fanzine Tertuliando (On-line)

Este "blog" é a versão "on-line" da fanzine "Tertuliando", publicada pela Casa Comum das Tertúlias. Aqui serão publicados: artigos de opinião, as conclusões/reflexões das nossas actividades: tertúlias, exposições, concertos, declamação de poesia, comunidades de leitores, cursos livres, apresentação de livros, de revistas, de fanzines... Fundador e Director: Luís Norberto Lourenço. Local: Castelo Branco. Desde 5 de Outubro de 2005. ISSN: 1646-7922 (versão impressa)

quarta-feira, setembro 19, 2012

O historiador veste Prada


Cada vez mais é necessária a internacionalização da história, a história comparada entre os sistemas entre diversos países no mesmo período, seja qual for o período da história. Isto bata dar o meu exemplo, quando optei este ano escolher a área de espcialização em História Contemporânea. Muitos julgaram que para se fazer história contemporânea bastará ler alguns jornais, livros ou alguns decretos aprovados na Câmara dos Deputados... e quem nem sequer é necessário ler ou escrever em francês, inglês... que ideia peregrina!

Oh, dirão vocês! Então afinal para se fazer história contemporânea é preciso tudo isso? Eu pensava que até nem sequer era preciso muito trabalho!

Nos últimos dez anos surgiram em Portugal duas revistas escritas integralmente em inglês, do Centro de História Além Mar (CHAM) Bulletin of Portuguese-Japanese Studies, e Res Antiquitatis - Journal of Ancient History, renovando ainda as revistas Hathor- Studies of Egyptology e Oriental Studies . Afinal para que precisamos de escrever em inglês, não estamos em Portugal?

Claro que estamos mas nos dias de hoje onde a globalização, a história também sofreu com estas pequenas alterações, irá ditar em parte as novas tendências da historiografia nacional e interncional. Imaginemos o historiador como um pequeno alfaiate que vestia as suas pequenas clientes, via as tendências através da revista Burda e copiava os modelos e ali estavam os petits e as senhoras suas mães a vestirem os melhores fatos para os dias festivos ou pura e simplesmente para a missa de domingo! Hoje em dia a moda nacional quer internacionalizar-se e o historiador deixou de ser um pequeno alfaiate, e tenência será cada vez para se integrar em Centros de Investigação Internacionais e Projectos. Cada vez mais à historiadores nacionais a escrever em inglês, a frequentar doutoramentos lá fora, a apresentar as suas investigações em congressos internacionais. Deste modo continuemos a comparação entre o historiador e o alfaiate. O alfaiate para ser conhecido lá fora terá que ter uma patente, uma marca, para que todos os anos apresente as suas colecções na Moda Lisboa, Paris, Milão, Nova Iorque. Como os estilistas querem ver os seus trabalhos fotografados na Vogue, os historiadores procuram cada vez mais as revistas de maior qualidade a nível internacional e que os publiquem em inglês. Assim as revistas de historiaografia topo de gama são na essência como a directora da edição americana da Vogue que dita a ascenção ou queda deste ou daquele estilista, todos terão que apresentar nos próximos anos artigos em inglês caso queiram receber bolsas de investigação e é claro pertencer a um atellier de alta costura nacional. Caso contrário limitam-se a ficar esquecidos numa aldeia de Portugal. Não basta só apresentar trabalho e tê-lo feito apenas para os amigos, para as suas clientes ou em casos mais extremos para que sejam usados em determinados bailes da província. Como diria a mãe de uma amiga minha para filha quando fez uma tatuagem mostrando a sua rebeldia dos sessenta "Moderniza-te filha".
Neste caso como imaginar as novas tendências primavera - verão dos centros de investigação portugueses, desde a Egiptologia portuguesa à História Contemporânea?
Apresentar-se-à uma sessão de fotos na estação arqueológia portuguesa? Ou um editorial na edição on -line da revista Estudos Medievais? Apresentará o Instituto de História Contemporânea motivos de Nuno Gama com aplicações do Estado Novo, da Falange ou lenços com as insígnias da SS Nazi? Ou haverão t-shirts com rostos dos actores portugueses da época de ouro do cinema português ? Afinal o que é isto? Ou teremos outro género de representações!Temos que nos internacionalizar, mecher-nos, apreder português e acima de tudo, conhecer os principais congressos a nível internacional, europeu e percorrer os diversos arquivos europeus e não só! O mundo está perdido diriam aquelas senhoras que nos aparecem à porta! Nós até temos muito respeito por ela , o que não temos é paciência, cultura, ou respeito pela sua própria religião. Desta forma Jesus me abana! Como diria a outra!
Para terminar esta coluna de moda  temos que desejar boa sorte à menina Clio na sua apresentação à Directora da Runway Historiográfica! A menina deverá andar numa roda viva aos caprichos da senhora directora e seguir as novas tendências da historiografia internacional! Dizem que agora a moda são estudos subalternos... com origem naquele país das vacas sagradas... Marx deve estar a bater palminhas no túmulo! Afinal o marxismo viu, chegou e venceu! Qual é afinal a tendência para a próxima estação do ano! O Mercado do Ribeira - LX játerminou, qual é o próximo desfile? Neste caso há que fazer isso, mesmo. Moderniza-te Clio! Afinal o historiador tmabém veste Prada!