fanzine Tertuliando (On-line)

Este "blog" é a versão "on-line" da fanzine "Tertuliando", publicada pela Casa Comum das Tertúlias. Aqui serão publicados: artigos de opinião, as conclusões/reflexões das nossas actividades: tertúlias, exposições, concertos, declamação de poesia, comunidades de leitores, cursos livres, apresentação de livros, de revistas, de fanzines... Fundador e Director: Luís Norberto Lourenço. Local: Castelo Branco. Desde 5 de Outubro de 2005. ISSN: 1646-7922 (versão impressa)

quarta-feira, março 31, 2010

A Vingança de Job: Capítulo 1 (Projecto Sherazade)

Começa hoje aqui uma nova história. Satírica de preferência, onde Deus e O Diabo apostam em criar um novo Job, isto é uma nova Joba. Neste caso Job decide vingar-se de ambos acabando por apaixonar-se pela menina Joba... A ver vamos... Provem, vai ver que não doi nada


0:Princípio


Desde o princípio dos tempos que Deus e o Demónio competem um com o outro. Desde Job que não tinham uma razão para dar uma “prá caixa“.

Tristes com a juventude decidiram arranjar uma nova vítima e eis que diante do visor do computador que têm na sala de reuniões do destino que Deus (Todo o Poderoso) e o Diabo (O Menos Poderoso) irão decidir o destino de uma pessoa.
Escolheram à sorte ou ao azar. Era o jogo mais antigo que eles se divertiam a fazer. Esmagar essa pessoa que ficaria cada vez mais desgraçada. Desta vez tratava-se de uma “menina bem”. O seu nome: Sancha. Não costumava reparar nas suas formas de aparência, mas apenas sabia apenas que ela era jovem, bonita e inteligente. Estas eram as palavras que eles definiam em primeira mão.

Tinha que se ser simplesmente jovem, atraente e bonita. Se não se tivesse estas três qualidades o plano deles perdia-se completamente tudo. Para completar o ramalhete faltava alguma coisa para dar sal à jogada de ambos. Não demoraram a descobrir um jovem de boas famílias subversivo a que as conversas de direita lhe dava volta ao estômago. Foi assim que descobriram Martim. Era lindo de morrer. Deixava qualquer mulher à banda, mas era sobretudo um “tio“ diferente. Era historiador da linha de March Bloch, como ele próprio se definia. Era o chamado “tio vermelho“ . Martim ou Titas como era conhecido pela família, era de extremos. Revolucionário de ideias, amante de questões perturbadoras tais como a interrupção voluntária da gravidez, da eutanásia e da despanalização das drogas leves. Diziam as criadas lá de casa que o menino aos quinze quizera ir viajar pela Europa fora dos circuitos turisticos. No entanto, Martim parecia um daqueles modelos saídos das revistas de moda masculina, num estilo marxista com cabelo comprido e barba por fazer.

Quem o via noutros campos não sabia quem ele era. Sim, porque ele desde muito cedo se aventurara a experimentar todo o género de trabalhos.
Foi num desses trabalhos que Martim conheceu a mulher da sua vida. A nossa querida vítima chamava-se Sancha Beirão de Vasconcelos. Ele não deixou de reconhecer aquela menina completamente irritante, cheia de aparências com a mania das grandezas. Lembrava-se que se havia irritado com toda aquela conversa de direita. Conversa que reconhecia da sua família. Um amigo seu dizia-lhe que ele estava apaixonado por ela precisamente porque ela tinha as características da sua família. Não, isso ele não podia tolerar.
O que acontecia é que nos dias seguintes ambos se encontrararam na biblioteca da faculdade .
- Desculpe, mas nós não conhecemos já?
- Desculpe? – perguntou ela.

Foi então que se deu o princípio Martim e Sancha estariam unidos para sempre. Ambos ferviam, criticavam-se, mas amavam-se. Explodiam com as ideias um do outro, mas acabavam por se beijar.

Martim era a pessoa ideal que Deus e o Diabo necessitavam para transformar a vida da famosa historiadora num autêntico deserto. Deserto esse que dentro de si só a lembrança do seu grande amor se transformaria num oásis, queriam transformá-la num cacto cheio de espinhos onde quem a quisesse exibir fosse picado pela sua amargura. Esse era o seu longo objectivo a curto prazo, a necessidade de transformar aquele autêntico de mar de alegria numa longa peregrinação pelo polo norte da tristeza e esse deserto de gelo notar-se-ia dentro de pouco tempo única e exclusivamente com a morte de Titas. Assim, a ausência daquele que era o seu grande amor estava a um passo da sua desgraça, mas não sabiam eles que eu estava a par de tudo e preparava para me vingar do que me haviam feito à muito, muito tempo atrás. Eu Job, aquele que chorou lágrimas de me ter arrependido do dia em que nasci, acabaria agora por ter a razão da minha existência. A vingança de Job. Dividir para reinar, como dizem. Eis agora o meu reino. Este seria pois o meu príncipio. Estar do lado de Deus e do Diabo. Sabe-se lá do que ele é capaz!!! Mas eu como sou tão desgraçado acabaria por viver com duas almas tão... como direi! Puras!

Querem saber afinal como tudo começou? Deus e o Diabo apostaram à muito tempo na minha vida, mas eu acabei por me tornar uma espécie de escravo! Ai de mim! Que sou tão desgraçadinho! Ninguém gosta de mim se perdi mulher, casa, seara, filhos e agora resta-me estar aqui nesta maldita reunião onde Deus e o Diabo bebem que se fartam. Num bar muito especial. Dir-vos-ia até arrepiante! Só de olhar para o seu nome dá-me vontade de chorar" Eterna Saudade“.

Aqui num local onde os mortos são vistos e revistos eu não teria a certeza de que a sorte destes dois “biltres“ fossem capaz de urdir uma nova aposta.

Eu resisto à bebida para que a verdade não me salte da boca , pois porque a partir deste momento. Só me resta uma única coisa. Vingar-me. Daqueles que tornaram a minha vida num único inferno! Delirante! Como é que o destino não podia ser mais irónico do que isto?

terça-feira, março 30, 2010

Estudar a cozinha Mesopotâmia _ aceitam-se apostas

Estudar uma forma de culto diária,torna-se tão interessante como identificar a verdadeira face de um assassino em série. Actualmente a investigação histórica volta-se para outro campo, o do quotidiano repetitivo. Olhemos então para o objecto de estudo em questão: a alimentação. Caminha-se para o passado com técnicas sofisticadas para o caso que temos em mãos . Para este caso junte-se um grupo de técnicas capazes de se chegar até ao pensamento de um determinado povo e ao período histórico em questão. A história que vos propomos necessita de métodos de investigação próximos ao de um médico legista que encontra vários vestígios silenciosos e tenta chegar a uma conclusão crível e bem fundamentada. Chegamos ao momento em que temos dois campos de análise: a história e as técnicas recentes usadas para chegar a um determinado consenso.
Há proximidades entre a ciência histórica e a medicina legal. Se no princípio de uma investigação o médico recolhe determinados vestígios de cabelos, saliva ou outros elementos da vítima, a História utiliza as descobertas da Arqueologia para chegar a algumas conclusões. Tentar perceber quais os gestos do quotidiano. Um trabalho muito idêntico ao do médico legista que a partir de fragmentos tenta também recriar o quotidiano da vítima.
É nesse campo, dos vestígios que os habitantes do passado nos deixaram que se insere a nossa investigação sobre a alimentação.
Recuemos no tempo. O homem é um animal de hábitos, recusa aproximar-se de uma novidade até que alguém lhe garanta que esse uso o beneficie e traga não só o sucesso, como bem-estar. Poderíamos começar por traçar aqui o retrato robot da sociedade que procuramos investigar.

Se necessitamos de todas as provas para chegarmos até ao responsável desse crime entrevistamos uma enorme quantidade de pessoas dessa época ou meios que nos permitissem chegar a tais entidades. E elas não se fazem esperar ou ouvir, temos então pistas e provas que nos fazem seguir os nossos modelos propostos. Numa área tão distante como esta são mais que muitos os meios que dispomos ou quase nenhuns, tais como a arqueologia, a botânica, a história das mentalidades que neste caso entra em cheio as receitas propriamente ditas e nesse caso citamos Katia Paim Pozzer, Jean Bottero, Joseph Klimá António Ramos dos Santos, um número especial da revista Dossiers de Arquelogie e mais recentemente António Almeida. Este caso que iniciamos agora chegamos à conclusão de que se compõe de diversos arquivos base com que na fase de investigação iniciamos a procura do retrato robot da sociedade mesopotâmico.Em que moldes se move esta gente e em que preço se atrevem a preparar os futuros cozinheiros e as pessoas que recebem e aquelas que entram nos espaços públicos como são recebidas? O que comem? Como se devem comportar à mesa? Tudo isto faz parte da etiqueta e da boa educação? Haviam normas de higiene?

Para iniciarmos a nossa investigação devemos chamar até nós as testemunhas necessárias a este nosso processo. Como é que é determinado este processo de aprendizagem que se chama de cozinha? Existe algum livro, alguma teoria ou livro que se deve seguir?

Para começar a tarefa de cozinheiro havia um período de quinze meses para se iniciar na árdua tarefa de cozinheiro. Ele seria o mestre e o senhor de um requinto e de uma famosa escola laboriosa que não tendo um livro que se seguisse, haviam autoridades máximas e todos os seus representantes eram apresentados ao supervisor do curso dependendo do trabalho que realizassem. Os cozinheiros eram na sua maioria profissionais que tomavam uma escola oficial, rigorosa, logo seguia uma rígida disciplina. Eles eram representantes associados a um templo, tidos como sacerdotes. Alguns deles podiam-se tornar sacerdotes da cozinha de Marduk, associados ao serviço de grandes armazéns. Estes grandes centros tinham a sua sede nos palácios e eram eles que distribuíam toda a casa real.
Tudo isto fazia-nos pensar como seriam dias festivos como inaugurações de palácios onde se preparavam grandes recepções como a da famosa festa de dez dias da inauguração do palácio de Kallah.

Uma imagem vale mais que mil palavras. Para vos explicar esta teoria devemos recuar ao longínquo ano de 883 a.c. Trata-se da inauguração do palácio de Kallah onde o monarca iniciou uma nova forma de poder a de fazer política usando a imagem. Como afirmam Brigitte Lion e Cécile Michele num artigo publicado na revista Dossiers d´arquelogie “As inscrições dos reis neo-assírios têm sido apenas estudadas como temas de representação de poder. A inauguração do palácio de Kallah não escapa à regra (…)”

Nesta nova forma de fazer política que é a de bem receber os comensais, Assur-nar-sir-pal II dá a conhecer ao seu povo como para toda a posteridade da forma como a cozinha e a comida podem ilustrar aquilo que é o poder. Não é de hoje que se determinam as grandes decisões políticas através de um fantástico banquete onde a cozinha e as suas dependências se podem unir neste caso. Foi precisamente sobre este episódio que tratamos este mesmo episódio num dos capítulos do nosso trabalho A arte e a ideologia durante o reinado de Assur-nar-sir-pal II. Essa inscrição dá-nos não só aquilo que os convivas comeram, beberam e os dias de inaguração desse mesmo palácio. No âmbito dessa mesma investigação já se centrava aqui a ideolização real como mero produto de propaganda enunciada por Mário Liverani onde se podem propor por vezes a falsificação das crónicas usadas a impressionar um púbico bem vasta, como também ao grupo de estrangeiros.
Nesse gigantesco banquete os ingredientes foram minuciosamente enumerados e oferecidos ao deus Assur pelo rei Assur-nar-sir-pal II. Aí revelou-se que se haviam convidado cerca de 69574 pessoas, de entre as quais 47074 eram convidados provenientes das diferentes regiões do reino, 5000 representantes de países estrangeiros, 1500 funcionários e 16000 habitantes de Kallah.

A enumeração do menu de assur-nar-sir-pal II começava por produtos animais, espécies domésticas e selvagens, pássaros, peixes e ovos. na pirâmide dessa roda dos alimentos estão os bois caros e davam prestígio. A base da alimentação constitui um dos momentos mais altos da qual tinham um papel extremamente importante, o porco que não era referido nos anais, mas proibido em determinada data. A lista dos produtos vegetais é a mais longa e mais desenvolvida. O cereais, base da alimentação do médio oriente pelos homens e certos animais domésticos, servem para preparação das diversas formas da dieta neo-assíria.

Tal como hoje os jantares eram de uma forma ou de outra uma característica de marca política, da diplomacia e como já observamos como símbolo do poder.
Quem vivia nesse mesmo palácio em grupos a que chamavam armazéns e que dispunham de um manancial próprio para as grandes festividades. Quem é o responsável pelo milagre culinário? A confecção dos pratos devia ser feita com o máximo dos cuidados pois esta cozinha visava não só presentear os convidados como também os deuses. Os deuses também se banqueteavam com estes repastos ou não tivessem eles as mesmas necessidades que os homens.

segunda-feira, março 29, 2010

As Lágrimas do bairro salgado *

Todos os dias tenho o mesmo sonho. Sempre o mesmo sonho. Passo pelo magnífico bairro salgado e contemplo toda a sua decoração exterior. Azulejos azuis com cenas bucólicas,eternecedoras, familiares,e ao longe vejo a cabeça de uma mulher que me chama. É estranho como uma cabeça que sai de um cenário de teatro que me grita para conversar com ela. Diz-me que quer falar comigo. Acho estranho.Julgo estar doente ou louco , mas estou a dormir por isso creio ser possível este ser poder falar comigo. Pergunta-me se pode falar comigo,diz-me que está muito sózinha e que há muito tempo que não fala com ninguém ou na maioria das vezes as pessoas não conseguem ouvir os seus chamamentos. É nesse instante que aquela mulher me pede para a ouvir sabe que ninguém jamais poderá ter acesso à história daquele bairro e pede-me total confidencialidade para não revelar a fonte.
Aquela mulher pede-me que olhe bem para aquela rua, para os azulejos, as portas, janelas, tudo aquilo que me pareça mais estranho. Nesse instante dá-se um estranho acontecimento viajo 100 anos antes a a mulher que estava à minha frente transforma-se numa burguesa instruída contrariando as senhoras da época .Nessa altura deu-se um grande movimenrto artístico chamado Arte Nova. Esse movimento espalhou-se e desenvolveu-se tendo características nacionalistas de cada país.Em Portugal este género de arte teve pouca influência e em Setúbal apenas algumas ruas da cidade como o Bairro Salgado e a Avenida Luísa Todi foram projectadas segundo os desígnios de um grupo de arquitectos da época. Portugal adoptou o termo Arte Nova do francês Art Noveau .Assim como este bairro que nos encontramos: O Bairro Salgado. Foi aí que observei azulejos azuis e brancos com cenas do quotidiano ,essas mesmas casas são unifamiliares , onde habitará uma familía. Intelectuais, empresários, armadores eram os habitantes que se alojaram no resort.
- Neste bairro, disse a estranha mulher . Foram lançadas as bases do progresso de um grupo pensante que tentava proteger-se da maioria da população, os operários, os barulhos, os cheiros das fábricas. Eram no fundo os arruaceiros . Antes tudo misto era um enorme campo cheio de quintas que se projectava até ao mar. As comunicações eram feitas eram difíceis e morosas. Daí que o comboio veio permitir um desenvolvimento maior da nossa cidade, trazer capitais estrangeiros que derma origem ãs fábricas de conserva, também foram através desses meios que circularam as ideias, as pessoas que se encontravam e projectaram um bairro. O bairro que aqui vemos. Todas as suas ruas foram planeadas, estruturadas, como se fossem desenhadas num papel, ligadas e trazer todas as suas suas inovações. Foi neste bairro que se concentraram alguns dos melhores exemplares de arte nova. Deste bairro casas com fachadas de azulejos azuis e brancos com representações familiares, algumas com raparigas em idade de casar. Esses azulejos tinham uma proposta muito subtil que levaria à junção de fortunas e títulos que dariam a ordem natural das coisas.

Pouco depois regresso ao tempo actual e a mulher que me falava: a cabeça da República era um elemnto característico da arte nova. Hoje em dia o bairro salgado é um a sombra daquilo que foi outrora. Este bairro é hoje em dia habitado por idosos e os edíficios revelam maus tratos levados a cabo pelo seus proprietários referentes ao património. Procuro então saber mais sobre aquele bairro, sobre aquela mulher misteriosa que me alertou para os estragos feitos pelo abandono. Vou ã biblioteca municipal, ao Museu Michael Jacometi, tento ir à Câmara e nada… apenas me perguntam se investigador, se estou a fazer mestrado ou doutoramento para alguma universidade… Depois é difícil saber mais sobre esta história centenária e muita coisa se perdeu . Será que algum dia vou conseguir revelar a minha fonte? Saber que a vi diversas vezes?
Será que vos posso fazer uma revelação assustadora? Por vezes sonho que essas casas estão assombradas e que os seus habitantes desejam continuar ali e que as suas memórias sejam recuperadas , mas não sabem fazer manifestações. Como é que se pode mostrar às pessoas que precisamos de ajuda?
- Não sei , respondo à misteriosa mulher.
-Tens que dizer às pessoas que nós precisamos de continuar aqui , de vos mostrar como eramos, os nossos edifícios , nem que para isso seja necessário provocar mais sismos…
- Foi você que provocou aquele sismo de Dezembro? –perguntei cada vez mais atónito.
- Sim, diz-me ela. Vocês não fazem greves por melhores salários, por melhores condições de vida, fazem manifestações por aquilo que acreditam. Pois então nós também o fazemos mas através dos fenómenos naturais. Peço-lhe que divulge esta mensagem.
- Não sei, vão dizer que sou louco.
- Não, as pessoas gostam de viver assustadas e se lhe disser que ali vivem vampiros, vai ver que as verbas para a recuperação dos edíficios do bairro salgado…
Nesse instante acordei. Oh meu Deus, mulher misteriosa, revelei a minha fonte .Por isso , não esqueçam o pedido da mulher do meu sonho. Não se esqueçam de divulgar o estado deste bairro, façam um movimento pela memória daqueles que ali viveram e que ali existe história.

* Parte deste artigo foi publicado em formato papel no jornal "Sul".

sábado, março 27, 2010

Sidroma de Seth

Numa próxima oportunidade iremos retomar esta história que de momentos preparamos... num universo onde as epidemias e vírus se multiplicam de certeza que esta história não vos deixará indiferentes. Colaborem. Dêm opiniões e por favor critiquem...

Sintomas: Capacidade de se apropriar nas cores das paredes ,transformar-se em setas venenosas ou fazer tempestades de areia, mutação de peles, transformando-se em burro, lobo ou lebre.

História: Segundo uma lenda muito antiga o deus Seth decidiu tomar a cápsula da imortalidade através de um comprimido de papiro por sacerdotes nos templos para interpertar os sonhos dos mortais. No entanto um desses sacerdotes teve um sonho com o próprio deus que lhe daria a capacidade de se defender em caso de guerra, evadir-se ou transformar-se em seta atirando-se contra o seu oponente. Em casos de embuscada, o sacerdote poderia esconder-se sob a forma de diversos animais transformando-se no próprio deus Seth. Recentemente a egiptóloga russa Sachenka Loriosky descobriu um tratado mágico que fala sobre os diversos sonhos descritos pelo sacerdote Ré – Ib onde está a capacidade de transformação daria lugar a uma pandemia ou sidroma de Seth.

Tratamento: Neste momento decorre um pós doutoramento entre a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e a faculdade de Medicina de Moscovo na procura de um antídoto chamado o Beijo de Ísis. Em entrevista a egiptóloga afirmou que este antídoto deve –se em parte às artes mágicas da deusa que era também irmã e cunhada de Seth. Baseando-se nas capacidades históricas a que os deuses eram capazes a egiptóloga tenciona encontrar diversos volintários que permitam experimentar este novo antídoto.

sexta-feira, março 26, 2010

À procura de Hórus (4 e último capítulo )

- Bem, viémos a Nova Iorque fazer umas pesquisas. - dissemos nós sem revelarmos quais as verdadeiras investigações.
- Maria José Lopez Grande estou aqui para o Congresso Internacional de Egiptologia. Mas desculpem-me a minha curiosidade, a pena que têm convosco não é uma pena de um falcão? – perguntou-nos olhando de soslaio para o deus menino.
- É. – disse o deus criança.
- Pois é uma característica desse género de aves de rapina. Há muitos anos atrás tratei desse tema na minha tese de doutoramento e se querem que vos diga é muito possível que o autor dos crimes seja Horus. Não se recordam da lenda do nascimento divino do faraó? Horus é o representante o rei, mas ele também se pode apropriar das características de outro Deus, Ré. A este aspecto religioso chama-se sincretismo. O deus não perde as suas características mas também assume as mesmas do deus que tem em seu poder. A meu ver todo o este ritual evoca dois aspectos. O primeiro revela a sua recusa perante os corpos dos vários candidatos ao corpo que o Deus se quer apropriar e em segundo lugar uma questão mais antropológica com a revisitação do ritual contra os inimigos do faraó. Ao longo da história do Antigo Egipto que encontramos exemplos destes desde a Paleta de Narmer até aos grandes monumentos do grande Ramsés II que evocam a eliminação imediata do inimigo.
Ihy chorava copiosamente.
- Ele não pode ser o assassino. Tem que haver outra razão...
- E há – disse a egiptóloga. Neste congresso de egiptologia debate-se precisamente quem está acima de nós. Quem são os deuses? Que estratégias devemos nós tomar para resolver o problema da doença em Dendera no tempo mítico, porque se o deus Horus não procriar a história mitológica irá desaparecer, assim como a harmonia e o tempo calmo sob a prudência de Maat, uma outra ave que está junto de Osíris no tribunal dos mortos. É ela quem pesa as almas dos defuntos, quando retira a sua pena e coloca-a no outro prato da balança. Querem vir comigo? - perguntou a especialista na iconografia das damas aladas.
Eu ia. Pelo menos sabia ao que ia. Queria saber como toda aque aquele congresso terminaria. Estariam lá a médica da clínica “trngenivs” que estudara Jill Bisphop, uma mulher mutante que tinha características semelhantes à deusa Ísis, o médico legista que tinha feito estudos com o pé de Nikpul e que tinha radiografias e um plano completo feito do estudo de 30 anos da hibernação deste activista político e que comparava com o deus Osíris. Para além disso, estavam lá os grandes nomes da egiptologia. Até investigadores portugueses lá estavam. O tema do colóquio era “De Osíris a Nikpul - Do tempo sagrado ao tempo profano”. Era sem dúvida uma homenagem justa a Mircea Elíade. Todos nós esperávamos pelas comunicações. Dali sairiam as soluções para os problemas que se estavam a acontecer. Foi então que nos apareceu uma jovem egiptóloga que usava um coelho como mascote. A Alice, de Lewis Carroll ia fazer uma apresentação sobre um monstro que era procurado.
“Kayak será parente de Ochorrinco?”, era o tema da comunicação de Alice. A jovem egiptóloga afirmava que os monstros de cor avermelhada com forma de tubarão, eram equivalentes ao peixe que comera o membro de viril de Osíris.
Alice passava a explicar a sua tese: - O pé de Nikpul encontrado pela equipa da “tragenics” não é mais que uma variação do membro viril de Osíris, enquanto no mito de Osíris este perde o seu membro viril e é comido pelo peixe Ochorrinco. A colaboradora do chefe da clínica de engenharia genética dera o pé de Nikpul a este monstro que o torna numa espécie de decalque da história descrita por Plutarco.
Se na história do mito do rei fundador Osíris, não só o fundador da realeza egípcia como quem deu a conhecer a agricultura aos habitantes desse mesmo país, foi vítima de uma artimanha de Seth, o próprio irmão. Este fez-lhe uma festa surpresa convidando todos os presentes a experimentarem um caixão. Seth tinha a armadilha muito bem montada e ao experimentar o caixão Osíris é cortado aos pedaços. Seth espalha os pedaços do corpo por todo o país e seria a sua esposa e irmã Ísis a encontrá-los, e ter relações sexuais mesmo depois de morto. Ora esse mesmo membro viril será o equivalente ao pé de Nikpul. Essa foi a segunda comunicação em que o médico legista faria uma narração rápida da história de Nikpul e de seguida uma espécie de decalque das duas histórias, entre a escrita por Billal e a de Plutarco.
- Em primeiro lugar, afirmou o jovem médico legista, o pé para Chevalier segundo o Dicionário dos Símbolos não é mais do que a recriação do falo humano e nesta narrativa a perda do pé retoma o mito de Osíris. Nikpul é Osíris redivivo. Isto é, o activista político foi congelado não pelos ciúmes de um familiar, mas sim pelas suas ideias políticas e se manifestar contra as experiências científicas. O período de 30 anos corresponde exactamente ao período equivalente a um mês e que percorre o jogo da vida e da morte, dos dias e dos meses em que o corpo poderá a vir ser embalsamado.
Durante esse mesmo período traz de novo um homem comum à vida e, que por uma circunstância miraculosa tem outra visão. O homem desde o seu nascimento tem um duplo – Ba - que o segue por onde quer que ele vá e o seu abandono leva à morte desse indivíduo, regressando procura o cadáver na sepultura. Devendo a mumificação corresponder ao indivíduo morto de modo a identificar.
Esta ideia de movimento acentuava-se com a ave que identifica o Ba e com a capacidade de corresponder à Duat, o universo dos mortos, e regressar ao corpo que pertencia, ou às estátuas que o podiam albergar. A ausência de determinado indivíduo leva-nos a observar um outro aspecto do quotidiano, que nos tempos livres os egípcios tinham vários jogos entre eles, o senet, um jogo feito sobre um tabuleiro de 30 casas onde se movimentavam peões. A própria palavra senet significa passagem, e este jogo simboliza a viagem para o mundo dos mortos. Assim, encontram-se representações de pessoas a jogar ao senet contra um adversário ausente nos monumentos fúnebres. A ausência de um adversário humano indicia a presença de Osíris. Na obra que analisamos “A feira dos imortais”, os deuses jogam o monopólio. Neste mesmo jogo há uma ausência de adversário que se verifica desde o início da narrativa que é Horus. A narrativa de Nikpul conta-nos várias histórias. Todas elas interligadas sem darmos por isso mas num olhar mais atento notamos que a apropriação do corpo de Nikpul por Horus retrata sem dúvida a história da divinização do faraó e de que este é o representante da Casa Real.
Para nos centrarmos neste caso basta recordar a história de Plutarco em que o faraó morto é Osíris e o vivo é Horus. Horus é filho de Osíris concebido mesmo depois de morto após a restituição dos 14 pedaços do corpo. Mas para isso basta ir mais longe teremos que recuar às narrativas do Antigo Egipto.
Teremos que recuar cerca de cinco mil anos atrás nem que tenhamos de dissecar todas estas narrativas juntas nesta trilogia, garanto-vos.
- Como pode afirmar isso? – pergunta alguém da assistência .
- Em primeiro lugar temos aqui uma banda desenhada, mas no entanto o autor copiou várias narrativas, faz-nos crer que as personagens da obra sejam eles deuses ou não, comportem-se o mais naturalmente possível de modo que o seu mundo passado seja também o seu futuro. Está a copiar várias mitologias como se encontrássemos aqui várias testemunhas silenciosas dentro de um pequeno pedaço de papel. E estamos diante do quê? – pergunta o médico legista.
- De uma banda desenhada – responde a mesma pessoa da assistência.
- Então não reparou em vários aspectos como o texto e as imagens são um meio de comunicação, e as imagens relacionadas entre si e contam uma ou várias histórias? – perguntou Alice juntamente com o jovem médico.
- O que queremos dizer, meu caro senhor é que a sequência dos desenhos, as representações das acções, cenários, paisagens deve proporcionar um bom entendimento para a história. Tal como as antigas vinhetas. Essas vinhetas em egípcio chamam-se sechemu ou tut, palavras para designar as ilustrações que acompanham certos textos, sobretudo os de carácter funerário como os “Textos dos Sarcófagos”, “O livro dos Mortos”, o “Livro das Respirações” e outras compilações de timbre mágico. São complementos ilustrativos do texto que facilitam o seu entendimento, e de uma certa forma podemos dizer que incorporam a sua essência, uma vez que a imagem no Antigo Egipto tinha tanto valor quanto a palavra.
As dimensões de uma vinheta variam desde as pequenas e simples até às representações muito pormenorizadas. Como as que encontramos nas paredes dos túmulos. As representações nas paredes fazem-nos pensar que são os antepassados da banda desenhada.
Por exemplo, conta-nos históricas, se parece que estamos diante de um cadáver embalsamado, estamos diante do Deus que acompanha o morto até ao tribunal de Osíris. Quando falta um adversário no jogo monopólio com que autor pretende ironizar, está a falar-nos de senet e não do monopólio. Nessa ausência e ao longo das imagens vemos o aparecimento de Nikpul que é o decalque de Osíris. Osíris surge na forma de um ser humano tal como falamos anteriormente, pois apenas esteve congelado durante trinta anos, o que corresponde ao senet. Os que o condenaram – os donos da empresa “trangenics”, por ele ter denunciado casos de criogenia, engenharia genética e tráfico de órgãos -, também estão de uma certa forma a jogar a este jogo milenar. Por isso quando nos surge o monopólio vemos que os deuses nos estão a chamar à atenção e que alguma coisa está a afectar o passado. É esse o papel desta conferência. Abordarmos a história de Osíris nos dias de hoje mas que se passa ao mesmo tempo em que Horus procura um corpo para habitar e que seja compatível com ele que não tenha sido contaminado pela engenharia genética, tal como a mulher que ele seduz, à partida não é um ser humano, mas um mutante. Um ser que foi submetido a estudos pelo interesse de uma médica homossexual. Diante destas várias camadas de tinta ou histórias estamos perante outras histórias. A mulher que encontramos aqui pode ser a representação da antiga rainha, mas as suas lágrimas azuis caracterizam a renovação e a recriação do universo. É em Jill Bishop que Horus irá tentar deixar o seu sémen. Ao longo da obra a personalidade de Jill Bishop vai-se alterando desde o início em que ela é presa pela “trangenics” ainda tem traços de um ser não–humano que conversa com um homem de outro universo cujo o seu rosto nunca é revelado, porque vem de um outro universo. Pode-se dizer que Jill Bispoh só confia neste homem, é através dele que Jill decide fazer os testos que Edna, a médica da clínica de engenharia genética, pretende. Toda a acção entre as duas mulheres insinua um contexto homossexual, já que a médica se interessa pela mutante. Ao longo da obra assistimos à transformação de Jill Bishop. Numa primeira fase as suas longas amnésias são fruto do tratamento prescrito pela médica. Quando o hotel em que Jill se encontra é invadido por homens que lhe pedem a documentação, as suas atenções viram-se para umas penas já identificadas anteriormente. Jill admite usar essas penas apenas para seu bel-prazer, insinuando fantasias sexuais. As mesmas penas não só a prova directa de uma tentativa inicial de violação e como Horus manipula ao mesmo tempo Nikpul e Jill. Neste caso estamos diante do mito da divinização do faraó. Mas há ainda um aspecto que não observamos é o cabelo de Jill Bishop. A mutante tem um cabelo azul, cor de lápis-lazúli que representa a cor do cabelo dos deuses. Ao longo das cenas da procriação observamos uma orgia de prazeres onde um deus incorpora no corpo de um ser humano. Esse ser humano é fundamental para o deus Horus que o usa para os seus interesses.
Depois de uma longa intervenção dos participantes para colocarem as suas questões chegou a altura de Edna ser chamada ao palco para prestar as suas declarações e descrever o trabalho que fizera para a “trangenics”. Edna demonstrou ter uma profunda admiração por aquele que viria a dar a morada de Jill Bishop no futuro visto reconhecer nele as potencialidades de um futuro marido para a sua amada Jill Bishop e ver nele o pai do pequeno Horus. A médica olhou para Ihy. O jovem deus gritou: A senhora é a deusa Neit! É a mãe de Sobeck!
Um dos membros que presidia na mesa redonda pediu calma ao jovem deus. Mas o jovem deus estava verdadeiramente excitado e os olhos dele brilhavam, gritando–lhe: Neit é excelente!
O pequeno deus passou a explicar que a médica tal como a deusa estava presente nos nascimentos e nas mortes, era a guardião de todo o sistema de criogenia, tal como a Deuse Neith. Podia estar ligada à medicina tal como as outras duas deusas Sekmet e Bastet. Se uma delas estava ligada à maternidade, a outra estava ligada à guerra. Neith escolheria quem ganhava a luta pelo poder, se Osíris ou Seth.
De uma certa maneira ela tinha o conhecimento de trinta anos de um herói humano que se transformou num super–herói e que mais tarde lhe dará a força necessária para ir ao ao encontro da sua amada . Edna tal como Neith é quase assexuada e está ligada à vida e à morte, está presente diante dos clientes contaminados pela engenharia genética. Receita-lhes alguns medicamentos e lembra-lhes que deve tomar os medicamentos às horas certas. Além disso o jovem deus acreditava que a médica estava ligada a duas entidades: à empresa para qual trabalha, e a uma rede terrorista, o que recorda de certa forma a narrativa descrita no século I da nossa era por Plutarco.
O organizador do colóquio pediu calma ao jovem deus e recordou que todo aquele colóquio era dedicado à trilogia de Nikpul. No entanto o mesmo investigador afirmou que todos os egiptólogos estavam preocupados com a resolução dos acontecimentos e se pretendia chegar a um consenso diante das lendas do mundo mítico sobre a doença das crianças divinas do templo de Dendera.
O mesmo investigador salientou que as mesmas comunicações pretendiam soluções. Se Osíris e Nikpul eram ou não a mesma pessoa era a grande questão do colóquio.
Alguém afirmara um dia que cada sociedade tinha um herói que merecia. Ali estava a sua vida, uma morte ou neste caso, uma hibernação de trinta anos, ao mesmo tempo é acordado pelo aparecimento de um deus egípcio que lhe dá vida e paralelamente se veste de mulher. O papel que na lenda de Ísis e Osíris é feito por Ísis ao recuperar os 14 pedaços, na obra em questão é Horus quem opera a perna do activista político e o eleva no ar. Diante disto a questão inicial de Osíris a Nikpul pode-se dizer que Enki Bilal poderá ser egípcio.

Eu sorri. Aquela era porém a minha teoria. O autor nascido na Sérvia, vivera alguns anos em Paris e aquela era sem dúvida a sua obra-prima. As grandes questões nunca estão de forma alguma resolvidas e propõem novas hipóteses. Por isso eu, Ihy, o filho de Horus dedico esta obra à minha mãe e à capacidade de resolução dos problemas. Se quiserem perguntar alguma coisa. Não perguntem a mim que sou um ser divino a quem os investigadores me enviaram as actas para o Tempo Mítico. Também eu me preparo para fazer um Doutoramento em Egiptologia e membro de Associação Internacional de Egiptólogos. Perguntem ao autor desta obra. Ele sim, deverá estar preparado para responder às vossas perguntas. Minhas senhoras e meus senhores, muito obrigado pela vossa atenção.

quinta-feira, março 25, 2010

Ovelha Negra da História antiga - Hititologia

Em todas as famílias existem pelo menos uma ovelha negra, seja por ter um estilo mais ousado, por dizer aquilo que pensa ou por passar à margem. Na família de história antiga a hititologia é aquela que traz à memória menos adeptos,enquanto os Egípcios, Assírios, Gregos, Romanos ou mesmo até Israel têm os seus adeptos, a Anatólia Hitita é preticamente desconhecida. Talvez por isso quando escrevi o folhetim regresso a casa que em breve voltará tenta trazer um grupo de académicos que se debruçam sobre algumas matérias, embora algumas teorias pertençam ao foro da ficção científica. SE os Hititas levaram a cultura oriental aos Gregos isso poderá ser matéria para um futuro debate quem sabe em Castelo Branco?

Mas por onde começar? Como sabemos se existe Hititologia em Portugal? Bem, eles ainda não mostraram o rosto, não são apelativos como os Egípcios, onde as cores e os seus mortos se transformam, ou não tenham o tom tão fanatasmagórico dos cruéis assírios, mas os hititas têm contos e lendas de pasmar capazes de fazer roer de inveja a vassoura de Harry Potter. Nesse sentido convido-vos a pegarem no novo livro de José Nunes Carreira, Mitos e lendas dos Hititas, ed. Colibri, Temas Pré- Clássicos. NUm pequeno livro o autor desvenda os mais fantásticos contos desde um jovem que desaparece numa festa, adormece e é acordado por uma abelha, exietem pactos e lutas com dragões, ou seja qualquer coisa como quem se fosse melhor um historiador começar a escrever um romance deste género. Quem sabe se os hititas não tinham melhor sorte? Ou então pedirmos ajuda à deusa de HatusilisIII para abençoar esta área. Porque até agora só o Professor José Nunes Carreira e o Mestre Carlos Casanova dão cartas por aqui. Esperemos então pelo próximo nível e até lá aguardem pela próxima temporada de Regresso a casa.

terça-feira, março 23, 2010

À procura de Hórus (Cap. III)

Ihy chorava copiosamente.
- Ele não pode ser o assassino. Tem que haver outra razão...
- E há – disse a egiptóloga. Neste congresso de egiptologia debate-se precisamente quem está acima de nós. Quem são os deuses? Que estratégias devemos nós tomar para resolver o problema da doença em Dendera no tempo mítico, porque se o deus Horus não procriar a história mitológica irá desaparecer, assim como a harmonia e o tempo calmo sob a prudência de Maat, uma outra ave que está junto de Osíris no tribunal dos mortos. É ela quem pesa as almas dos defuntos, quando retira a sua pena e coloca-a no outro prato da balança. Querem vir comigo? - perguntou a especialista na iconografia das damas aladas .
Eu ia. Pelo menos sabia ao que ia. Queria saber como toda aque aquele congresso terminaria. Estariam lá a médica da clínica “trngenivs” que estudara Jill Bisphop, uma mulher mutante que tinha características semelhantes à deusa Ísis, o médico legista que tinha feito estudos com o pé de Nikpul e que tinha radiografias e um plano completo feito do estudo de 30 anos da hibernação deste activista político e que comparava com o deus Osíris. Para além disso, estavam lá os grandes nomes da egiptologia. Até investigadores portugueses lá estavam. O tema do colóquio era “De Osíris a Nikpul - Do tempo sagrado ao tempo profano”. Era sem dúvida uma homenagem justa a Mircea Elíade. Todos nós esperávamos pelas comunicações. Dali sairiam as soluções para os problemas que se estavam a acontecer. Foi então que nos apareceu uma jovem egiptóloga que usava um coelho como mascote. A Alice, de Lewis Carroll ia fazer uma apresentação sobre um monstro que era procurado.
“Kayak será parente de Ochorrinco?”, era o tema da comunicação de Alice. A jovem egiptóloga afirmava que os monstros de cor avermelhada com forma de tubarão, eram equivalentes ao peixe que comera o membro de viril de Osíris.
Alice passava a explicar a sua tese: - O pé de Nikpul encontrado pela equipa da “tragenics” não é mais que uma variação do membro viril de Osíris, enquanto no mito de Osíris este perde o seu membro viril e é comido pelo peixe Ochorrinco. A colaboradora do chefe da clínica de engenharia genética dera o pé de Nikpul a este monstro que o torna numa espécie de decalque da história descrita por Plutarco.
Se na história do mito do rei fundador Osíris, não só o fundador da realeza egípcia como quem deu a conhecer a agricultura aos habitantes desse mesmo país, foi vítima de uma artimanha de Seth, o próprio irmão. Este fez-lhe uma festa surpresa convidando todos os presentes a experimentarem um caixão. Seth tinha a armadilha muito bem montada e ao experimentar o caixão Osíris é cortado aos pedaços. Seth espalha os pedaços do corpo por todo o país e seria a sua esposa e irmã Ísis a encontrá-los, e ter relações sexuais mesmo depois de morto. Ora esse mesmo membro viril será o equivalente ao pé de Nikpul. Essa foi a segunda comunicação em que o médico legista faria uma narração rápida da história de Nikpul e de seguida uma espécie de decalque das duas histórias, entre a escrita por Billal e a de Plutarco.
- Em primeiro lugar, afirmou o jovem médico legista, o pé para Chevalier segundo o Dicionário dos Símbolos não é mais do que a recriação do falo humano e nesta narrativa a perda do pé retoma o mito de Osíris. Nikpul é Osíris redivivo. Isto é, o activista político foi congelado não pelos ciúmes de um familiar, mas sim pelas suas ideias políticas e se manifestar contra as experiências científicas. O período de 30 anos corresponde exactamente ao período equivalente a um mês e que percorre o jogo da vida e da morte, dos dias e dos meses em que o corpo poderá a vir ser embalsamado.
Durante esse mesmo período traz de novo um homem comum à vida e, que por uma circunstância miraculosa tem outra visão. O homem desde o seu nascimento tem um duplo – Ba - que o segue por onde quer que ele vá e o seu abandono leva à morte desse indivíduo, regressando procura o cadáver na sepultura. Devendo a mumificação corresponder ao indivíduo morto de modo a identificar.
Esta ideia de movimento acentuava-se com a ave que identifica o Ba e com a capacidade de corresponder à Duat, o universo dos mortos, e regressar ao corpo que pertencia, ou às estátuas que o podiam albergar. A ausência de determinado indivíduo leva-nos a observar um outro aspecto do quotidiano, que nos tempos livres os egípcios tinham vários jogos entre eles, o senet, um jogo feito sobre um tabuleiro de 30 casas onde se movimentavam peões. A própria palavra senet significa passagem, e este jogo simboliza a viagem para o mundo dos mortos. Assim, encontram-se representações de pessoas a jogar ao senet contra um adversário ausente nos monumentos fúnebres. A ausência de um adversário humano indicia a presença de Osíris. Na obra que analisamos “A feira dos imortais”, os deuses jogam o monopólio. Neste mesmo jogo há uma ausência de adversário que se verifica desde o início da narrativa que é Horus. A narrativa de Nikpul conta-nos várias histórias. Todas elas interligadas sem darmos por isso mas num olhar mais atento notamos que a apropriação do corpo de Nikpul por Horus retrata sem dúvida a história da divinização do faraó e de que este é o representante da Casa Real.
Para nos centrarmos neste caso basta recordar a história de Plutarco em que o faraó morto é Osíris e o vivo é Horus. Horus é filho de Osíris concebido mesmo depois de morto após a restituição dos 14 pedaços do corpo. Mas para isso basta ir mais longe teremos que recuar às narrativas do Antigo Egipto.
Teremos que recuar cerca de cinco mil anos atrás nem que tenhamos de dissecar todas estas narrativas juntas nesta trilogia, garanto-vos.
- Como pode afirmar isso? – pergunta alguém da assistência .
- Em primeiro lugar temos aqui uma banda desenhada, mas no entanto o autor copiou várias narrativas, faz-nos crer que as personagens da obra sejam eles deuses ou não, comportem-se o mais naturalmente possível de modo que o seu mundo passado seja também o seu futuro. Está a copiar várias mitologias como se encontrássemos aqui várias testemunhas silenciosas dentro de um pequeno pedaço de papel. E estamos diante do quê? – pergunta o médico legista.
- De uma banda desenhada – responde a mesma pessoa da assistência.
- Então não reparou em vários aspectos como o texto e as imagens são um meio de comunicação, e as imagens relacionadas entre si e contam uma ou várias histórias? – perguntou Alice juntamente com o jovem médico.
- O que queremos dizer, meu caro senhor é que a sequência dos desenhos, as representações das acções, cenários, paisagens deve proporcionar um bom entendimento para a história. Tal como as antigas vinhetas. Essas vinhetas em egípcio chamam-se sechemu ou tut, palavras para designar as ilustrações que acompanham certos textos, sobretudo os de carácter funerário como os “Textos dos Sarcófagos”, “O livro dos Mortos”, o “Livro das Respirações” e outras compilações de timbre mágico. São complementos ilustrativos do texto que facilitam o seu entendimento, e de uma certa forma podemos dizer que incorporam a sua essência, uma vez que a imagem no Antigo Egipto tinha tanto valor quanto a palavra.
As dimensões de uma vinheta variam desde as pequenas e simples até às representações muito pormenorizadas. Como as que encontramos nas paredes dos túmulos. As representações nas paredes fazem-nos pensar que são os antepassados da banda desenhada.
Por exemplo, conta-nos históricas, se parece que estamos diante de um cadáver embalsamado, estamos diante do Deus que acompanha o morto até ao tribunal de Osíris. Quando falta um adversário no jogo monopólio com que autor pretende ironizar, está a falar-nos de senet e não do monopólio. Nessa ausência e ao longo das imagens vemos o aparecimento de Nikpul que é o decalque de Osíris. Osíris surge na forma de um ser humano tal como falamos anteriormente, pois apenas esteve congelado durante trinta anos, o que corresponde ao senet. Os que o condenaram – os donos da empresa “trangenics”, por ele ter denunciado casos de criogenia, engenharia genética e tráfico de órgãos -, também estão de uma certa forma a jogar a este jogo milenar. Por isso quando nos surge o monopólio vemos que os deuses nos estão a chamar à atenção e que alguma coisa está a afectar o passado. É esse o papel desta conferência. Abordarmos a história de Osíris nos dias de hoje mas que se passa ao mesmo tempo em que Horus procura um corpo para habitar e que seja compatível com ele que não tenha sido contaminado pela engenharia genética, tal como a mulher que ele seduz, à partida não é um ser humano, mas um mutante. Um ser que foi submetido a estudos pelo interesse de uma médica homossexual. Diante destas várias camadas de tinta ou histórias estamos perante outras histórias. A mulher que encontramos aqui pode ser a representação da antiga rainha, mas as suas lágrimas azuis caracterizam a renovação e a recriação do universo. É em Jill Bishop que Horus irá tentar deixar o seu sémen. Ao longo da obra a personalidade de Jill Bishop vai-se alterando desde o início em que ela é presa pela “trangenics” ainda tem traços de um ser não–humano que conversa com um homem de outro universo cujo o seu rosto nunca é revelado, porque vem de um outro universo. Pode-se dizer que Jill Bispoh só confia neste homem, é através dele que Jill decide fazer os testos que Edna, a médica da clínica de engenharia genética, pretende. Toda a acção entre as duas mulheres insinua um contexto homossexual, já que a médica se interessa pela mutante. Ao longo da obra assistimos à transformação de Jill Bishop. Numa primeira fase as suas longas amnésias são fruto do tratamento prescrito pela médica. Quando o hotel em que Jill se encontra é invadido por homens que lhe pedem a documentação, as suas atenções viram-se para umas penas já identificadas anteriormente. Jill admite usar essas penas apenas para seu bel-prazer, insinuando fantasias sexuais. As mesmas penas não só a prova directa de uma tentativa inicial de violação e como Horus manipula ao mesmo tempo Nikpul e Jill. Neste caso estamos diante do mito da divinização do faraó. Mas há ainda um aspecto que não observamos é o cabelo de Jill Bishop. A mutante tem um cabelo azul, cor de lápis-lazúli que representa a cor do cabelo dos deuses. Ao longo das cenas da procriação observamos uma orgia de prazeres onde um deus incorpora no corpo de um ser humano. Esse ser humano é fundamental para o deus Horus que o usa para os seus interesses.
Depois de uma longa intervenção dos participantes para colocarem as suas questões chegou a altura de Edna ser chamada ao palco para prestar as suas declarações e descrever o trabalho que fizera para a “trangenics”. Edna demonstrou ter uma profunda admiração por aquele que viria a dar a morada de Jill Bishop no futuro visto reconhecer nele as potencialidades de um futuro marido para a sua amada Jill Bishop e ver nele o pai do pequeno Horus. A médica olhou para Ihy. O jovem deus gritou: A senhora é a deusa Neit! É a mãe de Sobeck!
Um dos membros que presidia na mesa redonda pediu calma ao jovem deus. Mas o jovem deus estava verdadeiramente excitado e os olhos dele brilhavam, gritando–lhe: Neit é excelente!
O pequeno deus passou a explicar que a médica tal como a deusa estava presente nos nascimentos e nas mortes, era a guardião de todo o sistema de criogenia, tal como a Deuse Neith. Podia estar ligada à medicina tal como as outras duas deusas Sekmet e Bastet. Se uma delas estava ligada à maternidade, a outra estava ligada à guerra. Neith escolheria quem ganhava a luta pelo poder, se Osíris ou Seth.

segunda-feira, março 22, 2010

à procura de Hórus- Cap. II

Ali estava o segredo da sua missão. O segredo da missão estava no futuro. Numa terra onde os homens já não eram homens e quando se manifestavam contra o poder instituído eram congelados.
O seu pai, quem seria? O que se estava a passar com aquelas crianças doentes? Via da janela do templo uma mulher de rosto azulado que chorava. Pareceu-lhe ver a sua mãe e ouvir qualquer coisa como Jill Bisphop. Ela preparava-se para comer mas o contador de histórias retirou-lhe todas as possibilidades de descobrir o que se estava a passar. Disse-lhe que deveriam procurar o autor daquela história. E seria naquela história onde balões e quadradinhos tinham todos os ingredientes para o desfecho do mistério da infertilidade. Esse vale de lágrimas chamava-se “transgenics” e havia uma médica que sabia todos os segredos.
Ihy achou-a parecida com Neith. Apesar de ter algumas diferenças ela estava ligada à vida e à morte.
Emília chamou-o à parte e disse-lhe:
- Ihy, tudo aquilo que estás a ver e a ler é uma história escrita pelos homens no futuro! O seu autor chama-se Enki Bilal, reputado autor de banda desenhada que escreveu uma trilogia constituída por “A feira dos Imortais”, “A mulher armadilha”, e “O frio polar”. O contador de histórias quis trazer-te aqui para te mostrar quem é na realidade Horus, e o que fazem os restantes deuses como Bastet e Anúbis que tu tão bem conheces. Se queres a história do teu nascimento e das misteriosas doenças irás perceber que o futuro e o passado coincidem. Ou seja, há sempre uma repetição das mesmas histórias, embora tenham ambientes diferentes.
Aquele senhor ali observa, traz um casacão enorme. Repara que como está diferente de como o vimos a cair de uma cápsula onde estava congelado.
- Não te faz lembrar nada? – perguntei, olhando–o fixamente nos olhos.
O jovem deus observou o homem que andava com uma certa dificuldade. Esse homem era Nikpul. Por toda a parte se ouvia falar de um activista político congelado há cerca de 30 anos. Toda a cidade de Nova Iorque falava dele. Não se devia perder o seu espírito. No entanto, os telejornais falavam de uma onda de crimes cometidos por um assassino em série. Aquele assassino seguia um padrão, uma marca, como se fosse um artista, disse Emília.
Reparem o nosso homem deixou a sua arma sem querer.
Ihy olhou – ao mesmo tempo que eu. Naquele momento em que esperávamos um táxi, uma senhora de certa idade convidou-nos a entrar num com ela.
- Querem vir? Para onde vão? – perguntou-nos.
- Bem, viémos a Nova Iorque fazer umas pesquisas. - dissemos nós sem revelarmos quais as verdadeiras investigações.
- Maria José Lopez Grande estou aqui para o Congresso Internacional de Egiptologia. Mas desculpem-me a minha curiosidade, a pena que têm convosco não é uma pena de um falcão? – perguntou-nos olhando de soslaio para o deus menino .
- É. – disse o deus criança .
- Pois é uma característica desse género de aves de rapina. Há muitos anos atrás tratei desse tema na minha tese de doutoramento e se querem que vos diga é muito possível que o autor dos crimes seja Horus. Não se recordam da lenda do nascimento divino do faraó? Horus é o representante o rei, mas ele também se pode apropriar das características de outro Deus, Ré. A este aspecto religioso chama-se sincretismo. O deus não perde as suas características mas também assume as mesmas do deus que tem em seu poder. A meu ver todo o este ritual evoca dois aspectos. O primeiro revela a sua recusa perante os corpos dos vários candidatos ao corpo que o Deus se quer apropriar e em segundo lugar uma questão mais antropológica com a revisitação do ritual contra os inimigos do faraó. Ao longo da história do Antigo Egipto que encontramos exemplos destes desde a Paleta de Narmer até aos grandes monumentos do grande Ramsés II que evocam a eliminação imediata do inimigo.
Ihy chorava copiosamente.
- Ele não pode ser o assassino. Tem que haver outra razão...
- E há – disse a egiptóloga. Neste congresso de egiptologia debate-se precisamente quem está acima de nós. Quem são os deuses? Que estratégias devemos nós tomar para resolver o problema da doença em Dendera no tempo mítico, porque se o deus Horus não procriar a história mitológica irá desaparecer, assim como a harmonia e o tempo calmo sob a prudência de Maat, uma outra ave que está junto de Osíris no tribunal dos mortos. É ela quem pesa as almas dos defuntos, quando retira a sua pena e coloca-a no outro prato da balança. Querem vir comigo? - perguntou a especialista na iconografia das damas aladas .

Heróis e Enigmas das Beira Interior

A Biblioteca Municipal de Castelo Branco e a Ésquilo, Edições e Multimédia promovem a sessão «Heróis e Enigmas das Beira Interior» que terá lugar no auditório da Biblioteca Municipal de Castelo Branco, sexta-feira, dia 26 de Março, às 18h30.

No evento serão apresentadas três livros relacionados com o tema:

- «O Espião de D. João II» de Deana Barroqueiro; apresentação a cargo da Dra. Marua Adelaide Neto Salvado.

- «Os Lusitanos no Tempo de Viriato» de João L. Inês Vaz; apresentação a cargo do Dr. Pedro Salvado.

- «Grandes Enigmas da História de Portugal – vols. I e II», coordenação de Miguel Sanches de Baêna e Paulo Alexandre Loução; apresentação a cargo do Dr. Pires Nunes.

No evento, farão alocuções sobre o tema, a Dra. Deana Barroqueiro, a Dra. Maria Adelaide Neto Salvado, o Prof. Doutor João L. Inês Vaz, o Dr. Pedro Salvado, o Prof. Paulo Alexandre Loução e o Coronel Dr. Pires Nunes. A sessão será presidida pela Dra. Cristina Granada, Vereadora do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Castelo Branco.


O formidável Espião de D. João II possuía qualidades e talentos comparáveis aos de um James Bond e Indiana Jones, reunidos num só homem. A memória fotográfica, uma capacidade espantosa para aprender línguas, a arte do disfarce para assumir as mais diversas identidades, a mestria no manejo de todas as armas do seu tempo e, sobretudo, uma imensa coragem e espírito de sacrifício, aliados ao culto cavaleiresco da mulher e do amor que o fascinavam, fazem dele uma personagem histórica única e inspiradora.

El-rei D. João II escolhia-o para as missões mais secretas, certo que qualquer outro falharia. Talvez esse secretismo seja a razão do seu nome de família e do seu rosto terem ficado, para sempre, na penumbra.

Em 1487, Pêro da Covilhã foi enviado de Portugal, ao mesmo tempo que Bartolomeu Dias, a descobrir por terra, aquilo que o navegador ia demandar por mar: uma rota para as especiarias da Índia e notícias do encoberto Preste João.

Ao espião esperava-o uma longa peregrinação de cerca de seis anos pelas regiões do Mar Vermelho e costas do Índico até Calecut e, também, pela Pérsia, África Oriental, Arábia e Etiópia, descobrindo povos e culturas em lugares hostis, cujos costumes lhe eram completamente estranhos. Na pele de um enigmático mercador do Al-Andalus, o Escudeiro-guerreiro do Príncipe Perfeito realizou proezas admiráveis que causaram espanto no mundo do seu tempo.

Neste romance fascinante, Deana Barroqueiro convida-nos a seguir o trilho de Pêro da Covilhã na sua fabulosa odisseia recheada de aventuras, amores, conquistas e descobertas inolvidáveis…

Deana Barroqueiro (Prémio Máxima de Literatura – Prémio Especial do Júri com o romance D. Sebastião e o Vidente).

Este livro, fruto de um rigoroso trabalho de investigação, unindo marcos de grande relevo histórico e uma descrição muito rica dos espaços e personagens, lê-se com fascínio da primeira à última página.

Deana Barroqueiro nasceu em New Haven, Connecticut, nos Estados Unidos da América, em 23 de Julho de 1945. Atribui à sua ascendência murtoseira e lisboeta, assim como à longa viagem de transatlântico, de New York para Lisboa, que fez aos dois anos de idade, a génese da sua paixão pela grande aventura dos Descobrimentos Portugueses e seus protagonistas.

Licenciou-se em Filologia Românica, na Faculdade de Letras de Lisboa e fez-se Professora de Francês e Português por vocação, efectivando-se na Escola Secundária Passos Manuel, em Lisboa, onde fez o estágio e concretizou a maioria dos seus projectos de Teatro e de Escrita Criativa com os alunos. Publicou várias colectâneas de contos e peças de teatro com o Grupo de Trabalho do M.E. para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, a Câmara Municipal de Lisboa e o Instituto de Inovação Educacional. Dotada de uma invulgar capacidade de comunicação, é frequentemente solicitada para palestras e conversas com os leitores, em escolas e outros espaços culturais, sobre a época dos Descobrimentos, a Cultura e História Portuguesas, em particular, do século XV ao XVII, que estuda há quase três décadas.

Em Novembro de 2003, nos Estados Unidos da América, durante o sarau para atribuição de prémios do Concurso Literário Proverbo, de cujo júri fez parte, a escritora recebeu um louvor pela Câmara de Newark, em reconhecimento do seu contributo para a divulgação e promoção da língua e cultura portuguesas entre as comunidades de emigrantes da América, Canadá e Europa.

Publicou nove romances históricos e dois livros de contos, um dos quais traduzido e editado em Espanha, Itália e Brasil. O seu romance D. Sebastião e o Vidente, que a Porto Editora escolheu para se lançar na área da ficção, foi agraciado com o Prémio Máxima de Literatura 2007 - Prémio Especial do Júri.

Com quase duas dezenas de obras publicadas, O Espião de D. João II segue a recente edição de O Navegador da Passagem, romance histórico dedicado à grande figura dos Descobrimentos, Bartolomeu Dias.



O livro LUSITANOS no Tempo de Viriato é, nas palavras prefaciais de Guilherme d’Oliveira Martins, «uma obra extremamente útil e interessante…que propõe uma peregrinação no tempo, que nos leva às nossas raízes como povo anteriores ao Império Romano... uma análise informada, competente e acessível, sem tentação simplificadora, que responde a muitos dos enigmas que se nos põem quando falamos dos “nossos antepassados” lusitanos».

A obra acenta num dos temas mais falados da nossa história, mas normalmente apoiado por referências vagas e pouco rigorosas, recheadas de mitos e de preconceitos. Os portugueses, tendem a identificar-se com os antepassados lusitanos, a verdade é que essa memória é feita, mais de simbolismo e de uma aura mitológica e menos de sólidas referências históricas. Esse imaginário, invocado miticamente pelo épico, deve ser repensado e reflectido, com rigor histórico, nos dias de hoje, percebendo-se simultaneamente que também é a projecção e a vivência dos mitos e das lendas que caracteriza, em concreto, a existência das comunidades.

Neste livro o autor trata do fascinante mundo da Lusitânia pré-romana, utilizando como fontes os resultados da mais moderna investigação histórica e arqueológica, «O tempo da criação e manutenção dos mitos passou», sublinha. É a visão da Arqueologia como uma verdadeira ciência que conforme cria e ajuda a aparecer novas ideias, também desmaterializa as ideias feitas sem base científica.

Assim, a vida económica, a religião, as etnias e a língua, a componente bélica e o papel de Viriato na Resistência contra Roma são analisados com solidez científica mas transmitidos numa linguagem acessível ao público não especializado.

João L. Inês Vaz nasceu em 1951, no Soito, Sabugal. Doutorado em Pré-História e Arqueologia pela Universidade de Coimbra. Professor Associado da Universidade Católica Portuguesa, Pólo de Viseu. Lecciona actualmente "História da Arquitectura I e II", no Mestrado Integrado de Arquitectura. Coordenador do Mestrado em “Turismo e Património”, onde orientou os seminários de "Património Cultural Português", "Gestão do Património" e "Turismo, Cultura e Desenvolvimento". Investigador do CEAUCP – Centro de Estudos Arqueológicos das Universidades de Coimbra e Porto. Foi professor do ensino secundário onde exerceu vários cargos e na Universidade foi director dos estágios pedagógicos, Presidente da Comissão de Avaliação interna e Director dos programas FOCO e PRODEP.

Desempenhou vários lugares públicos Delegado Distrital da Direcção Geral da Educação de Adultos, Adjunto da Delegação da Direcção Geral do Pessoal do Ministério da Educação, Vereador da Câmara Municipal de Viseu, Vogal da Região de Turismo Dão-Lafões, Governador Civil do Distrito de Viseu.

Responsável pela realização de mais de uma dezena de congressos nacionais e internacionais, no âmbito da Arqueologia e História e pronunciou dezenas de conferências em vários pontos do país e estrangeiro.

Como arqueólogo, foi responsável por mais de vinte campanhas de escavação em castros e estações arqueológicas romanas na região de Viseu e Aveiro.



OS GRANDES TEMAS DA HISTÓRIA DE PORTUGAL DIVULGADOS ATRAVÉS DOS SEUS ENIGMAS

— Foi a partir de «Portugal» que se expandiu uma grande civilização megalítica?

— Os Lusitanos tinham um armamento superior ao dos romanos?

— A mãe de D. Afonso Henriques assinava com a rosa-cruz?

— Portugal foi um projecto templário patrocinado por Bernardo de Claraval?

— D. Afonso Henriques era filho de Egas Moniz e não do Conde D. Henrique?

— D. Afonso Henriques teria mais de dois metros de altura?

— Onde se realizou a Batalha de Ourique?

— O Papa português João XXI foi assassinado por ser herético e um curandeiro?

— D. Dinis enganou o Papa ao transformar os Templários na Ordem de Cristo?

— A rainha Santa Isabel criou uma religião heterodoxa?

— Inês de Castro: morta por amor ou por razão de Estado?

— Os segredos do Infante D. Henrique

— Infante D. Pedro, um homem muito avançado para a época

— Uma mulher foi governadora da Ordem de Cristo?

— D. João II enganou os reis espanhóis no Tratado de Tordesilhas?

— Cristóvão Colombo serviu uma estratégia genial de D. João II?

— D. João II foi assassinado?

— O segredo científico dos portugueses e o planisfério de Cantino...

«(…) um dos objectivos desta obra é dar a conhecer aos portugueses uma série de mistérios históricos para os quais não existe ainda uma solução incontestável. (…)

Em história dificilmente existe uma palavra final, por isso, o ‘dogma da infalibilidade’ daquele que fala como profeta de uma revelação inquestionável, é hoje pura ficção. E, como tal, tem de ser encarada. Todo aquele que ignorar esta realidade acaba sempre por contrariar a essência daquilo que deve ser um historiador: alguém que, humildemente, procura transmitir através dos seus trabalhos o resultado das suas pesquisas e a sua versão, o mais científica possível, da ‘verdade do real’, como dizia Goethe. Evidentemente que a honestidade intelectual e o rigor da apresentação dos factos é axiomática. Manter com clareza a linha que separa a narrativa factual da interpretação do historiador é a cortesia que revela a sua grandeza de alma.

Não estranhe o leitor que sobre o mesmo tema ou época alguns autores deste livro possam ter uma posição diferente, pois divulgar essa pluralidade de perspectivas assenta perfeitamente no âmbito deste projecto, para o qual convidámos investigadores de competência irrepreensível e que partilham uma característica comum: pensam por si próprios e inovam. Sim, embora esta seja uma obra de divulgação, como já o afirmámos, nela são apresentadas muitas teses inovadoras e descobertas inéditas, algumas delas em primeira mão, o que nos parece importante realçar.»

Miguel Sanches de Baêna e Paulo Alexandre Loução, In «Prólogo»


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