fanzine Tertuliando (On-line)

Este "blog" é a versão "on-line" da fanzine "Tertuliando", publicada pela Casa Comum das Tertúlias. Aqui serão publicados: artigos de opinião, as conclusões/reflexões das nossas actividades: tertúlias, exposições, concertos, declamação de poesia, comunidades de leitores, cursos livres, apresentação de livros, de revistas, de fanzines... Fundador e Director: Luís Norberto Lourenço. Local: Castelo Branco. Desde 5 de Outubro de 2005. ISSN: 1646-7922 (versão impressa)

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Presságios - Capítulo 2

Artur não podia ter maior satisfacão . Tinha diante de si a tese da sua irmã Carlotta Mendes Botelho e Sousa : A Maldicão de Agadé . Só aquele nome para o albúm do seu grupo Bolor Bafiento era o ponto máximo da tragetória que se havia de seguir .A história de Naram- Sim dava um toque de tragédia clássica ao género dos antigos gregos , a sua apetência por aquela personagem advinha-lhe de há muitos anos atrás desde que se conhecia por gente e ouvia a irmã a falar daquele rei como se fosse de uma pessoa conhecida , de um velho amigo . Opatara pelo conservatório e a sua grande paixão era sem mais nem menos no famoso Naram- Sim de Akad . Aliás uma tese de mestrado a Sombra dos Heróis deram-lhe as ferramentas necessárias para todo aquele percurso . Aquela personagem já incluía tudo aquilo que os gregos perseguiam . A ascencão e queda de um homem que tudo tinha para ser um imperador na verdadeira acepcão da palavra . Mas nem Artur nem a sua irmã sabiam da ironia do destino . Um jovem músico francês que se dedicava a assaltar museus queria fazer-se ao tesouro , especialmente ao de Naram- Sim, queria fazer-se ao toucado do rei , dos seus longos cabelos . Quando ele se preparou para roubar o famoso rei, a escritora de romances policiais resscuscitou e acordou no Museu de Cera Madame Tusseau. Decidiu tornar-se omnipresente como fosse um deus de uma história de ficção criada por uma personagem sua. A escritora ligou para a Scotland Yard, tinha provas concretas de que apanhara o ladrão de Naram-Sim. Ainda por cima aquele jovem chamava-se Artur! O nome do seu marido! Aquilo era demais! E se o senhor da justica lhe preparasse uma armadilha ou melhor qual seria a melhor a maldicão de Agadé dos tempos modernos?
O senhor da justiça, Shamash, apareceu a Agatha Crystie, dando-lhe uma forma de tornar as suas ideias reais. E se o jovem Artur desaparecesse como num daqueles casos mediáticos que surgem de vez em quando nos jornais? Era aquela a forma de iniciar a história que havia de deixar algures num alfarrabista:

O menino Artur desapareceu. Seriam as más companhias? O Rock and Roll? O sexo ou as drogas? Num romance policial tudo é passado a pente fino.E a mulher a dias? É tão tolinha que acha piada a tudo o que menino fizer! Se ele mostrar o rabinho , ela acha que é em nome da arte! As mulheres de hoje não têm o brio de antigamente que viam em tudo uma espécie de romance, mas esta, oh meus senhores , supera em tudo!
Como seria o sexo numa festa de teenagers? Sem familiares por perto, algumas ganzas, umas cervejolas e estamos aqui na maior!!!
Nada podia ser melhor do que isto, uma noite de sexo, um adolescente desaparecido e um álbum com o tema da “Maldição de Agadé “ e o período de devastação .Os gritos , os pedidos de socorro e no meio daquilo tudo havia um grito de desespero !!!

Sim, quando se ouviu aquele grito pareceu ser de alguém que morrera durante aquele ensaio. Onde fora feita a gravação? E o jovem onde é que ele estava ? Porque é que ninguém deu com aquilo? Fora apenas ele um sonoplasta metálico e orientalista por devoção. Descobrira no meio daqueles gritos a voz daquele jovem que se chamava Artur Mendes de Botelho. Aquele jovem fora morto, ou melhor ia ser morto… porque optou por ligar para a rádio e pedir o disco “A Maldição de Agadé”, disseram-lhe apenas que nunca ouviram falar em tal álbum. Ou pelo menos até ao momento. Fora então que o jovem fizera uma pesquisa na Internet sobre o grupo de heavy metal: “Bolor Bafiento”. No Google não havia qualquer referência sobre aquele grupo, até que a determinada altura descobrira uma pequena nota de que todos os elementos do grupo sofriam do síndrome de Bethoven, acabaram por ficar surdos. Havia algo… parecia que estava a ler a sinopse de um filme de terror ou a penetrar no universo de Stephen King. Quantos charros, não terei fumado hoje? Bem, vou ter que tirar esta máscara ou vou ter que a pôr para a investigar …não teria que procurar os acordes? Não havia qualquer música ou letra daquele grupo: “Bolor Bafiento”, Jonas começou por investigar todos os elementos do grupo e álbuns. Todos eles estavam relacionados com a antiguidade oriental o primeiro chamava-se “Oração da Peste”(datado de 1985). Aquele ano dava-lhe algumas pistas, a descoberta da Sida, a problemática da poluição, entre outros assuntos. Mas até então não havia qualquer referência aos misteriosos membros do grupo. Alguns anos depois, encontrava-se o álbum “Rei Édipo “(1989), o fim da guerra fria . Em cada uma delas havia algo de estranho, numa outra gravação ouviam-se tiros, noutra provavelmente um tiro… aquilo parecia algo como o “Project Blair Wich“.
- “Bolor Bafiento” não será um pouco demais? – pensou Jonas em voz alta.
- Não, disse Samira uma repórter bisbilhoteira.
- O que é que tem a haver com isso? – perguntou ele de pé atrás.
-Imagine, eu sou o seu super-ego, ou melhor a sua psicóloga que lhe pede para beber. Olhe lá, para mim e veja lá se não está a ver aqui duas pessoas à sua frente, já agora deixa-me apresentar, Samira Helstein, musicóloga, a minha tese de doutoramento baseia-se precisamente nesse grupo e as suas influências do universo pré –clássico. Garanto-lhe que cada elemento está tão vivo quanto eu e você, ou pelo menos até agora. Porquê é que no lugar de se destruir em álcool não me ajuda no desaparecimento de um jovem músico heavy metal? A namorada vê um rei português chamado Sancho I. Eu sei que foi expulso da polícia e se dedica à investigação tirando essa sua amiga… -disse a investigadora apontando para a guitarra de um lado e para a arma do outro.
- Porque o heavy metal? –perguntou –lhe Jonas .
Ela olhou-o fixamente. Só então reparou que ela era mulher lindíssima com uns lábios carnais desenhados a carvão, vestia uma roupa discreta, deixando-o numa outra dimensão.
-Desculpe lá, mas porque é que eu tenho de estudar de órgãos barrocos? E para quê? Para que a minha tese de doutoramento fique a apanhar pó? Eu quero que ela seja lida por todos.
-Você, sabe tanto como eu, que este grupo, é um mito ou pelo menos aquilo que querem que as pessoas imaginem que sejam. Sabem de coisas que até mesmo deus duvida!- disse ela rindo . Portanto, eu preciso de um expert em som . Sei que foi um jovem que em tempos trabalhou numa fundação ligada à história. Sancha Beirão de Vasconcelos viu o amor da vida dela morto no meio de uma invasão na quinta dos seus avós…
- Minha cara, isso é sobrenatural…-disse o ex-investigador.
- Quem é que disse que tudo é normal Martim, o jovem que lhe falei rompeu com a família e surgem várias questões ligadas à bruxaria e jogos de morte. E ele é o único herdeiro da qual os pais estão mortos! Tudo indica que foi ele que os matou.
- Não acha que estamos a seguir o caminho de uma louca? – perguntou Jonas.
- Ninguém me deixa aproximar dela, e ela está esconder-nos alguma coisa. Ou não acha?

-Há algo que não bate certo, meu caro, Jonas. Aliás. Deixe de lado esse nome…
- Isaac , prazer em conhecer –disse ele num tom jocoso.
-“Ele rirá!”,-observou ela – Eis o significado do nome Isaac: “Ele rirá !”. Os seus pais já tinham “passado do prazo”, já não esperavam ter filhos?. Foi isso!? Certamente, e agora deixe-me afogar as suas mágoas dentro de umas garrafas de whisky…Quer ou não investigar esta história a meias comigo? Eu faço a pesquisa e você decifra os sons?
-OK.
- Já que aqui estamos vamos por partes… o que está prestes a acontecer… diga-me rapidamente…
- 31 de Outubro? –perguntou Isaac.
- Exactamente, o Halloween.
- Não acha que será esse o próximo passo para o lançamento do novo álbum? Recorde-se de um título de uma história “A Maldição de Agadé “”A Devastação de Erra “?
Descobri num alfarrabista um famoso romance escrito por Agatha Crysthie num futuro próximo quando ela esteve em Portugal. A notícia veio no “Diário de Notícias “quando o marido esteve em Portugal na Gulbenkian. A escritora disse na entrevista de que Poirot viria a Portugal investigar um caso em Cascais ou perto…
- O que não aconteceu…
- Mentira, está cá em Portugal um jovem hititólogo que se diz neto de Hercule Poirot que está a juntar um grupo de jovens portugueses entre eles está a irmã do jovem desaparecido que irá participar na tradução hitita.
- E o que isso tem a haver com o grupo? –disse Samira.
-Para além de traduzirem uma placa de argila que a famosa Agatha Cristie vendeu ao arménio Calouste Gulbenkian… há uma novidade na história do tratado passa pelos vários álbuns “A Oração da Peste “e o “”Rei Édipo“ tudo não passa de uma farsa muito bem montada. Esse grupo não é mais do que o grupo que uma técnica de marketing, irá apresentar no dia 31 de Outubro na discoteca o Vigário à meia noite. Junte lá agora a charada.
- Vamos demonstrar que todos eles existem e tudo não passa de uma estratégia de marketing para enganar todos os elementos . Então o desaparecimento ou a morte não é tudo o mesmo?
- Claro, 1985 é a descoberta da Sida, a preocupação da teoria ecologista, até Maria de Lurdes Pintassilgo o fala… e foi aí que o nosso amigo Martim estudou parte do espólio da senhora. Ele era um católico… mas fez um panfleto muito especial e toda a questão do assassinato com a família levaria que um jovem doutorando abandonasse as suas crenças e fizesse um golpe de marketing, criaria uma morte fictícia e garanto-lhe que fará aparecer os seus pais no espectáculo. Quanto aos restantes pontos, no que respeita à questão das quintas é pura coincidência com um elemento da sua vida com um elemento esotérico e subversivo referente aos anos de 33-45. Aqui estão em poucas palavras a história de um desaparecimento pensado ao milímetro, eles fizeram os álbuns agora com a visão de 28 anos depois e agora estão prestes a reaparecer.
- Nem mais! Vamos demonstrar que eles não passam de uma fraude! Nunca existiram? É isso que vamos ver amanhã!

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Um testemunho sobre o colóquio "Um olhar sobre a Arqueologia e Geologia de Oleiros"

Durante a visita à tarde...











(Fotografias: Arquivo Tertuliano/CCT/Luís Norberto Lourenço/20-02-2009)

Numa organização da AEAT (http://www.altotejo.org) e da Câmara Municipal de Oleiros, decorreu naquela vila do Pinhal o colóquio "Um olhar sobre a Arqueologia e Geologia de Oleiros", onde tivemos ocasião de participar.

Os meus parabéns à organização.
À hora de almoço já o que se segue estava no site da autarquia, com reportagem fotográfica!

http://www.cm-oleiros.pt:
Auditório cheio para ouvir especialistas
Por Município de Oleiros em 2009-02-20 12:12:47

Está a decorrer, no Auditório da Casa da Cultura de Oleiros, o colóquio "Um olhar sobre a Arqueologia e Geologia de Oleiros". O evento atraiu muitos interessados e o auditório encheu. Na parte da manhã falaram os especialistas da área da geologia, Prof. Pedro Proença Cunha (pela Universidade de Coimbra) e o Prof. António Antunes Martins (natural de Oleiros, em representação da Universidade de Évora), os quais se debruçaram sobre os aspectos geológicos e geomorfológicos do território. De seguida, tomou da palavra o arqueólogo João Caninas (da Associação de Estudos do Alto Tejo), o qual apresentou a Carta Arqueológica de Oleiros. A culminar as apresentações da manhã, realizou-se uma visita a locais de interesse arqueológico. A sessão continua pela tarde dentro, onde irão ser focados aspectos da Romanização, Idade do Ferro e Estruturas Militares da Serra das Talhadas e do Moradal. A sessão termina com a apresentação "História Moderna e Contemporânea de Oleiros", por Leonel Azevedo, doutorando em Filosofia, também natural deste concelho.

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quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Eles nem sabem nem sonham ...

Analisar um tema com mais de cinco mil anos não é matéria fácil. A tentativa de interpretar o sonho e as suas relações antropológicas levou-nos a desbravar palavras como reset (sonho ) da qual fazem parte das interpretações sócio-políticas ou até mesmo do inconsciente. Assim partimos das fontes fundamentais como os textos das Pirâmides e do Livro dos Mortos.O que é que torna afinal este tema tão fascinante ? Será aquilo que está por detrás da sua mensagem? Ou serão afinal as suas revelações tão pertinentes para um determinado grupo nesse mesmo período
O sonho tem sido interpretado como uma espécie de alteração da vida e uma ligação com a morte. Todos nós sonhamos. Segundo os psicólogos esses sonhos podem ser analisados para podermos entrar no sub-consciente .Os habitantes do Antigo Egipto sonhavam tal como nós , e eram esses mesmos sonhos que comandavam as suas vidas. E foi precisamente isso que me chamou à atenção no trabalho De Edda Bresciani . A nova tendência da historiografia é explorar os objectos do quotidiano e dos seus próprios modelos repetitivos que se manifestam no campo cultural para estudar a sociedade em questão . Penetrar no cérebro humano , saber o que vai na cabeça dos homens e mulheres do Antigo Egipto faz-nos ligar a dois campos. Ao ler o trabalho desta egiptóloga italiana tive a percepção de duas coisas. A primeira foi de que a autoar fez a ligação das categorias desses sonhos e em seguida descreveu-os , revelou cada um deles , daí que o sonho continue a ser esse grande desconhecido. Bastou-me ler algumas passagens para me recordar a primeira vez que tomei conta da palavra Psicologia e da pessoa que primeiro começou a investigá-los. Sigmund Freud. A interpretação dos sonhos é hoje um clássico para quem se quer iniciar nestas matérias ou nos curiosos amadores por estas matérias . O sonho ... estaria no oitavo ano de escolaridade quando toquei ao de leve interpretação dos sonhos. Queria então estudar Psicologia. Felizmente que hoje a História permite-nos viajar para outros campos da área de investigação havendo por isso mesmo uma ligação com outras ciências.

Quando todos se centram noutros campos ligados à religião, política, optei por ler esta Porti dei Sogni. Cheguei então à conclusão de que todos esses pormenores lá estavam. Perto das análises dos psicólogos, os sacerdotes tinham um boa base de preparação para resolver todos estes enigmas.Tudo isto começou quando à dois anos peguei na revista Cadmo – revista de História antiga do Centro de História da Faculdade de Letras e me deparei que a recensão deste mesmo livro me fazia viajar no tempo, quando estive indeciso para escolher História e Psicologia. Mas a história também nos permite estudar o homem no seu tempo. Tal como numa sessão de psicoterapia nos voltamos ao passado para nos entendermos. E é assim que surge a história das mentalidades. Ao tomar contacto com o livro original recordei algumas partes menos conhecidas da nossa história. Alguns daqueles homens e mulheres puderam adquirir poder através das suas visões. As visitas dos entes queridos que habitavam a Duat tinham um outro valor. Fazer uma leitura sobre a interpretação dos sonhos da sociedade egípcia é uma leitura que se torna então proveitosa para todos aqueles que se interessam por estas matérias.

Sendo assim coloco-vos uma questão: E em Portugal? Existirão vestígios deste fenómeno nas colecções portuguesas? Poderemos saber nas visitas aos museus sobre os espólios das colecções egípcias nos museus portugueses? De que épocas são? Que documentos possuímos? Sonhos? Cartas aos seus filhos? Ou visitas que eles faziam durante a noite?

Nesse caso a psicologia, a antropologia e um pouco de análise sobre esses sonhos são parte das provas que tenciono desbravar na próxima lavoura. Actualmente a história funde-se a outras ciências para uma melhor contribuição do passado. Podemos então perguntar a Edda Brescianni como se sonha no Antigo Egipto.

Certamente que sim mas para isso terão que esperar pela sua tradução em português ou pelos por alguém que se digne a descobrir este tema e fazer dele o seu tema de investigação. Afinal como dizia a música: Eles nem sabem nem sonham que o sonho comanda a vida. E vocês ainda sonham?

Agora volvida uma semana sobre esta conferência onde eu e o psicólogo João Balroa nos dedicamos a caminhar nessa longa viagem que é a dos sonhos. ESpero que fiquem mais conscientes do que fazemos quando sonhamos . È que sonhar não é uma tarefa banal. Não´. Ela é sobretudo o registo dos nossos interesses e problemas. E no fundo a mãe de todas as nossas motivações.

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Crónica de uma ameaça anunciada

Génios, Demónios, grifus e seres alados povoaram os nossos sonhos durante a infância ao olharmos para a entrada das igrejas, mas nunca entendemos as suas origens. Origem essa que percorre uma época tão longíqua e profunda tal como o sonho que atravessa a nossa memória conduzindo-nos a um universo habitado por seres alados capazes de dar as respostas às nossas perguntas. Olhemos para a imagem que temos em frente. A sua grandiosidade plena faz-nos tremer perante a sua presença. Mas este ser alado não nos permite olhar de frente para ele. E isto devemos recuar no tempo.

Fechemos os olhos agora. Não estamos na sala da Mesopotâmia do Museu Calouste Gulbenkian mas sim na sala do Palácio de Assur-nar-sir-pal II. Vamos entrar naquilo que os jogadores de estratégia chama “rol play“. È aqui que tem acção a nossa aventura. Uma aventura com mais de dois mil anos. Centremos num período (883-859 a.c )
Em primeiro lugar, pensemos na época deste monarca. É aqui que o nosso jogo tem acção. As descrições de imagens nos vários museus europeus dão-nos uma história de luta pelo poder, cenas de tocaia e ataques surpresa, tudo isso poderia ser pensado por um desses escritores. Mas não foi descrito historiograficamente. Cabe-nos a nós analisarmos essas imagens como forma de poder e de imagem.

Aqui podemos pensar a forma que este ser é um modelo idealizado pelo homem assírio estando fascinado ou aterrorizado com o seu deus.Ama-se ou odeia-se. É precisamente isso que acontece quando olhamos para este ser. Ao analisarmos a forma de olhar do génio alado observamos não só o seu vestuário,as suas asas,as suas braceletes e os seus brincos e os seus próprios cânones (estando de lado) não sendo de modo algum uma forma de incapacidade artística antes pelo contrário,defenimo-lo como uma marca de ordem do divino, de intolerância, mas como uma espécie forte de autoridade .

A mensagem que nos é transmitida dá-nos o tema da escolha da eleição do rei. Chegamos então à conclusão de que eu fui escolhido por este ser magnífico e forte que deu informações ao deus Assur.

Vamos observar não só este período e esta matéria, como outras ligadas a esta área apaixonante que é a Assiriologia . Só recentemente o público olhou em pormenor após a invasão dos Americanos no Iraque . Estavamos em Abril de 2003. Rios de tinta percorreram os jornais e revistas da área de especialização , tal como outras procuraram falar sobre esta tragédia.Os tesouros da humanidade desapareceram . Alguns para sempre , os outros estão por aí na posse de proprietários particulares que através de alguns negócios menos claros conseguiram essas obras que estiveram em palácios de reis para promover a sua imagem . No entanto o título desta crónica que se intitula Crónica de uma ameaça anunciada não consegue fazer justiça aquilo que os reis e os artesãos que construiram uma imagem de poder que actualmente não conseguem demosntrar o terror nas imagens produzidas para o efeito . Agora mais do que nunca nas universidades procuram-se estudar as suas imagens , os seus modos de viver e de estar . As suas palavras estão em pequenas placas de argila mantidas em segredo pois tratam-se de fórmulas , preceitos , contractos de arrendamento ou simplesmente as mesmas preocupações de que nós ainda hoje tememos mais do que nunca . A morte , o medo de ficarmos velhos , de pedirmos auxílio aos deuses e rezarmos pelos nossos semelhantes . Não julguemos as palavras escritas sobre este povo no Antigo Testamento pois eles foram escritos de forma a denegrir este povo tão sensível como qualquer outro . Mas isso fica para uma outra altura e de questionarmos talvez se a bíblia tinha realmente razão. Podemos então agora olharmos para estes seres e escrevermos histórias muito mais credíveis que o Harry Potter ou o Senhor dos Anéis , porque os seus deuses , os seus génios têm uma garra e energia que os autores de ficção científica e fantasia não estudaram nem leram . Cabe a cada um de nós procuramos nos escassos historiadores desta área que em Portugal têm lutado para erguer a memória da humanidade.

Só assim podemos resgatar a ameaça pronunciada por demónios muito mais cruéis do que aqueles que são descritos nas suas epopeias.Porque esses demónios são apenas personagens literárias,mas há outros que se escondem na multidão sem conseguirmos entender os seus propósitos ou fim . Basta então olhar para esta figura única que se encontra em Lisboa e perguntar-lhe a ela qual o fim de tudo isto,qual o fim do mundo e do poder. Até breve meus amigos e façam como os deuses escutem o vosso coração .

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quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Presságios - Capítulo 1

Fez sábado uma semana que nos encontramos ao pé da montanha. Ali diante daquele lugar recordamos todos os segredos da nossa instituição. Era assim que Eduarda escrevia a Vênancio o seu eterno amor. Ela decidira encontrar o seu amor nos braços de Cristo e ele nos meandros da lei. Secretamente sabia que ia morrer. A febre povoa-a e distraíaos seus pensamentos. Ouvia no ventre a voz do seu menino que de certo lhe dizia a sua hora. Uma hora destemperada no meio da confusão. E no meio daquele tiro que se dera naquela tarde. Ela estava ali deitada e o seu filho morto aos seus pés. Aquele ser decerto era a encarnação de um anginho e pedia-se ao padre que rezasse por alma daquele anginho e que ele estivesse no meio dos homens. Mas fora ele o autor de tamanho desacato. Passados quase cem anos Mireille, sua neta que viera de Paris numas férias abrira as malas e observara todas as fotografias e ouvia um choro de criança naquela casa. Era a alma do menino que não havia sido baptizado. Voltava agora para a desafiar.

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Homens de milho e a herança cultural

O livro que hoje vos falo tem uma particularidade muito importante. Particularidade,digo-o porque tem a haver com os requisitos da redescoberta de um país. O seu próprio país de origem e premiado autor em 1967. Estou-vos a falar é claro de Angel Maria Austúrias. A obra em apreço fala-nos de senhores de terras e camponeses, mas com uma singularidade extrema: a história das suas origens. Neste "Homens de milho" reencontramos as lendas do México onde homens se transformam em animais e participam na vida quotidiana. O realismo mágico está aqui já focado nas personagens derradeiras como o diabo e o seu pactuante para descobrir com quem a sua esposa o trai.Surpresas das surpresas a esposa é a mais fiel das esposas, não trai, ou melhor dizendo o demónio é assim por dizer o feliz contemplado. Aqui não vale aquela anedota tristinha de que uma alma vê os cornos do diabo e pergunta-lhe pelas mulheres... ele diz-lhe que ali não existem coisas dessas... que o inferno é coisa de machos... ao que a alma ri a bandeiras desbragadas: Então? Onde é que ganhou esse par de cornos...

Este livro faz-nos sonhar. E recuperar tudo aquilo que a literatura se tornou hoje em dia. Homens de milho é um grande romance, romance esse que se iniciou em 1926 com a "A Vingança do Índio". Aqui se verifica que das cadeiras da universidade e Paris fazem cada um escritores recuperar a sua identidade cultural. E nós que autores temos? Onde se verificam essas mudanças?

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quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Relíquias Pré Colombianas

Nestas últimas semanas tenho-me deparado com algumas relíquias da história pré colombiana que adquiri à cerca de quatro anos são elas (os Aztecas de Mireille Simoni- abbat, ed. Vertente, 160 pp e Os Incas, de Alfred Métraux da mesma editora com cerca 215 pp) com o mesmo tradutor.

No caso do primeiro livro posso-vos dizer que é um livo que se lê num Fôlego, apaixonante e dará visões para todos aqueles que quiserem seguir esta área. Não tem a visõa bela das fotografias do catálogo que aqui descrevi à coisa de 3 ou 4 dias, mas antes podemos ouvir as histórias da criação e de mitos e de deuses que se sacrificam para resscussitarem. Conhecer a América Pré-Hispânica através dos seus deuses através dos seus heróis, da sua literatura como Popul Voh onde se centra a lenda do Quinto Sol é um caso único. O homem é criado antes do sol e através de diversas tentativas até se encontrar o verdadeiro corpo. Neste sentido Miguel Angle Asturias teve a percepção da história do seu povo e de criar uma narrativa fantástica. Resta-nos que Portugal tenha o seu próprio instituto e que as pessoas interessadas possam ver os seus sonhos realizados a craição de uma biblioteca destas áreas.

O segundo livro que vos recomendo a ler é o da História Inca. Aqui se mostra o quanto este povo se submeteu às humilhações dos colonizadores acreditando de que eles eream deuses, tinham escritas e materiais de que eles nunca tinham visto. Mais um livro que se lê bem, não tem as componentes bibliográficas e as caracterśiticas feitas pelos especialistas da prache O livro narra a imagem que os espanhóis têm dos incas e as suas descrições são verdadeiramente xenófebas. Enquanto esperamos pela leitura da tese de Maria da Graa Mateus Ventura (ed. casa da moeda, 3 volumes, 60 euros). O livro ainda se centra nos moldes de raízes sociais. Depois daqui esperamos que a curiosidade não vos mate e tenham a tentação de ler o romance "Aquele que sabia ler o sangue "um policial histórico em plena época inca. Tudo isso faz-me recuar aos longíquos anos de 1985 e 1992, anos que decidiram a minha escolha profissional: Nesses anos definiram-se as minhas idas para uma grande expedição para o Novo Mundo, olhar para os deuses e seus ancestrais e pedir-lhes respostas para as minhas questões existenciais.

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terça-feira, fevereiro 10, 2009

Os sonhos no Antigo Egipto

Sonhar pode ser tão interessante como identificar a verdadeiro carácter de um ser humano. A História não é uma área que nasce sozinha, mas que necessita de diversos métodos de investigação próximos aos de um psicanalista. Tal como aquele paciente que conta os seus sonhos , anseios através dos medos durante a noite , a historiografia permite-nos dar essas mesmas pistas . Aqueles pormenores desinteressantes do dia –a –dia pode ser identificado com o tipo de sonho e para se chegar ao verdadeiro ser temos que entrar em sonhos, estelas, profecias e até mesmo visitas de entes queridos. Dessa forma tencionamos estudar aqui um caso típico da investigação científica recente :o sonho.

Nesse caso até podem ser deuses que nos podem dar essas mesmas cartas que nos permitam jogar com os caminhos que devemos traçar e os jogos da mente são sempre os mais interessantes. Nessas pistas são exemplos típicos de uma premonição e anuncie um determinado sonho sobre qualquer acontecimento ou até a resolução de um caso meramente policial. É aqui que entra o historiador. Tal como um detective ele deve analisar os textos e as imagens que tem para dar a conhecer sobre a intimidade de um ser humano. E é por isso mesmo que quando olhamos para os textos de ensinamentos, de oráculos, profecias, estelas sejam elas de época forem ou mesmo até livros consagrados a épocas gregas e romanas há uma espécie de adaptação aos novos tempos. Temos que olhar para os textos mitológicos sobre diversas perspectivas, a filológica e a outra a mitológica que nos permite ver a sua própria mensagem.

Hoje vamos analisar diversos tipos de sonhos. Os terâpeuticos, os cativos e outros tantos que fazem parte do quotidiano. O Sonho como afirma Rogério Ferreira de Sousa “ um momento de contacto entre os vivos e os mortos. Os parentes saudosos passam a noite no túmulo do seu ente querido, na esperança de o rever em sonhos. O sonho constitui com o oráculo, um modo de relacionamento entre a divindade e o homem. Através do sonho, as divindades manifestam-se aos mortais para divulgar os seus desejos, ou predizer um determinado acontecimento: a ascensão ao trono, o nascimento de um filho, a duração da vida ou, mais genericamente, para esclarecer de alguma forma, o sonhador. No que diz respeito ao rei, é bem reconhecida a relação entre o sonho e a ideologia régia (…) “

Sonhar é acima de tudo um contexto cultural e foi acima de tudo que se tentou contextualizar na terceira lição sobre este fenómeno com um exemplo da literatura designada por livro de Thot. O Fantástico está aqui mais uma vez presente. Mas falta-nos o lado terapêutico do sonho e da resolução dos problemas usados nos santuários. O conteúdo desses mesmos sonhos é revelado por palavras claras. Hoje resta-nos usar o pouco tempo que temos para darmos alguns exemplos de sonhos para vos descrever as principais formas desde os sonhos alimentares, profissionais e outros ligados à própria natureza.
Ao irmos ao encontro do sonho, daquele que pede ajuda ao sacerdote centramo-nos nos escribas aqueles que eram considerados os mais afortunados dos profissionais que nos descreve uma das pérolas da literatura egípcia “A Sátira dos Ofícios “. Estes profissionais começavam as suas lides profissionais copiando obras literárias através de pedaços de vidro ou de argila as tais óstracas das quais mais tarde usavam para os seus exercícios nos templos quando ouviam os seus clientes. Estes profissionais cumularam bibliotecas dos mais variados temas. Uma delas era propriedade do Estado e daí advirem uma sucessão de escribas do povo de artesãos em Tebas (Deir – el – Medina ) incluía um livro de interpretar os sonhos. Antes de interpretar os sonhs de um cliente, era necessário situar esta pessoa num determinado grupo, comparável aos horóscopos actuais. Um fragmento de um papiro desse mesmo livro dos sonhos designavam como as qualidades da personalidade de determinado deus, a qualidade de beber uma cerveja e o que daí advinha se era bom ou mau. Depois de interpretar os bons ou maus sonhos porque deles haviam uma classificação entre cerca de 69 sonhos maus e 83 sonhos bons. A verdadeira justiça que se fazem aos sonhos são aqueles que podem ser classificados de verdadeiros ou maus . nas últimas semanas observamos sonhos ligados ao período egípcio, analisamos um tipicamente ptolomaico onde se conservam apenas as partes finais de cada um deles ( Setna I e Setna II , um deles está conservado no Museu Britânico e o outro no Museu do Cairo). Continuamos a classificar este género de sonhos .A consciência, a brevidade da vida humana ao destino do deus Amon .Nestas viagens o sonho e sua própria experiência das combinações fantásticas como os romances de Zafón e o livro de Thot. Para quem um dia se deparou com estes textos e problemas iniciou-se perante os problemas filológicos: Sonho – reset (revelação ) ou rswt na transcrição do verbo vigia. Neste caso há a crença da visita de uma divindade que dava acesso . Por aqui fomos centrando vários núcleos literários como instruções , lendas como as de Ìsis e Osíris .

Neste país a crença da manifestação do sobrenatural era parte integrante de uma visão do mundo, segundo sobretudo do sonho que estava dependente dos mortos. Desses encontros que já falamos em aulas anteriores podemos centramo-nos nos vários poderes em que a magia era favorável aos vivos para se restabelecer. Foram encontrados amuletos no Museu de Torino. Há ainda terapias contra os terrores nocturnos o famoso livro dos sonhos ensinava a agir de forma magica aplicando através de um sonho talismã. Nesse livro indicava-se como se devia por a mão na testa para afastar um dos demónios animando a sua própria alma, a sua forma, cadáver se uniam e faziam afastar esse modelo de terror.

O documento Chaves dos Sonhos não suscita qualquer comentário analítico da problemática omnírica como factor de expressão da ideologia faraónica, uma vez que as suas fórmulas não consagram qualquer referência, directa ou indirecta, à instituição faraónica. Mas é um excelente testemunho da importância que as manifestações oníricas, as suas mensagens e interpretações , tinham para os antigos egípcios.

Como traço revelador das categorias do pensamento lógico egípcio é importante para entendermos o significado que os sonhos e os símbolos oníricos tinham no seio da sociedade egípcia. Preocupados com as manifestações das divindades, os egípcios conferiam naturalmente uma comunicação entre a esfera do divino e a do humano. O sono era, neste aspecto, uma fase simultaneamente delicada e privilegiada em que o homem podia entrar em contacto com os deuses pelos sonhos, fossem eles espontâneos ou solicitados, podendo eles receber visões premonitórias.

Os sonhos em egípcio resut, rswt, eram assim considerados como mensagens dos deuses, quer no plano dos importantes “sonhos históricos “, quer no dos “sonhos quotidianos “, fornecendo indicações e pistas, mais ou menos concretas ou veladas , supostamente de maneira correcta e utilitária.

Frequentemente o sonho revela-se sob uma forma mais ou menos misteriosa ou simbólica, anunciando o futuro segundo processos menos claros . Escapando à vontade e à responsabilidade do sujeito (o que lhe causa o chamado drama omnírico), as manifestações omníricas são símbolos de uma aventura individual, talvez a mais secreta, profunda e impúdica. Daí que as chaves dos sonhos, elaboradas com o objectivo de recensearem alguns tipos de sonhos e de esclarecerem a sua interpretação e consequente integração na escala de valores que clarificam o conteúdo das mensagens divinas e que apaziguasse o drama que assalta o indivíduo. As chaves dos sonhos eram utilizadas quando era preciso determinar o sentido concreto, exacto, de determinada visão, e a sua “ciência “ ou interpretação –descodificação estava reservada aos especialistas.

Os mágicos e sábios tinham como tarefa explicar os sonhos e deles deduzir predilecções seguras do futuro. Estes escribas da Casa da Vida ou sacerdotes leitores , eram aqueles que carregavam o rolo –subentendendo-se:”contendo as fórmulas do ritual “), escribas sagrados, eram experts em magia e tinham grande reputação como interpretes de sonhos.

A par dos oráculos, os sonhos constituíam um processo excepcional de as deidades se manifestarem ao faraó e de lhe indicarem o correcto procedimento a empreender no futuro, de forma a garantir o seu permanente auxílio. A mensagem política ou histórica transmitida num sonho impelia geralmente um soberano a agir, podendo todavia variar de conteúdo: Amon prometeu a vitória numa batalha a AmenohotepIII e Phath a Merenptah, Harmakhis fez saber ao futuro Tutmes IV que caso livrasse a esfinge de Giza, uma das hipostases da areia que a cobria, seria escolhido para ocupar o trono do Egipto, e a scobras Uraeus revalram a Tanutamon há, porém, uma diferença significativa: no caso do faráo da XVIII dinastia a mensagem do sonho é claramente enunciada, ao passo que o rei etíope necessitou de uma decifração –descodificação para entender o seu verdadeiro alcance.

Dessa calendarização de um verdadeiro alcance podemos então identificar os dias que são dispostos em quatro estações ou consagrados a diversos deuses , o 1º dia do ano era sempre considerado favorável e que era identificado ao rio Nilo , o segundo era muito favorável , depois haviam aqueles dias em que nada era definitivo e por aí adiante até surgir alguma figura nefasta como deuses como Seth , no 14 º dia havia uma interpretação dúbia onde cada um devia “puxar a brasa à sua sardinha “, o 23 ª dia era um dia de sofrimento de Ré ,era aconselhado a não sair de casa , o último dia (26 desta 1 ª estação ) era odia de combate entre Seth e Osíris aconselhavam-se as pessoas a não fazerem nada.

No segundo mês da estação de Aket iniciava-se favirável até este se apresentar conflituoso e daí haver a profecia de que se podia morrer no dia da disputa de Osíris e de Onufri .
Para além de se dar conselhos de que não se deviam fazer nada o que esses dias nefastos decorriam com frequência, haviam ainda considerações das quais haviam dias específicos que ditavam as refeições : não comer peixe por exemplo, não copular ou ainda não roubar papiros em dias determinados.

Cabe ainda salientarmos a famosa tábua que continha não só a famosa chave dos sonhos de Tebas (Deir – el – Medina ) datada do final da XVIII dinastia conservado como uma um objecto idêntico ao calendário no Museu do Cairo . Conforme dissemos anteriormente ele contém o dia, o mês , a data , indicando ainda o presságio indicando não só o mês consagrado a um deus ou deusa (Thot- deus da escrita , é bom. As instruções são em todo idênticas quanto ao dia referindo-se então às deusas consagradas ao lar que era hora de homem enlutado , quanto ao mês consagrado a Sobeck , o crocodilo sagrado filho da deusa Neith era determinado que esse mês seria um mês de inundação e de boas colheitas.

Por tudo isto este género de auxilio e de estudos são verdadeiras pérolas para quem se queira aventurar nestas lides da psicanálise egípcia onde a massa documental está ligada aos papiros e ostrakas . Esta comunidade de sacerdotes –leitores são na realidade um grupo dos quais estão sedentos de verdade. Este grupo compreende não só o escriba, o artista, como ainda o desenhador pictórico e um escultor. Mas todo este material deve-se em parte mais uma vez a uma escavação de 1928 em que Bernard Bruyére descobriu os túmulos TT II65.

Para nos centramos nestas duas realidades entre a literatura e a sua semelhança com os heróis da época e dos sonhos consideramos importante ir ao famoso Cemitério dos Livros Esquecidos . Poderíamos recordar então o escriba Quenkerpesh . Este funcionário distinguia-se dos restantes pelo seu status, não só era um homem instruído como até se interessava pela literatura. O verso do Papiro de Chester Beauty IIIé da sua autoria e é consagrado a Ramsés II. O poema chama-se O Poema de Pentam contém um episódio de interesse histórico compilando a poesia amorosa, o conto da disputa de Horus e Seth. A biblioteca ainda contém outras pérolas da literatura egípcia contendo uma lista dos reis da XVIII e XIX dinastias. Mas toda esta lista não só revela uma capacidade organizadora que desenvolve ainda papiros mágicos que seriam indispensáveis para esta pesquisa. Não deixa de ser curiosa a sua teoria sobre o terrível demónio Seqqed que é na realidade uma parte do sonho. Este bibliotecário interessava-se sobretudo pelo significado do sonho havendo na sua biblioteca retirados ainda escritos não só pela sua mão desde a época da Casa da Vida provavelmente um rolo do pairo do Livro dos Sonhos.

Este é um livro muito antigo que descreve como se deve proteger do próprio sonho , do seu próprio pensamento e escrito como um augúrio “Tem uma boa noite “ contendo ainda a imagem do protector Bes armado com uma lança e uma serpente.

Como podemos verificar este género de documentos pode aplicar-se ao estudo dos sonhos. Com cerca de 1500 anos o famoso livro dos sonhos contém duas colunas onde nos informa os sonhos de natureza cativa e os bons designado ainda as suas profecias. A coluna que acompanha este género de textos indicam as suas características.

O esquema é representado por uma rubrica uma indicação se o sonho é cativo e do sonho, depois descrevem-se aspectos ligados ao título e à secção parcialmente conservada na segunda parte do papiro. As hipóteses apresentadas concentram-se no inicio do sonho seguido de Horus. Esta representação determina a genealogia sagrada da hierarquia dos deuses egípcios. Hórus é uma divindade positiva é o falcão celeste que vê Osíris representante real e da natureza celeste.

Este homem que estudou os sonhos procedeu na sua essência Freud. Na essência desse livro dos sonhos podia-se prever em parte alguns acontecimentos e dar-nos um retrato psicológico daqueles que procuravam saber as características deste e de outros acervos bibliográficos.
A categoria dos sonhos dá-nos então quais os frutos, produtos e alimentos a serem comidos, que tipo de profissões devem ser sonhadas ou ainda por norma que tempo irá fazer no dia seguinte, porque sem dúvida este povo tal como hoje dependia das condições climatéricas para proporcionar as maravilhas e as garantias dos sonhos que ainda hoje provocam em cada um de nós. Por isso mesmo sonhar traça não só uma identidade de um povo, olhá-lo como heróis diante das histórias estudadas aqui ou não de que sonhos se devia ter e das pessoas que seguiram os sonhos como seus objectos de sonhos para que nunca mais fossem esquecidos e não se perdessem no Cemitério dos Livros Esquecidos.

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segunda-feira, fevereiro 09, 2009

História Maya

História Maya, Ed. Nuestra América,

Este é um livro bíblico escrito por um "mamute maysta. Quando afirmo isto, falo-o com uma verdadeira venração, porque Tatiana Proskouriakov escreveu-o como um verdadeiro testamento arqueológico e artístico da história pré colombina. Aviso desde já que este não é um livro fácil, já que a autora tem um vasto conhecimento da língua epigrafia e métodos de datação implica quase a fazermos uma investigação purae dura sobre estas matérias. A autora não só dá pistas de investigação paratodos aqueles que queiram tomar esta área de investigação como a sua própria vida. O seu biografo indica os principais pontos dasua vida e como ela chegou à descoberta dos glifos mayas. Os leitores destelivro vêem-se então com uma pesquisa rica de um livro escrito por uma mulher fabulosa que descreve com a certeza de um renascimento cultural para esta área. Aspedras não só são os seus maiores confidentes, como serão extremamente utéis face a uma área que Portugal descobriu à reltivamente pouco tempo.

Aztec World,

Estecatálogo de exposição sobre o mundo azteca dá-nos uma visão apaixonante do quotidiano e da vidaazteca antes da chegada dos Espanhóis.As 252 páginas deste livro não podiam ser mais revigorantes perante as suas imagens . Editado por Elisabeth M. Brefiel e Gari M. Feinman os artigos primam por vários temas , são cuidados e ainda contém abundante bibliografia o que convém para quem se quer debruçar sobre estes temas que vão desde a saúde , os sacrifícios humanos à economia ao artesanato e aos artistas da época pré colonial . Este catálogo teve uma colaboração do Field museum de Chicago e mostra a pujança desta área nos Estados Unidos . Após a sua apresentação destes autores e ainda dos vários autores todos eles da Universidade Nacional do México , bem como os respectivos conservadores do Instituto Nacional de Antropologia e História (México ) bem como os responsáveis de projectos arqueólogicos . Seguimos todo o seu contexto histórico , político , económico , bem como a representação e aforma como as mulheres eram apresentadas neste país . Esperemos que POrtugal e Museu de Arqueologia , ou a Gulbenkian e estaexpoisção passe por cá , só paraver se não temos que pegar na nossa ttrouxa e partirmos paraestes países em busca de um passado comum .

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terça-feira, fevereiro 03, 2009

Iniciativa tertuliana sobre sonhos é notícia

Transcrevemos integralmente a notícia publicada no sítio
http://www.pnetliteratura.pt:


História: Como se sonha hoje e como sonhavam os antigos egípcios - palestra


03-02-2009 11:06:55

Lisboa, 03 Fev (Lusa) - A interpretação actual dos sonhos e como a faziam os antigos egípcios, que a tornavam num mecanismo de poder, é o tema com que a Casa Comum das Tertúlias retoma as suas iniciativas, sábado, em Castelo Branco.

Luís Norberto Lourenço, director do Tertuliando, fanzine da Casa Comum das Tertúlias, modera o debate que se realiza pelas 16:00 no Hotel Rainha D. Amélia, e que reúne o psicólogo clínico João Balrôa e o historiador António Almeida.

Em declarações à Lusa, Luís Lourenço afirmou que com este debate "se pretende relançar as tertúlias e outras iniciativas de forma sistemática, depois de uma paragem de cerca de um ano".

A Casa Comum das Tertúlias realizou já cerca de 140 tertúlias, segundo dados de Luís Lourenço, não só em Castelo Branco, como em Vila Velha de Ródão, Penamacor e Portalegre.

A proposta do debate de sábado, explicou Lourenço, é "saber como hoje nós interpretamos os sonhos e ter o contraponto com uma das antigas civilizações, a egípcia".

O historiador António Almeida afirmou que "os egípcios davam grande importância à interpretação dos sonhos, havendo quem os 'provocasse' para ter resposta às suas preocupações".

Segundo o historiador, os antigos egípcios pediam aos deuses para que, através dos sonhos, descortinassem a solução para o seu problema. Desta forma "afirma-se que provocam ou induzem o sonho, pois acreditam que o que sonharem será por intervenção divina e uma resposta às suas inquietações".

"A interpretação dos sonhos desempenhava um papel de tal forma importante que havia sacerdotes especializados nessa tarefa, e quem conquistasse importantes postos, designadamente junto do faraó, por ter essa função", explicou.

O historiador referiu por exemplo o episódio bíblico de José do Egipto que através da interpretação de um sonho preveniu o Faraó de que iria existir um período de deficitário em cerais, levando a que o soberano ordenasse o armazenamento nos celeiros régios em tempos de abundância, para evitar fomes nos maus anos agrícolas que viriam.

António Almeida, licenciado em História, tem apresentado várias conferências sobre o quotidiano das civilizações pré-clássicas (Mesopotâmia, Assíria e Egipto).

João Balrôa é licenciado em Psicologia, na área clínica, tem desenvolvido a sua actividade nas áreas de formação e de consulta, é coordenador da Comunidade Terapêutica Reencontro, entre outras actividades. Tem publicado com regularidade em revistas da especialidade.

NL.

Lusa/Fim

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O pecado de Senaqueribe ou o nascimento do policial histórico?

Muito antes de Conan Doyle, Agatha Cristie, ou até mesmo Ellis Petters a escritora inglesa que criou a personagem do irmão Cadafael que ficou para sempre marcada por um monge detective na Idade Média que antes fora um homem igual a tantos outros que participou nas cruzadas . Talvez quem não tenha tomado atenção à secção policial já existem várias vertentes e a elas estão ligadas os seus prémios que têm o nome da escritora inglesa (Ellis Peters). Murder Historical é o nome do prémio ou pelo menos é parecido. Hoje não estamos aqui para fazer a apologia do policial histórico ou daquilo que comecei a definir é que esse prémio criado em Inglaterra já premiou alguns escritores notáveis e eles estão por vezes fora do romance policial nas bancadas das livrarias , talvez porque quem os receba e recepcione os mesmos desconhece tudo isto. Hoje estou aqui para vos falar de algo que aconteceu à muito tempo . Muito tempo antes da escrita, dos tempos que nós os conhecemos já os antigos escreviam policiais talvez porque o destino ou os deuses assim o quiserem .Estavamos em 681 ac . Há um homem que morre em circunstâncias misteriosas. Mas acontece que esse homem não é um homem qualquer a ele estão as decisões de um país, as leis e as instituições. Esse homem ficou conhecido pela Bíblia por ter pecado ter invadido a Palestina. A história antiga nomeadamente a do médio oriente antigo é muito interessante e dá-nos a visão de um castigo contra este homem que tinha uma visão estratégica de criar a topografia realista e não usar nomes de deuses. Pragmático Senaqueribe, o Grande decidiu a morte vir ter com ele numa tenda de guerra. As razões são mais do que muitas. Estas questões até poderiam ser desenvolvidas num policial histórico, mas como se sabe escrever um romance histórico tem que se lhe diga. Até porque existem quem torça o nariz a estes romancistas. Os primeiros estão os historiadores que apontam as falhas a esses romances. Para se escrever um romance histórico tem que se conhecer a época em que as personagens vivem, conhecer as técnicas de investigação da época. Pelo que sei este episódio ficou para a história como uma daqueles casos mal resolvidos ou quem sabe nos meandros do poder. Visto que o assassino sabia muito bem o que estava a fazer. Se o tivesse deixado debruçado junto à sua cadeira ou caído. Teriam posto toda a sua iconografia e ideologia real. Não que eu queira ser demasido técnico mas a história da arte , a arquitectura podem explicar estes mecanismos. O palácio, as imagens. Tudo é a salvação de uma instituição. O assassino queria talvez esse trono e não queria perder , não queria pôr em causa. Receber esta informação e outras leva-nos também olhar para correspondência. Até hoje não sabemos quem foi este assassino ou assassina que teria levado toda a população de Nínive com uma questão: Quem matou Senaqueribe?

Trinta anos atrás encontramos uma pista durante um Congresso de Assiriologia um jovem investigador na altura levou a cabo uma revolucionária tese que faria da morte de Senaqueribe um caso policial.

Até hoje esta história não me deixa de perseguir e anseio um dia escrever um romance baseado neste caso na misteriosa morte de Senaqueribe. A ele estão várias personagens a sua bem amada Talima Nasherim que é por ela que ele irá mudar as leis das mulheres. Recentemente Julian Read conservador do British Museum desenvolveu um artigo sobre este monarca. Nele o assiriólogo britânico colocava a questão: Será Senaqueribe um feminista? Terá sido esta uma das razões que levaram à morte do rei no fatídico ano de 681 ac?

Podemos no entanto ir buscar os meios historiográficos da época que são muito ligados a uma espécie de puzzle que se vai juntando essas mesmas peças através do procedimento dos visitantes, todos eles eram revistados. No entanto havia um procedimento usual nesta época: a pessoa que falava com o rei era obrigada a usar um véu. Isto traz-nos à lembrança do início deum romance policial: o assassino é recebido pelo rei como um visitante que traz um aviso alguém quer matar o rei: Mas é este que o mata. Em 1979 Simo Parpolla desenvolve então o padrão de que este criminoso preparou. Quem lida com questões de ideologia, as razões de poder sabe muito bem aquilo que estou a dizer. O palácio na Mesopotâmia não só era uma obra de arte, como uma autêntica instituiçaõ que aí estava instalado toda se não quase uma população. JeanCleaude Margueron tem desenvolvido esta e outras questões em várias obras sobre A Mesopotâmia. E este episódio do crime pode estar incluído. Além do mais as cartas, documentação da época tratam da relação dos familiares do rei sobre a situação de uma mulher que poderia entrar na monarquia assíria. Tal como um bom romance policial este caso foi investigado a pente fino pelo autor filândes: Simo Parpolla. Quem quiser ler a sua tese poderá pesquisar no Google pelo nome do autor e chegar ao trabalho que foi desenvolvido para esse congresso no longíquo ano de 1979 pode ler o original que fica sempre bem e ler a tradução que pode verificar que tudo nem sempre é perfeito. Deste modo ficamos a saber não só aquilo que era costume, os procedimentos dos palácios quanto aos vistantes, os relacionamentos familiares, os códigos de leis e até mesmo haver aqui como definiram alguns autores como uma espécie de Pecado.

Se um dia escrever sobre esta história darei certamente um título. Não será certamente Crime na Mesopotâmia porque Agatha Cristye já o escreveu e não tem nada a haver com este caso, mas sim sobre aquilo que ela estava habituada a fazer quando esteve casada com Malloman: Ouvir relatos de escavações, principais problemas e o estado em que se encontravam e principais hipóteses a dar no trabalho de campo. Mais uma vez apelo para o uso dos meios historiográficos da época. São parciais e por vezes pouco credíveis, digo isto, porque hoje em dia a ciência história tem outros critérios e até já usa as testemunhas orais como fonte histórica como foi abordado recentemente num simpósio internacional sobre história contemporânea promovido pela Fundação Mário Soares em pareceria com a Faculdade de Ciências sociais e Humanas. Nesta área não podemos usar os testemunhos escritos mas outro género , memórias escritas, relatos ou até mesmo formas de arte, episódios bíblicos, as cartas, tudo está praticamente ligado até chegar a um veredicto. E aí sim chegar ao Tribunal da História como baptizou Mário Liverani à oito anos atrás numa comunicação no Congresso Comemorativo dos dez anos do Instituto Oriental. Aí se definiam as princiapais linhas de orientação da investigação do médio oriente antigo. Assim sendo colocaríamos uma questão: Será este caso ou simples episódio passageiro como tantos outros da história da antiguidade ou daria para reinventar a história do policial português e neste caso do romance histórico? Dar-lhe –ia então dois períodos as personagens históricas e as ficcionais e os casos analisados pela historografia com base numa sólida base científica. A história está aí em partes, hoje com pouco mais de 100 anos ou talvez até mais ou menos quem sabe. A Assiriologia conta com uma enorme variedade de técnicas que vai da filologia, à religião, política, esconomia, química e muitas outras àreas do conhecimento. Basta apenas por mãos à obra. Como nos romances policiais poderemos reunir todos os candidatos a assassinos, dar os possíveis motivos que os levariam a cometer o crime e no fim dar-se-ia o resultado final. Tal como o detective de um romance policial que lança a isca para fazer cair o assassino também nós lançamos o mote. Quem sabe que não haverá por aí alguém que queira resolver este caso dando fim à terrível questão da praxe muito próxima das novelas: Afinal, quem é que matou Senaqueribe?

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