fanzine Tertuliando (On-line)

Este "blog" é a versão "on-line" da fanzine "Tertuliando", publicada pela Casa Comum das Tertúlias. Aqui serão publicados: artigos de opinião, as conclusões/reflexões das nossas actividades: tertúlias, exposições, concertos, declamação de poesia, comunidades de leitores, cursos livres, apresentação de livros, de revistas, de fanzines... Fundador e Director: Luís Norberto Lourenço. Local: Castelo Branco. Desde 5 de Outubro de 2005. ISSN: 1646-7922 (versão impressa)

segunda-feira, novembro 27, 2006

Luto tertuliano

Faleceu, em Portalegre, no passado dia 21 de Novembro de 2006, Maria Adelaide Ceboleiro.
Maria Adelaide Ceboleiro era livreira na Livraia 8.6, em Portalegre, livraria que acolheu várias iniciativas do "Espaço Tertúlia", projecto tertuliano criado por Carlos Casaquinha e Luís Norberto Lourenço, logo acarinhado pela Dr.ª Maria Celeste Ceboleiro, irmã de Adelaide e também proprietária da livraria.
Parte um tertuliana, parte uma amiga com quem conversamos muito prazenteiramente em muitos fins de tarde naquela livraria portalegrense.
Adelaide era a nossa anfitriã, testemunhou o grande êxito duma primeira tertúlia, sobre a questão das farmácias e da lei sobre as farmácias sociais, que então se debatia, a uma semana das eleições legislativas de 2002. Participaram: 27 tertulianos (!!). Tivemos de ir buscar reforços (cadeiras, claro).
A tertúlia era mensal, em regra às quartas-feiras.
Não nos apraz falar muito sobre a morte, nem efabular sobre o sentido da vida, apenas quisemos deixar aqui uma nota para a memória tertuliana, testemunhando a gratidão de ter partilhado algumas horas com a Adelaide, companheira de jornada tertuliana.

quinta-feira, novembro 23, 2006

"A Formação da Sociedade Liberal": livro de Benedicta Duque Vieira apresentado em Castelo Branco

Legenda (fotografia da autoria de Paula Pina; foto parcial da tertúlia, na 1ª fila a Dra. Cristina Granada, Vereadora da Câmara Municipal de Castelo Branco e a Dra. Aida Rechena, Directora do Museu de Francsco de Tavares Proença Jr.)

Memória tertuliana

Mais em:
http://fanzinetertuliando.blogspot.com/2006/11/tertlia-apresentao-do-livro-formao-da.html


Decorreu no dia 18 de Novembro de 2006, das 16h às 19h a tertúlia: Apresentação do livro “A Formação da Sociedade Liberal” da autoria da Dra. Benedicta Maria Duque Vieira, uma edição CEHCP do ISCTE, apresentado por: Profa. Doutora Miriam Halpern Pereira, Profa. Doutora Luísa Tiago de Oliveira, com leituras da Dra. Cecília Vaz e moderada por pelo organizador do evento Dr. Luís Norberto Lourenço, no Cybercentro de Castelo Branco, uma iniciativa da Casa Comum das Tertúlias, com o apoio do Centro de Estudos de História Contemporânea Portuguesa (CEHCP) do ICSTE.

Entre os 33 (trinta e três) tertulianos presentes, alguns habituais: Dr. Lopes Marcelo, Dra. Maria João Capelo, Dr. Celeste Capelo, Dr. António Raposo, Dr. Carlos Semedo, Dra. Maria da Luz, Dr. João Ribeiro, Dr. Florentino Beirão, José Ribeiro… com a participação ainda: da Dra. Aida Rechena, Directora do Museu de Francisco de Tavares Proença Júnior, da Dra. Elisa Pinheiro, Directora do Museu dos Lanifícios da UBI, da Dra. Cristina Granada, Vereadora da Câmara Municipal de Castelo Branco, da Dr. Deolinda Bastos, Vice-presidente da Sociedade de Amigos do Museu de Francisco de Tavares Proença Júnior, do Eng.º Lopes Dias, Curador do Pólo do Museu Cargaleiro de Castelo Branco, do Dr. Próspero dos Santos, do Dr. Francisco Goulão, do Dr. Artur David, da Dra. Catarina David, da Dra. Maria Adelaide Salvado… (brevemente aserão divulgadas as fotografias da iniciativa).

Segundo a prática tertuliana abriu a tertúlia com a intervenção do organizador e moderador, contextualizando a iniciativa e apresentando os convidados, fazendo os justos agradecimentos a quem cedeu o espaço para a iniciativa, o Cybercentro de Castelo Branco, a quem a apoiou a iniciativa, o CEHCP, à autora e às apresentadoras.

Palavra tomada seguidamente por Luísa Tiago de Oliveira, apresentado o CEHCP e a autora, a que se seguiu Miriam Halpern Pereira abordando a obra apresentada e depois a autora falou da sua obra, acompanhando a exposição do tema com uma apresentação em PowerPoint com 10 imagens, finalizando a primeira parte da tertúlia com uma bela leitura de alguns textos por Cecília Vaz, após a qual se seguiu a tertúlia propriamente dita, com várias perguntas à autora e várias opiniões formuladas.

Este estudo publicado em livro, nas palavras da autora “nasceu da colaboração pedida para integrar a equipa de autores de um volume da Nova História de Portugal, com um capítulo sobre classes sociais em Portugal na 1ª metade do século XIX, coordenado por A. H. de Oliveira Marques e dedicado à instauração do Liberalismo”.

Os limites cronológicos adoptados: 1815 (Congresso de Viena) e 1851 (Início da “Regeneração” em Portugal).

Tópicos do livro: a configuração da sociedade; a estrutura da sociedade: classes e grupos sociais e as características dos grupos sociais (clero; nobreza; a sociedade nos campos; negociantes, retalhistas e vendedores ambulantes; artesãos, industriais e operários; magistrados e juristas; militares).

O número de participantes que significa o 3º mais elevado de todas as iniciativas por nós organizadas em Castelo Branco, sendo a 7ª mais participada das mais de 130 iniciativas levadas a cabo em 9 localidades desde que erguemos este projecto cívico.

Quando chamámos a este projecto Casa Comum das Tertúlias, não o fazíamos por propaganda, era um projecto já em marcha, testemunham-no os nossos tertulianos: novos e velhos, homens e mulheres, portugueses, espanhóis, franceses, brasileiros, angolanos, cabo-verdianos, ucranianos e russos, juízes e advogados, alunos e formadores, educadores de infância e professores, de 1º ciclo ao politécnico e à universidade, autarcas e governantes, jornalistas, padres, arquitectos e engenheiros, economistas, contabilistas, sociólogos, historiadores, arqueólogos, astrónomos, médicos, dentistas e enfermeiros, farmacêuticos, técnicos de óptica, domésticas, psicólogos e psiquiatras, comerciantes, empresários e agricultores (biológicos incluídos), agrónomos, técnicos de emprego, ambientalistas, sindicalistas, bibliotecários e arquivistas, conservadores e curadores de museus, escritores, poetas, pintores, ilustradores, escultores, ceramistas, músicos e compositores, actores e actrizes, activos, desempregados e reformados, militantes partidários e apartidários, políticos e apolíticos, monárquicos e republicanos, nacionalistas, regionalistas, iberistas, laicistas, ateus e religiosos, anarquistas, bloquistas, comunistas, socialistas, sociais-democratas, ecologistas, populares…

O que os move? A democracia em exercício: o convívio cívico, a reflexão partilhada, o debate sério, a sã discussão, o DIÁLOGO (tão perseguido). Em suma, ouvir e ser ouvido, sem censura.

A Casa Comum das Tertúlias, fundada a 5 de Outubro de 2001, em Castelo Branco, é um espaço democrático, plural, de cidadania, de reflexão e intervenção: cultural, social e política, dando primazia à divulgação, promoção e dinamização da Cultura e à criação cultural e pugnando por uma Cidadania plena, por uma Democracia não meramente formal e pelo desenvolvimento do Interior, sobretudo da nossa Beira Baixa.

Saudações tertulianas,

Luís Norberto Lourenço

(Fundador e organizador da CCT)

Organização: Casa Comum das Tertúlias / Luís Norberto Lourenço

Tlm. 966417233

E-mail: luis.lourenco@portugalmail.pt

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Mais em: http://castelobrancoagendacultural.blog.pt

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Sítio: http://www.cehcp.org

Tertúlia: Apresentação do livro "Formação da Sociedade Liberal" (foto)


Vista parcial da mesa durante a tertúlia:
da esq. para a dir. : Luísa Tiago de Oliveira (apresentadora), Benedicta Maria Duque Vieira (autora), Luís Norberto Lourenço (organizador e moderador), Miriam Halpern Pereira (apresentadora) e ainda na mesa estava Cecília Vaz (apresentadora) que não surge nesta foto.
Fotografia da autoria de Paula Pina.
Ver apanhado sobre a iniciativa aqui:

quarta-feira, novembro 15, 2006

A oferta cultural da CCT no seu melhor (notícia)


Notícia publicada no jornal "Reconquista", de 09/11/2006, sobre a tertúlia que a Casa Comum das Tertúlias proporciona no próximo dia 18 de Novembro de 2006, pelas 16h, em Castelo Branco.
Saiba mais, em:
http://castelobrancoagendacultural.blog.pt/Eventos/

terça-feira, novembro 07, 2006

O WESTERN DA MINHA ADOLESCÊNCIA*

Na minha terra era assim. Lá no meio do mato, no dia em que havia cinema jantava-se mais depressa, enfiava-se a roupa de quase ver a Deus, e numa corrida, postávamo-nos no barracão em que assistiríamos à ansiada projecção, em meio de incontornáveis procelas. O senhor encarregado da magia subia as escadas enquanto nós nos acomodávamos nos bancos mais do que menos duros.
No túnel de luz que nos vinha por trás da cabeça, e bem lá em cima, o volteio dos morcegos regia a sinfonia dos ais das mães. Começava o acenar de lenços, vindos de casa já preparados para o percalço, tipo partida de barco transoceânico. Não contando com a coruja cinéfila que se misturava com a restante plebe e que, no intervalo, nos olhava do seu ponto de mira, na borda do fosso de orquestra.
E tinha início a aventura. Por vezes apenas um dos melhores filmes indianos que pululavam pela colónia; elanguescentes mulheres enroscavam-se em colunas enquanto lhes saía pelos lábios um lânguido e crescente cântico. Do cântico sabíamos pouco para além da melopeia. Ficávamos pendurados nas legendas, à procura de sinais inteligíveis por entre chuvas de riscos e manchas negras. Quando não em movimento uniformemente acelerado.
Outros dias, porém, a sessão era a sério. O filme, recomendado, trazia uma enchente ao barracão. E lá estávamos, ávidos de acção ou intriga.
Aquietados, todos, morcegos, coruja e gente, bebíamos o mais empolgante enredo.
Subitamente nada daquilo fazia sentido!
Ao fim de meia hora de perplexidade, alguém mais afoito perguntava: que bobine é essa?
Desvendava-se o mistério! O senhor projectista começara a sessão pela terceira bobine, já com várias interrupções, pois que entretanto o filme partira, ou a luz fundira. Da primeira passava-se à segunda, e depois víamos a quarta. Não havia mais noite que chegasse para tanta desordem. Já se aproximava a hora do sono da coruja.
Eu estava na adolescência.
Mil águas correram sob todas as pontes Mirabeau dos meus países.
Hoje, volto a jantar mais depressa, enfio a roupa de ver um deus menor e na mesma corrida, posto-me à entrada de obra maior do engenho humano, para ver o western da minha adolescência.
Nem morcegos, nem coruja, nem lenços, nem ais de mães! Só noite à minha frente, e o western da minha adolescência!
Encontro amigos outros e o mesmo desejo de ver um filme.
Subitamente, abre-se lenta e tímida, a porta da obra maior do engenho humano!
Aproximo-me do western da minha adolescência!
E…num murmúrio, alguém, pé ante pé, palavra a palavra, invoca o meu perdão.
Não há projecção do western da minha adolescência!
O senhor das chaves da sala não veio.
Estava anulada a sessão!!!
Volto-me para trás. Encontro a noite! Com todo o tempo para a coruja!

Maria Celeste Ceboleiro

(Nota:
escrito no regresso da não projecção de "Rio Bravo" - Outubro 2006, em Portalegre)
*Publicado no jornal "Alto Alentejo" em 1/11/2006, foi-nos enviado pela autora, médica, proprietária da Livraria 8.6 (Portalegre) e "nossa" tertuliana.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Casa Comum das Tertúlias debate o Laicismo em Seia