fanzine Tertuliando (On-line)

Este "blog" é a versão "on-line" da fanzine "Tertuliando", publicada pela Casa Comum das Tertúlias. Aqui serão publicados: artigos de opinião, as conclusões/reflexões das nossas actividades: tertúlias, exposições, concertos, declamação de poesia, comunidades de leitores, cursos livres, apresentação de livros, de revistas, de fanzines... Fundador e Director: Luís Norberto Lourenço. Local: Castelo Branco. Desde 5 de Outubro de 2005. ISSN: 1646-7922 (versão impressa)

quarta-feira, dezembro 31, 2008

As Nascentes dos Sonhos*



As Nascentes dos Sonhos, de Francesco Alberoni (2000).

Esta obra do sociólogo e escritor italiano, autor de inúmeras outros livros, será abordada na primeira tertúlia de 2009, a qual marca o regresso ao terreno das iniciativas da CCT.
Os sonhos, como as várias sociedades os vivem, os interpretam, os tentam limitar e o que nos diz a História sobre eles. Apenas alguns tópicos, sem condicionalismos, a tertúlia será o que os tertulianos fizerem dela, o que nela quiserem debater...

*Por: Luís Norberto Lourenço

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Projecto de Assiriologia

Em 2010 Barcelona será o palco do 56 Congresso Internacional de Assiriologia. Esse facto demonstra o verdadeiro avanço da Assiriologia na vizinha Espanha, como nas outras áreas. Em Portugal temos uma escassa visibilidade e as pessoas não encontram a motivação e o empenho como na se tem vindo a atestar na jovem Egiptologia portuguesa. Surgem cada vez mais especialistas dentro desta área quer na Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Temas como o coração, a maternidade, a arte, a estatuária, o poder político, a literatura, as coroas, a cosmologia e imagine-se as influências egípciazantes da flauta mágica de Mozart parecem provar esse nectar mágico de que é o Antigo Egipto.
“Só a Mesopotâmia é que não tem “para prafrasear uma letra de Adriana Calcanhoto numa das suas músicas. Este trocadilho tem muito que se lhe diga. E isto porquê? Todos os anos no Brasil vemos novos orientalistas da área da Assiriologia, todos eles nascidos da orientação do saudoso Professor Doutor Emanuel Bouzon . São os casos da Professora Doutora Katia Maria Paim Pozzer (professora da Universidade Luterana do Brasil (ULBRa) fez o seu doutoramento em Paris (nos meados dos anos 90) publicou a sua tese em francês em 2003 (Les arquives privées de mrachands à Larsa pendant la duxiéme moité du régne de Rim- Sin), ou ainda Marcelo Rede da Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro que defendeu a sua tese em 2004 (L´apropriation domestique de l´espace à Larsa – la trajetoire de la famille sanum) publicaram cada um deles um artigo na revista Cadmo 16 (2006) o que demonstra que a jovem assiriologia brasileira está de boa saúde e recomenda-se , basta ver os curriculus destes investigadores e as teses que orientam e as obras publicadas não deixam ninguém indiferentes. Este é um dos muitos casos que o Brasil em alguns aspectos não é atrasado como muitos julgam. E o verdadeiro impulsionador desta revitalização da história antiga foi o professor Emanuel Bouzon. Graças a ele algumas destas pessoas que relatei anteriormente seguiram-no como um mestre. O professor brasileiro não era um investigador qualquer e no ano de 2006 iria ser homenageado em Monster. A assiriologia ficou mais pobre. Basta ler as palavras do professor António Ramos dos Santos (Cadmo 16, pp 309-310) já que ele foi o seu orientador de Doutoramento que resumiremos à frente. Emanuel Bouzon foi para aqueles que confraternizaram com ele um exemplo de sabedoria e que se pode fazer investigação num país onde está a alguns passos atrasado ao nosso. Mas nem é bem assim ele (Emanuel Bouzon ) foi professor visitante na faculdade de Letras da Universiade de Lisboa onde orientou o primeiro doutoramento em Assioriologia: O sector privado na economia da Babilónia Recente. Origem e transmissão de riqueza “ do professor António Ramos dos Santos. A área de especialização centra-se dentro da história económica, na história do direito, na transmissão de influências de aalgumas famílias de arquivos estudados de descendentes de Nur- Sin e Ea – Iluta- bâni. Aqui estavam o modelo empresarial da época e aposição social já que a propriedade fundiária se centrava nos grandes organismos económicos. Ora, esta defesa passou-se à quase nove anos. Alguns anos depois foi a vez da Doutora Maria de Lurdes Horta da Palma com a tese: Tiglat- Pileser I e o seu tempo. A guerra, as leis e a ideologia. Contributos para a sua análise. Também foi esse orientalista brasileiro que arguiu a tese e diz que quem assitiu com distinção e louvor. A autora que fizera uma tese de mestrado sobre a ideologia real assíria baseada não só nas insrições, como na propaganda régia centralizada na imagem do rei e naquilo que ele devia ser. A tese foi publicada em 2001 pela Patrimónia e espera-se que este ano se publique a tese de Doutoramento. Como a autora bem afirmou nas páginas da tese “que aquele projecto foi o culminor de um caminho que se iniciou na licenciatura , projectou-se no mestrado. Para quem é professor do ensino secundário como a Maria de Lurdes Horta da Palma percorrer as escassas obras que existem no nosso país, encomendar livros pela internet, livrarias estrangeiras que demoram e nos fazem desperarar, ou ainda mais em casos extremos quando não há possibilidade de adquirir os livros raros a que o comum dos mortais nos olham como aves raras e nos perguntam “Mas para que é que isso serve?
Bom, para ficar na prateleira é que não serve, poderíamos dizer mas dá para contribuir para uma ciência que tem muito a haver com a nossa sociedade e que herdamos muitas coisas. As horas, os dias, algumas festas, a literatura e nalguns aspectos quem tem o olhar mais atento consegue ver alguma das peças numa obra de ficção menor como as novelas em que uma deusa suméria é alvo de cobiça por parte e uma organização oculta (Sete Pecados , Rede Golbo de Televisão ) já que a peça é herdada pela filha de arqueólogo (Priscilla Fantini) . Mas tirando isto e voltando ao cerne da nossa questão esta tese abarca a importância das fontes, a investigação reltiva a este monarca e ainda estão ligadas as leis , o espaço e o tempo. Tudo isto é muito importante na investigação histórica centrarmo-nos nas ideias de um tempo e num objectivo e nunca com os olhos e os valores de hoje. Que o seu trabalho dê frutos! Bem haja Doutora Maria de Lurdes quando li e reli a sua tese para o meu trabalho de fim de curso sobre o baixo relevo na Universidade Lusíada. O poder real, a mensagem religiosa , os conflitos internacionais sempre foram uma constante neste continente .Que o diga o professor Doutor Fancisco Caramelo que fez o mestrado sobre o profeta Jeremias. Mensagem Política de Jeremias na crise de 609-587 ac. Assim se chama a famosa tese e se centra nos conflitos desse ano fatídico de 587. Milhares de anos depois ouvimos uma espécie de requiem quase idêntico quando o Iraque desapareceu e grande parte das suas obras primas desapareceram num passe de mágica. Júlia Navarro jornalista publicou uma novela de suspense com este tema o do negócio da arte. Uma assirióloga iraquiana descobre uma tábua de argila que dá azo à história. No entanto terá sérias dificuldades a que os seus colegas nesse congresso se sintam sensibilizados ou porque a falta de provas do local seja também uma atenuante, dizem-lhe os colegas do livro “Histórias de infância não provam absoluatemente nada“. Para centrar novamente os leitores nestas andanças da assirologia também está ligada a outras áreas como a das religiões e a escolha da tese de Doutoramnto do Professor Francisco Caramelo se centre em duas regiões: A Linguagem profética Política em Mari e Assíria (publicada em 2003 pela Patrimónia editora que já havia publicado a sua tese de mestrado em 1997). Neste campo são analisados os textos proféticos dos dois países e analisados também os sonhos, analisa-se a figura do profeta, a sua actuação e não só digamos que como o autor diz: Tudo isto é uma gota no Oceano. Hoje orienta algumas teses dentro da sua área de especialização e esperamos que dêem os seus frutos. Algumas delas estão em curso e são publicadas para artigo de revistas como o caso da deusa Isthar .

Outro caso de mérito é o do mestre Pedro Malheiro a quem devo em parte ou se não quase toda a sua inestimável ajuda no longíquo ano de 2000 a que partilhamos ideias , me deu conselhos a nível de investigação e aprendi muita coisa a nível de Assiriologia. O seu gosto pela área levou-me a ver esta área com outro olhar, a ele devo indicações de obras inexistentes ,artigos e temas de investigação palmilhados quase a nível dectectivesco. Pedro Malheiro defendeu uma tese intitulada: Guerra e Historiografia nas inscrições Egípcias e Assírias. Estuda as inscrições standart de vários reis assírios do período neo–assírio, descreve as cenas de luta como verdadeiro historiador de arte. O que não é para menos Pedro Malheiro é licenciado em História de Arte pela Faculdade Letras de Lisboa. Depois de analisar quer o universo egípcio e assírio. O que no primeiro caso analisa não só os episódios da batalha de Kadesh, a invasão dos povos do mar. O próprio autor diz que eve de extrair a parte da Hititologia, ou seja iria analisar a documentação de hatusa em cuneiforme manda escrever pelo monarca Hatuslis III. No entanto deve-se dizer que o autor prepara a sua tese de Doutoramento na área da Egiptologia sobre o tema da estatuária régia das III e VI dinastias. Boa sorte Pedro!

Estes são alguns casos de sucesso dentro da jovem assiriologia portuguesa. Mas não basta isto, há que haver equipas de investigação no terreno nos países onde decorreram as coisas, é necessário uma gramática mais actualizada do que aquela que o Coronel Valdez dos Santos fez nos anos 60 e mais um dicionário escrito por especilistas como o do Antigo Egipto. Porque a Assíria não é o país dos índividuos sanguinários de que invadiram israel e que destruiram tudo, não. A Asssiria é um universo a descobrir na área da literatura como deixou o professor Emanuel Bouzon, ou o orientalista português José Nunes Carreira com o seu livro As literaturas na Mesopotâmia. Ou caso do dominicano Francolino Gonçalves que há largos anos estuda estas e outras matérias na Ècole Française e Biblique de Jerusalem. Depois muito daquilo que Hollywood nos traz nem sempre corre pela verdade como a história de Estigamta, embora não seja a área a que nos referimos ns diga tudo e dá erros. Ou então viremo-nos para o Exorcista I e II onde lá está o Demónio Pazzu a seduzir a rapariguinha e fazê-la insultar o padre descrente. Mas há que afirmar essa descrença num outro sentido naquele a que faz há vários anos trazer a Portugal especilistas como o assiriólogo espanhol Fenellóz, o francês Jean Claude Margueron ou ainda nas comemorações dos 10 anos do Instituto Oriental trouxeram o italiano Mario Liverani. Só esperamos que Semiramis a mítica raínha consiga seduzir de vez os portugueses nas suas expedições e os faça rejubilar de espanto perante as histórias que tem para contar. Também esperamos que depois de todos os acontecimentos que se passaram façam as novas gerações olhar para a Bíblia e a História Antiga como forma de estudar do seu tempo, pois há muito mais para lá do jardim do Èden ou das páginas frágeis de uma história que se é contada quase nos tempos da nossa infância. Ou seja da Catquese. Esperemos que as imagens do deserto das rotas caravaneiras levem os jovens a imaginar mil aventuras de histórias milenares de suspense e tirar a respiração , porque sonho todos os dias com a civilização assíria quando observo os céus e me recordo dos famosos cientistas da Babilónia. Para isso meus senhores é necessário acertar os relógios e ir ao encontro de nuestros hermanos.

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terça-feira, dezembro 30, 2008

O que faz falta

Como é que é feita a leitura sociológica em Portugal do século XX? Este livro ou melhor este conjunto de textos feitos através da coordenação do Professor Doutor Diogo Ramada Curto vem preencher uma lacuna na nossa história recente em Portugal? E isto porquê? Porque nos centramos sobre o nosso umbigo , falamos de temas muito específicos ou melhor especializados . Ninguém quer saber dos grupos que foram as élites intelectuais do século XX, daquilo que era proibido ou do que se lia às escondidas até à teses em História Contemporânea ou sobre a censura literária por Maria TerESA Payan. Mas o que é isso contribui para a nossa felicidade perguntam vocês, caros leitores?

Muito porque tem a haver com uma identidade, a identidade de grupo, enquanto seres pensantes e uma nova forma de não nos subjogarmos aquilo que a televisão nos comanda para isso lembro-me do caso Galíndez que foi transformado em fime e que desernvolve um grupo de pessoas interessadas em acabar com uma historiadora americana que se debruça sobre um grupo de jovens que fizeram parte poetas e participaram na famosa guerra civil espanhola e a certa altura ela pergunta " Mas qual é o problema é só uma tese que vai ficar a apanhar pó e ninguém vai ler ..."

Pois é é excatamente isto a resposta tinha aver com a memória , com a dignidade e daquilo que estava a despertar . A leitura também passa por isto , por sermos tão cultos , termos uma enorme quantidade de informação e não conhecermos nada daquilo que se faz . Basta irmos a uma livraria e perguntarmos por um livro que lemos ou que nos foi indicado por alguém . Não é novidade , não há. Temos que encomendar. Nos Jumbos, Fnacs temos que lidar com a ditadura dos romances de Miguel Sousa Tavares e de Dawn Brown e como se tudo não bastasse vimos uma série de livros que nos tentam explicar este fenómeno como se aquela história tivesse algum fundamento. Quando no ano passado se deu a polémica sobre o novo livro de Miguel Sousa Tavares e do historiador Vasco Pulido Valente a coisa teve honras de uma procura maior . Este género de roamnces tornou-se uma praga. Há um afalta de reflexão e tudo isso recorda-me a ida à lojas como Zara ou a Pull and Bear. Os centros comerciais que detinham antigamente os 10% eram idênticos às promoções de livros, ou quando eles querem fazer desaparecer dterminadas edições é pô-las num preço muito mais barato. E as pessoas aceitam tudo. Vê-se de tudo Dawn Brown, Miguel Sousa Tavares e ainda José Rodrigues dos Santos, e é claro depois professores universitários cientes de toda a sua sapiência de matemáticas no Técnico que se pavoneiam em demosntrar. A mim nem me aquece e arrefece, mas irrita-me o facto de que uns outros espelhem uma sabedoria que não têm, mas só porque Têm o estatuto ali fiquem bem e mostrem-se com os seus ninhos e os mostrem na internet. Meu caro douto senhor ninguém tem nada a ver com isso, apenas porque gostava de ter projecção como o Vasco Pulido Valente . NInguém lê um tratado na Internet de quinhentas e tal páginas . Depois disto as pessoas continuam a ler os mesmos livros borrifando-se nas palavras deste douto doutor que nos autocarros, metro lêem os mesmos romances. Longe vão os tempos em que as livrarias eram como as costureiras onde os livros eram feitos por medida ao cliente em questão. Hoje não. Há uma série de gente ávida de novidades e de histórias catastróficas sobre o final de um tempo e de um segredo milenar .

Como é que será que os historiadores da leitura verão este fénomeno? Como é que as pessoas não se aperceberam de que a maioria das histórias não passam deuma pseudo-história?

Santo Graal, Cristovão Colombo era português ou italiano? Jesus Crisato era líder do Qmran, Maria Madalena esteve presente na última ceia. Todos estes pontos fazem parte de autores como José Rodrigues dos Santos e de Dawn Brown. Tanto um como outro vendem-se bem, mas aquilo que nós pensamos deles não nos interessa para nada. Podemos até dizer que estes livros se leem bem na casa de banho. À alguns anos atrás num programa de televisão Miguel Esteves Cardoso ironizava e dizia que a falta de leitura dos portugueses se devia com a sua ida às casas de banho. Que o façam, dizia ele, deviam ir mais vezes. Em França em certas casas de banho, estão dspostos certos livros como estes que analisamos e alguns jornais para estimular a leitura. Seria este um favor que o plano nacional de leitura devia fazer? Ou será que temos que ser obrigados a ler aquilo que Deus nos impõe? Lembremo-nos então das palavras sábias de Zeca Afonso "O que faz falta".

O que faz falta realmente é animar a malta. Podería acontecer-nos como aquela persoagem de Platão que acabaria pr ser morto pela cegueira dos outros . Aliás aí seríamos imbuídos a correr a uma livraria para ler uma tese de mestrado em musicologia sobre Jorge Amado, Alexandra Solnado e Quim Barreirosa "Eu quero mamar na Teta da Cabritinha".

A personagem título do romance de Jorge Amado a que deu título a uma novela bem conhecida do público português é uma pastora de cabras cognominada de "cabrita", assim também o é chamada Alexandra pelo Cristo que a chama de "cabrita". E Quim Barreiros escreveu uma música "Eu quero mamar nas tetas da cabritinha ".

Será que há aqui influências nos cânticos de Salomão dos "Cânticos dos Cânticos?" Seria então esse mesmo professor do técnico a fazer o prefácio de obra tão diletante?

Sabemos que a obra venderia bem, até porque poderiam ser os poetas e personagens do romance de Galíndez e se tornaria Quim Barreiros um revolucionário. Alguma coisa valha às pessoas que passem entre cinco a dez anos a pesquisar em bibliotecas, a corresponder-se com investigadores estrangeiros... afinal essas teses serão lidas por ratos. Eles terão a sua memória e serão aqueles que ao contrário de José Hermano Saraiva contaram a história de Portugal. Voltamos ao início esta falat de ler. Até já se propõe um novo programa nacional de leitura. Não queremos mais Marias, 24 horas ou Caras, mas não chegamos a tanto queremos papel de pergaminho que é onde se lê num local tão responsável como uma casa de banho. Não acreditam! Pois foi-me contado por um professor de Paleografia. Se as pessoas não sabem ler aquilo que está escrito então há que lhes dar um fim. Vamos então a esses sítios ler. Podemos ser as pessoas mais dotadas. Passaremos então a ler manuscritos. Quando mais tarde um desconhecido lhe oferecer flores, isso é... "A causa das Coisas ".

Olha o passarinho bloquista !

Já que estamos numa quadra verdadeiramente natalícia ... já pensaram como será um Natal verdadeiramente bloquista ? Como explicar um presépio e árvore de Natal feitos pelo bloco ? Qual seria a árvore ? Quem seria o menino Jesus e o casal e a famosa majedoura ? Dás uma passa e tudo passa , mano! Como começar pelo princípio pelos objectivos verdadeiros do partido ?

Quem é aquele gajo que canta músicas revolucionárias ? Daqui a pouco está de rasta a cantar rap , contesta o mundo e os seus políticos . Tão pequenino e já canta rap . Garanto-vos que não é aquele gajo do Zé Carlos . Nós queremos falar-vos de um Natal verdadeiramente bloquista e de eles invadem solares abandonados do século XVIII , especialmente o Mário e o José que se casaram na Espanha e são gays , não conseguiram instalar-se convenienetente e invadiram um desses solares, É que eles os dois vestem-se de marca e já querem vestir o seu menino , gastam dinheiro em canabis e têm uma plantação de canabis que dizem que é para fazer criação... e obvimente para fazerem árvores de Natal No presérpio apareceram as pessoas mais estranhas aos olhos de um católico ... enfim uma vaca do Finalmente que arrasta uma asa para o JOsé ... é uma traveca que imita uma cantora de ópera ... uma muito espanpanante a Maria Troca tintas que a sua boca mais parece um megafone , depois há aqueles que são burros que não vêem que a política é sempre a mesma coisa mesmo que seja à direita ou à esquerda ou chamar-se -á Manuel Alegre a querer mudar de partido e fazer uma recensão crítica deste género tradicional como se fosse um antropólogo . Mas não desprezamos a malta , porque a Vaca e O MInuel é muito amigo cá da malta .Neste solar juntamos três deallers que andavam pelo bairro alto e que era muito amigo então eles davam-nos charros , iam buscar umas bejecas ... ou criticavam o sistema ... mas não passava disto .... no entanto este grupo é inofensivo ... Eu cá não sei , mas acho que um deles não nos representa . Quem é que quer tirar uma foto ao presérpio do bloco ? É para a minha tese e Antropologia ...será que podia ?
- Não , meu caro , isto é propriedade privada . Muito obrigada e boa tarde , O Mário e o José não estão cá foram ao Centro de Saúde com o Jesus que está com gripe , não sei a que horas eles voltam ...

segunda-feira, dezembro 29, 2008

Tudo igual ...

Todos os anos é sempre a mesma coisa. As coisas vão mudar. Sim, essas coisas a que me refiro são as nossas relações pessoais, relações de trabalho e de saúde. Já pensaram para pensar no quê? No novo ano!!! E está claro que nós seres humanos ávidos de novidades consumimos aqueles bendits livros escritos por astrólogos. E têmo-los para todos os gostos dizem-nos aquilo que queremos ouvir ou não queremos ouvir. Uma das escritoras que mais admiro Isabel Allende conta em Paula : que foi astróloga numa revista... Diz ela a certa altura que escrevia algumas histórias... E Como serão essas Maias e esses Paulos? E essa senhora chamada Flávia de Monsaraz que criou um Centro de Astrologia onde mais parece uma universidade de esoterismo...

Ali aprende-se a interpretar mapas astrais e dizer o que são trânsitos , falar-nos de ética... Mas será que isto é mesmo válido? Eles fazem-nos os mapas.... e dizem-nos que estamos em quadratura x, em trânsito ao quadrado... mas onde é que surgiu esta prática?

Esta prática famosa surgiu à mais de dois mil anos e conta-se de que os reis magos seriam astrólogos e que viram na famosa estrela uma super-nova segundo interpretações de historiadores de antiguidade oriental . È que nessas alturas os astrólogos estavam ali nos famosos zigurates e interpretavam as movimentações das luas , viam as suas mudanças e o que elas davam de mais importante nos próximos anos. A mais importantes das festas eram a do Ano Novo (O festival do Akitu ) onde se celebrava o famoso deus Marduk contra o monstro marinho Tiamat. Eram tão importantes os astrólogos desta época que tinham duas profissões, aquela a que hoje lemos de astrólogos diplomados... como uma que dizem que vai limpar o pó com o seu próprio nariz para interpretar melhor as coisas... tal não é pó que ela já tem da vida. E um outro que faz interpretações esótericas dos nossos reis. Imagine-se termos uns astrólogos que fizesse a nossa entrevista de trabalho para onde nós fossemos.... como acontece em França! Aconteceu alguns anos que em Paris Sobornne, perdoem-me o francês que não quer dizer suborno ter defendido uma tese de doutoramento sobre astrologia. E nós? E Portugal? Como serão as previsões lê-se muito sobre estas questões mas será que não é mesmo aquilo que queremos ouvir como afirma uma das personagens de Antes de Anoitecer quando eles acabam de ser consultados por uma cigana, Etan Weke diz: "Quero ver qual será a pessoa que vai pagar a uma mulher destas que lhe irá dizer que a sua vida será igual à de sempre, os filhos continuarão a fazer o mesmo de hoje, de ontem e de amanhã... assim como o marido e o seus empregos. E nós porque razão gostamos de dar uma espreitadela aos jornais? Já pensaram nisso? Talvez daqui por um ano se dirá que 2010 será o ano das nossas vidas. Talvez... será tudo igual .

quinta-feira, dezembro 25, 2008

Prémio Nobel ou prémio Político ?

Não de hoje nem de ontem a noss a surpresa ou a comum banalidade de que observamos nas páginas dos jornais o nome do vencedor do prémio nobel .Este ano não foi diferente . Este ano calhou a J.M. Le Clézio esse mérito . Adquiri por empréstimo na biblioteca o livro o Deserto , pois os restantes romances deste autor desapareceramou encontram-se esgotados . Até aqui ninguém fazia ideia de quem era este senhor . Apenas que se dedicava à ecologia e a denunciar casos problemáticos de prostituição infantil . De facto virando-nos para a literatura e a estrutura deste romance dão -nos pistas para aquilo que o autor é ... um ecologista . SE estivessemos em Portugal diríamos que fora o famoso ministro da sObras pùblicas a enviar por sms o nome de deserto . Mas não estamos noutro lado . Este romance presentea-nos com descrições poéticas sobre o deserto , uma história tão parada que até decidimos mudra de rumo de um sítio onde não acontece nada , a não ser a boca seca e alucinações sobre um fantástico oasis . Tem sido assim desde a expulsão de Adão e Eva . Este Clézio dá-nos a sua visão parasídiaca e é claro não nos vende o paraíso por telefone nem tem que fazer 4 vendas diárias , não trabalha no telemarketing , nem é testemunha de Joevá . È um activista político e é isso que acontece a todos os vencedores . Doris Lessing deve-o a isso mesmo , como o senhor turco , como o nosso José Saramago . E é aí que gostaria de me centrar . O ano de 1998 . O que é que ele stêm de comum ? Não estão presos num hotel e nem sequer morrem por fazerem anos no mesmo dia... são todos tão sem sal ... que até parece que foram escolhidos precisamente por isso ... ninguém os lê...
José Saramago tem uma escrita estranha.Que roça à oralidade . Serão as suas origens ? Talvez isso.. ou não terá sido porque a sua mulher , uma jornalista de renome, Pilar fez uma campanha política a favor do seu JOsé . Quem lê o seu José . Ama-o ou detesta-o . Recordoo-me então que não havia espaço para este senhor que não me povoa nem de longe , nem de perto simpatia . Lá está ele todos anos ... parado . Com um amor severo a copiar ... uma gargula de um aigreja a dizer que todos nós somos uns tartuffos ... para lembrar um outro autor de teatro italiano e que me evoca aqui a responsabilidade de Moliére ... gostaríamos de por todos esses tartufos numa mesa a serem comidos por um grupo de beatas que à beira mar fumariam o seu Cristozinho e um licor de Jesus CRisto ! Ai Jesus que istoi não tem nada a ver... Já me desgracei ... Pois é terá sido numa dessas lições de português que a Rainha Sofia leu O Ensaio sobre a Cegueira ou a Jangada de Pedra . Alguém já alugou este filme? Para isso deve-se ter divertido a rir ... em Frankfurt um ano antes ... quando Portugal apostou forte na sua cultura . Portugal nunca gastou tanto em livros e na cultura ... Frankfurt é a moda e apasaagem de modelos dos autores , mostram as grandes tendências dos próximos doze meses ... livros encorpados , com flores estampadas com dizeres em russo , ou com o galo de Barcelos ... depois vêm as meninas ligth ...as suas linhas devem-se a bombas gástricas para que as pessoas que as vão ler não engordem ... nem fiquem doidas como as galinhas... Este senhor Saramago ... vence todos ! Dá cartas nas suas provocações ... e lá continua ele feito múmia mal conservado do Museu do Cairo .... E outros escritores como Nadime Gordomer ? Ou Toni Morrison ? Lembram-se de Belloved ? A história de Medeia na cultura afro-americana ? Ou o turco que ganhou o nobel à dois anos ? O Nobel serve da mesma maneira que a notícia de morte d eum escritor ... só são admirados depois de termos flores e uma camada de cal ou cimento a fechar-nos a boca .
- Coitado ! Já morreu ! Era uma pena era ser tão chato ! Nunca li mais do que meia frase ... vamos lá mas é compramos os livros deste gajo para mostarmos que até gostavamos dele apesar de ter umas ideias políticas loucas ... Até são histórias muito bem escritas inadaptáveis ao cinema . Volto a tentar embarcar na Jangada , não consigo ela parte-se ao meio ! Grande merda ! E a Cegueira que se está a abater ... de quem é aculpa , nossa , do leitor , do realizador ou do próprio escritor ? Por quanto tempo mais temos que aguentar esta cegueira ? Qual será o autor mais esquecido ? Para o ano que vem ? Quem será ?
Lembrem-se das palavras sábias de Dorris Lessing quando ganhou o prémio nobel . "Que grande merda ! " Ao que apareceu traduzido "Que maçada !"
Alguém lembrava-se daquela senhora ? Sabia-se que escrevera uns tantos romances , era activista política e escrevera alguns romances de ficção científica ?
Talvez seja isso que o Nobel sirva para mostrar que a Europa ainda serve ... desdenha o imperialismo americano .. nós somos melhores que tu temos mais de dois mil anos de história . E o que dirão daqui a 100 anos os nossos bisnetos , trinetos ?
- Olha lá isto é um prémio nobel ou um prémio político ?

POrque é que os académicos de Relações Internacionais nunca se dedicaram a fazer um estudo sobre a Questão política dos prémios literários?
É caso para dizer qe faz sempre bem correr à livraria comprar o autor nobelizado . Eles estão sempre esgotados na altura . Alguns empregados até respondem:
- È só um minuto que eu vou ver s e ele está cá hoje a trabalhar ! É só um minto ... Sabes se o José Saramago está cá hoje ? È que esta senhora quer saber se ele é cego ?!

Um triller gastronómico

Hoje estamos aqui para fazer uma grande revelação. Revelação essa que tem sido menosprezada pelos investigadores da Antiguidade Oriental, nomeadamente da área da assiriologia.
Serão estas informações, assim, tão temíveis? Destruirão vidas? Não o sabemos mas têm sido deixadas de lado pelos investigadores que acham que o quotidiano é um assunto menor.
Desenganem-se todos aqueles que entendem que a alimentação é um problema menor, e por isso possa ser comparado a um caso policial arquivado por falta de provas.
Alguém disse um dia que a investigação histórica se pode comparar a um inquérito policial. Como poderemos centrar essa mesma investigação com o quotidiano?

Partimos do princípio que devemos reconstruir todas as peças da nossa investigação, desde os pormenores mais insignificantes. Tomaz Eloy Martínez, escritor argentino, afirmou no ano passado numa entrevista, que muitas vezes os escritores recorrem à história para reconstruir casos históricos mal resolvidos, partindo do seu ponto de vista literário.
O historiador deve ter essa mesma função. Se há um crime, há um suspeito. E onde existem suspeitos há que procurar provas. Para provarmos a nossa teoria segue-se um inquérito policial baseado num texto literário intitulado “A Águia e a Serpente”.
Iremos provar não só como todo o solo era avesso ao cultivo de alguns produtos agrícolas, a sua salinidade assim o demonstra, como pela geografia, a temperatura agreste da Mesopotâmia do Norte diferente da do Sul, demonstrando-nos que este povo teve que agir com sabedoria e astúcia face às intempéries que lhes eram oferecidas. Estas revelações não nos são dadas pelas datas, mas pelas tábuas cuneiformes, ou ainda pelas placas de argila que nos dão provas de acontecimentos importantíssimos como matrimónios, nascimentos, tratados de paz ou ainda famosas receitas que não estão inscritas num único livro mas que alguns arqueólogos puderam, juntando as peças oferecer-nos as suas hipóteses.
Interessam-nos ainda histórias do simbólico como os textos mitológicos que fazem referência a um determinado tipo de alimentação: a ritual, a alimentação simbólica, já que neste caso o mundo deve estar em ordem de acordo com os deuses.
Os historiadores voltam-se então para esse segredo gastronómico mesopotâmico. O que faz então que um grupo de homens e mulheres se dedique a estudar a cozinha? O que faz com que a cozinha se torne tão fascinante aos nossos olhos?
Há relativamente pouco tempo um jovem historiador descobriu na reserva de um museu uma tábua cuneiforme com o título “Instruções a Cereja”:

Quando a conheci ela estava completamente desfeita. Não conseguia suportar pela perda dos seus filhotes. O seu amigo Águia traíra-a por gula. Por isso ela estava disposta a descobrir porque razão era tão especial a comida. O deus Samash deixou o seu amigo fugir, dizia ela que se recordava da hora em que retirou pena a pena do seu amigo à dentada. Samash disse-lhe que ela devia esperar. A paciência, dissera o deus, era uma virtude. Falhara alguma vez o deus da justiça?
Por isso ela começou-me a contar toda a história. Há muito tempo atrás ela e a Águia fizeram um pacto de amizade perante Samash. Tiveram filhos. Quando a serpente trazia da caça cabras monteses ou gazelas, a águia e os seus filhos comiam a caça.
Quando a Águia trazia da caça, a pantera do deserto ou um animal selvagem, a serpente e os seus filhotes também comiam.
Tudo se transformou quando os filhos da águia cresceram e tiveram asas fortes para deixar o ninho. A Águia concebeu maus pensamentos e comunicou-os aos filhotes: ia comer os filhos da serpente e voar para o céu, sem descer mais que à altura do cimo das árvores.
Objectou a águiazinha mais nova que isso seria transgredir o juramento e incorrer na ira e anátema de Samash. A Águia não escutou, não ouviu que ia, diziam os seus filhotes. Desceu e comeu os filhotes da serpente. Pela tarde, ao findar do dia , a serpente voltou. Trazia o tributo da carne, que depôs à entrada do seu ninho. Olhou o ninho não existia. Inclinou-se: já não viu os seus filhotes. Com as unhas esgravatou então o solo, e do ninho, os turbilhões da poeira escureciam o céu. A serpente deitou-se então chorou, ante Samash corriam as suas lágrimas : “Tive confiança em ti, ó Herói Samash! Por ti, dei à águia presentes da minha amizade; temi o teu juramento e honrei-o; não concebi o mal contra o meu camarada; ora ele, seu ninho intacto , o meu devastado; o ninho da serpente tornou-se lugar de lamentações; são e salvos estão os seus filhotes, os meus já não existem! Ela desceu e comeu a minha descendência! O infortúnio que me aconteceu, tu Samash o conheces. A serpente pede vingança e obtém-na. O deus da justiça ordena que a serpente mate um boi selvagem que Samash tem atado na montanha, fure o seu ventre e se esconda no buraco feito na barriga do boi. A águia virá banquetear-se; a serpente deve então agarrá-la , arrancar-lhe todas as suas asas e lançá-la numa gruta. A águia não atendendo ao pedido do filhote mais pequeno, caiu na armadilha: Desceu e pôs-se por cima do boi selvagem. Primeiro , a águia inspeccionou a carne , quis ver o que estava à frente e por de trás dele. Avançou, passo a passo, com cuidado, aproximou-se da gordura que cobre os intestinos. Quando entrou, a serpente apanhou-a pelas asas... a águia abriu a boca e disse à serpente: - Tem dó de mim! Como um noivo dar-te–ei um presente! Mas a serpente abriu a boca e disse: - Se te soltasse, que diria eu a Samash, lá no alto? Era contra mim voltava o teu castigo, este castigo que precisamente eu te devo infligir!
Cortou-lhe radicalmente as penas, arrancou-lhe as asas e deitou-a numa gruta, para que morresse à fome e à sede.

Depois deste episódio a serpentezinha seguiu o seu caminho não ouvindo falar mais sobre a águia. Samash disse-lhe que ela devia procurar as respostas para lá das montanhas. Após esse local sagrado estavam, os segredos dos seres humanos. Diziam até que ali naquele local gelado os humanos haviam criado um sistema de refrigeração para que eles pudessem manter as suas bebidas frescas. A serpentezinha ficou maravilhada imaginando-se já a rastejar o seu corpo no meio do gelo.
- Hum! Que maravilha!
De súbito as suas ideias voltaram-se para os seus filhotes vítima de repastos gastronómicos . Quem sabe que junto dos seres humanos ela não obtivesse as repostas? Voltou-se novamente junto do deus Samash:
- Senhor, eu gostava de ir para lá das montanhas para descobrir os segredos dos homens e mulheres!
A serpentezina não se explicou melhor e no meio desta confusão ela iria iniciar uma aventura gastronómica junto do palácio real. Transformada numa linda mulher. A sua vontade mais uma vez fora-lhe concedida. Ali estava num armazém de um grande palácio. Numa cozinha real. O cozinheiro ficou a olhá-la Ela não sabia o que estava a acontecer. Imaginou imediatamente que ele comentaria o facto dela ser um réptil.
- Rápido! Rápido! Siga o cozinheiro chefe! Está a olhar para onde? Não sabia que era isto que ia fazer?
Passou por uma queda de águia e observou-se. Era sem dúvida uma linda mulher.
- Você será aprendiz do cozinheiro oficial! Deve obedecer às suas ordens e seguir à risca, poderá fazer algumas intervenções. O cozinheiro mostrou-lhe então a dispensa daquele palácio onde estavam os cereais, as carnes, peixes cujos os vendedores traziam todos os dias, sendo este uma espécie de imposto a pagar ao Estado. Estava prestes a ser submetida a um teste. No meio daquela azáfama. O chefe dos cozinheiros olhou-a de alto a baixo. A serpentezinha apresentou-se dizendo que tinha curiosidade em trabalhar com o chef mas afamado de todo o império. Voltou-se novamente e observou-a atentamente. –
- Vamos ter que fazer as coisas por partes! Todos os dias são enviados dois litros de farinha para a fabricação da cerveja, não só terás que saber as suas diferenças, como aquelas que são de primeira qualidade, ainda também os diferentes ingredientes, os géneros de cervejas que terás em mãos. Aqui vivem mais de um milhar de pessoas, trabalham técnicos altamente especializados onde escolhem todos os dias vegetais, carnes e peixes frescos.
- Como sabes tudo isto? – perguntou ela extenuada com tanta informação.
- Minha linda é o meu trabalho! Ainda agora começamos! Agora vamos por mãos à obra porque hoje o nosso rei irá dar uma grande festa.
O jovem cozinheiro começou por mostrar os diferentes tipos de cereais, a escana a chamada triticum dicccum usada para fazer pão e cerveja , ainda era conhecido a triticum monoccum. O centeio e a aveia não era cultivado no médio oriente. Quando a serpentezinha perguntou se havia azeite na dispensa o jovem olhou-a .
- Já vi tudo, Nana, é assim como se chama, não é?
A serpentezinha tremeu. O cozinheiro sabia de tudo. Ela lembrava-se das horas em que passava a arrastar-se pelas oliveiras provando aquele molho suculento.
È estrangeira, Nana respondendo:
- Claro que sim, sou da Galileia. Nós viemos para cá quando o meu país foi invadido pelas tropas do vosso rei.
- Psiu! – disse o jovem. Não fale disso aqui! Este é um dos locais que todas as paredes têm ouvidos. Cuidado com o que fala e a quem fala! – disse o jovem olhando-a .
- Gostava de lhe dizer que não existem oliveiras no nosso país, Senaqueribe o grande tentou trazer oliveiras, mas não houve qualquer resultado, mas cultivavam-se leguminosas. Quanto às bebidas alcoólicas há frutos tais como os figos, as uvas que são cultivados nas regiões montanhosas, as uvas são usadas para fazer sumos, mas haviam diversos tipos de vinhos , mas o cultivo das hortaliças requeria também um enorme trabalho, dividindo-se pequenos bancos podiam cultivar-se inúmeras plantas, as cebolas eram comidas com pão. A serpentezinha olhou o cozinheiro e disse:
- Pelo amor de Samash! Isso deve dar cá um hálito! Ah! Que horror! Faz–me lembrar o meu irmão mais novo...
Foi então que se recordou do seu tesouro mais pequeno que adorava roubar cebolas e come-las. A sua filhinha dizia que havia de ser cozinheira para não terem que andar à caça todos os dias. “Mamã, um dia vou trabalhar para ti. Vou fazer um livro de receitas e vou fazer um pão com inúmeras coisas , todas elas para não termos que comer diversas vezes ao dia. A serpentezinha ria-se, dizendo-lhe:
- Litinha, mas todos nós temos que comer várias vezes, porque se não comermos ficamos fracos e indefesos.
- Mas eu vou inventar algo que encha até aqueles seres que andam com duas pernas!
- Litinha! Esses seres são seres humanos!
A serpentezinha começou a chorar.
- O que foi? – perguntou-lhe o jovem.
- O meu irmãozinho foi sacrificado na altura em que o culto ao deus Baal foi imposto e foi sacrificado .
No meio daquela conversa um dos trabalhadores, um pasteleiro apareceu pálido.
- O que se passa? – perguntaram a serpentezinha e o jovem cozinheiro em coro.
- Há uma greve os agricultores recusam-se a trabalhar, até que todos os seus meios, os seus trabalhos sejam reconhecidos, até os pescadores que têm um contracto de arrendamento dizem-se injustiçados.
- Mas então o que fazer? A festa de inauguração é daqui a várias horas e dizes-me que está tudo parado?
- Sim, dizem que a culpa foi de um jardineiro que cometeu uma falta contra a deusa Inana. O cozinheiro olhou para a serpentezinha pensando se era ela a deusa .
- Carne não há carne? Não há leite para o pato assado? – perguntou de súbito a serpentezinha lembrando-se numa das famosas receitas inventadas pela sua filhinha .
O pasteleiro e o cozinheiro olharam-se. Não sabiam como se fazia aquela receita. Dizem até que os poucos cães que habitam por aqui estão a desaparecer. Um deles que era um membro diplomático hitita foi morto junto de uma colmeia .
A serpentezinha disse:
- Eu conheço um jurista amigo meu, ele pode fazer rever as leis .
- Quem é esse teu amigo ?
- Samash!-respondeu ela .
- Parece não ser boa coisa, dizem os advogados que esse deus é um pouco cínico e serve a dois senhores. –disse o cozinheiro cada vez mais pasmado
- Mas ele serve-se a ele mesmo. O que foi? Estás a olhar para mim dessa maneira, porquê? Era só o que me faltava! Já viu isto, pasteleiro?
Samash apareceu–lhes naquele instante e disse:
-Estamos com vários problemas um dos jardineiros reais foi acusado de ter violado uma deusa, enquanto um espinheiro tomou o poder e está a criar uma degradação diplomática...
A Serpentezinha conhecia os apetites de poder do espinheiro disse:
- Vamos falar com os trabalhadores do palácio, na hora da apresentação do rei e da inauguração do palácio que aos olhos dos presentes tinham contornos surreais. Todo o palácio tinha a forma daquela planta em forma de lápis–lazúli e ele tencionava apresentar um novo panteão de deuses, cactos, e outros animais de rosto que aos olhos da Serpentezinha mudou-lhe o rosto completamente.
- Já sei como é que vamos apanhar este espinheiro! Ele é vaidoso! Mandaremos trazer do palácio do prazer um grupo de sacerdotisas que apresentem a história da deusa e do seu pastor, uma canção de amor mas à forma deste senhor, dar-lhe a apresentar mais tarde que já temos o problema resolvido. E eu sei quem é o assassino do diplomata hitita. vamos fazê-lo trazer a verdade. Os seus planos mais íntimos através de uma simples cerveja. Apresentaremos uma nova receita...
- Qual ?
- Não há! Então? Meus caros, as cervejas são servidas com canudos ou palhinhas, nós vamos dar-lhe o contrário. uma cerveja a fermentar, mas muitas cervejas que a verdade aparecerá. –disse a Serpentezinha .
- Esperemos que tenhas razão – disse o porta dos voz dos trabalhadores. Não temos nada. Não há esperança! Esta planta é intolerante! Não há alegria no rosto das pessoas...
- Esta noite. Não haverá falhas. Faremos uma recepção e em memória da minha filha faremos um jantar deslumbrante – disse a Serpentezinha desmascarando-se .
O cozinheiro olhou-a e começou a chorar:
- Perdoas-me?
- Do quê? Fiz algum disparate?
- Eu amo-te! Fui imprudente! Estar aqui contigo! Assim que te vi, percebi a mensagem de Samash. Eu sou a águia. Tinha inveja da forma como tu tratavas os teus filhos! Quando estive naquela gruta recordei a minha vida, desde a altura que a minha mulher me abandonou, me deixou com os meus filhos: Pedi auxílio a Samash e ele transformou-me num homem, retirou-me as asas e fez-me descer à terra e estar sobre as ordens de outra pessoa, num país onde havia esperança. Decidiram então pôr mãos à obra. Aquela noite era de facto memorável, todos os presentes estavam recostados em liteiras, sentados de pernas cruzadas sobre o chão. A sua dieta estava presente nos cereais através da cevada, trigo e milho e eram fabricadas ainda tortas, como complemento desses cereais cebolas, pepinos. A carne e peixe estavam presentes naquele ambiente festivo. De um momento para o outro a Serpentezinha ainda sobre a forma de mulher indicou a um dos empregados que devia enviar uma cerveja sem palhinha ao rei. O rei olhou para o copo que tinha diante de si.
- É uma novidade! Esperemos que goste.
De um momento para o outro o espinheiro entusiasmou-se e bebeu sem parar. Excitado começou a apresentar todos os seus planos para chegar ao poder e os planos que teve diante do jardineiro futuro rei, filho da deusa ,provocou um incidente em todos os campos.
- Eu disse-lhes que eu era o salvador deste país !Matei o diplomata levando-o até a uma colmeia mostrando que ele era um ladrão. Quando ele se opôs a ajudar-me. Droguei a deusa e o jardineiro, nem sabia... claro que sabia que era a sua mãe, mas todos estes factores fariam com que as pessoas...
Samash apresentou-se como oficial do reino que anulava todos os seus poderes , mostrando que a Violação contra a deusa não acontecera. Eles aceitaram o plano para desmascararem o rei.

Esta é a famosa história de um reino, de uma apresentação de um novo reino, de uma usurpação de poder, mas como as grandes memórias pelos entes queridos nunca são esquecidos. A Serpentezinha tornou-se uma pizzeira pois mas antes dos turcos levarem este famoso pão com diversos condimentos faria história no mundo inteiro. Esta é sem dúvida a história de uma grande revelação. Uma revelação que estava para lá dos livros de história, mas que a história da literatura e do amor irão repetir alguma vez. È que por vezes milagres acontecem, quando ainda por cima os filhotes da serpente apareceram como prova da transformação da águia. È caso para dizer que a águia e a serpente se casaram e tiveram filhos um pouco estranhos é claro, mas a boa disposição e a criatividade nunca faltou. Em breve todos vocês terão conhecimento dessas receitas criadas pela Serpentezinha. Não faltem. As nossas vedetas estão à vossa espera. Divirtam-se .

quarta-feira, dezembro 24, 2008

La porta dei sogni - Interpreti e sognatori dei sogni .

Edda Brescianni é uma egiptóloga italiana que se tem dedicado à arqueologia e filologia egípcia . Talvez por isso não seja de estranhar a obra que agora comento convosco: La porta dei sogni - Interpreti e sognatori dei sogni. Este é um livro de rara beleza que não só descreve os costumes daqueles que interpretavam os sonhos , mas também dos que os sonhavam . Será que eram assim tão diferentes de nós ? Bem para começar a própria palavra, e as revelações feitas a partir da literatura egípcia já que são poucos os documentos que nos permitam descrever essa tarefa fácil . Brescianni envolve esta obra em duas partes no mundo egípcio e no período de colonização grega e romana. São descritas as mais variadas formas de sonhos ao longo de quase cinco mil anos de história. Quase me atreveria a dizer que o Natal de Mister Scroogde poderia estar aqui enuciado porque as suas visões com fantasmas são aquelas que anunciam os diferentes tipos de sonhos (cativos ) quando o fantasma nos aproximava e fica diante de nós feito assombração como que a dizer: Meu Deus, como ele está vivo! E como se veste! Como trata os outros!
Mas não estamos perante outros géneros literários: instruções, autobiografias, estelas da carestia e outros como não poderiam deixar de ser estar ligados à magia negra e às suas principais funções. De outra forma são indicados outros tipos de sonhos aqueles de que nos devemos libertar de determinadas aflições como já nos referimos . È que este livro bem pode servir para quem queira conhecer o mundo das mentalidades egípcias e fazer um paralelo com os seus vizinhos do médio oriente antigo tal como os assírios ( em Mari e em Israel ) Desta forma esta obra torna-se um objecto de culto , de leitura e de lazer para quem queira penetrar por estas andanças . E já agora porque não tomarmos o rumo a Setúbal a 10 de Janeiro? É que em Setúbal ir-se-á dar uma palestra sobre os sonhos no Antigo Egipto, onde mortos e vivos entraram em contacto uns com os outros e propõem-se desvendar segredos mais recônditos dos sonhos dos convivas. Digam lá se não é um bom programa? Esperamos por vós .

oH, PROFESSOR QUEM É QUE QUER SABER DE D:SEBASTIÃO ? NÒS ESTAMOS NO NATAL !

Quando era pequenino costumavam-me contar a história da casinha de chocolate onde habitava uma bruxa que atraía as criancinhas para essa casa através das suas sumptuosas delícias. Hoje também existem essas casinhas, mas não são de chocolate , são de imagens, isso mesmo!
A bruxa está na nossa casa, sem que nos apercebemos, as criancinhas vibram com imagens de vã estupidez, sem nexo algum. Essas imagens começam logo pela manhã com desenhos animados completamente diferentes daqueles que eu via quando era pequeno eram histórias que tinham uma moral ou estimulavam-nos a imaginação. Hoje já não é assim, nesses intervalos de meia hora surgem-nos outras imagens. Imagens publicitárias. A publicidade. A publicidade é magnífica, sobretudo as imagens sumptuosas. Onde pais que oferecem aos seus filhos telemóveis e que perguntam aos seus filhos: E o que é que se diz à senhora? Phonix. SE alguns mais velhos estiverem a ler esta crónica e souberem o que isto quer dizer então falem agora, ou então calem-se para sempre . É nestas alturas que nos apercebemos de que a publicidade é a imagem de um produto que se apresenta um desejo da satisfação da necessidade do consumidor. A publicidade é ainda a provocação de todas as vontades quem não se lembra de uma imagem que ficou gravada há dois ou três anos de um filme em que de um dia para o outro a terra ficava gelada onde toda a população ia-se aquecer numa biblioteca com os livros. Eles afinal não serviriam para nada? Ou se não seguindo esse mesmo tempo os publicitários inventaram a mesma fórmula rasgar um livro e oferecer telemóveis. No entanto podemos consderar que a Contra-Reforma foi na sua época a primeira agência de publicidade contra a proliferação de novas religiões. “Converta-se ou então vai passar uma boa temporada na alçada da Inquisição “. Tribunal de Santo Ofícios os amigos de Jesus ajude-nos a purificar a sua fé.
Perdoem-me mas esta questão de livros rasgados e queimados só poderia vir de alguém em que proclama o amor de Deus, da transformação e porque não dizermos que a publicidade é também uma anedota?
Os reis magos cantam-nos músicas tradicionais portuguesas e nós achamos piadas a estes fulanos que só nos aparecem várias vezes ao ano. Até os gatos fedorentos estão na jogada. Num centro comercial eles atendem pedidos das crianças que lhes pedem diversos canais. Ao que eles dizem : Vão mas é para casa que estes pais se têm andado a portar mal!

Para além de ser anedota, a publicidade consume-nos a carteira. As crianças adoram-na e é verem publicidade alusiva ao Macdonal´ds onde eles preferem um bom hambúrguer ao tradicional bacalhau. E o que a publicidade tem afinal assim tão de agravante como tinha a Bruxa da casinha de chocolate?
Ela ilude-nos a cabeça temos uma ideia de soliedariedade, de transformação e conforto quando no fundo ela é mesmo aquilo que Marx dizia: A publicidade é o ópio do povo. Por fim vemos os adolescentes a almoçar pastilhas elásticas nos bares das refeições, porque não gostam do almoço. Até podia vir agora aquela cena do filme “Charlie e a fabrica de Chocolate “ . Havia umarapariga que adorava uma boa pastilha elástica e o senhor Charlie tinha uma boa refeição. A pastilha elástica tinha o sabor de vários pratos, sopa, prato principal e sobremesa e foi aqui que a pastilha torce o rabo em que a menina fica azul e a mãe pergunta:
E agora o que vou fazer com a minha menina? Ao que lhe diz uma criança não menos petulante: -Olhe, ponha–a trabalhar num circo!

Bem dita seja a geração rasca, porque a publicidade é péssima. Os adolescentes adoram-se uns aos outros, como o pai celeste nos adora a nós.
São estas as deliciosas fatias de um saboroso bolo? Quando as criancinhas acordam será tarde de mais. Ela deita-as dentro de um caldeirão! As criancinhas coitadinhas, não sabem nada. Então há que criar uma nova televisão, talvez de uma igreja nova onde se dispunha de uma forma primitiva de nos amarmos uns aos outros. Pai, perdoai-lhes porque eles não sabem o que fazem! É por isso que as criancinhas quando vêem o Saw se divertem…

Então a Bruxinha desta época não é mais que radical, mas marketing, uma espécie de fibrovital que retira as gorduras nefastas à base de dinheiros. Com as suas palavras elas nunca serão nunca como Descartes “Penso, logo existo “. Mas sim “Penso, logo desisto “ E até que nos perguntam: Desculpe lá quem é que foi D. Sebastião? Século XVI, desapareceu em Álcacer Quibir (…)
- Oh, professor desculpe lá, mas nós estamos no Natal quem é que quer saber do José Hermano Saraiva?

E esta hein? Acabou-se meus amigos a publicidade – a velha da casa dos electrodomésticos é isto… até breve! Cuidado se a virem! Digam-lhe que mando cumprimentos !

terça-feira, dezembro 23, 2008

SOl se põe em São Paulo

“O sol se põe em São Paulo “é um romance de enganos, sombras e teatro. Não deixa de ter interesse que a personagem principal seja interceptado por uma senhora idosa, japonesa que lhe pede para escrever as suas memórias. Ao longo da história percebemos que não é a sua história,mas a de várias personagens que se interligam entre vários autores japoneses. “O melhor escritor é aquele que nunca escreveu qualquer obra“. Nesse sentido é uma frase que espelha o lema e a demanda pelos autores contemporâneos japoneses, Tanizaki e Mishima e o clássico Jengi traduzido este ano para português. A nossa procura de ligar a literatura à história, aos costumres e aos grupos de teatro que se lhe seguem deve dar um jogo de luz e de sombras. O Nosso aspirante a escritor leva a sua tese de conduzir a sua narradora de histórias a contra-lhe a história do seu grande amor. Como faz juz o título de “O SOL se põe em São Paulo “Bernardo Carvalho faz-nos crer que a história é muito mais do que isso. É a história de uma vida que termina na cidade de São Paulo. Este é um romance que fala de emigração, da segunda guerra mundial e do suicídio de um familiar do imperador. Esta cidade foi sem dúvida a cidade das oportunidades para milhares de Japoneses. Como afirmou o autor numa entrevista “O Japão surge aqui como uma metáfora e a emigração o seu zénite (…)”
A personagem principal é o escritor como se tratasse de um cronista de tempos antigos que escrevia os panegíricos dos reis que escrevia as suas memórias. Caminhamos Ainda perante os folhetins antigos onde a velha senhora conta que em jovem foi datilógrafa de uma tradução de um romance tradicional japonês do século XI levando os leitores a ficar à espera de um novo capítulo. Mas todas as narrativas servem de intertextualidade para com que os autores referidos anteriormente, Tanizaki é uma personagem escondida que faz com a jovem passe para a narrativa desse autor e que seja explícita várias histórias de sexo e dor cognominando-o de “SAde japonês“.
Mas a obra em questão narra ao mesmo tempo a emigração japonesa no Brasil a pós a segunda guerra mundial e a própria procura dessa narrativa. Como é que começa a mentira e termina a verdade? Há aqui um trabalho de detective onde se tentará desvendar um sem número de histórias. Por fim basta colocar uma questão: Como colocar a literatura ao lado da história? De que forma poderemos analisar a obra “O SOL se põe em SãoPaulo “ (ed. Cotovia, Colecção Sábia, 160 pp) Descobrimos que o melhor escritor é aquele que nunca escreveu um livro. São palavras ditas pela japonesa e do interesse por saber se o seu futuro escritor conhece japonês e os escritores japoneses. Para quem conhece as obras de Bernardo Carvalho sabe que há medida que vai lendo a sua obra descobre que cada personagem não é aquilo que parece. Estamos perante um jogo de cartas onde todos os trunfos não estão à vista logo no inicio da narrativa. Encontramo-nos perante várias personagens que se anulam umas às outras. Ao centramo-nos nesta obra optamos por colocar uma história que se centrasse entre o tradicional e o cosmopolita, entre dois universos, o clássico como o teatro nô, as obrigações de uma família e de um arapariga que quer a sua independência. Este livro bem poderia chamar-se O Jogo de Sombras Primeiro vemos um amor de desenganos e de um actor nô humilhado que se prontifica a transforma-se num nacionalista. Para compreendermos esta obra temos que a ver em vários moldes, as personagens, as suas próprias histórias e um autor que não prefere ser autor porque não publicou nada. A nossa opção pela ligação entre a história e a literatura. A literatura é ponto que tem a haver com a história oral cada vez mais tida como objecto de estudo dos historiadores. Anteriormente este método de investigação era remetido para os antropólogos e sociólogos . Esta obra é vista em duas partes , uma espécie de prólogo longo durante 120 pp onde as personagens se apresentam como actores de um tatro de sombras. O narrador não deverá saber nada de japonês nem conhecer os seus próprios escritores como lhe havia sido dito. Mas para terminar esta obra ele descobre que tudo não passou de uma intertextualidade entre vários autores japoneses que ele não conhecia. Podemos afinal perguntar será esta obra uma impostura ou pelágio inventado pela própria velha japonesa? A decisão é vossa.

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segunda-feira, dezembro 22, 2008

O que é que Rakushisha tem ?*

Rakushisha, de Adriana Lisboa[*]



Parafrasenado uma música de Carmen Miranda poderíamos pois centrar a crónica de hoje num romance que acabei de ler e vos aconselho a ler e a ofercer para este Natal . As razões são mais que muitas . Para além de terem o contacto com uma das escritoras que se vêem a destacar nos últimos apenas com os seus 38 anos , Adriana Lisboa já ganhou o Prémio José Saramago em 2003 , mas não ficou só por aqui o romance que vamos seguir a seguir foi numa viagem com três persoangens (Alice , embora esta apareça em flash back , as outras duas Celina e Haruki estão na base de um diário e se centram numa história de busca interior . Essa busca interior vai centrar-se nas suas vidas através de um diário e das suas impressões sobre esse país . Para Haruki é a descoberta do país dos seus pais , filho de emigrantes que desconhece a língua dos seus pais . A sua ida ao Japão tem qualquer coisa de inspiração e de descoberta com a história que ele repudiu. O próprio encontro entre Celina e Haruki tem qualquer de cinematográfica : O que está a ler ? E ele responde não sei , tanto podia ser russo ou outra língua que eu faria os desenhos . Tudo isto tem a haver com a sua própria profissão e com o espírito do próprio Bashô : Ele habita o romance em frases curtas , dizendo apenas aquilo que os obejctos são e farão daqui a muitos anos , tal como Alice a filha falecida de Celina que a persegue nas suas memórias e ela busca uma nova forma interior , e de comprar roupas e objectos à filha como se ela fosse viva . esta é uma outra marca da poesia haicai . Ela já não vive , mas vive na memória . Daí que o próprio sub-título "A Cabana dos Caquis Caídos " seja um outro pretexto da lenda da cabana onde Bashô esteve por três vezes e o desabamento desta , leva a considerar diversos assuntos . Este é um romance que pode ser oferecido aos nossos amigos este Natal e sentimos uma tristeza tão grande pelas suas palavras terminarem . A descoberta dos três , do alento que se faz e o Diáro que irá ser traduzido mantém um cariz sobrenatural , ou simplesmente siga os dias e estações . Pode ser considerado um romance haicai . Ali estão todos os condimentos para quem quer redescobrir o Japão e centrar-se na literatura haicai e na voz da mais proeminente literatura brasileira , mas isso tudo poderão descobrir em Fevereiro quando ela apresentar o seu livro em Lisboa e estiver presente nas Correntes da EScrita . Por isso faço-vos um apelo façam com ele uma viagem ao país do Sol Nascente e sentirão como Bashô vos perseguirá para o resto das vossas vidas . Poderão olhar nos transportes públicos alguém como Celina e Haruki e dizer : Eu quero conhecer estas pessoas , ou pelo menos a sua mãe : Adriana Lisboa . Parabéns Adriana por um dos livros que farão parte daqueles que terão mudado a minha vida . ESte poderá ser a viagem à procura do sentido perdido da vida e do verdadeiro Natal , pode ser que em Fevereiro vos dará essas respostas todas . Rakushisha é o seu nome . A nova bíblia para quem quer encontrar um sentido em forma de diário ainda que de uma forma rápidas as suas palavras continuarão a fazer efeito como um antídoto algumas horas depois . Só apenas 131 páginas e a sua grandiosidade é forte , a força de grandes romances profundos que não esquece uma única vez : por isso vamos embarcar para O Japão e ver todos os locais ou se possível experimentar algumas experiências . E assim podemos responder o que afinal que Rakushisha tem Sol, tem árvores , primavera , verão , outono e inverno e as quatro idades da vida para compreendermos aquilo que fomos e podemos vir a ser . Estas respostas só BashÔ e a poesia haicai vos poderá dizer no livro seguidos pelas suas personagens secundários . Façamos um diário e dessa experiência a nossa voz . Boas festas e façam uma boa viagem!

*António Almeida

NE:
*Imagens inseridas pelo Editor do Blogue

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sábado, dezembro 20, 2008

Vendimia Oriental: Homenaje a la pintura de Kosei Takenaka

quarta-feira, dezembro 03, 2008

FAZ, DESFAZ e REFAZ

Alertado por um cidadão, fomos para a rua e fizemos mais uma reportagem fanzínica...



(fotografia tirada em frente ao edifício da Câmara Municipal de Castelo Branco; Arquivo Tertuliano)

Vamos resolver este dilema...
Aquele local é um estacionamento? É.
E pode-se estacionar lá? Não?
Porquê? Porque uma parte substancial dele está ocupado por uma passadeira,
sendo que o Código da Estrada não permite estacionar em cima delas, nem poucos
metros antes e ainda desaconselha a que se estacione logo a seguir devido a diminuir a visibilidade, por um lado de quem as atravessa e por outro dos condutores...

É só mais um episódio do "FAZ, DESFAZ e REFAZ".
Quem paga? O contribuinte!

Mais uma vez toca a desfazer, porque a alternativa é persisitir no erro.
Convinha que se aprendesse com a lição...

Nota positiva em relação às obras da nossa cidade: finalmente os acessos das passadeiras aos passeios na cidade já começam a ser mais facilitados, para que sem transtorno quem tem mais dificuldade circule com menos um obstáculo.

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