fanzine Tertuliando (On-line)

Este "blog" é a versão "on-line" da fanzine "Tertuliando", publicada pela Casa Comum das Tertúlias. Aqui serão publicados: artigos de opinião, as conclusões/reflexões das nossas actividades: tertúlias, exposições, concertos, declamação de poesia, comunidades de leitores, cursos livres, apresentação de livros, de revistas, de fanzines... Fundador e Director: Luís Norberto Lourenço. Local: Castelo Branco. Desde 5 de Outubro de 2005. ISSN: 1646-7922 (versão impressa)

sexta-feira, novembro 16, 2018

Nome de um aluno em poema ...



De que falamos quando falamos de igualdade ?


Era uma vez uma menina que não queria ser bailarina , não queria usar sapatilhas , mas usar um fato de macaco e uma chave de fendas . Desde pequenina , que a menina brincava com carrinhos, sonhava sentir o cheiro do óleo e ouvir a banda sonora de uma oficina de automóveis .
Por outro lado , havia um menino que não sabia línguas , tinha vindo do outro lado do oceano , tinha uma cor escuro , tinha outra religião , não acreditava num Deus único ,nem num ser castigador , mas sim na natureza . Custava-lhe crer que a cor , a língua e os recortes sociais fossem modelos da sociedade .
Por outro lado , também havia outro menino que tal como aquela menina não queria ser bailarina , aquele menino queria ser costureiro , lia revista de modas às escondidas ,ia às aulas de costura no lugar de aos treinos de futebol. Esse menino não gostava do seu nome de Pedrinho ,de menino da mata, mas sim de cozer roupas e de criar novos estilos, roupas e penteados num mundo multicor de felicidade .
Hoje todos eles fazem parte da sociedade, seja menina ou menino, ou o menino que quer ser menina ,ou o menino que já sabe falar outros idiomas, ser-se estilista ou mulher, todos eles tem uma forma diferente de serem iguais. Se Raymon Carver tivesse escrito o que era a igualdade certamente seria uma peça de teatro a partir destas três crianças. De que forma poderiam eles ter acesso à cultura , à saúde , Ou não será uma forma outra forma de fazer as leis ? Não poderemos nós ter apenas pedaços de leis escritos em papel que não correspondem à realidade?
Estas pequenas histórias que aqui contamos podem chegar até noutros cantos do mundo,através de outros meninos e meninas de outras épocas que não tinham direito à educação, à cultura, saúde , mas que no futuro escolheriam ser ignorantes , porque preferiam ser idênticos a embrulhos multicores , capas bonitas e reluzentes , atraentes , mas que no fundo não tinham absolutamente nada . Seria esta a escolha do saber?
Afinal quem é que pode afirmar o que sabe e o que não sabe? Serão estes meninos capazes de levar as suas histórias ao mundo? Como poderão eles participar no direito de cidadania, sendo eles capazes de mudar mentalidades, além desses decretos leis?
Afinal o decreto lei não muda as pessoas,mas sim pequenas histórias de vida , quer através de exemplos , nem que para isso tenhamos que ir ao passado , ao futuro ou mudar as histórias infantis a partir de pequenos exemplos de histórias de três crianças dos dias de hoje , que podiam também ser as de ontem , as que não tinham voz , nem esperança. Sendo estas mesmas crianças portuguesas, deverão elas escolher o bem e o mal ?
Sim , essas crianças já têm uma constituição, da República Portuguesa , uma espécie de árvore do conhecimento do bem e do mal guardado pelos senhores da lei na qual a balança e a justiça cega não olha quem poderá escolher quem poderá ser o réu . Todas essas crianças podem colher os frutos da melhor maneira, da forma como quiserem, pois é delas que o mundo espera uma decisão enquanto homens e mulheres do mundo e será sempre a partir delas que o mundo espera a mudança das leis e a forma como elas escolhem as árvores do bem e do mal.
Só assim poderemos falar em igualdade e elas poderão plantar novas árvores, as árvores da igualdade