AMOR CONJUGAL*
Não me perguntes como
mas veio-me agora uma vontade grande
de te amar
quando olho o relógio nunca são horas para o amor
e chego muitas vezes mais tarde
mas chego amor
chego quando parece que um dilúvio de silêncio
se interpôs entre os dois
e chego quando já a rotina consolidou o seu espaço
e chego para voltar a reclamar-te
como aquela que vi a primeira vez
dirás que venho outra vez para não durar
ou para mentir-te por um instante
mas acredita que não há uma mentira definitiva
pois definitivo sou só tu e eu
desencontrados
e cada vez que chego para te amar
estou a mentir-te com as palavras mais graves que tenho
e não podes fugir a essa realidade
chego quando chego
desprogramado e informado e generoso
e quero que saibas que afortunadamente
ainda não encontrei o promontório da felicidade
nem a calma dos séculos
tens-me como uma necessidade imprevisível
mas chego de tempos a tempos
e sofro com a tua ausência.
António Jacinto Pascoal
*Poema publicado em "Terceiro Livro", a quem foi atribuído o Prémio Nacional de Poesia Guerra Junqueiro em 1999 (e que já vencera em 1995), editado pela Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta (promotora do prémio), em 2003.
mas veio-me agora uma vontade grande
de te amar
quando olho o relógio nunca são horas para o amor
e chego muitas vezes mais tarde
mas chego amor
chego quando parece que um dilúvio de silêncio
se interpôs entre os dois
e chego quando já a rotina consolidou o seu espaço
e chego para voltar a reclamar-te
como aquela que vi a primeira vez
dirás que venho outra vez para não durar
ou para mentir-te por um instante
mas acredita que não há uma mentira definitiva
pois definitivo sou só tu e eu
desencontrados
e cada vez que chego para te amar
estou a mentir-te com as palavras mais graves que tenho
e não podes fugir a essa realidade
chego quando chego
desprogramado e informado e generoso
e quero que saibas que afortunadamente
ainda não encontrei o promontório da felicidade
nem a calma dos séculos
tens-me como uma necessidade imprevisível
mas chego de tempos a tempos
e sofro com a tua ausência.
António Jacinto Pascoal
*Poema publicado em "Terceiro Livro", a quem foi atribuído o Prémio Nacional de Poesia Guerra Junqueiro em 1999 (e que já vencera em 1995), editado pela Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta (promotora do prémio), em 2003.
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