Fotosssíntese Capítulo Oitavo
Conhecendo a razão porque
a cidade de Ur havia sido arrasada,
Naram-Sim saía de uma tese. Não era ele certamente, mas tinha um rosto jovem
escondendo o seu espírito milenar. Cheio de preocupação, desvario e tristeza, sofrendo com o espectáculo do seu domínio ameaçado pelos
Lullubi e os Gutti, “povos opressores e ignorantes do culto dos deuses “ enquanto o exército das fronteiras se mostra incapaz de conter a guerilha. Contra a vontade dos
deuses, o jovem tencionava colocar-se
de novo no poder. Olhara para a rua naquele momento e via a sua amada.
Ele “ O Deus “ estava de volta “ , mas
via milhares de pessoas a nadarem freneticamente. Não os reconhecia. Nada.
Olhava–a. Que coisas eram aquelas? Para onde caminhavam as pessoas? Onde
estava?
Ela e um homem estavam a
discutir. Ela devia ser a deusa porque estava dentro de algo mágico, mas não era só ela. Eram milhares de
pessoas. Umas atrás das outras pareciam seres estranhos. Não se
cumprimentavam. Decidiu entrar num
local onde parecia ser possivelmente um templo aí estavam algumas pessoas. Naram –Sim dirigiu-se ao
altar e não se reconheceu que era da sua
figura. Onde estavam os outros deuses? Gritou de um momento para o outro, mandaram calá-lo.
-
O homem caiu
no chão não se levanta, você e eu
deixamo-lo cair lentamente. Tenta dar-lhe vários
finais.
Apareceu a jovem que avistara à pouco.
-
Conheço-o?
O jovem discursou numa língua antiga que Benedita reconheceu logo. Não podia ser. Não podia ser verdade aquele jovem da sua idade, ou mesmo um pouco mais novo
começara a falar uma língua semita morta. A jovem historiadora tentou
novamente agora inexplicavelmente
ele português, mas um português suave e
doce do outro lado do atlântico. Apresentamo-nos. Ele disse-me ser fascinado
pela cultura portuguesa. Impressionante nem ele estava a compreender porque
falava noutra língua . Havia naquele homem qualquer coisa de exótico quando se apresentou:
-
Chamo-me Naram-Sim .
-
Naram-Sim? –perguntou ela .
-
Porquê esse
espanto? –perguntou ele .
-
Porque
Naram-Sim é uma grande figura histórica. Digamos que se torna próximo de uma personagem trágica. Mas a estratégia
militar não é a minha área de especialização. Eu venho de outros campos das
Relações Internacionais e decidi-me por tratar de uma deusa e da sua
alimentação. Digamos que a guerra na antiguidade é um modo de vida e ainda mais na pessoa de uma mulher. Estive
a estudar uma vez um mito excelente o Pecado Mortal do Jardineiro que foi abordado por Samuel Noah Kramer.
Mas Naram- Sim não a ouvia, nem sequer a olhava. Olhava para um mundo que
não conhecia e achava que era de todo imperfeito ao seu ponto de vista. Ele
olha para o vidro do carro quando começa
a chover. Agora resumia-se a sobreviver num universo que não era o seu. Num
mundo em que não reconhecia as pessoas que não o conheciam como Deus, como rei
das quatro regiões e das quatro partes do mundo. Ele olhava para as multidões
sem ouvir a historiadora. Acenava de vez em quando a cabeça e dizia que era
disco-jockey numa discoteca e que viera do Brasil para trabalhar na discoteca “O Vigário”.
Bendita sorriu e disse-lhe que ela era a relações públicas daquela
discoteca. A coisa mais divertida é
infelicidade, dizia Becket e como postulado deliciamo-nos com as tristezas dos
outros e no fundo dizer mal sabe tão bem, que acabamos por nos refastelar com
todos estes repastos. Enquanto comunicavam abertamente os pensamentos de
Naram-Sim iam para além daquela mortal mas sim de uma placa descoberta
algures e que possivelmente estava
naquela discoteca, ele era o agente secreto para desvendar aquele enigma. Era nesse âmbito que ele
estava ali para contar a história da ascensão e queda de um homem e tal como a sua bem amada Deusa descera
aos Infernos. Ele dizia que regressava
de Paris de um concurso de DJ mas na realidade fugira de Paris do Louvre de
onde a sua teara de cornos onde estava disposto a sua prova de divindade. De um momento para seria um daqueles momentos mais excitantes era repor a ordem do
universo. Mas o destino não quis assim
as coisas , quis que fosse acusado de um crime. Estava agora muito envolvido
com o trabalho e dizia que vinha para Portugal orientar uma tese de
doutoramento A Hierarquia dos Demónios.
Tratava-se de um trabalho inovador no âmbito da informática em que o doutorando
se especificava a fazer uma espécie de jogo, mas essa era a sua sobrevivência. Mentir . Mentir para não
ser descoberto, sabia no entanto que se
estavam a realizar experiências a partir da tradução desse mesmo texto e que seria esse o objectivo encontrá-lo
enquanto antes. Com esse texto só seria reposta a ordem do universo. Mas a
notícia do atentado da bomba que ouvira no carro onde seguia com Benedita para a entrevista
fictícia da discoteca “ O Vigário” deixava-o nervoso. Benedita ficou alarmada
com tal assunto conhecia-os a todos e decidiu ir até lá. Deu-se conta de que a
sobrevivência é como tomar uma aspirina
, alivia as dores mas não faz mais do que isso. Todos nós nascemos e morremos, mas continuamos a sobreviver e mais uma vez lembrou-se de Madalena. Enquanto
sobrevivemos falamos mal dos outros
para conseguirmos viver, abrimos a gaveta
da nossa primitividade e vemos os bichos
monstruosos que temos dentro de nós.
Agora estavam em pé de igualdade. Benedita e Sim como ela optou por chamá-lo. Acreditou que
ele era brasileiro e que usava aquele nome como nick.Coisa que ele pôs –se a pensar a partir daquele
momento. Aquele nome seria demasiado incomum? Quando via as imagens que habitam nos museus jamais poderiam as
pessoas pensar os sacrifícios que eles tiveram
ao ser feitos pelos seus artesãos. Não acreditaria ele nos mortais?
Seria como uma ostra que seria danificada porque se partira e se
havia feito em lágrimas.
Tentando sair do desânimo em que se encontrava Bendita tentou dar a volta
por cima dizendo-lhe:
-
Bem vindo ao
mundo da banda desenhada dos
quadradinhos e dos balões. É pena que para uns ela seja a três dimensões. Assim qualquer pessoa pode
entrar na realidade virtual!
-
Mal sabes tu
que isso é possível que o nosso grupo faz isso, ainda mais agora que a minha filha desapareceu.
A partir de uma enormidade de séculos de desgraça o rei sumério da desgraça Naram- Sim e seu avô Sargão de Akad decidem viajar pelo futuro ,o mais travesso adolescente de dezassete anos e ao mesmo tempo dedicando-se à leitura de romances de adolescentes para tentar compreender os humanos do futuro.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home