fanzine Tertuliando (On-line)

Este "blog" é a versão "on-line" da fanzine "Tertuliando", publicada pela Casa Comum das Tertúlias. Aqui serão publicados: artigos de opinião, as conclusões/reflexões das nossas actividades: tertúlias, exposições, concertos, declamação de poesia, comunidades de leitores, cursos livres, apresentação de livros, de revistas, de fanzines... Fundador e Director: Luís Norberto Lourenço. Local: Castelo Branco. Desde 5 de Outubro de 2005. ISSN: 1646-7922 (versão impressa)

sexta-feira, dezembro 05, 2014

Capítulo terceiro Fotossíntese


-     A governanta  é uma das personagens  típicas  dos romances policiais .Esta será  a primeira ... aquela a que ninguém conhecerá  a sua verdadeira identidade- disse Caetana .


Caetana era uma jovem jornalista de profissão,  mas  historiadora de coração, amava  a história mas sabia  que não podia fazer nada. Num país onde as pessoas não se  interessam pela cultura os seus olhos vivos passeavam a  vista crítica pelo olhar ácido do humor , sentido que havia cultivado desde a infância  quando era deixada de lado por parte dos colegas . Caetana tinha as feições de uma princesinha  que eram lidos nos saraus  medievais, de tez loira como era agraciada e de uns olhos verdes cor de esmeralda , sabia distinguir o bom do mau , do péssimo . Aprendera a ler nos romances policiais os truques dos pormenores . Caetana era um nome de família , nada mais . Desde cedo começara a trabalhar numa  agência de jornalismo onde nem sempre era bem reconhecida . Viajava bastante  e fazia-o no trabalho , caso contrário os ventos  que corriam não lhe davam outro labor . O seu pai  quando falecera  jamais soubera o quanto ganhava . Era filha de diplomata . Vivera na África  do Sul . Preferencialmente  a Nato. Numa família onde a diplomacia era redigida pelo manejar das ideias . Caetana rebentava as acções sociais . Vestia-se com a discrição de uma aristocrata . Conhecia as élites e os sábios e movia-se num universo que muitos não alcançavam . Por isso num sonho conheceu Agatha Cristhie . Entrevistara-a . Ali bebericaram chá de menta e a escritora falou-lhe que jamais escrevera um único romance mas se desse tudo certo estaria de regresso à  vida para escrever e escolheria uma personagem para escrever o seu romance . Bem certo como dois e dois serem quatro . Short-stories estariam na ordem do dia ? –perguntou a jovem jornalista enquanto bebia o chá de menta . Tinha em mente escrever algo sobre a rebeldia juvenil .Latas e doninhas fedorentas ? Seria  o título  dessa história ? Seria um período em que Miss Marple ainda  era uma menina , governanta numa casa de família apaixonada  pelo filho do patrão  ela planeava um estratagema. Não , nada disso , nada de velhas personagens a essas queria vê-las de longe . Não sabia porque lhe surgia à sua frente em sonhos ou em conversas um historiador com vontades de actuar  num circo mágico de Canadá . Mas todas essas histórias acabam todas por ir à gaveta . Dei-lhe vários finais . Um crime , uma corda  ou algo venenoso  no meio de uma embalagem .Grandes pedregulhos são empurrados para atirarem  a alguém . Não tudo isto são suposições , perdem-se os leitores e eu não quero voltar à velha história  de mortos . Isso seria burrice , quero analisar situações outros ambientes . Farto-me de imaginar detectives exigindo-me  que tal história seria boa ou má para ser publicada . A literatura é uma espécie de anestesia da realidade e o seu apetite deve-se à vontade de comer maçãs , mas se essa vontade se esvai a vergonha surge . Eu passo a explicar  se nós imitamos a realidade embelezando-a dando-lhe outros contornos a realidade é muito mais dura e sente-se logo as dores que ela nos prega , por isso tentemos fazer outras coisas para não sentirmos  que a vergonha nos assombre por isso a literatura está conosco  desde o princípio dos tempos . Como se chama a menina mesmo ?



Fig 1 - Uma das modalidades desta  história é propor aos seus leitores desafios através das imagens , cada imagem contará uma imagem , através da  história , entre polícias do tempo , writters , polícias mascarados de crianças e ao mesmo tempo polícias falsos... No meio desta  história poderemos inverter este  conto através da vossa opinião ...

 

Fig . 2 , 3 e 4 - Nos romances de ficção científica as viagens  no tempo são uma constante , aqui acabaremos por descobrir bares onde poderemos ver imagens planetárias do espaço ou de outras épocas ... uma praia  mascarada  de écran de cinema . Aqui a personagem ou o leitor pode muito bem querer entrar nesse mesmo campo . Ir ao  Brasil da Belle Époque beber um copo ou irmos até à Baía de Guanabara no século XVI ou  observarmos o trânsito da capital na Torre de Babel .