fanzine Tertuliando (On-line)

Este "blog" é a versão "on-line" da fanzine "Tertuliando", publicada pela Casa Comum das Tertúlias. Aqui serão publicados: artigos de opinião, as conclusões/reflexões das nossas actividades: tertúlias, exposições, concertos, declamação de poesia, comunidades de leitores, cursos livres, apresentação de livros, de revistas, de fanzines... Fundador e Director: Luís Norberto Lourenço. Local: Castelo Branco. Desde 5 de Outubro de 2005. ISSN: 1646-7922 (versão impressa)

domingo, agosto 26, 2012

As meninas da Síntese cap.03

Apesar de ser uma excelente investigadora ,Carlota tinha falta de experiência de vida . Vivia sempre amargurada. Em tempos Carlota  escrevera  um romance onde  a crítica deitara-a abaixo.Carlota tornara-se amarga ,encontrava-se  numa busca , numa verdade. De um momento para o outro só a história permitia a essência do encontro do ser humano,olhava para a cidade  num ângulo, no local onde se encontrava viam-se restos mortais de história nacional, aqui e ali via turistas  que procuravam locais tipicamente portugueses . Agora perto do local da escola do Circo onde iria ter com o seu orientador, via apenas o "miolo das habitações" como se fossem cadáveres onde não invocavam as almas dos mortos . Já que esses eram apenas  encontrados na outra ponta  da cidade no Arquivo Nacional  da Torre  do Tombo.

Caetana era uma jovem jornalista de profissão , mas historiadora de coração . Amava a história , mas sabia que não podia fazer nada num país onde as pessoas não se interessam pela  cultura , os seus olhos passavam a vista crítica pelo olhar ácido do humor , sentido que havia cultivado desde a adolescência quando era posta de parte pelos colegas . Caetana tinha as feições de uma princesinha  que eram lidos nos saraus medievais , de tez loira  como era agraciada  de uns olhos verdes cor de esmeralda,sabia  distinguir o bom,do mau e do péssimo.Aprendera a ler nos romances policiais os truques dos pormenores.Caetana era um nome de família nada mais.Começara desde cedo a a trabalhar numa agência de jornalismo onde nem sempre era reconhecida.Viajava bastante  e fazia-o no trabalho,caso contrário os ventos que corriam não lhe davam outro labor.Quando  o seu pai falecera  jamais soubera  quanto é que a filha ganhava .Caetena  era filha de um diplomata . Vivera a sua infância  na Árica do Sul . Caetana era  de uma família onde a diplomacia era redigida pelo manejar das ideias . Caetana rebentava com as convesões sociais mas vestia-se com  a descrição de uma aristocrata, conhecia  as elites  e os sábios . Movia-se  num universo que muitos não alcançavam , por isso  quando recebeu a proposta de um antigo professor  da faculdade de letras para entrar naquele  projecto de tradução único  na jovem história antiga portuguesa não pensou duas vezes dirijiu-se ao local onde se encontraria com um dos coordenadores do projecto : o Professor Doutor François Poirot .À sua frente estava outra colega de mestrado Benedita , a Beny. Era uma mulher belíssima . Estouvada , de um enorme sentido de humor . Benedita era diferente de Carlota ou de Caetana . Morena  parecia  ser retratada  por um carvão onde os seus olhos azuis acendiam a escuridão  da noite em todo o seu esplendor . Benedita  acreditava  que Carlota deveria escrever romances de ficção científica no lugar de fazer investigação ,pois era normal escreverem-se barbaridades como as que Carlota  costumava fazer. Caetana lembrava-se de François .Vira-o num colóquio na faculdade de letras a quando das comemorações dos dez anos  do Instituto Oriental da  Faculdade  de  Ciências Sociais e Humanas. Tal como as suas duas colegas Benedita iniciara as suas investigações a partir de um texto provocatório vindo da Mesopotâmia escrito por Ed-Huana “a senhora de todas as coisas “ filha de Sargão I" . Antes especializara-se na figura de Naram-sim e na forma  como a sua lenda ultrapassara as fronteiras e chegara à Anatólia Hitita . Apaixonara-se a principio a figura daquela figura dramática  que tinha tido o mundo a seus pés e  acabara por perdê-lo . As  teses  que a faziam rir  a princípio  da qual houve um interesse claro pelas posses de umas placas encontradas  no princípio do século XX faria com que  a cultura  fosse palco de uma luta  entre a Inglaterra e a Alemanha  pela posse hegemónica  do Mundo . Olhou para as fotocópias  que todos ali presentes naquela escola  do circo onde François escolhera para se reunirem . A conversa entre os quatro versava  sobre as suas áreas  de especialização e a razão porque cada um deles ali estavam .