Vai bem a Nodyologia em Portugal
-Bem, eu estava a estudar o túmulo de D. Afonso Henriques mas houve algo que me chamou à atenção.Algo que tinha passado despercebido à maioria dos meus colegas de investigação. As gravuras do túmulo de D. Afonso Henriques pareciam estar pintadas de cores muito vivas que as crianças do nosso país estavam cada vez mais próximas. Aproximavam-se das gravuras, faziam autênticas peregrinações. Parecia o 13 de Maio, mas um 13 de Maio infantil.
O jornalista esboça um sorriso irónico. Ela olha-o como se atirasse uma bala fulminante.
- Nada, continue. Mas essa do 13 de maio infantil...
- E a Nossa Senhora não apareceu a três crianças? Não me está a querer acompanhar? Iniciei desde então um estudo com base na mitologia infantil, nas cantigas de embalar da minha infância.
Mais uma vez a historiadora foi interrompida pelo jornalista que antecipou o nome do livro que preparava para a sua tese de Doutoramento:
- Livro que acabou por sair e se chama “Porra que já não aguentamos com tantos bonecos, Senhor Professor “.
A Doutora Ainda estava a ficar irritada com a interrupção contínua do jornalista, não sabia mas achava que aquele homem que tinha a formação idêntica à sua, na base de ter as notícias do presente e da cultura tinham uma semelhança curiosa com a dos historiadores e rematou:
- Olhe, eu sou uma nodyóloga, uma historiadora de renome, faço uma investigação rigorosa a partir da selecção de documentos feitos por crianças que jogam nos tempos livres “Um,dó, li, tá , quem está livre livre está “.
O jornalista começou por perder desculpas à historiadora, dizendo-lhe:
- Desculpe, senhora Doutora ainda Pi não a quiz ofender. Só quis fazer referências ao nome do livro.
A arrogância da historiadora não se fez esperar e bombardou o jornalista com toda a sua história de infância e como se tornou numa mulher implacável , fria que olhava os objectos de estudo .
- Sabe , eu sou católica , estudei num colégio de freiras , e o meu amor pela ciência histórica deu-se quando andava no nono ano e vi “ A aldeia da Roupa Branca “ .
O jornlista concluiu que ali havia material de entrevista antes que a Doutora Ainda Pi se virasse contra ele e lhe desse uma lição de moral. Nesse momento o jornalista levantou a grande questão:
- O que é que “A aldeia da Roupa Branca“ tem a haver com a música “Abram Alas Para o Nody“ ?
- Tem tudo, disse a historiadora. Ambas fazem parte de propagandas muito bem montadas, António Lopes Ribeiro estudou muito bem estes relevos e quiz imitar Enid Blyton quando ela escreveu “Abram Alas para o Nody “. Não acha parecidos os trechos “ Água Fria da Ribeira (...) Três Corpetes e um avental (...)”com “Abram Alas para o Nody com o seu carro amarelo? “ ...
O jornalista voltou a questionar e a por em causa toda a sua investigação:
- Desculpe, mas não acha que se está a afastar do tema da investigação que está a tratar?
A historiadora não perdeu a demora e começou a humilhar o jornalista com a sua falta de profisionalismo:
- Eu é que acho que o senhor não está a entender o meu raciocínio, senhor
jornalista!!! É assim... Uma investigação requer uma enorme reflexão sobre o assunto a tratar. A isto chama-se história comparada das imagens a preto e branco e das imagens pintadas a cores. Uma música cantada por pessoas sem esperança que trabalham e cantam secretamente a internacional enquanto o Nody é um hino à nacionalidade. Ele revolta-se porque quer ser português, tão português e livre como a sua mãe Enid.
O jornalista não suporta a arrogância da historiadora e decide novamente dar-lhe a estocada final para a deixar completamente embaraçada ao afirmar:
- A sua mãe inventou-o através de uma gota de tinta diz a certa altura no seu livro . Não acha aqui uma certa revolução na historiografia portuguesa ?
A Doutora Ainda percebeu-lhe a manha e respondeu-lhe do seguinte modo :
- Sim , porque a Nodyologia ainda tem muito para dar . Neste momento estou a investigar a Ursa Teresa que segundo as últimas ánalises forenses dizem que ela era afinal a mãe de D. Afonso Henriques. Em certos documentos D. Afonso Henriques chama a D. Teresa de Ursa . Mas a Ursa Teresa molda-se e é outra personagem. Ela está virada para a acção e para a palavra . Ela preocupa-se com a imagem e a cor, e está preocupada entre a fronteira que separa a Aldeia de Roupa Branca e o País dos Brinquedos é muito curta.
Depois desta demostração brilhante o jornalista voltou a a levantar a poeira e a levantar a cabeça da avestruz histórica. O jornalista pergunta-lhe então:
- Como assim? Não quer perguntar Doutora Ainda Pi ?
A historiadora ainda não está refeita da derrapagem e da explusão de questões que a deixaram indisposta. Ao que ela perguntou:
- Desculpe, mas não entendi a sua pergunta o senhor é que teima em afastar-se das questões essenciais de que estou agora a tratar. Eu sou a Doutorainda PI 3,14 e não sou uma pessoa qualquer. Estou a fazer um Doutoramento...
O jornalista tomou a ironia caustica como forma de a agredir, coisa a que a investigadora não conseguia admitir, apesar de perceber as provocações. O jornalista romou de novo contra a maré:
- Portanto ainda não é Doutora por extenso, nem com D grande, mas com iniciais DR. O que faz nos seus tempos livres?
Ela olhou-o. Não estava a ver o que o jornalista queria sugerir. Seria ela beata? Freira? Não tinha homem? O que é que ela era então? Mas a Doutorainda conteve-se e respondeu:
- Vou a fundações mandar as pessoas fazer otrabalho sujo para que eu possa ter a papa toda feita, é só engolir, porque ela já foi mastigada.
O jornalista continua em querer saber a vida privada
da historidora em querer levar as coisas para o campo pessoal:
- Mas não tem outros objectivos? Leituras? Vida pessoal?
Neste momento a historiadora não se conteve e respondeu o que ele queria ouvir:
- Não, eu sou completamente assexuada, para mim apenas me serve a nodyologia. Correspondo-me com outros nodyólogos de renome internacional. Pertenço ao Instituto Brinquedo da Universidade Um-do-li-tá. O lema da Universidade é “Aprende as coisas enquanto és novo para ficares no desemprego. “
O olhar irónico e a resposta caústica do jornalista não se fez esperar:
- Bem, você tem uma vida pessoal muito interessante.
A Doutorainda começa a fazer um monólogo sobre a sua pessoa a que o jornalista se deixa quase dormir:
- Eu como a maioria das grandes pessoas, não olho as pessoas de frente, porque elas são mero instrumento da minha pesquisa, são meras peças do universo das cores primárias.
O jornalista acorda naquele momento e responde de forma sarcástica:
- Bem! Isso é que é trabalhar! Você é uma mulher e pêras!
A historiadora não se fez rogada e respondeu:
- Bem pode dizê-lo, porque comigo ninguém se fica a rir !!!Eu já sofri muito !Por isso a minha revolta é a minha força.
O jornalista pensou que tinha naquele momento a sua bomba de Irochima na imprensa portuguesa, quando lhe perguntou:
- Onde é que vai buscar forças?
A historiadora começou a revelar a sua verdadeira identidade a partir do momento em que respondeu:
- Ao Hanibal Leter e a outros monstros da história como Adolfo Hitler, Estaline, Mussolini! Marlin Manson é a minha face oculta! Eu é que sou o Marlin Manson! Fui amante de Alister Cronwley, e vi Satã durante a minha pesquisa de doutoramento dizendo que a Ursa Teresa é a sua esposa!
O jornalista fica deliciado com a história mórbida que nem sequer acredita no que estava a ouvir, acabou por ironizar:
- Isso é que é uma vida Doutorainda!
A Doutorainda PI 3,14 olhou-o de frente, hipnotizando-o:
- Tu agora pertences ao maldito, oferceste-me a tua alma, grande panasca. Vem cá ver se eu não tenho a tua mãe! Tu és meu!
A historiadora atirou-se ao jornalista, mordeu-o até que ele começou a deitar sangue. A historiadora quase que se agoniou quando bebeu o sangue do seu entrevistador:
- Hum! Sangue podre !Parece o sangue de uma barata!
Doutorainda ligou o telemóvel e ligou para a Inspecção Geral dos Vampiros:
-Estou sim? É da Inspecção Geral dos Vampiros? Queria fazer uma denúncia!
Do outro lado da linha atendia o inspector Nosferato:
- Diga, Senhora...
A historiadora começou a dar a sua aula de estatuto social ao vampiro Mestre:
- Senhora não, Doutorainda! Porque eu ainda não acabei a minha tese.
A chamada caiu. O inspector irritou-se com a historiadora vampira, chamou o colega e disse:
- Temos em linha uma vampira com a mania que é intelectual e ainda porcima tem achaques! Quer fazer uma queixa contra um hóspede humano que é para acabar com ele! Não queremos a nossa espécie manchada...
O Subordinado perguntou ao chefe:
-Porque não acabamos com ela?
O Chefe dos vampiros estava de costas apenas se via uma sombra com um boné que não se conseguia vislumbrar a cor do boné que o ser misterioso. Finalmente o Senhor e Mestre dos Vampiros respondia ao seu empregado:
- Ainda nos irá servir muito, quando ela não nos servir mais ...Fazemos-lhe o mesmo que temos feito com as outras “Xicas – Vampiras – Espertas “.
É nesse instante que o Nosferatu se vira e olha o seu súbdito. O subordinado de Nosferatu olha para o seu mestre e vê um boneco infantil que abre os dentes afiados de gorro azul com guizo e de calções amarelos, abre então seu caixão amarelo.
- Abram Alas Para o Nody- Satã ! Nody- Satã está a chegar com o seu caixão amarelo!!!
Nody então deu a sua resposta:
- Ela vai ser exposta ao Sol assim que nascer o dia e com pouco de água benta e santa cruz de Cristo! Ah ! Ah !Ah!