fanzine Tertuliando (On-line)

Este "blog" é a versão "on-line" da fanzine "Tertuliando", publicada pela Casa Comum das Tertúlias. Aqui serão publicados: artigos de opinião, as conclusões/reflexões das nossas actividades: tertúlias, exposições, concertos, declamação de poesia, comunidades de leitores, cursos livres, apresentação de livros, de revistas, de fanzines... Fundador e Director: Luís Norberto Lourenço. Local: Castelo Branco. Desde 5 de Outubro de 2005. ISSN: 1646-7922 (versão impressa)

sexta-feira, março 04, 2011

A livraria vampira

Há algum tempo atrás tive uma vontade enorme de ler um livro indicado por um amigo meu. Para meu espanto as livrarias da cidade não tinham essa obra.
O que se passaria? O que lavaria as livrarias a não terem o livro? Seria culpa sua ? Procurei num hipermercado e o processo foi o mesmo. Não sabiam.Desconheciam-no por completo! Como seria possível? A culpa seria da nossa cidade?Não. Atravessei a ponte fui a Lisboa e o processo repetiu-se.
O que se passava? Culpa de quem? Nossa de todos nós, se nem em Setúbal nem na capital sabiam? Perderam-se os hábitos de leitura?
Certo é que todos os dias são editados vários livros. Muitos títulos até.Novos autores são apresentados.
Mas, verdade também, é que nem todos chegam ao fim da corrida.
As livrarias sadinas edo país tornaram-se numa espécie de pronto-a-vestir. Há uma moda, um modelo, que se impõem e todos têm que vestir as mesmas coisas.Ou seja, passando para o plano dos escaparates livreiros, todos têm que ler os mesmos livros e os mesmos autores. Pouca escolha ou uma escolha condicionada? Regras do mercado dirão...
Longe vão os tempos em que as livrarias eram idênticas a uma costureira .Não havia pressas, as coisas eram feitas à nossa medida. Hoje há mais gente a ler, logo haverá mais escolhas, outros e diversos interesses. Nem todos lêem o mesmo!
Se queremos algo diferente do que a ditadura da moda livreira impõe há uma salva-vidas: aceder à Internet e encomendar o tal título raro
Como é que os historiadores da leitura e os sociólogos vão analisar este fenómeno?
Servirá este fenómeno de pretexto para uma história de ficção científica passada na Península de Setúbal onde uma "cúpula orientadora" a partir da Serra da Arrábida tomaria os comandos da leitura, isto é decidiria o que se devia ler e apenas ler, não editar, vigando-se assim das baratas que a consumiram anos atrás. Agora seria alguém por ela que comandando a nossa leitura, ditando uma moda, e assim condicionando o nosso pensamento, se vingaria desse infame evento?
Serão os restos mortais das folhas das árvores que comandarão uma vingança contra a população ávida de livros raros, quando se impõe a moda de romances históricos, vampiros ezombies e passados secretos, quiçá nas entranhas das grutas da serra, onde se encontrarão as respostas para estas questões?