fanzine Tertuliando (On-line)

Este "blog" é a versão "on-line" da fanzine "Tertuliando", publicada pela Casa Comum das Tertúlias. Aqui serão publicados: artigos de opinião, as conclusões/reflexões das nossas actividades: tertúlias, exposições, concertos, declamação de poesia, comunidades de leitores, cursos livres, apresentação de livros, de revistas, de fanzines... Fundador e Director: Luís Norberto Lourenço. Local: Castelo Branco. Desde 5 de Outubro de 2005. ISSN: 1646-7922 (versão impressa)

quinta-feira, janeiro 30, 2014

Algo de podre no reino da Bibliolândia

Há algum tempo atrás tive uma vontade enorme de ler um livro indicado por um amigo meu. Para meu espanto as livrarias da cidade não tinham essa obra.

 O que se passaria? O que levaria as livrarias a não terem o livro? Seria culpa sua? Procurei num hipermercado e o processo foi o mesmo. Não sabiam. Desconheciam-no por completo! Como seria possível? A culpa  seria da nossa cidade? Não. Atravessei a ponte fui a Lisboa e o processo repetiu-se.O que se passava? Culpa de quem? Nossa de todos nós, se nem em Setúbal nem na capital sabiam? Perderam-se os hábitos de leitura?
Certo é que todos os dias são editados vários livros. Muitos títulos até. Novos autores são apresentados.Mas, verdade também, é que nem todos chegam ao fim da corrida.As livrarias sadinas e afinal do país tornaram-se numa espécie de pronto-a-vestir. Há uma moda, um modelo, que se impõem e todos têm que vestir as mesmas coisas.Ou seja, passando para o plano dos escaparates livreiros, todos têm que ler os mesmos livros e os mesmos autores. Pouca escolha ou uma escolha condicionada? Regras do mercado dirão...
Longe vão os tempos em que as livrarias eram idênticas a uma costureira .Não havia pressas, as coisas eram feitas à nossa medida. Hoje há mais gente a ler, logo haverá mais escolhas, outros e diversos interesses. Nem todos lêem o mesmo!
Se queremos algo diferente do que a ditadura da moda livreira impõe há uma salva-vidas: aceder à Internet e encomendar o tal título raro.Como é que os historiadores da leitura e os sociólogos vão analisar este fenómeno?

Servirá este fenómeno de pretexto para uma história de ficção científica passada na Península de Setúbal onde uma "cúpula orientadora" a partir da Serra da Arrábida tomaria os comandos da leitura, isto é decidiria o que se devia ler e apenas ler, não editar, vigando-se assim das labaeratas que a consumiram anos atrás. Agora seria alguém por ela que comandando a nossa leitura, ditando uma moda, e assim condicionando o nosso pensamento, se vingaria desse infame evento?

Serão os restos mortais das folhas das árvores que comandarão uma vingança contra a população ávida de livros raros, quando se impõe a moda de romances históricos e passados secretos, quiçá nas entranhas das grutas da serra, onde se encontrarão as respostas para estas questões?