fanzine Tertuliando (On-line)

Este "blog" é a versão "on-line" da fanzine "Tertuliando", publicada pela Casa Comum das Tertúlias. Aqui serão publicados: artigos de opinião, as conclusões/reflexões das nossas actividades: tertúlias, exposições, concertos, declamação de poesia, comunidades de leitores, cursos livres, apresentação de livros, de revistas, de fanzines... Fundador e Director: Luís Norberto Lourenço. Local: Castelo Branco. Desde 5 de Outubro de 2005. ISSN: 1646-7922 (versão impressa)

quinta-feira, dezembro 11, 2014

Fotossíntese Capítulo Nono


Quem me fez isto? É crente? Tem divagações filosóficas? Então podem começar a escrever. Aliás existe um provérbio eslavo que nos acentua  que nem uma luva –disse Caetana ao grupo depois do susto ter passado. Aquela era sem dúvida a divina dramática onde a comédia se torna tão negra  que os crimes se tornam demasiado desdenhosos e onde se pode determinar as façanhas do homem através do crime. Nisto todos temos um único meio ao nosso alcance. A internet. Eu já nem sei se falo a verdade se estou a sonhar. Mas aconteceu-me estar a falar nomsn com alguém que diz ser a Agatha Cristie. Agora temos que fazer o jogo dele. É usual dizer-se que o criminoso volta sempre ao local do crime. No momento do ritual é que se posiciona a agilidade do assassino, perante a sua vítima é o momento de ataque, é a hora em que a vítima luta pela sua vida. A vida consegue ultrapassar a arte, a literatura proporciona os jogos mais subtis, sejam eles “espelhos“ da sociedade ou “fórmulas“ para atingirem um determinado objectivo. Daí que o crime e o jogo andem por vezes de mãos dadas proporcionando ao observador que descubra o quebra cabeças, gerado na civilização assíria o primeiro passo para esta investigação.

-      Mas o que é isto tem a ver com o que se passou? –perguntou François um pouco tenso.

-      Eu tenho –me contacto à já algum tempo  com um pirata de informática e que pretende brincar conosco, entra nos sistemas dos computadores da faculdade. Um génio ele deu-me as dicas todas, mas antes fez-se passar por uma mulher a mais famosa escritora de romances policiais. Aqui disse ele  que se iria dar o primeiro  ponto do seu jogo, iria ditar as regras do jogo.

-      Então porque é que nós aparecemos na tua vida? –perguntou Caetana já irritada.

-      Qual era uma das bases de sistema da civilização hitita? Muitos das lutas passaram pelo sistema oral e é aí que nós nos ligamos. François é tudo aquilo que nós não imaginavamos. Veio para Portugal para perseguir este menino. Em Paris teve-o às mãos e acima e tudo a nossa bem amada Madalena anadava de amores com um técnico de informática que andava a orientar-lhe a sua tese de doutoramento “A Hierarquia dos Demónios“. Eram esses demónios que surgiam no texto e se complementavam como jogos, maldições que davam pistas e acima de tudo fábulas que eram deixadas pelo assassino em forma de bombas naqueles livrinhos que não trazem nada escrito, pois bem ele fazia o seguinte escrevia-os. Deixava-os debaixo da porta  do interessado e fazia o resto. A casa ia para baixo. Esta é a minha reportagem. Sei que a Carlota está a escrever um texto acerca de um jogo milenar em que a serpente espreita, algo para  se libertar da sua tese nas horas vagas. È esse o próximo jogo. Ele comunica-se com pessoas com pretensões a escritores. Nós sabemos que Madalena escrevia para um público infantil ,mas não sabemos muito mais da sua vida e é partir daqui que nos temos que unir.

-       E François é ele o responsável?

-      Não, François poderá  pôr fim a este enigma veio para Portugal com uma bolsa da Gulbenkian em Paris quando esteve muito perto de apanhar este menino. Ele usa mil disfarces até dizem que muda de cara e tudo o mais. Mas como reconhecê-lo? Ele nunca dá muito nas vistas  está diante de nós para nos apnhar. Como François tem aptidões para a comédia ele será o elo de ligação e para além disso vem investigando crimes de natureza idêntica a esta desde que esteve em Paris, Londres, São Petersburgo e obviamente para não falar de outro sentido figurado em Nova Iorque.

Comecemos pelo crime (um jogo de azar) capaz de fazer à nossa memória , medos ancestrais  numa tarefa sobrenatural de magia simpática onde a figura presente é substituída pela  pessoa. É neste sentido que o crime e o jogo andam de mãos dadas , primeiro que tudo pela sua inovação ao transmitir  uma estratégia capaz de “colar” uma população debaixo do papel manipulando-os  para determinado fim. Se Maquiavel tivesse vivido antes teria sido destacado aqui esta parte dizendo que os fins justificam os meios, presenteando-nos com um jogo didáctico “Conto do Vigário“. Como todos nós sabemos o vigário é o papel do rei assírio, representante do Deus na Terra (Assur) e dessa mesma fórmula o jogador terá que chegar até ao fim estando na sala do trono. A primeira das peças a serem entregues neste jogo é o ambiente local, com quem podemos contar, onde pesquisamos o terreno e daí partir para a aventura. “Cair no Conto do Vigário“ pode ser um jogo de estratégia  feito ao  gosto do monarca, sendo ele o amado e o escolhido por Deus. Tentar compreender como foi feita cada peça, cada nível e desse ponto enfrentar as feras, griffos  e leões imaginários que nos ameaçam são alguns pontos essenciais. A destreza do jogador é saber onde começa o “terreno de caça“, saber para onde vai o empreendimento nacional que se pretende eliminar. Que meios tiveram os primeiros jogadores? Como é que eles se depararam com as armas bélicas, com a destreza da sua força e sobretudo com os instrumentos de propaganda. Assim ao pensar neste jogo de estratégia “Cair no Conto do Vigério“ o ponto de partida é a campanha de Assurnarsirpal II (883-859 ac ) é conhecer também o ser humano é aqui que entra François...

Nesse momento foi a vez de François expor as suas ideias:

- Quando olhamos para as imagens dos baixos relevos que estão dispersos por vários museus da Europa estamos longe de imaginar quais seriam as características iniciais desses mesmos relevos por uma campanha política. Ao escolher como tema de estudo estava ciente que tinha em mente ir ao encontro do famoso jogo enigmático que se caracteriza na inovação da Alta Antigidade. Assim somos levados a pensar que o palácio do NW descoberto  no século XIX teria sido pensado um jogo avançado onde o sistema  visual e iconográfico. O que teria sido pensado para a entrada  triunfal de Assur-nar-sir-pal II em 883ac? O que teriam pensado os embaixadores, soldados e sobretudo os funcionários de Nimrud? Hoje em dia com as técnicas avançadas de marketing e publicidade, os avanços da ciência demonológica conta-nos muito em que os Assírios nos ultrapassaram, já que foram eles os Senhores do Mundo. Dizem as estatísticas que num determinado período onde a evolução científica sobe em flecha os fenómenos religiosos não param de crescer, pois se o número de disparates pagasse imposto ele seria o maior contribuinte  do país.
-        O que é que isto têm a haver  com o que temos estado a falar? –perguntou Carlota.

-    Religião e Ciência não podem viver uma sem a outra, isto no sentido que este misterioso comunicador nos diz. Quer brincar conosco quer dar-nos diferentes formas de fé. Um jogo da razão e da fé é assim que eu vejo este “Conto do Vigário“ - disse Caetana.

Nesse instante chegaram Benedita e Sim. Vinham ver o que se passava. Naram-Sim ouvia vozes à sua volta:



-     Tu entras na gaiola. És um animal. Este é o teu jardim, meu bom pecador. Rega-o meu bom menino, pois a deusa determina três tempos onde beberás sangue, e virão ventos e a última é a mais vergonhosa das pragas. Voltara a ter sonhos e visões , não sabia porque aquilo que estava a acontecer de novo com uma certa continuidade, mas sabia que no ar havia algo de estranho. Não havia Inana, mas sim Pazuzus e vingança de um segredo  esse que ainda hoje estava nos campos da mente e da memória...