fanzine Tertuliando (On-line)

Este "blog" é a versão "on-line" da fanzine "Tertuliando", publicada pela Casa Comum das Tertúlias. Aqui serão publicados: artigos de opinião, as conclusões/reflexões das nossas actividades: tertúlias, exposições, concertos, declamação de poesia, comunidades de leitores, cursos livres, apresentação de livros, de revistas, de fanzines... Fundador e Director: Luís Norberto Lourenço. Local: Castelo Branco. Desde 5 de Outubro de 2005. ISSN: 1646-7922 (versão impressa)

sábado, abril 25, 2009

25 de Abril de 2009, comemorações da Revolução dos Cravos, em Lisboa



"25 de Abril pela metade..."
"não há grandes motivos para comemorações..."
... o desemprego aumenta e a crise não dá sinais de passar, o contexto internacional não é melhor.
E no entanto, a festa continua, pá.
Lisboa, 25 de Abril de 2009, Rossio. A o povo saiu à rua! Agora e sempre.
25 de Abril, sempre!
Fascismo, nunca mais!

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quinta-feira, abril 23, 2009

Comemorações em Castelo Branco do 25 de Abril de 1974

Algumas eventos assinalam em 2009, em Castelo Branco, a celebração da Revolução dos Cravos:

Assembleia Municipal de Castelo Branco
Acontece a habitual sessão comemorativa.

Centro Artístico de Castelo Branco
http://centroartisticoalbicastrense.blogspot.com/2009/04/caa-comemora-o-25-de-abril.html

Liceu de Castelo Branco/Escola Secundária Nuno Álvares
http://castelobranco74.blogspot.com/2009_04_01_archive.html

Juventude Socialista
http://www.urbi.ubi.pt/_urbi/ultima.php?codigo=5898

Instituto Português da Juventude/Castelo Branco (Loja Ponto Já)
http://www.radiocondestavel.pt/site/index.php?option=com_content&task=view&id=1466&Itemid=31

Não será tudo o que acontece, apenas o que tivemos conhecimento.
Quem tiver mais informações pode enviar que teremos todo o prazer em divulgar.

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domingo, abril 19, 2009

Apresentação de Odes de António Salvado em Castelo Branco

 



Alfredo PérezAlencart, Cristina Granada, António Salvado e Paulo Samuel.



António Salvado, Paulo Samuel e Maria de Lurdes Barata.



Alfredo PérezAlencart, Cristina Granada, António Salvado e Paulo Samuel.



Alfredo PérezAlencart, Joaquim Morão, António Salvado e Paulo Samuel.



Alfredo PérezAlencart, Joaquim Morão, António Salvado e Paulo Samuel.

A reportagem fotográfica da apresentação do livro "Odes" do poeta António Salvado, em Castelo Branco, na Biblioteca Municipal Dr. Jaime Lopes Dias (BMCB), no passado dia 17 de Abril de 2009, pelas 21h 30m, no auditório da biblioteca. "Odes" é uma bela publicação de poesia, ilustrada por Costa Camelo, com prefácio de Paulo Samuel, "Edições Caixotim" (2009), patrocinada pela Câmara Municipal de Castelo Branco.
A apresentação esteve a cargo de Alfredo Pérez Alencart, com leituras de Maria de Lurdes Barata.
Cerca de seis dezenas de cidadãos assistiram à apresentação da obra.

Nessa noite a CCT juntou-se à iniciativa com o lançamento dum novo projecto editorial:
http://casacomumdastertulias.blogspot.com/2009/04/papeis-da-sexta-o-novo-projecto.html#links

Duas breves notas:
1) O apoio inequívoco, dado pelo nosso teruliano, o Sr. Joaquim Morão, Presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco, sublinhando a importância da revista "Estudos de Castelo Branco",de que é Director António Salvado.
2) A falta de divulgação desta iniciativa, anunciada por nós aqui a 7 de Abril de 2009 (e a 14 de Abril, aqui), o que nos leva a colocar várias questões e que vão de encontro a algumas das nossa preocupações:
Quais são os critérios jornalísticos?
(Povo da Beira, Reconquista, Gazeta do Interior e Jornal do Fundão: NADA)
saiu no "Diário XXI" (... do Fundão) e no diários "As Beiras" (... de Coimbra!)

Mais exemplo do jornalismo "de gabinete"?
 
Reflexo da tal relação umbilical com o poder? 
(a organização foi da autarquia, o livro por ela patrocinado...
não quiseram promover a iniciativa!?)

Mais um exemplo da grande preocupação que a BMCB coloca nas iniciativas que acolhe ou promove: nem folhetos, cartazes, nem funcionários (só o bibliotecário)...
 No site da autarquia, nem uma referência à apresentação da obra!

Que politica municipal para a promoção do livro?
Existe?

Uma livraria municipal, com uma programação criteriosa, com outro posicionamento ao nível da política cultural, é necessária

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quarta-feira, abril 08, 2009

Alfredo Pérez Alencart apresenta Odes de António Salvado



A entrevista concedida por Alfredo Pérez Alencart





O convite.

O poeta hispano-peruano Prof. Dr. Alfredo Pérez Alencart (APA), fala de "Odes" do poeta português António Forte Salvado, Edições Caixotim, com prefácio de Paulo Samuel e pinturas de Costa Camelo, livro que será apresentado dia 17 de Abril de 2009, pelas 21h 30m, na Biblioteca Municipal Dr. Jaime Lopes Dias de Castelo Branco, numa iniciativa da Câmara Municipal de Castelo Branco.
O vídeo é um exclusivo tertuliano, ou seja, da Casa Comum das Tertúlias (CCT). Gratos a APA pela gentileza de nos ter concedido esta brevíssima entrevista.
Vídeo da autoria de Luís Norberto Lourenço.

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'Cristo del alma', úlltimo livro de Alfredo Pérez Alencart


A entrevista que o autor nos concedeu na manhã de ontem.



'Cristo del alma', un singular homenaje poético de Alfredo Pérez Alencart.

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quinta-feira, abril 02, 2009

Textos e Fronteiras:II Colóquio Internacional

Nos próximos dias 13 e 14 de Abril haverá uma luz sobre as relações luso-brasileiras. Para todos aqueles que detestem o Brasil até podem vir a conhecer a canela da Gabriela de outros tempos, ou aquele ar adocicado , só que em duzentos anos muita coisa mudou. A História não se faz só com política, mas também com livros e com períodos em que homens e mulheresdecidam mudar de área. Quem sabe que não está aqui um momento para refelctirem também sobre o acordo ortográfico. Bem haja à Professora Vânia Chaves e ao seu grupo que decidiram em boa hora. A todos desejamos o sucesso. Quem sabe se não será um bom programa? Até breve... Segue então o programa do Colóquio!

Textos e Fronteiras

II Colóquio Internacional
Relações Literárias Luso-Brasileiras

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

13 e 14 de Abril de 2009

Programa

Segunda-feira, 13 de Abril

FLUL, Anfiteatro 3
9.00-10.30 – Sessão de abertura;conferência
Antonio Dimas (Universidade de São Paulo)
Gilberto Freyre pelas Áfricas durante o salazarismo

FLUL, Sala 5.2
11.00-12.40 – Mesa 1: CLEPUL (programa CAPES/GRICES)
Coordenação: Vania Chaves (Universidade de Lisboa)
Maria Eunice Moreira (Pontifícia Universidade Católica-RS)
Fontes primárias (e primeiras) para estudo do Romantismo brasileiro
Maria Aparecida Ribeiro (Universidade de Coimbra)
Os panoramas brasileiros da revista Panorama
Ernesto Rodrigues (Universidade de Lisboa)
Passatempos de papel
Teresa Martins Marques (Universidade de Lisboa)
Flores de mel e de fel: para uma galeria de personagens brasileiras na ficção portuguesa

FLUL, Sala 5.2
14.10-15.50 – Mesa 2: CLEPUL
Coordenação: Maria Aparecida Ribeiro
Francisco Topa (Universidade do Porto)
Nas origens da literatura brasileira: um poeta luso-brasileiro desconhecido
Enrique Rodrigues-Moura (Universidade de Innsbruck)
Engenho poético para cantar um artifício engenhoso. O astrolábio de Valetim Estancel nos versos de Gregório de Matos e Botelho de Oliveira
Alexandra Mariano (Universidade do Algarve)
Da mandioca ao açúcar: as Geórgicas no Novo Mundo
Daniel Pires (Centro de Estudos Bocageanos)
Os amigos brasileiros de Bocage

16.05-17.25 – Mesa 3: Comunicações Livres
Coordenação: Beatriz Weigert
Álvaro Simões Jr. (Universidade Estadual Paulista-Assis)
Medeiros e Albuquerque: um crítico impiedoso do simbolismo
Márcia Almada (Universidade Federal de Minas Gerais)
Caligrafia artística no século XVIII: Brasil e Portugal enlaçados nas letras de Manoel de Andrade de Figueiredo
Alexandra Pinho (Universidade de Lisboa)
Errância, exílio e movimento em Terra Estrangeira, de Walter Salles e Daniela Thomas

Chancelaria da Embaixada do Brasil (Estrada das Laranjeiras 144)
18.00 – Lançamentos e concerto
Revista Navegações 2 (PUCRS/CLEPUL)
Cd Os panoramas brasileiros d´ O Panorama, Maria Aparecida Ribeiro (CLEPUL2)
Brasil e Portugal: Imagens Recíprocas. Música luso-brasileira por Luiza Sawaya (soprano), Ana Jacobetty (piano) e Nuno Ivo Cruz (flauta)

Terça-feira, 14 de Abril

FLUL, Sala 5.2
9.00-11.20 – Mesa 4: CLEPUL (programa CAPES/GRICES) – investigação em curso no Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro (1851-1932)
Coordenação: Maria Eunice Moreira
Vania Chaves e Maria Manuel Rodrigues (Universidade de Lisboa)
As Senhoras do Almanaque: visão de conjunto
Beatriz Weigert (Universidade de Évora)
O ALLB e o Partenon Literário: Damasceno Vieira
Laura Areias (CLEPUL)
Nobreza de nascimento e de carácter: alguns perfis femininos no ALLB
Maria Manuela Lourenço (CLEPUL)
Poesia feminina do século XIX no ALLB
Ana Patrícia Santos (Universidade de Lisboa)
A mulher africana no ALLB
José Manuel Viegas Dias (CLEPUL)
A casa da Joaninha dos Rouxinóis recriada no ALLB por Rebelo da Silva

11.35-12.55 – Mesa 5: CLEPUL
Coordenação: Enrique Rodrigues-Moura
Cláudia Poncioni (Universidade de Paris Oeste – Nanterre la Défense)
Muito d´alma: a amizade literária entre João de Barros e João do Rio
Margarida Gouveia (Universidade dos Açores)
José Lins do Rego: os rasgos críticos em crônicas e ensaios sobre Portugal
Vanda Anastácio (Universidade de Lisboa)
A Marquesa de Alorna e Hipólito da Costa

FLUL, Sala 5.2
14.30-16.10 – Mesa 6: Comunicações livres
Coordenação: Ernesto Rodrigues
Maria do Carmo Campos (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Leituras da poesia brasileira pela crítica portuguesa
Lina Tâmega Peixoto (Universidade de Brasília)
A linguagem literária do Brasil e de Portugal: diálogo e inter-relações
Manuel Ferro (Universidade de Coimbra)
Os destinos da Nova Lusitânia e a metaficção historiográfica
Lívia Coelho Paes Barreto (Universidade de Lisboa)
Oswald de Andrade: Antropofagia e tradição portuguesa

16.25-17.45 – Mesa 7: CLEPUL
Coordenação: Teresa Martins Marques
Petar Petrov (Universidade do Algarve)
Tópicos temáticos nos contos de José Cardoso Pires e Rubem Fonseca
Nathália Macedo (Universidade de Lisboa)
Um governador português na Colônia brasileira recriado por Ana Miranda
João Marques Lopes (Universidade de Lisboa)
A leitura de Grande Sertão Veredas por Mário Dionísio, no contexto da candidatura de Guimarães Rosa ao Prémio Internacional de Literatura (1963)

FLUL, Sala 2.13
18.30-19.30 – Conferência de encerramento
Carlos Reis (Universidade Aberta)
A Ortografia também é gente. Falar como os brasileiros ou com os brasileiros ?

***
Realização:
CLEPUL (Área 2); Instituto de Cultura Brasileira e Mestrado em Estudos Brasileiros e Africanos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Comissão Organizadora:
Ernesto Rodrigues (Presidente), Enrique Rodrigues-Moura (Secretário), Vania Pinheiro Chaves e Ana Patrícia Santos

Patrocínio:
FCT, Presidências dos Conselhos Directivo e Científico da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Embaixada do Brasil em Portugal, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

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Imaginem que

Faz este mês cerca de trinta e poucos anos da dita revolução em Portugal.Os meus pais como é obvio ficaram sem nada, eu que na altura aderira à causa comunista entreguei-lhes tudo! Segundo o partido a família não existia. Eu mais do que nunca queria fazer parte desse período histórico. Estudara fora e emocionara-me com a revolução dos Cravos. Tudo aquilo parecia um conto de fadas tornado realidade. Afinal, tudo era uma ilusão. Pura ilusão! Passado pouco tempo descobrira a dura realidade desta nova era. As coisas que eu lera, acreditara e chegara a Portugal para fazer uma revolução digna que entregasse a terra aos trabalhadores. Falso, espero que a pessoa que leia este documento passe a todas as outras pessoas para que possam revelar ao mundo o que é na realidade o comunismo português. Álvaro Cunhal está num pedestal, digno herói das nossas memórias. Embelezada a história da sua chegada a Portugal, um grupo de pessoas entregam todos os anos um ramo de cravos à estátua no dia dos anos do líder português. 1 de Maio, dia que eu recordo a dita manifestação como um acontecimento nunca visto em Portugal. Mas essa revolução tornou-se numa espécie de monstro, uma prostituta, de que a Bíblia fala... A Prostuição! Perdoe-me aqueles que lerem este documento a que eu irei entregar para espólio a uma jovem investigadora estrangeira , americana que vem a interessar-se pela pintura e política desse mesmo período.
Posso dizer-vos que aqui está posto em causa aquele mundo justo porque todos nós lutamos, tornou-se decadente e degradante... como desde sempre prostitui-se. Éste documento é um dialógo imaginário e éisso mesmo... uma espécie de tudo isso. Das minhas reflexões como político e das minhas memórias. Só espero que este pequeno documento chegue a boas mãos.

Capítulo Primeiro

Abril 2008

Havia uma dita rua de Lisboa com o nome de um jovem pintor que decidira contar a história recente do seu país em aguarelas. Raul queria contar a história recente do seu país em aguarelas. O jovem pintor mostrava uma outra faceta da revolução dos cravos, como a verdadeira revolução bolchevique em Portugal. A história que era contada nesses quadros eram vistos na altura com olhos inocentes de quem acredita num duende. Mas todas as novas obras do jovem pintor fariam reacender os aspectos demoníacos escondidos desses duendes que eram capazes de serem sanguínários .Raul criou uma história inovadora criando uma nova versão dessa mesma revolução. Ao abordar a história da revolução em que o cravo era alimentado por monstros cegos que como toupeiras se recusavam a ver a verdaeira luz. Talvez isso fosse uma nova reinterpretação da alegoria da Caverna de Platão. O pintor mostrou toda a sua obra aquilo que iria desenvolver. Mas esses quadros jamais iriam ver a luz do dia nem ele iria despertar no dia seguinte. O jovem Raul desapreceu após a famosa exposição dizia-se depois que ele nadou na praia de Carcavelos em busca de inspiração sob a égide do partido. Até mesmo os seus quadros. Volvidos tantos anos uma jovem historiadora de arte vinha estudar a coleção particular do museu. O título da tese era bem sugestivo – Raul Dinis – O cravo mosntruoso definição de uma revolução. Essa jovem vinha de muito longe para poder estudar a vida, obter informações em jornais da época através da recolha de textos em textos digitalizados nesse mesmo museu. Quando Ariana optara por estudar esse pintor pois vinha-lhe a ideia da revolução dos cravos de uma história quase mágica que lhe era abordada pelos seus pais que fugiram de portugal nesse período. Ariana nascera em Portugal mas tornara-se americana por vias das circunstâncias. Desde o princípio que a jovem historiadora sentira várias dificuldades, desde o contacto com a família do jovem pintor , no próprio museu onde haviam alguns quadros de Raul do período da clandestinidade. Ariana não conseguia encontrar ninguém diponível, ou pelo menos era aquilo que lhe parecia apenas havia uma pequena biografia no museu da rua que tinha o nome de Raul Dinis o pintor que desaparecera pouco tempo depois da sua vernisage. O jovem Jeremias era o nome do pintor durante a sua clandestinidade até 25 deAbril. Para finalizar o folheto dizia que Raul Dinis morrera após um momento de inspiração e ali estavam os momentos da sua carreira . O cravo era o símbolo da sua obra prima. As crianças e os cravos. Peter Pan vestido com farda militar. Já anunciava algo de estranho naquele país. A jovem Ariana perguntara na reunião com o conservador daquele museu se poderia consultar os ficheiros ou obras que estivessem em reserva.
- Não se meta nisso, menina – disse-lhe o conservador do museu. Se quiser falar comigo à vontade. Encontre-se comigo no Planalto à meia noite. Aí ninguém saberá o que estamos afalar. Aconselho-a a mascarar-se de forma provocante.
Ansiosa pela meia noite a jovem historiadora procurou informações sobre aquele estabelecimento onde as informações de que necessitava não seriam certamente as melhores, ali a música e amarginalidade andavam de mãos dadas. Para uma historiadora de arte a vida e aobra de Raul Dinis não era só apenas o cantar de um galo numa manhã revolucionária, era descortinar toda a acção que se dera até ao dia em que o jovem fora assassinado pelas leis do alto comando do partido. Ariana mascarava-se de uma menina mal comportada trazia uma cabeleira azul, vestia uma saia muito justa e pintava olhos como a rainha egípcia que se suicidara. Cleópatra.
- Como se chama? –perguntou-lhe porteiro.
-Cleópatra. Sou cantora de jazz-respondeu-lhe Ariana. O porteiro sorriu.
- Cléopatra. Pode ter todos os nomes menos esse. Havia na altura da revolução uma cantora de jazz com esse nome. Ela namorou com Raul e pouco tempo depois ela faleceu . Ariana descobriria quem era afinal a jovem que havia sido transformada pela revolução, Ariana viria a conhecer Cléopatra pouco tempo antes da tragédia que se abateu sobre aquele bar, conheceria a antiga cantora agora com um outro nome mas com referências bíblicas a que Jezebel. Tal como a princesa fenícia que institituiu o culto de baal , esta antiga cantora queria trazer de volta o alento e a alegria que fora dado nos primeiros dias da dita revolução de Abril. Tudo aquilo que vivera não lhe parecia a maior das vitórias. Jezzebel era uma menina de família na época do Estado Novo, tinha o nome clandestino de Madalena. Fora estudar para fora e aí sentira as alegrias de uma enorme mudança, mas essa mudança trazia uma nebulina enorme .As suas ideias demasiado avançadas para a época não coincidiam com as de um país que traziam duas ditaduras (direita e de esquerda ) .Jezebel, Madalena ou simplesmente Cléopatra davam uma remessa de cartas à jovem historiadora para ela trabalhar para a elaboração da sua tese. Essas cartas estiveram desde sempre na sua posse e a maior parte escondidas em casa do seu maior amigo que infância Rodrigo Santana.

- Aqui tem o seu objecto de estudo, preserve-as. Decida o que fazer com elas, mas por favor, fuja daqui. Não queira saber o que lhe poderá acontecer se permanecerá aqui.

Ariana descobria que o seu trabalho se tornava verdadeiramente pavoroso, porque nesse instante uma bomba surgida sabe-se lá de onde rebentava dentro do bar “Planalto “. O estudo e a obra de Raul Dinis acabava ali naquele momento e as principais pessoas ligadas a este pintor continuavam desaparecidas. Viva a Revolução! Contribui pela Internacional! Junta-te a nós! Vem caçar o verdadeiro inimigo do espírito internacional!
Conclusões

Juro-vos que isto não acontece muitas vezes, porque eu nem gosto de me repetir. Gosto de fazer e partir para temas novos, diferentes daqueles que costumo habitualmente escrever, mas esta é uma semana diferente. Hoje proponho-vos uma viagem diferente, decidi escrever um pequeno cointo comemorativo denominado “Imaginem que“, há cerca de dois meses enamorado pela digitalização de dois jornais desse período mágico “A revolução“ da qual a directora era Isabel de Castro, actualmente nutricionista, na altura envolvida com este processo revolucionário. Um jornal onde a revolução do 25 de Abril estava bem presente e isso verifica-se no jornal que seguidamente digitalizei “Página 1“ ou ainda as minhas leituras sobre as diversas teses que se debruçam sobre este período da Reforma agrária, os vários colóquios que foram feitos através do Instituto de História Contemporânea e de Estudos de Etnologia Portuguesa da Universidade Nova de Lisboa, ou ainda outros temas tais como o livro de Zita Seabra “Foi assim“. E será assim manifestado o meu interesse pela obra recente.

Setúbal , 2 de Abril de 2009