fanzine Tertuliando (On-line)

Este "blog" é a versão "on-line" da fanzine "Tertuliando", publicada pela Casa Comum das Tertúlias. Aqui serão publicados: artigos de opinião, as conclusões/reflexões das nossas actividades: tertúlias, exposições, concertos, declamação de poesia, comunidades de leitores, cursos livres, apresentação de livros, de revistas, de fanzines... Fundador e Director: Luís Norberto Lourenço. Local: Castelo Branco. Desde 5 de Outubro de 2005. ISSN: 1646-7922 (versão impressa)

segunda-feira, junho 01, 2009

Joaquim Furtado participa em Idanha-a-Nova num encontro com alunos sobre a Guerra em África*


Os alunos dos sextos anos...

e os alunos dos nonos e Secundário.

Prof. Carmo (pelo Conselho Executivo), Joaquim Furtado (convidado), Ana Paula (testemunha/vítima da Guerra), Profa. Elisabete Cristóvão (docente Dep. de Ciências Socias e Humanas), Profa. Helena Lopes (docente Dep. Ciências Socias e Humanas) e Prof. Luís Norberto Lourenço (coordenação das actividades; docente Dep. Ciências Socias e Humanas).

Escola EB 2,3/S José Silvestre Ribeiro do Agrupamento de Escolas de Idanha-a-Nova recebeu na passada sexta-feira, 29 de Maio de 2009, uma palestra sobre "A Guerra em África (1961-1974)" contando com a  presença de Joaquim Furtado (jornalista da RTP; ex-Director de Informação da RTP; autor da série documental "A Guerra"), de alguns familiares de alunos que viveram neste período em África ou lá combateram, com a presença de turmas do 6.º ano, do 9.º e Secundário, dividida em duas partes, dum representante do Conselho Executivo, pelos professores envolvidos na organização da palestra e ainda de alguns funcionários.
De assinalar a presença inesperada dum cidadão que combateu em África, na Guiné Bissau, relatando o que viu e o que sentiu, nomeadamente, o choque, quando percebeu que a realidade guineense era bem diferente da propaganda colonial, verificando o atraso daquela Província Ultramarina (Colónia), o qual 400 anos de colonização não tinham atenuado, investindo (em estradas e em vários equipamentos) mais Portugal em 13 anos de Guerra, do que durante vários séculos, referindo que quase ninguém falava português, ao passo que no Senegal quase todos falavam francês.
Tocante o testemunho de duas alunas e de uma familiar (Ana Paula), a quem se agradece a presença e o testemunho.
A iniciativa procurou fomentar o debate sobre o tema, sabendo que a época histórica em questão é recente, não se pode deixar de abordar o tema, ainda que se saiba que falte o necessário distanciamento, se bem que se ganhe pelo facto de se poder trazer aos alunos os testemunhos vivos dos intervenientes duma dada época.
O tempo da guerra, os soldados mobilizados, os mortos (as viúvas, os órfãos...), os feridos, os "retornados", os emigrantes que fugiram da guerra (da morte, da probreza que agravou e da revolta que gerou), aqueles que jamais a deixarão de viver (vítimas de stress pós-traumático de guerra), as despesas com a guerra, as oportunidades perdidas de uma paz negociada mais cedo, o 25 de Abril e a descolonização... tudo isto esteve em cima da mesa.
A Joaquim Furtado, natural de Panamacor, filho desta nossa Beira, um desejo: VOLTE SEMPRE.

Esta palestra foi o culminar de um ciclo de iniciativas, a saber:
  • Palestra sobre “A Guerra em África (1961-1974)”, com Joaquim Furtado (jornalista da RTP; autor do documentário “A Guerra”), com testemunhos de familiares de alunos que viveram ou combateram em África durante este período – 29 de Maio de 2009 – Escola EB 2,3/S José Silvestre Ribeiro de Idanha-a-Nova, Sala 3A, das 13h55/14h40 (9.º ano e Secundário) e das 14h50/15h35 (6º ano)
  • Exposição Documental “A Guerra em África (1961-1974)” – 18 a 29 de Maio de 2009 – Biblioteca Municipal de Idanha-a-Nova
  • Mostra Documental “A Guerra em África (1961-1974)” – 25 a 29 de Maio de 2009 – Biblioteca da EB 2,3/S José Silvestre Ribeiro de Idanha-a-Nova
  • Exposição de Trabalhos de Alunos “A Guerra em África (1961-1974)”– 18 a 29 de Maio de 2009 – Biblioteca Municipal de Idanha-a-Nova.
A iniciativa foi proposta por Luís Norberto Lourenço no Departamento de Ciências Sociais e Humanas da Escola e ao Conselho Executivo, levada por este Departamento ao Conselho Pedagógico, aprovada e levada a cabo.

Damos a palavra aos alunos:
A senhora Ana Paula quando aconteceu a guerra tinha 4 anos e um dia um grupo chamado "FNLA" invadiram a casa dela. Ela nunca esquecerá esse dia. (João Ferrer)
No dia 29 de Maio de 2009 realizou-se uma palestra sobre a GUERRA EM ÁFRICA que foi contada pelo Sr. Joaquim Furtado que é jornalista da RTP. O Sr. Joaquim Furtado falou-nos sobre o que aconteceu, o que sofreram e o que sentiram quando estavam presentes na guerra da África. Havia lá um cidadão que combateu na Guerra da África na Guiné Bissau. Quando o Sr. estava a falar vi que as mãos estavam a tremer. Será que é por causa dos nervos e o sofrimento que viveu na guerra ou é da idade? No fim pedimos "quase todos" um autógrafo ao Sr. Joaquim Furtado. Esta palestra foi organizado pelo professor Luís Norberto, realizou -se às 13:55/15:35. Na minha opinião acho que o que eles contaram foi interessante e as palavras, as frases que a testemunha Ana Paula disse foi triste. Eu gostei da palestra. (Shivani Dilipcumar)
E.B. 2/3 C+S José Silvestre Ribeiro. Na 6º-feira dia 29 de Maio de 2009, na nossa escola, houve uma palestra sobre a guerra colonial onde participou Joaquim Furtado um jornalista da "RTP"e Ana Paula uma senhora que relatou a sua história. Joaquim Furtado veio falar-nos como passou a sua vida na guerra colonial, fizemos muitas perguntas. O Shivam fez uma pergunta que naquela altura da guerra colonial não se podia fazer, essa pergunta era se o Joaquim Furtado era contra Salazar, Joaquim Furtado explicou que naquela altura não se podia falar de política, não havia liberdade. Em seguida foi a vez de Ana Paula contar a sua história quando tinha 4 anos a mãe morreu em africa e o pai foi obrigado a ir à guerra e ficou com problemas por causa da guerra, a história dela era muito triste, eu até tenho pena dela coitada, alguns alunos do 6º e 8º ano fizeram-lhe perguntas. Quando acabou a palestra alguns alunos foram pedir autógrafos a Joaquim Furtado e a Ana Paula. E eu gostei da palestra!!!!! (Sofia Mascarenhas)
Eu achei a palestra de 6º feira sobre a guerra colonial interessante e aprendi coisas que não sabia, é o que se faz nas palestras! O que mais gostei foi do testemunho da senhora que estava ao lado esquerdo do Prof. Luís Norberto Lourenço. Onde ela contou que aos 4 anos em África mataram a sua mãe. Enquanto ela e a sua irmã que por sinal era mais velha tentavam sobreviver. Recordo-me de ela ter dito que a mãe foi morta por um "gang" [guerrilheiros da UPA/FNLA] que residia ali. Tanto ela como a sua irmã foram entregues ao chefe do "gang" [Holden Roberto] e depois encaminhadas para Portugal, a fim de serem adoptadas. Na 6º feira eu e amigos perguntamos ao Sr. Joaquim Furtado, porque razão a guerra se chamava guerra do ultramar. E ele respondeu que era por os territórios portugueses em África eram conhecidos por territórios ultramarinos. E foi assim a palestra com o Sr. Joaquim Furtado. (Ana Rafaela)
O professor Luís Norberto Lourenço convidou o jornalista Joaquim Furtado para dar uma palestra sobre a Guerra em África, falou de Angola Guiné-Bissau e Moçambique. Disse que quem governava Portugal era Salazar. Designa-se por Guerra Colonial, ou Guerra do Ultramar, o período de confrontos entre as Forças Armadas Portuguesas e as forças organizadas pelos movimentos de libertação das antigas províncias ultramarinas de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique. Ouve um massacre da população. O inimigo matou muitos soldados e cidadãos. As frentes do inimigo começaram a avançar e os nossos aliados a recuar. Mas passado algum tempo de aguentar aí o inimigo, chegaram reforços e começaram a avançar outra vez. Esta guerra durou muitos anos desde 1961 a 1974. Porque o inimigo avançava e matava os nossos homens e vice-versa. Durando deste modo todos estes anos. Os alunos também fizeram algumas perguntas sobre a guerra. Porque é que começou a guerra? A Guerra Colonial começou porque as colónias queriam a independência e Salazar recusou-se a dar-lhes. Falou também uma senhora que viveu em Angola no tempo da guerra. A senhora disse que: Os guerrilheiros da FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola) entram pela casa da senhora e destruiu-lhe a casa, mataram a mãe da senhora e levaram a senhora e o pai. Quando lá chegaram, o chefe passado algum tempo mandou soltá-los. Passou a viver ela e o pai. Estava também na palestra um senhor de cor. Ele disse que durante a guerra, estava a combater, um dos seus colegas levou com uma granada e morreu. Este senhor também foi ferido, mas aguentou-se. Ele não gostou da guerra porque muitos dos seus amigos morreram lá. (José Fonseca)
Na passada sexta-feira (dia 29 de Maio), veio à escola para dar uma palestra sobre a guerra colonial um jornalista chamado Joaquim Furtado (pai da famosa Catarina Furtado). Estarão certamente a pensar porque foi este o jornalista escolhido para falar abertamente sobre este assunto e, eu dou-vos a resposta: este jornalista escreveu um documentário e já fez muitas entrevistas sobre este tema e aceitou o convite que a nossa escola lhe propôs. Além deste senhor, vieram mais pessoas para testemunhar a sua presença nesta guerra. Entre todas elas (as testemunhas), houve uma que me chamou mais a atenção. Foi uma senhora que nos contou como ela viveu a guerra quando tinha apenas 4 anos. Contou-nos que um certo dia, uns homens entraram-lhe em casa, mataram-lhe mãe e raptaram-na a ela e à sua irmã. Esses homens trataram delas e quando chegou a altura, libertaram-nas. Uma outra história que também foi bastante interessante foi a dum senhor que nos contou como foi viver a guerra sendo-se soldado a combater na Guiné. O tema desta palestra foi a guerra colonial, como já referi, por isso, falámos de todos os assuntos que estavam relacionados com este tema, como por exemplo, quem começou a guerra, como acabou… Uma coisa que não posso deixar de referir é que todos os jovens, quando completassem 18 anos, eram obrigados a ir combater para a guerra. Para finalizar este texto, falta-me referir que esta guerra começou em 1961 e acabou em 1974, ou seja, durou 13 anos, o que foi um grande sofrimento para todas as populações que tinham família a combater em África. Espero que tenham gostado do texto, e até para a próxima! (Rita Baptista)
Joaquim Furtado – a palestra. Na passada sexta – feira, dia 29 de Maio, pelas 15horas, veio à escola um jornalista chamado Joaquim Furtado. Esse senhor, veio dar uma palestra sobre a guerra colonial ou da libertação. Com ele encontravam-se duas pessoas que vieram dar o seu testemunho, ou seja, contar-nos o que viveram naquela época. Uma das pessoas que se encontrava naquela sala chamada Ana Paula, e contou-nos que tinha perdido os seus pais num atentado do FNLA. Pois nessa altura, tinha ela quatro anos e por acaso o grupo do FNLA, que tinha provocado o homicídio, a tinha levado a seu líder que fez com que fosse levada ate ao governo português. De seguida, Joaquim Furtado, começou a explicarmo-nos as razões que levaram a guerra a decorrer-se, o porque de nome que lhe deram, as razões que levaram Portugal a participar nessa guerra, o que tinha decorrido em outros países como em Moçambique, Angola… Sinceramente, nós gostamos muito daquela palestra, não só por gostarmos de assuntos relacionados com a guerra como também adorarmos os testemunhos das outras pessoas, que viveram naquele tempo e que sentiram o que era a guerra na realidade. Nós adoramos esta palestra e gostaríamos de voltar a ouvir as palavras e os sentimentos que nelas estavam iminentes. Esperemos voltar a ver o jornalista Joaquim Furtado e ouvir mais experiências que ele viveu. Ex: 25 de Abril (João Augusto e João Gonçalo)
No dia 29 de Maio de 2009, o jornalista e autor do documentário “A Guerra” [RTP1], Joaquim Furtado, foi à escola EB 2,3/S José Silvestre Ribeiro que fica em Idanha-a-Nova. O jornalista deu duas sessões, a primeira para os nonos anos e secundário e a segunda foi para os sextos, mas houve uma turma do oitavo ano que acabou por assistir. As palestras foram sobre a “Guerra Colonial”. A palestra foi organizada pelo professor Luís Norberto Lourenço (professor de História e Geografia de Portugal) e assistiram também as professoras Elisabete Cristóvão e Helena Lopes. Eu assisti à segunda sessão. Nesta sessão estavam duas testemunhas da guerra: um antigo militar (combatente português na Guiné-Bissau) e um civil, a D. Ana Paula que foi vítima da guerra, em Angola. Pelo que alguns alunos do 9.º A dizem, houve uma aluna, a Ana Rita Gil, que deu o seu testemunho, porque o seu tio morreu naquela guerra. O jornalista começou por perguntar o que é que os alunos sabiam sobre a guerra. Alguns responderam, outros não. Depois o Joaquim Furtado fez uma pergunta à qual iria responder e começar a história, a pergunta foi: “Porque é que a guerra começou?”. Começou a dar o seu testemunho e quando acabou de contar o que sabia houve um militar que contou o que realmente se tinha passado. Contou sobre o quanto sofriam os militares e as outras pessoas, que havia muita gente que era obrigada a ir para a guerra. Depois tivemos o testemunho de uma senhora [Ana Paula] que perdeu a mãe na guerra. Os militares [guerrilheiros da UPA/FNLA] entraram-lhe pela casa dentro e deram um tiro na mãe. (Notava-se que ainda não tinha recuperado muito). Eu gostei da palestra e achei interessante, aprendi algumas coisas (muitas). (Eduarda Mateus)
Eu gostei da palestra, aprendi coisas novas e aprofundei coisas que o meu tio [militar em África durante a Guerra] me ensinou. Gostei imenso de conhecer o senhor o Senhor Joaquim Furtado ao vivo e foi muito simpático da parte dele ter-nos aturado e partilhado o que ele explorou e aprendeu. [Joana Robalo]

Apoio:
Biblioteca da Escola EB 2,3/S José Silvestre Ribeiro de Idanha-a-Nova
Biblioteca Municipal de Idanha-a-Nova

*Capítulo da nossa História conhecido por diversos nomes: "Guerra Colonial Portuguesa", "Guerra do Ultramar", "Guerra de Libertação", "Guerra da Independência", "Guerra em África"... optamos por uma das designações academicamente aceites e pelo termo mais neutral.

NOTA:
As exposições ainda estão visitáveis.

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