriam aficionados das touradas. Daí  ter escolido como tema para esta comunicação uma  frase de Ramalho Ortigão  “ O público não se diverte ao  domingo  (…)  o público cura-se ao domingo (…)”

Estamos perante uma descarga emocional ou um desporto violento? Temos alienação ou prestígio nacional? Como foram vistos estes  fenómenos em 1885?

Em Setúbal ,tal como em Lisboa, as touradas atraíam  um público numeroso,sedento de emoções fortes. Era  um espectáculo brutal ,muito ao jeito do povo latino, arreigado ao temperamento dos homens do mar. Com o tempo, os touros serviram de escape às emoções acumuladas, friuto de tensões sociais que então se viviam, e encontraram  no esquema  cultural do país. No rasgo do bairrismo e de apego às actividades recreativas características dos portugueses, Ramalho Ortigão criticava a implantação despropositada  de espectáculos desinseridos do nosso contexto social e considerava que  Lisboa (…) faria talvez bem abstendo-se “, de início, “de corridas de cavalos, para cujos os esplendores “não tinha ainda nem a tendência suficientemente atrevida “. Assim, enquanto não se desenvolvesse “um pouco mais “deveria  continuar a regalar-se  como até agora  nas suas velhas  touradas  honestas e valorosas “

Mas como, segundo as autoridades, touros e civilização não se combinam, desenvolveram um processo  visando por cobro  aquele  aviltante espectáculo. Foram proibidas as pegas, facto que Ramalho Ortigão em 1881, pois o povo trabalhador  podia extrasavar toda a tensão  acumulada ao longo de uma semana  de “submissão e obediência “;  ele necessitava de gritar  com o touro porque não podia fazê-lo com o chefe : “O público ao domingo não se diverte, (…),o público ao domingo cura-se”. Em Lisboa  a “onda “, em vez de ir para o campo, ia à tourada  porque o que queria  era “berrar “,e ali podia fazê-lo .Entretanto ,a crítica denunciava “com  palavras acerbas, a “depravação “do gosto  dos portugueses (…) que em vez de irem aos  concertos, se deleitavam .Se a tourada é defendida como forma de aproveitar os tempos livres  como norma de se rebelar contra os chefes durante a semana, e assim  também é o desporto rei exportado da  Ingalterra tem as mesmas funções abrindo quase funções guerreiras ou mesmo simbólicas perante o aspecto guerreiro, masculino. O futebol foi reunindo um grupo de trabalhadores vindos do operariado e que lhes permitia dessa mesma  forma trazer  não só vitórias, mas construir também um elo de ligação perante os quadros  da empresa onde trabalhavam. [2]

É  neste sentido que decidi  exprimir uma  proximidade entre dois géneros de desporto firmados  pela  polémica  entre os autores nacionais, como pelos jornais que em seguida iremos ver e também pelos  trabalhadores. Será o a tourada um meio de alienação? Serão os setubalenses sanguinários?

Se formos  bem ver  as coisas os discursos  em pouco mais de cem anos não mudaram  muito, como atesta  Maria da Conceição Quintas em Setúbal nos finais do século XIX “Acabem agora com as touradas, assim como já acabaram com as pegas, obriguem  os homens de ofício e os homens de trabalho a irem em todos os domingos de tarde espectar-se na Trindade a ouvir música clássica dos espiritualistas alemães –maçadores como tudo! -e verão o lindo povo de palermas que aí se arranja para se rabejar  platonicamente a si mesmo nas lides da Ideia! (…) “

Ideia contrária tem  Fialho de Almeida que se concentra num debate sobre este tema, considerando-o  “selvageria das touradas “.

Mas sendo as touradas um desporto, um quiça um espectáculo selvagem como ligá-lo às  festas religiosas? Como pode ser possível reunir campeonatos de futebol na Praça de Touros Carlos Relvas dali a alguns  anos? Podem estes dois  desportos ligar-se?  Quais  são as  suas  semelhanças e diferenças?
Como ao longo deste último século foram sendo representados nos diálogos entre intelectuais?

É certo que este é um tema que tem vindo a acender opiniões, e muitos deles são criticados a favor e contra, eu ponho-me na bancada do meio, nem a favor, nem contra, tenho familiares que são cavaleiros tauromáquicos e grande parte dos portugueses o são, e encontramos muitas vezes olhares de censura. Muita coisa ainda está por fazer e merece sem dúvida um estudo, algumas pessoas já o fizeram a nível, antropológico e na área da etnologia das religiões. Mas a nível historiográfico ou museológico para quando é que podemos encontrar este género de estudos em Portugal. Enquanto historiador preocupa-me porque razão é que as pessoas ainda não se debruçam nestas matérias. Será que as touradas portuguesas não teriam direito ao seu estudo? Se há já áreas de especialização em Portugal que se dediquem a estudar jardins, ou noutros casos adivinhas, proponho que estudem as touradas e digo-vos que elas estarão muito mais perto de nós, do nosso quotidiano que alguma vez pensamos. Tal como a psicologia, e neste caso o coaching que está agora na moda, não se pretende de algum modo  resolver aquele problema, mas trabalhá-lo e encarar neste caso o touro que temos à nossa frente.

_________________________________________________________________________________
[1]  Cf O Distrito  3 / 10/1889 carta  de Georgina Novaes citado na Praça de Touros Carlos Relvas, Setúbal.
[2] Cf Maria da  Conceição Quintas, Setúbal, Economia, Sociedade e Cultura Operária -1880-1930, Ed. Livros Horizonte, pp. 324.

quarta-feira, julho 18, 2012

JARDINS – COMO REFLEXO DE PAZ E REENCONTRO DO HOMEM COM DEUS

Ao escolher  o tema do jardim  como parte integrante da paisagem natural, decidi ligá-lo como resposta à proposta e exemplo apresentado pelo arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Teles. Antes de entrarmos na essência do tema e da sua fórmula. Optamos por seguir os livros de Paulo Pereira, Ana Janeiro sobre os Jardins do Saber  e do Prazer e na remodelação do novo modelo do Jardim do Bonfim  nos  princípios do século passado (O Setubalense).

   Neste sentido a poesia e a utopia determinada por um autor refere as normas pelas quais se enquadram o espaço envolvente e a recuperação do lugar perdido durante muitos tempos. É neste sentido que escolhemos o jardim como factor primordial de um regresso  ao Paraíso Perdido Bíblico  que se centra num plano divino entre Deus e o Homem. É aqui  que o arquitecto paisagista  se metamorfose de Deus e aqueles   que irão usufruir desse mesmo espaço serão novos seres de um  novo cosmos. Daí que achamos essencial extrair  das palavras de Paulo Pereira  sobre a  noção de jardim.  O jardim especializa o espaço, que procura reproduzir tanto quanto possível o Paraíso, como se tratasse de “claustros “seculares privados. O jardim “português “ resulta, assim de um quadro artístico e mental de longa duração que resulta, assim de um quadro artístico e mental de longa duração que remonta à  Idade Média e as duas fontes principais, muitas vezes complementares: o jardim islâmico, em que a dimensão da “horta de recreio “ e de produção, num espaço fechado e geralmente percorrido pela água, se associa à dimensão plástica e de lazer; e claustro monástico, orientado, simbolizando o Paraíso com os “quatro rios “, como braços de água  que passam pela quadra ou partem do lavabo, com os  quadrantes que disso resultam preenchimento com canteiros de flores perfumadas e árvores de fruto(citrino) .É  sobre este pano de fundo que vão assentar as outras variações  dos jardins portugueses, sabendo-se  que a partir do século XVII e, sobretudo, durante o século o século XVIII, os jardins e quintas de recreio se  vão afeiçoar, cada vez mais, a soluções aculturadas, geralmente “à italiana”e “à francesa “. Mas uma constante do jardim português é a sua tripartição  em horto, pomar  e mata, estes últimos com funções  de produção e recreio. O jardim adquire no século XVII uma dimensão de maior alcance, particularmente se tivermos em conta exemplos como o Palácio Fronteira. Neste jardim, para além da faceta compendial , estrai-se a relação com a Antiguidade  Clássica enquanto história, para dela se reter  a mitologia que entra imediatamente ao serviço de um discurso,nítido, patente, poderoso ,em torno da história pessoal do comitente, da família e do próprio reino português .Vários são os exemplares  de quintas  que se apresentam exemplos típicos de Bacalhoa, Fronteira ,Quinta  Real de Caxias, Jardim das Sereia ,Jardim do paço Epicopal de Castelo Branco .Após este breve passeio sobre o Jardim édenico idealizado desde a mais alta antiguidade,se preparou, criou lugares de prazer, saber na procura do conhecimento onde na mais alta tradição árabe os jardins seriam lugares de recanto, descanso, prazer e criação literária .As grandes realizações, as grandes “fábricas “, passam a ser definidas  em função do seu destino: como elementos de arquitectura sagrada ( o palácio e poder; a igreja ,lugar de manifestação social ,o jardim ,onde se manifesta o cosmos)e nalguns casos, de arquitectura mística (nas igrejas, nos conventos  e nos sacromontes ,lugares de retiro e de busca espiritual vivida individualmente ou colectivamente,através de peregrinações e de procissões) .Foram ainda nos  jardins foram criadas festas  de casamento ao longo da história, festas de homenagem, de  consagração  de poder, noutros sentidos eram nos jardins que as pessoas conversavam, viam espectáculos  de música, teatro e também foram nos jardins que se deram os primeiros ensaios revolucionários, também convém não esquecer  que ainda hoje os jardins são lugares de  romance e sedução ,onde os animais envolvem um lugar como se presenciassemos o retorno de Noé após o dilúvio .É pois o jardim o repasto celestial das almas perdidas  que se reencontram perante o pastor paisagista e daquilo de onde se extrai o elemento essencial para reencontrar a sua própria vida.

segunda-feira, julho 16, 2012

A propósito do livro “ Manifestos Contra o Medo”

Luís Norberto Lourenço (autor do livro), José Carlos Casaquinha (apresentador do livro) 
e Luís Miguel Ensinas Nunes (Director Biblioteca Municipal de Portalegre).



A Escrita como Processo de Transformação do Real*

[a propósito do livro “ Manifestos Contra o Medo”]

Biblioteca Municipal de Portalegre

Falar de um livro é, desde logo, falar do universo do autor: da sua realização social, do reconhecimento que conquistou ou não, da sua atividade socioprofissional; é refletir sobre o seu universo socio-afetivo, sobre a forma como foi narcisado, sobre os interesses, opções, motivações, sobre as paixões, as amizades, os desencantos.

É todo este percurso de aprendizagem, de vida, extraordinariamente pedagógico e único, que gera em cada um de nós, uma sensibilidade peculiar, uma certa forma de captar o nosso real e interagir sobre ele numa perspetiva de influenciar, de transformar, de reparar: um processo que é único em cada um de nós e que nos torna, também seres humanos únicos.

O processo criativo – seja a literatura ou outros - constitui uma forma, de o criador analisar a sua realidade, uma forma de ele próprio se encontrar, se arrumar, se ajustar. Quer dizer: ao construir para o exterior, para ser lido, visto, ouvido, o criador plasma na obra a captura que faz da realidade e, neste processo, está também a analisar-se, a recompor-se, a reparar alguma coisa que existe dentro de si, como se enclausurasse no livro o seu sentir, os seus anseios, os seus medos.

Nesta perspectiva, o processo de escrita faz parte da oficina que temos em cada um de nós e que serve para pensarmos refletirmos, transformarmos o nosso real e, nessa transformação, transformarmo-nos a nós próprios num sistema adaptativo permanente à dinâmica da vida. O tempo de escrever, é um tempo solitário, de evocação, de idealização, de libertação: cada palavra, frase, cada texto, constitui um partejar de meditações, fantasias, sonhos ou desencantos, frustrações, angústias. Escrever é dar um grito, é uma forma de exorcizar e projetar o nosso desassossego.

O livro “Manifestos Contra o Medo – Antologia de uma intervenção cívica”, do Dr. Luis Norberto Lourenço, devolve-nos a sociedade em que vivemos, em toda a sua complexidade: produzido por uma mente extraordinariamente rica, inquieta e interventiva, “Manifestos Contra o Medo” envolve-nos em temas tão diversificados como medicina, violência, nazismo; bibliotecas públicas, aborto, judeus; jornalismo, racismo, reforma agrária; amor, política, direitos humanos.

Em toda esta complexidade o autor fala-nos da sociedade que temos vindo a construir, devolvendo-a à nossa análise, inquietando-nos com ela mas, mais: desafiando-nos a resistir, a agir, desafiando-nos a construir um mundo melhor.

Socorrendo-se de um processo panfletário na construção da narrativa (aliás, também usado por Eça de Queiroz na critica mordaz à sociedade do seu tempo), o autor propõe-nos um olhar tomográfico sobre a sociedade, descortinando, em vários planos, aspetos marcantes do nosso real social: uma realidade que nos limitamos a viver, de forma leviana, acrítica, adormecida.

Num labor militante e analítico de produção literária ao ritmo das ocorrências da vida social, o escritor convida-nos a uma vivência mais atenta, refletida, interventiva, desafiando-nos a tomar partido nas realidades que ocorrem no nosso dia-a-dia. Tomar partido, sem medo, intervindo de forma organizada, numa dimensão democrática: individual, grupal, social, até influenciar positivamente, os acontecimentos da nossa sociedade. Ao longo do livro vamos recordando temas que incendiaram as páginas de jornais, abordando-os agora à luz do pensar esclarecido, vigilante, crítico e livre de Luis Norberto Lourenço.

Mas, o que descreve o livro? De que se ocupa? Do nosso real social: da complexidade das dinâmicas sociais: do amor, do aborto, dos direitos humanos; do 25 de Abril, das elites, do fim do ensino público; da política cultural, da abertura das bibliotecas ao fim de semana, (como em Espanha), da democracia; da ética, dos juízes, dos comboios da Beira Interior; do racismo, da medicina, de Aristides de Sousa Mendes; da Constituição, da abolição dos partidos, do valor da cooperação.

98 artigos: uma intervenção crítica notável na qual o autor nos devolve, de forma inconformista e consequente, o retrato inquieto da sociedade que temos vindo a criar, uma sociedade que necessita de ser consertada. 98 artigos: uma intervenção crítica notável que nos deixa, do princípio ao fim, num dedilhar curioso e ávido de páginas.

14/07/12
*Por: Carlos Casaquinha 

Vista parcial dos tertulianos presentes.

Foto ilustrativa do empenho promocional do livro da Biblioteca Municipal de Portalegre.

Nota editorial:
A Casa Comum das Tertúlias organizou uma tertúlia na Biblioteca Municipal de Portalegre, no dia 14 de Julho de 2012, pelas 21h 30 (que entrou pela noite dentro... até à 1h), para mais uma (a 4.ª, depois de Castelo Branco, Algés e Caldas da Rainha) apresentação do livro "Manifestos contra o medo: antologia de uma intervenção cívica", de Luís Norberto Lourenço e prefaciada por Luís Raposo (Director do Museu Nacional de Arqueologia), inserindo-se esta obra na colecção "Rosa Sinistra", sendo o número inicial da mesma. A apresentação do livro contou com a presença do autor e esteve a cargo do enfermeiro José Carlos Casaquinha, o qual fundou com o autor a iniciativa cívica e cultural "Espaço Tertúlia", em Portalegre, em 2002. Conta o evento com o apoio da Câmara Municipal de Portalegre e da Biblioteca Municipal de Portalegre. A CCT e o autor agredecem a todos os elementos da BMP que aguentaram estoicamente até à 1h! O cartaz e o convite deste evento foram elaborados por Hugo Domingues. 


O texto aqui publicado é aquele lido pelo Carlos Casaquinha na apresentação.

Etiquetas: , , , , ,

sábado, julho 14, 2012

Luís Norberto Lourenço entrevistado na Rádio Elvas sobre o livro "Manifestos contra o medo"

terça-feira, julho 10, 2012

BM de Portalegre acolhe apresentação de “Manifestos contra o medo: antologia de uma intervenção cívica”


A Casa Comum das Tertúlias, a Presidente da Câmara Municipal de Portalegre e o autor convidam V.ª Ex.ª para a apresentação do livro "Manifestos contra o medo: antologia de uma intervenção cívica", de Luís Norberto Lourenço, com prefácio do Dr. Luís Raposo (Director do Museu Nacional de Arqueologia), editado pela Casa Comum das Tertúlias. A apresentação estará a cargo do Dr. José Carlos Casaquinha (Enfermeiro-Chefe na ULSNA-EPE). Decorre a apresentação na Biblioteca Municipal de Portalegre, no dia 14 de Julho de 2012, pelas 21h 30m. Entrada livre.


Esta é a terceira apresentação do livro, depois de Castelo Branco, Algés e Caldas da Rainha.

Tertúlia de apresentação do livro

“Manifestos contra o medo: antologia de uma intervenção cívica”
de Luís Norberto Lourenço
prefácio de Luís Filipe Raposo



edição: Casa Comum das Tertúlias
Colecção “Rosa Sinistra”



na Biblioteca Municipal de Portalegre
a 14 de Julho de 2012 (sábado)
pelas 21h 30m



Com presença do autor.
Apresentação por: 
Dr. José Carlos Casaquinha (Enfermeiro-Chefe na ULSNA-EPE)



Organização:
Casa Comum das Tertúlias



Apoio a esta apresentação:
Câmara Municipal de Portalegre
Biblioteca Municipal de Portalegre

O convite e o cartaz foram elaborados por Hugo Domingues.

Do Prefácio:

De valores se trata ainda em tempo de indisciplina interior e de arrogância sobre os outros e sobre o passado. Neste particular e devido à sua formação em História, Luís Norberto dá-nos especiais ensinamentos. “Se há lição que a História nos ensina é a da não esquecer as lições do passado” – diz-nos a certo passo, e mais uma vez fica este arqueólogo/historiador que abaixo se assina reconfortado nas suas idênticas convicções.
Luís Raposo


"É uma escrita lúcida, sem peias nem amarras, inteligente, inquiridora e dialogante." 
Teresa Sá Couto
http://comlivros-teresa.blogspot.pt

O autor:

Luís Norberto Fidalgo da Silva Trindade Lourenço nasce em Castelo Branco a 27 de Agosto de 1973, onde conclui o Ensino Secundário na Escola Secundária de Nuno Álvares. Licenciatura em História: ramo científico (1995-1999), pela Universidade Lusíada de Lisboa. Pós-graduação em Educação e Organização de Bibliotecas (2011), pelo Instituto Politécnico da Guarda. Frequentou ainda a Licenciatura em Economia, na Universidade Lusíada de Lisboa, frequentou até ao IV Semestre a Pós-graduação em Ciências da Informação e da Documentação, na Universidade Fernando Pessoa do Porto, no âmbito da qual realizou estágio curricular na Biblioteca Municipal de Castelo Branco. Inicia em Lisboa a sua intervenção cívica, com a participação no Congresso “Portugal Que Futuro” (1994) e militância partidária em 1993, na JS e no PS, sendo co-fundador do boletim “Rosa Sinistra” do núcleo de Belém (concelhia de Lisboa) desta juventude partidária. Participou activamente nos Estados Gerais do PS (1994/95). Sócio da Sociedades dos Amigos do Museu Francisco Tavares Proença Jr. (desde 2003). Integrou a Direcção do Clube de Castelo Branco (2005/07). Sócio efectivo da BAD – Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas (desde 2011). Tem escrito em vários fanzines, jornais e revistas, locais e nacionais, portuguesas e espanholas, blogues e em vários fóruns na Internet. Tem 9 anos de experiência docente no 2.º ciclo do Ensino Básico. Funda em 5 de Outubro de 2001 a Casa Comum das Tertúlias (CCT). A 5 de Outubro de 2005 funda a “Tertuliando – Fanzine da Casa Comum das Tertúlias”, publicação que edita e de que é Director. Da sua autoria: “Auto de arrolamento dos bens existentes na egreja matriz da freguesia de Penamacor, concelho do mesmo, distrito de Castello Branco, realisado no dia 6 de Julho de 1911", apresentação, transcrição e notas por Luís Norberto Lourenço, Castelo Branco: Casa Comum das Tertúlias, 2010, Colecção: "Papéis de sexta", 2”



O apresentador:
José Carlos Casaquinha, tem 55 anos. Enfermeiro-Chefe na ULSNA-EPE. Especialista em Saúde Comunitária. Especialista em Gestão de Unidades de Saúde. Pós-graduação em Direito do Envelhecimento. Doutorando em Psicologia (a elaborar tese doutoral). Co-fundador e Presidente da Associação de Saúde Mental Partilhar Afectos (2009). Co-fundador da Confraria da Dieta Mediterrânica, (2003). Co-Fundador do Núcleo Regional de Portalegre da Sociedade Portuguesa de Aterosclerose (2000). Vice-presidente da ULCUS – Centro de Estudos e Investigação em Feridas (2012), Secretário da AG da ELCOS Sociedade de Feridas (2012). Membro da Direcção Regional do Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Sul e Açores. Funda com Luís Norberto Lourenço a iniciativa cívica e cultural “Espaço Tertúlia”, em Portalegre, em 2002.



O livro:


Origem dos textos publicados na imprensa: “Rosa Sinistra”, “Raia”, “Público”, “A Página da Educação”, “Baril”, “Diário do Alentejo”, “Diário Regional de Viseu”, “Diário As Beiras”, “Diário XXI”, “O Distrito de Portalegre”, “Fonte Nova”, “Gazeta do Interior”, “Gazeta de Sátão”, “Imenso Sul”, “Jornal do Centro”, “Jornal do Fundão”, “JF Jovem” (Suplemento do “Jornal do Fundão”), “La Tertulia”, “Notícias da Covilhã”, “O Interior”, “O Malhadinhas”, “Porta da Estrela”, “Povo da Beira”, “Reconquista”, “Sumário”, “Tertuliando – Fanzine da Casa Comumdas Tertúlias” e “Rádio Juventude”.


As edições da CCT:
A Casa Comum das Tertúlias edita desde 5 de Outubro de 2005 a publicação “Tertuliando – Fanzine da Casa Comum das Tertúlias”, de que foram publicados oito números.
Em 2009 a CCT editou “Oda para quedarse en el corazón de António Salvado seguida de otros escritos" / Alfredo Pérez Alencart; apresent. António Lourenço Marques; colab de Andreia Roque. - Casa Comum das Tertúlias: Castelo Branco, 2009. - ISBN: 978-989-96187-0-1.
Em 2010 saiu “Auto de arrolamento dos bens existentes na egreja matriz da freguesia de Penamacor, concelho do mesmo, distrito de Castello Branco, realisado no dia 6 de Julho de 1911", apresentação, transcrição e notas por Luís Norberto Lourenço, Castelo Branco: Casa Comum das Tertúlias, 2010, Colecção: "Papéis de sexta", 2”.
Em 2011 lança nova iniciativa editorial a colecção “Rosa Sinistra”.
Já em 2012, edita o caderno ‎"Museus da Raia: Um documento para a história da cooperação transfronteiriça e outros textos" de José Miguel Santolaya; com textos de Ana Mercedes Stoffel, António Lourenço Marques, António Salvado, Maria Ángeles González Recio. Obra inserida na colecção “papéis de sexta”, com o n.º 3, edição coordenada por Luís Norberto Lourenço, Pedro Miguel Salvado e Sérgio Pereira. A mesma foi distribuída durante o IV Mouseion, que aconteceu em Alcántara e Malpartida de Cáceres, de 20 a 22 de Abril de 2012.



A colecção:
A Casa Comum das Tertúlias inicia com este livro uma nova iniciativa editorial, esta nova colecção, a “Rosa Sinistra”, acolherá títulos assumidamente de intervenção, não sendo ideológica, não é certamente apolítica, não abrimos mãos da defesa de alguns valores: a República, a Democracia e o Laicismo.



Onde pode ler o livro?
O livro está disponível ao público, nos seguintes locais: Biblioteca Nacional de Portugal, Biblioteca Nacional de Espanha, Biblioteca da BAD, Biblioteca Geral da Universidade da Beira Interior (Covilhã), Biblioteca Geral da Universidade do Algarve (Faro), Biblioteca Geral da Universidade Fernando Pessoa (Porto), Biblioteca da Universidade Lusíada (Lisboa), Biblioteca Victor de Sá da Universidade Lusófona (Lisboa), Biblioteca Central da Universidad da Extremadura (Cáceres, Espanha), Biblioteca da Universidad de Salamanca (USAL), Biblioteca Geral da Universidad Pontificia de Salamanca (UPSA), Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro (Brasil), Gabinete Português de Leitura do Recife (Brasil), Biblioteca da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Castelo Branco, Biblioteca Municipal de Algés (Oeiras), Biblioteca Municipal dos Olivais/Bedeteca (Lisboa), Biblioteca Municipal de Mafra, Biblioteca Municipal de Castelo Branco, Biblioteca Municipal Eugénio de Andrade do Fundão, Biblioteca Municipal de Nisa, Biblioteca Municipal de Portalegre, Biblioteca Municipal de Coimbra, Biblioteca Municipal de Viseu, Bibilioteca Infantil y Juvenil de Can Butjosa (Catalunha, Espanha), Biblioteca da Junta de Freguesia da Cruz Quebrada - Dafundo (Oeiras), Biblioteca do Museu Nacional de Arqueologia, Biblioteca D. Fernando de Almeida do Museu Francisco Tavares Proença Júnior (Castelo Branco), Biblioteca do Museu Arqueológico do Fundão, Biblioteca do Museu do Trabalho de Setúbal, Biblioteca do Museu Provincial de Cáceres, Biblioteca do Museo Vostell de Malpartida de Cáceres, biblioteca do Museu Etnográfico Extremeño “González Santana” de Olivenza, Biblioteca da Fundação Mário Soares (Lisboa), BECRE do AE Ibn Mucana de Alcabideche (Cascais), BECRE do AE Elias Garcia da Sobreda (Almada), BECRE do AE Pataias (Alcobaça)...

Etiquetas: , , , , , ,