fanzine Tertuliando (On-line)

Este "blog" é a versão "on-line" da fanzine "Tertuliando", publicada pela Casa Comum das Tertúlias. Aqui serão publicados: artigos de opinião, as conclusões/reflexões das nossas actividades: tertúlias, exposições, concertos, declamação de poesia, comunidades de leitores, cursos livres, apresentação de livros, de revistas, de fanzines... Fundador e Director: Luís Norberto Lourenço. Local: Castelo Branco. Desde 5 de Outubro de 2005. ISSN: 1646-7922 (versão impressa)

quarta-feira, abril 27, 2005

Artigo de opinião de Alfredo Brito*

Acrescento algumas achegas embora só como tema de debate (e reflectindo alguns dos problemas que venho enfrentando):
Que critérios para definir candidatos para a área da cultura?
Têm os partidos políticos investido algum minuto na formação de militantes que virão a ocupar essa pasta?
Sistematicamente encontramos "estagiários partidários" que passam pelo pelouro da cultura com o intuito de ganharem alguma experiência para mais tarde se balançarem a outros cargos.
Quantas autarquias se incomodam a criar "programa eleitoral" para a cultura?
Política de actividades culturais; política de ocupação, programação e rentabilização de espaços. Seriamente, quem as tem?
Estudos sociológicos que possam ajudar a caracterizar as populações e os públicos locais.
Chamada urgente de pessoas qualificadas para os departamentos culturais das autarquias.
Acabar com a choraminguice da interioridade, e de outras de mesmo género, que só ajudam as pessoas a querer fugir e desertificar ainda mais o território.
É importante perceber-se que 3 concertos tocados em play-back, na altura das festas de Verão, só servem para desbaratar recursos preciosos, que por acaso, e só por acaso, são provenientes de impostos pagos pelos contribuintes, merecedores de muito e fundamentado respeito. Com o dinheiro gasto nas festas de Verão poderíamos ter um ano completo de boas actividades culturais e nem por isso menos populares.
Entre outros índices é aconselhável perceber a ligação consumo de álcool/droga/partida para os inóspitos grandes centros urbanos e o rátio de actividades culturais/ocupação. Muito por aí fica explicado.
Aglomerar obriga a cultivar, cultivar é um acto de carinho e de dar importância. Fomentar o isolamento é assassinar. É secar. Ou como quem incendeia.Já passou tempo suficiente sobre o cavaquismo para que se perceba que construir tem a ver com as pessoas e não com edifícios, estradas, rotundas, etc.
Embora os cidadãos tenham as eleições para se manifestarem, deve ser a classe dirigente a ter a preocupação de ser cada vez melhor. Com uma qualidade profunda e não brincadeiras decadentes e pobres "á la quinta das celebridades".
O futuro será cada vez mais exigente. A seriedade e qualidade serão o próximo e mais urgente choque.

Alfredo Brito
(actor)

*Artigo de opinião de Alfredo Brito, enviado para o meu "e-mail" sobre o meu artigo "Autárquicas: por uma política cultural", publicado também em: http://luisnorbertolourenco.blogs.sapo.pt

sexta-feira, abril 22, 2005

Poesia de Carlos Baptista (II)

Ao tocar-te os cabelos chovia
mas não era a chuva o que ficava
entre os meus dedos finos
antes algo frio,
duvidoso,
como só o nome de um morto
ou a substância das feridas

Era real a mão de nigromante
real o gesto que me autorizava
antes de sucumbir
no silêncio em que sucumbem
todos os gestos: chovia

a chuva era inútil

Carlos Xama

(in "Há luz num livro fechado", Carlos Xama)

Poesia de Carlos Baptista (I)

Descalço vou pelo poema
retribuindo à vida o que a vida
não revela
vou fechando as portas que não existem
além da promessa
que nelas paira
perfume de estarem ali

Vislumbro o tempo amarrado nas muralhas
testemunho de raras
peregrinações e batalhas que são a réplica
do começo onde a memória
teima em beber

Até mim chegam os ecos de corpos
atordoados
sinto pertencer a essa multidão que traz
na boca o mistério dos nomes olvidados
pela história

cúmplice do sonho em ruas perdidas
e da finta dos vivos
que não imaginam partir

Carlos Xama

(pseudónimo de Carlos Baptista, poeta de Portalegre;
in "Há luz num livro fechado", Carlos Xama)

quarta-feira, abril 20, 2005

Autárquicas: por uma política cultural


Se ainda faltam alguns meses para as próximas eleições autárquicas, nunca é cedo para promover um debate sobre as políticas culturais dos municípios.
A relação entre agentes culturais e poder político deve ser de cooperação, sempre que cada uma das partes respeite o trabalho das outras. Quando, por um lado, o poder político tenta “anexar” os agentes culturais, por outro, pratica uma política de incúria cultural (quantas vezes partilhada pelas oposições eleitas!), deverá ter, nos agentes culturais responsáveis e livres, uma oposição acérrima e frontal. A existência duma Agenda Cultural (AC), bem cultural (e informativo) fundamental, quer para os agentes culturais (para a divulgação das suas iniciativas), quer para os cidadãos (para delas terem conhecimento), também, quando falamos de agendas municipais, para a própria autarquia mostrar o que acontece no seu Concelho (muitos autarcas ainda não perceberam isto!), seja promovido pela autarquia ou não. Agenda essa, cuja periodicidade (muito há a dizer sobre isto) se deverá adaptar à oferta cultural que no município proporciona, devendo ser a mais completa possível, não promovendo apenas os eventos organizados pelo município e todos os que acontecem na sua área geográfica.
Na verdade, a melhor agenda cultural, nunca cobre tudo o que acontece, porque surgem iniciativas que só se confirmam à última hora. Desde que os agentes culturais enviem a divulgação das suas iniciativas atempadamente para os responsáveis da AC, desde que os próprios agentes culturais sejam contactados por esses responsáveis, incentivando-os a enviarem os dados e a informá-los sobre a AC (muitos desconhecem que estas existem, devido à deficiente distribuição de muitas delas). Assim, provavelmente as lacunas duma AG possam ser eficazmente combatidas. Fazer uma (nova) agenda cultural e os seus responsáveis não contactarem, nomeadamente, os agentes culturais mais activos na sua área geográfica, semeia a desconfiança e não consigo perceber quem aproveita com isso!
Os municípios devem bater-se por uma política cultural clara e activa, promotora da Cidadania, duma Cultura de qualidade, diversificada nas abordagens e abrangente no que respeita aos públicos, dando espaço para que novos valores se mostrem. Se o nível cultural é normalmente baixo, não é sério nem responsável, promover iniciativas que não o combatam e o mantenham.
A definição de uma utilização integrada de espaços culturais (e de lazer), como: bibliotecas, museus, arquivos, cinemas, teatros, auditórios, centros culturais, galerias de arte, postos de turismo, espaços internet, escolas, jardins públicos, cafés e bares… devendo os espaços públicos ter horários (alargados) que promovam o acesso e não o dificultem. Não faz sentido que os responsáveis autárquicos pelo sector da Cultura vivam de costas viradas para os agentes culturais, sendo o oposto também verdadeiro, também não faz qualquer sentido que os vários agentes culturais vivam de mão estendida para o Poder.
No entanto, é verdade que o Poder central, regional e local, afectam verbas para as várias áreas da sua responsabilidade, sendo a Cultura uma delas e se apoiam outras áreas, por que não a Cultura, por isso, não sou contra os subsídios. Não se fique é por aí e que sem eles alguns nada façam!
Luís Norberto Fidalgo da Silva Trindade Lourenço
(Fundador e organizador da Casa Comum das Tertúlias)

Penamacor, 20 de Abril de 2005
Publicado em:

http://jn2.sapo.pt/seccoes/mensagem.asp?73757

"Diário Regional de Viseu", 21/04/2005;

"Jornal do Fundão", 22/04/2005;

"Diário XXI", 25/04/2005:

http://www.diarioxxi.com/?lop=artigo&op=a5771bce93e200c36f7cd9dfd0e5deaa&id=e15c78fe25d60a659d23e62645fa1a2d

"Povo da Beira", 26/04/2005.

"A Página da Educação", Nº 145, Ano 14, Maio 2005:

http://www.apagina.pt/arquivo/Artigo.asp?ID=3893

http://osabordaspalavras2.blogs.sapo.pt/arquivo/673087.html

terça-feira, abril 19, 2005

Poeta,
morta em ti a poesia
ficará apenas o Homem
de linguagem de gestos vazios
comerciais, vagos e frios,
estratega da fortuna
coleccionando privilégios
simples corpo em viagem
sem sonho na paisagem
errante folha de calendário
triste e indefinido esboço de cenário!

Martins Marcelo

A una encina solitaria

Una encina solitaria
Forma parte de mi pueblo
Arraigada está en su gente
Enraizada está en su suelo.

Tal como recia casona
De oculto y sereno hechizo
Paz, sosiego, abrigo y sombra
Da al caminante pedido.

Cuando llega el segazón
En lo duro del estío
Un segador en la sombra
Y junto al tronco un botijo.

La brisa madrugadora
Entre tanta encrucijada
Confusa rompe el silencio
Alegrando la mañana.

La primavera, sin ruido,
De color miel te ha teñido
Rejuvenece tu fronda
Y de novia te ha vestido.

Soberbia y añosa encina
Yo te adoro y te venero
Ayer te ha nacido un hijo
A la vera del sendero.

Ricardo Vicente Martin

POEMA PARAPENTE

Nómadas das Terras do Interior
rastejantes dos mares estagnados
cercados de muralhas invisíveis
impressionados pelas ilhas paradisíacas
que o Sol escassamente ilumina

Recolhidos em orações e penumbras
acossados no desalento mental da melancolia
por um povo espectral
desvanecidos de fantasmas e casas assombradas
deambulantes como aranhas
por entre húmidos jardins sagrados
ao abandono

Em Porto da Espada
um parapente paira ébrio
sobre os socalcos do mediterrâneo casario
no céu que o Sol ilumina um parapente
poema audaz e andaluz
em acrobáticas manobras aéreas

Sobre Porto da Espada
que o Sol inquieta
por minha causa
um parapente
um poema
sopro de uma brisa colorida
qualquer coisa que suba em ascensão
aos céus da existência
---aqui em Porto da Espada

Vasco Câmara Pestana

(publicado em Cadernos Periféricos, n.º 5 e Antologia Mínima de Vasco Câmara Pestana, Vasco Câmara Pestana, col. «Poesia», Edições do Interior, 2005)

Breve sobre iniciativa da Casa Comum das Tertúlias

Realizou-se no dia 16 de Abril de 2005, pelas 16h, a Tertúlia sobre "A poesiaportuguesa e espanhola", na Casa Comum das Tertúlias, em Penamacor, organizada pela CCT, com a colaboração da Tertúlia "Escudos IV", de Salamanca.
A tertúlia contou com a presença de 23 tertulianos, na maioria espanhóis, entreos tertulianos: Luis Gutiérrez Barrio (organizador e moderador da Tertúlia "Escudos IV"), Luisa Vaquero (a outra organizadora dos "Escudos IV"),Luís Norberto Lourenço (organizador da CCT), Carlos Baptista (poeta), Martins Marcelo (poeta), Ricardo Vicente Martín (poeta) e Mercedes Blanco (poeta). Durante a tertúlia foi apresentada a revista "La Tertulia" (n.º2, Abril/2005; 3.º n.º já que existe um n.º 0) e foram declamados poemas da "Antologia Mínima de Vasco Câmara Pestana", das "Edições do interior", col. "Poesia" (2005), VCP que na impossibilidade de estar presente por motivos de saúde atempadamente nos fez chegar esta publicação. Foram declamados poemasde vários autores, dos presentes e de outros.
Alguns poemas dos autores presentes e mais detalhes, brevemente emhttp://fanzinetertuliando.blogspot.com
O dia não se resumiu à tertúlia, começando com a visita cultural a Penamacor:Museu Municipal de Penamacor, Igreja Matriz de Penamacor e Museu Dr. MárioPires Bento (Meimoa) de manhã, almoço (13h, "O Tear", na Meimoa, onde não podiafaltar o "bacalao") e tertúlia (16h, na CCT).A tertúlia que foi a 1.ª de quatro iniciativas com as quais pretendemoscelebrar os 31 anos do "25 de Abril" terminou - não fosse a organizaçãoesquecer-se - a pedido dos nossos amigos de Salamanca, com a canção "GrândolaVila Morena", acompanhada por todos, de mãos dadas.
Luís Norberto Lourenço

http://penamacor.blogspot.com (sobre esta iniciativa)

terça-feira, abril 12, 2005

Clube de Castelo Branco: 101 anos

O Clube de Castelo Branco (CCB) fez 101 anos no passado dia 10 de Abril de2005, no entanto, o seu almoço de aniversário irá decorrer, na sede deste, nopróximo dia 17.
O CCB, o Centro Artístico Albicastrense e a Assembleia (de Castelo Branco), esta última em fase de renascimento, são as associações mais antigas desta cidade da Beira Baixa e estão entre as mais antigas do país.
Em 1957 nasceu no seu seio o Orfeão de Castelo Branco que se autonomiza em 1973.
A actual sede, no Largo de S. João, em Castelo Branco , é a terceira.
Os almoço de aniversário do Clube, as festas de Carnaval, são sempre pontosaltos na vida do CCB.
No seu 100.º aniversário o CCB vê ser-lhe atribuido o Estatuto de Utilidade Pública, ano em que o CCB publica um livro comemorativo dos seus 100 anos, ondese conta a sua história, livro organizado pelo Dr. Manuel M. Lopes Marcelo, Presidente da Direcção do CCB até Fevereiro de 2005. Nesse ano fez-se uma medalha comemorativa do Centenário.
Desde meados dos anos 90 do século XX ensaiam no CCB várias bandas de rock, queaí realizam muitos dos seus concertos. As mesmas já lançaram alguns CD's.
A Casa Comum das Tertúlias (então, "Tertúlia", fundada a 5 de Outubro de 2001), realizou na sede do Clube as suas três primeiras actividades, aí acontecendo uma 4.ª a 24 de Abril de 2005, no âmbito das Comemorações do 31.º Aniversário do 25 de Abril. Actualmente com sede em Penamacor, a CCT continua activa em Castelo Branco e o CCB é uma casa onde a CCT se sente bem.
Saudações culturais,
Luís Norberto Lourenço
(Sócio n.o 161 do CCB)
Algumas referências ao CCB:
P.S.
Tlm. 966417233

quinta-feira, abril 07, 2005

Novidades tertulianas...

Pode ler mais algumas publicações na Casa Comum das Tertúlias:
· Boletim Informativo “Páginas Soltas”, da Biblioteca Municipal de Lagos Dr. Júlio Dantas, publicação trimestral, n.º 5. (OFERTA)
· Agenda Cultural de Abril da CCT (disponível também nos seguintes locais: B. Municipal de Seia, B. Municipal do Sabugal, Espaço Internet de Seia, Espaço Internet de Penamacor, Museu do Canteiro, Clube de Castelo Branco… e na Casa Comum das Tertúlias).
· As agendas culturais de Seia, de Penamacor, de Castelo Branco, do Fundão
· A partir de 16 de Abril, o n.º 2 (3 n.º visto existir um n.º 0) da revista “La Tertulia” dos “Escudos IV” de Salamanca, de que se falará na tertúlia agendada para 16 de Abril de 2005 na CCT. (OFERTA)
· O jornal mensal “Ensino Magazine”. (OFERTA)
· O jornal semanal “Reconquista”. (OFERTA)
· A revista “Palavra em Mutação”, n.º 6 (e todos os n.ºs anteriores) (OFERTA)
· O Caderno n.º 4 do GTL do Fundão (e todos os anteriores) (OFERTA)
· Jornal escolar “Baril”, n.º 29, de Março de 2005, jornal do Agrupamento de Escolas Abranches Ferrão, Seia. (OFERTA)
· O Boletim da Sociedade dos Amigos do Museu de Francisco Tavares Proença Jr.

· A Agenda Cultural do Teatro Municipal da Guarda (Abril/Maio/Junho, 2005)
· E muitas outras que já foram divulgadas, bem como muitos livros (catálogo "on-line" em breve).

A Casa Comum das Tertúlias, com sede em Penamacor, é um espaço democrático, plural, de Cidadania, de reflexão e intervenção: cultural, social e política, a semear Cultura desde 5 de Outubro de 2001, em: Castelo Branco, Cidade Rodrigo, Mangualde, Marvão, Nisa, Penamacor, Portalegre, Porto, Proença-a-Nova, Sátão, Vila Nova de Paiva, Vila Velha de Ródão, Seia, Alcains…
Nascemos para que Abril se cumpra (A NOSSA FORÇA É ESSA) como disse Ary dos Santos «só nos faltava agora/que este Abril não se cumprisse.»
Três anos a promover a Cultura e a semear a Democracia.

Saudações culturais,
Luís Norberto Lourenço
(Organizador e fundador da Casa Comum das Tertúlias)

Organização
Casa Comum das Tertúlias / Luís Norberto Lourenço
Lg. D.ª Bárbara Tavares da Silva, n.º 11,6090-509 Penamacor
Tlm. 966417233
E-mail: casa_comum_tertulias@portugalmail.pt
luis.lourenco@portugalmail.pt
http://republicalaica.blogspot.com
http://cctertulias.blogs.sapo.pt
http://casacomumdastertulias.blogspot.com
http://fanzinetertuliando.blogspot.com
http://casacomumdastertulias5out2001.planetaclix.pt
http://centro-de-estudos-socialistas.blogspot.com
http://socialismo.blogcindario.com
http://luisnorbertolourenco.blogs.sapo.pt