fanzine Tertuliando (On-line)

Este "blog" é a versão "on-line" da fanzine "Tertuliando", publicada pela Casa Comum das Tertúlias. Aqui serão publicados: artigos de opinião, as conclusões/reflexões das nossas actividades: tertúlias, exposições, concertos, declamação de poesia, comunidades de leitores, cursos livres, apresentação de livros, de revistas, de fanzines... Fundador e Director: Luís Norberto Lourenço. Local: Castelo Branco. Desde 5 de Outubro de 2005. ISSN: 1646-7922 (versão impressa)

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Presságios - Capítulo 2

Artur não podia ter maior satisfacão . Tinha diante de si a tese da sua irmã Carlotta Mendes Botelho e Sousa : A Maldicão de Agadé . Só aquele nome para o albúm do seu grupo Bolor Bafiento era o ponto máximo da tragetória que se havia de seguir .A história de Naram- Sim dava um toque de tragédia clássica ao género dos antigos gregos , a sua apetência por aquela personagem advinha-lhe de há muitos anos atrás desde que se conhecia por gente e ouvia a irmã a falar daquele rei como se fosse de uma pessoa conhecida , de um velho amigo . Opatara pelo conservatório e a sua grande paixão era sem mais nem menos no famoso Naram- Sim de Akad . Aliás uma tese de mestrado a Sombra dos Heróis deram-lhe as ferramentas necessárias para todo aquele percurso . Aquela personagem já incluía tudo aquilo que os gregos perseguiam . A ascencão e queda de um homem que tudo tinha para ser um imperador na verdadeira acepcão da palavra . Mas nem Artur nem a sua irmã sabiam da ironia do destino . Um jovem músico francês que se dedicava a assaltar museus queria fazer-se ao tesouro , especialmente ao de Naram- Sim, queria fazer-se ao toucado do rei , dos seus longos cabelos . Quando ele se preparou para roubar o famoso rei, a escritora de romances policiais resscuscitou e acordou no Museu de Cera Madame Tusseau. Decidiu tornar-se omnipresente como fosse um deus de uma história de ficção criada por uma personagem sua. A escritora ligou para a Scotland Yard, tinha provas concretas de que apanhara o ladrão de Naram-Sim. Ainda por cima aquele jovem chamava-se Artur! O nome do seu marido! Aquilo era demais! E se o senhor da justica lhe preparasse uma armadilha ou melhor qual seria a melhor a maldicão de Agadé dos tempos modernos?
O senhor da justiça, Shamash, apareceu a Agatha Crystie, dando-lhe uma forma de tornar as suas ideias reais. E se o jovem Artur desaparecesse como num daqueles casos mediáticos que surgem de vez em quando nos jornais? Era aquela a forma de iniciar a história que havia de deixar algures num alfarrabista:

O menino Artur desapareceu. Seriam as más companhias? O Rock and Roll? O sexo ou as drogas? Num romance policial tudo é passado a pente fino.E a mulher a dias? É tão tolinha que acha piada a tudo o que menino fizer! Se ele mostrar o rabinho , ela acha que é em nome da arte! As mulheres de hoje não têm o brio de antigamente que viam em tudo uma espécie de romance, mas esta, oh meus senhores , supera em tudo!
Como seria o sexo numa festa de teenagers? Sem familiares por perto, algumas ganzas, umas cervejolas e estamos aqui na maior!!!
Nada podia ser melhor do que isto, uma noite de sexo, um adolescente desaparecido e um álbum com o tema da “Maldição de Agadé “ e o período de devastação .Os gritos , os pedidos de socorro e no meio daquilo tudo havia um grito de desespero !!!

Sim, quando se ouviu aquele grito pareceu ser de alguém que morrera durante aquele ensaio. Onde fora feita a gravação? E o jovem onde é que ele estava ? Porque é que ninguém deu com aquilo? Fora apenas ele um sonoplasta metálico e orientalista por devoção. Descobrira no meio daqueles gritos a voz daquele jovem que se chamava Artur Mendes de Botelho. Aquele jovem fora morto, ou melhor ia ser morto… porque optou por ligar para a rádio e pedir o disco “A Maldição de Agadé”, disseram-lhe apenas que nunca ouviram falar em tal álbum. Ou pelo menos até ao momento. Fora então que o jovem fizera uma pesquisa na Internet sobre o grupo de heavy metal: “Bolor Bafiento”. No Google não havia qualquer referência sobre aquele grupo, até que a determinada altura descobrira uma pequena nota de que todos os elementos do grupo sofriam do síndrome de Bethoven, acabaram por ficar surdos. Havia algo… parecia que estava a ler a sinopse de um filme de terror ou a penetrar no universo de Stephen King. Quantos charros, não terei fumado hoje? Bem, vou ter que tirar esta máscara ou vou ter que a pôr para a investigar …não teria que procurar os acordes? Não havia qualquer música ou letra daquele grupo: “Bolor Bafiento”, Jonas começou por investigar todos os elementos do grupo e álbuns. Todos eles estavam relacionados com a antiguidade oriental o primeiro chamava-se “Oração da Peste”(datado de 1985). Aquele ano dava-lhe algumas pistas, a descoberta da Sida, a problemática da poluição, entre outros assuntos. Mas até então não havia qualquer referência aos misteriosos membros do grupo. Alguns anos depois, encontrava-se o álbum “Rei Édipo “(1989), o fim da guerra fria . Em cada uma delas havia algo de estranho, numa outra gravação ouviam-se tiros, noutra provavelmente um tiro… aquilo parecia algo como o “Project Blair Wich“.
- “Bolor Bafiento” não será um pouco demais? – pensou Jonas em voz alta.
- Não, disse Samira uma repórter bisbilhoteira.
- O que é que tem a haver com isso? – perguntou ele de pé atrás.
-Imagine, eu sou o seu super-ego, ou melhor a sua psicóloga que lhe pede para beber. Olhe lá, para mim e veja lá se não está a ver aqui duas pessoas à sua frente, já agora deixa-me apresentar, Samira Helstein, musicóloga, a minha tese de doutoramento baseia-se precisamente nesse grupo e as suas influências do universo pré –clássico. Garanto-lhe que cada elemento está tão vivo quanto eu e você, ou pelo menos até agora. Porquê é que no lugar de se destruir em álcool não me ajuda no desaparecimento de um jovem músico heavy metal? A namorada vê um rei português chamado Sancho I. Eu sei que foi expulso da polícia e se dedica à investigação tirando essa sua amiga… -disse a investigadora apontando para a guitarra de um lado e para a arma do outro.
- Porque o heavy metal? –perguntou –lhe Jonas .
Ela olhou-o fixamente. Só então reparou que ela era mulher lindíssima com uns lábios carnais desenhados a carvão, vestia uma roupa discreta, deixando-o numa outra dimensão.
-Desculpe lá, mas porque é que eu tenho de estudar de órgãos barrocos? E para quê? Para que a minha tese de doutoramento fique a apanhar pó? Eu quero que ela seja lida por todos.
-Você, sabe tanto como eu, que este grupo, é um mito ou pelo menos aquilo que querem que as pessoas imaginem que sejam. Sabem de coisas que até mesmo deus duvida!- disse ela rindo . Portanto, eu preciso de um expert em som . Sei que foi um jovem que em tempos trabalhou numa fundação ligada à história. Sancha Beirão de Vasconcelos viu o amor da vida dela morto no meio de uma invasão na quinta dos seus avós…
- Minha cara, isso é sobrenatural…-disse o ex-investigador.
- Quem é que disse que tudo é normal Martim, o jovem que lhe falei rompeu com a família e surgem várias questões ligadas à bruxaria e jogos de morte. E ele é o único herdeiro da qual os pais estão mortos! Tudo indica que foi ele que os matou.
- Não acha que estamos a seguir o caminho de uma louca? – perguntou Jonas.
- Ninguém me deixa aproximar dela, e ela está esconder-nos alguma coisa. Ou não acha?

-Há algo que não bate certo, meu caro, Jonas. Aliás. Deixe de lado esse nome…
- Isaac , prazer em conhecer –disse ele num tom jocoso.
-“Ele rirá!”,-observou ela – Eis o significado do nome Isaac: “Ele rirá !”. Os seus pais já tinham “passado do prazo”, já não esperavam ter filhos?. Foi isso!? Certamente, e agora deixe-me afogar as suas mágoas dentro de umas garrafas de whisky…Quer ou não investigar esta história a meias comigo? Eu faço a pesquisa e você decifra os sons?
-OK.
- Já que aqui estamos vamos por partes… o que está prestes a acontecer… diga-me rapidamente…
- 31 de Outubro? –perguntou Isaac.
- Exactamente, o Halloween.
- Não acha que será esse o próximo passo para o lançamento do novo álbum? Recorde-se de um título de uma história “A Maldição de Agadé “”A Devastação de Erra “?
Descobri num alfarrabista um famoso romance escrito por Agatha Crysthie num futuro próximo quando ela esteve em Portugal. A notícia veio no “Diário de Notícias “quando o marido esteve em Portugal na Gulbenkian. A escritora disse na entrevista de que Poirot viria a Portugal investigar um caso em Cascais ou perto…
- O que não aconteceu…
- Mentira, está cá em Portugal um jovem hititólogo que se diz neto de Hercule Poirot que está a juntar um grupo de jovens portugueses entre eles está a irmã do jovem desaparecido que irá participar na tradução hitita.
- E o que isso tem a haver com o grupo? –disse Samira.
-Para além de traduzirem uma placa de argila que a famosa Agatha Cristie vendeu ao arménio Calouste Gulbenkian… há uma novidade na história do tratado passa pelos vários álbuns “A Oração da Peste “e o “”Rei Édipo“ tudo não passa de uma farsa muito bem montada. Esse grupo não é mais do que o grupo que uma técnica de marketing, irá apresentar no dia 31 de Outubro na discoteca o Vigário à meia noite. Junte lá agora a charada.
- Vamos demonstrar que todos eles existem e tudo não passa de uma estratégia de marketing para enganar todos os elementos . Então o desaparecimento ou a morte não é tudo o mesmo?
- Claro, 1985 é a descoberta da Sida, a preocupação da teoria ecologista, até Maria de Lurdes Pintassilgo o fala… e foi aí que o nosso amigo Martim estudou parte do espólio da senhora. Ele era um católico… mas fez um panfleto muito especial e toda a questão do assassinato com a família levaria que um jovem doutorando abandonasse as suas crenças e fizesse um golpe de marketing, criaria uma morte fictícia e garanto-lhe que fará aparecer os seus pais no espectáculo. Quanto aos restantes pontos, no que respeita à questão das quintas é pura coincidência com um elemento da sua vida com um elemento esotérico e subversivo referente aos anos de 33-45. Aqui estão em poucas palavras a história de um desaparecimento pensado ao milímetro, eles fizeram os álbuns agora com a visão de 28 anos depois e agora estão prestes a reaparecer.
- Nem mais! Vamos demonstrar que eles não passam de uma fraude! Nunca existiram? É isso que vamos ver amanhã!