De que falamos quando falamos de igualdade ?
Era uma vez uma menina que não queria ser bailarina , não queria usar sapatilhas , mas usar um fato de macaco e uma chave de fendas . Desde pequenina , a menina brincava com carrinhos e sonhava com óleo e o barulho da oficina . Por outro lado , havia um outro menino que não sabia línguas , que tinha vindo do outro lado lado do atlântico , e tinha uma cor escura , tinha outra religião . Esse menino não acreditava num Deus único , nem num homem castigador , mas sim , na natureza . Custava-lhe crer que a cor , a língua e os recortes sociais fossem modelos da sociedade .
Por outro lado , havia outro menino , o menino da mata , que não queria ser menino , não gostava de se chamar Pedrinho , não gostava de brincar com carrinhos , mas gostava de ler revistas de moda , cozer roupas e usar e abusar das linhas ....
Hoje em dia , todos eles fazem parte da sociedade, seja menina mecânica , o menino que sabia ler outras línguas, o outro que queria ser estilista e ser mulher, todos eles têm uma forma de ser iguais .
Se Raymon Carter tivesse escrito o que era a igualdade , seria tudo isto que ele haveria de escrever e falar sobre igualdade . Ou de alguma forma de podermos ter acesso à cultura ou à saúde ? Ou teremos nós apenas decretos muito bem escritos que não correspondem à realidade ?
Estas pequenas histórias que aqui contamos podem chegar até outras épocas que não tiveram direito à educação , à leitura , mas que hoje escolheram ser ignorantes ,porque preferiram ter uma capa bonita , um embrulho sedutor quando no fundo não existe nada . Será aqui a escolha do saber ? Ou de não saber ? Quem é que pode afirmar o que sabe e o que não sabe ?
Seriam estes meninos capazes de levarem a sua história ao mundo ? Como poderiam eles participa no direito à cidadania ? Não seriam eles capazes de mudar as mentalidades , além dos decretos-lei ? O decreto -lei não muda nada as cabeças , mas sim pequenas histórias e exemplos , por isso contamos as histórias de três crianças de hoje que podem ser as de ontem. Será que nós portugueses conhecemos os nossos direitos e deveres ? Será que temos direito ao livre -arbítrio ?
Sim , para já temos a nossa constituição , uma espécie de suprema árvore do conhecimento , da qual podemos utilizá-lo para o bem e para o mal . Poderia ser que os nossos meninos fossem meninos ou meninas que comessem o fruto da árvore das leis no jardim da constituição , só assim todos eles poderiam dar as mãos .Porque serão eles os homens e mulheres de amanhã . Só assim é que poderemos falar de igualdade .
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