fanzine Tertuliando (On-line)

Este "blog" é a versão "on-line" da fanzine "Tertuliando", publicada pela Casa Comum das Tertúlias. Aqui serão publicados: artigos de opinião, as conclusões/reflexões das nossas actividades: tertúlias, exposições, concertos, declamação de poesia, comunidades de leitores, cursos livres, apresentação de livros, de revistas, de fanzines... Fundador e Director: Luís Norberto Lourenço. Local: Castelo Branco. Desde 5 de Outubro de 2005. ISSN: 1646-7922 (versão impressa)

quarta-feira, dezembro 24, 2008

oH, PROFESSOR QUEM É QUE QUER SABER DE D:SEBASTIÃO ? NÒS ESTAMOS NO NATAL !

Quando era pequenino costumavam-me contar a história da casinha de chocolate onde habitava uma bruxa que atraía as criancinhas para essa casa através das suas sumptuosas delícias. Hoje também existem essas casinhas, mas não são de chocolate , são de imagens, isso mesmo!
A bruxa está na nossa casa, sem que nos apercebemos, as criancinhas vibram com imagens de vã estupidez, sem nexo algum. Essas imagens começam logo pela manhã com desenhos animados completamente diferentes daqueles que eu via quando era pequeno eram histórias que tinham uma moral ou estimulavam-nos a imaginação. Hoje já não é assim, nesses intervalos de meia hora surgem-nos outras imagens. Imagens publicitárias. A publicidade. A publicidade é magnífica, sobretudo as imagens sumptuosas. Onde pais que oferecem aos seus filhos telemóveis e que perguntam aos seus filhos: E o que é que se diz à senhora? Phonix. SE alguns mais velhos estiverem a ler esta crónica e souberem o que isto quer dizer então falem agora, ou então calem-se para sempre . É nestas alturas que nos apercebemos de que a publicidade é a imagem de um produto que se apresenta um desejo da satisfação da necessidade do consumidor. A publicidade é ainda a provocação de todas as vontades quem não se lembra de uma imagem que ficou gravada há dois ou três anos de um filme em que de um dia para o outro a terra ficava gelada onde toda a população ia-se aquecer numa biblioteca com os livros. Eles afinal não serviriam para nada? Ou se não seguindo esse mesmo tempo os publicitários inventaram a mesma fórmula rasgar um livro e oferecer telemóveis. No entanto podemos consderar que a Contra-Reforma foi na sua época a primeira agência de publicidade contra a proliferação de novas religiões. “Converta-se ou então vai passar uma boa temporada na alçada da Inquisição “. Tribunal de Santo Ofícios os amigos de Jesus ajude-nos a purificar a sua fé.
Perdoem-me mas esta questão de livros rasgados e queimados só poderia vir de alguém em que proclama o amor de Deus, da transformação e porque não dizermos que a publicidade é também uma anedota?
Os reis magos cantam-nos músicas tradicionais portuguesas e nós achamos piadas a estes fulanos que só nos aparecem várias vezes ao ano. Até os gatos fedorentos estão na jogada. Num centro comercial eles atendem pedidos das crianças que lhes pedem diversos canais. Ao que eles dizem : Vão mas é para casa que estes pais se têm andado a portar mal!

Para além de ser anedota, a publicidade consume-nos a carteira. As crianças adoram-na e é verem publicidade alusiva ao Macdonal´ds onde eles preferem um bom hambúrguer ao tradicional bacalhau. E o que a publicidade tem afinal assim tão de agravante como tinha a Bruxa da casinha de chocolate?
Ela ilude-nos a cabeça temos uma ideia de soliedariedade, de transformação e conforto quando no fundo ela é mesmo aquilo que Marx dizia: A publicidade é o ópio do povo. Por fim vemos os adolescentes a almoçar pastilhas elásticas nos bares das refeições, porque não gostam do almoço. Até podia vir agora aquela cena do filme “Charlie e a fabrica de Chocolate “ . Havia umarapariga que adorava uma boa pastilha elástica e o senhor Charlie tinha uma boa refeição. A pastilha elástica tinha o sabor de vários pratos, sopa, prato principal e sobremesa e foi aqui que a pastilha torce o rabo em que a menina fica azul e a mãe pergunta:
E agora o que vou fazer com a minha menina? Ao que lhe diz uma criança não menos petulante: -Olhe, ponha–a trabalhar num circo!

Bem dita seja a geração rasca, porque a publicidade é péssima. Os adolescentes adoram-se uns aos outros, como o pai celeste nos adora a nós.
São estas as deliciosas fatias de um saboroso bolo? Quando as criancinhas acordam será tarde de mais. Ela deita-as dentro de um caldeirão! As criancinhas coitadinhas, não sabem nada. Então há que criar uma nova televisão, talvez de uma igreja nova onde se dispunha de uma forma primitiva de nos amarmos uns aos outros. Pai, perdoai-lhes porque eles não sabem o que fazem! É por isso que as criancinhas quando vêem o Saw se divertem…

Então a Bruxinha desta época não é mais que radical, mas marketing, uma espécie de fibrovital que retira as gorduras nefastas à base de dinheiros. Com as suas palavras elas nunca serão nunca como Descartes “Penso, logo existo “. Mas sim “Penso, logo desisto “ E até que nos perguntam: Desculpe lá quem é que foi D. Sebastião? Século XVI, desapareceu em Álcacer Quibir (…)
- Oh, professor desculpe lá, mas nós estamos no Natal quem é que quer saber do José Hermano Saraiva?

E esta hein? Acabou-se meus amigos a publicidade – a velha da casa dos electrodomésticos é isto… até breve! Cuidado se a virem! Digam-lhe que mando cumprimentos !