Será que ainda se morre de amor ?
Será S. Valentim assim tão honesto? Terá ele tanto amor para dar? Ou não será antes de mais nada um sincretismo religioso do famoso deus do amor: Cupido.Esta história de sincretismo insere-se na realidade com as religiões do próximo oriente antigo, na qual os deuses no lugar de desaparecerem, davam lugares a outros ou tinham uma espécie de sobrenome. Isso aconteceu na civilização egípcia, e mais tarde no Império Romano onde os deuses de outras partes do império passaram a adoptar nomes romanos. Quando Roma adotou o Cristianismo como religião oficial, fez o mesmo só que transformou os deuses pagãos em santos da Igreja , aqueles que não tinham características cristãs, foram demonizados. Daí que uma data a que comércio apregoa ser o dia dos namorados, nos faça esquecer a dor e sofrimento de uns é a felicidade de outros. S. Valentim e Cupido farão parte do mesmo ideal? O que tiveram os anjos barrocos a ver com estas duas personalidades?
Para vos dar a resposta a estas questões, lembremo-nos então daquela criancinha amorosa, cheia de amor que fere com a seta de amor, tem asinhas,voa e está sempre aqui todos anos disfarçado de São Valentim. O que eu nunca percebi foi a acepção de imagem com um Santo Católico: S. Valentim... Como é que a imagem de amor... pode ser ajustada a um dia que se comemora a decapitação de um homem, se é que ele existiu na realidade... Na realidade este bispo romano foi punido, e fez com que a filha de um carcereiro, cega... daí dizer-se que o amor é cego, e que morre por amor... De facto estas características foram tomadas à letra ao longo de milhares de anos... AS pessoas oferecem momentos e não as suas verdadeiras faces... oferecem presentes umas às outras, neste dia, não porque gostem umas das outras, mas porque gostam de marcar presença, de definir quem manda numa relação. Se S. Valentim é amor, então como se pode permitir tanta hipocrisia em tantas relações?
Se o amor é comércio, então estamos a fazer com que os amantes sejam apenas montras abertas de corações perdidos, esperando que uma nova vítima caía na sua cantiga. Ao longo de milhares anos escreveu-se o amor das mais diversas mais maneiras, até hoje o amor é escrito através da comida. Porque tudo se vende,até uma imagem, de um homem que morreu por amor. Não gosto de S. Valetim, porque nunca o conheci em vida, e nunca o vi no altar de uma igreja. Nem se quer existem pagelhas com a Oração de S. Valentim. Se existissem orações de que forma seriam apresentados?
Seria assim este santo , ou será mais o Santo António ?
Aqui vai um exemplo de como seria esse S. Valentim .
Oração a S. Valentim
O amor é cego e Vê ,
Como da filha do carcereiro tu te apaixonas-te ,
Entre os bilhetes escondidos dos amantes,
Fazei senhor , a omilia perfeita para o amor carnal se dar ,
leia -se a então desdita ,
Do sacríficio que tu senhor despertas e que ouves e dilaceras .
Tudo se evoca em nome do amor, mas na data de hoje nunca uma decapitação nunca fez tanto sentido ,quando nós compreendidos que perdemos a cabeça por amor, podem vir mil teorias de psicólogos, Alberonis, ou quaisquer outros cientistas que nos queiram esclarecer, porque nos dias que correm como dizia Fernando Pessoa:
"Todas as histórias de amor são ridículas "
Será por isso que foi necessário colocar numa série policial americana em que o personagem principal afirma que Deus e a religião é uma forma de se seguir regras, para não ter sarilhos?Será assim o amor ?Será que a maioria das pessoas precisam de ter alguém para não se sentirem sozinhas? Tudo é apenas uma questão de fé... e amor cura tudo... tudo, se não fosse isso, o que nos servia celebrar uma data como a de 14 de Fevereiro?
Já não se morre mais de amor,as pessoas poderão acreditar no amor, mas ele pode ter um prazo de validade, as pessoas preparam o terreno apenas para uma única função... a perpetuação da espécie... depois podem-se separar... e ir ter com os seus amores perfeitos... ou irem ao encontro da sua espécie... porque quer queiramos, quer não, todos somos animais como afirmava Charles Darwin. SE me permitem responder à questão inicial: "Não , já não se morre de amor, apenas ele desfaz-se, já não somos tão analfabetos, e vimos o amor, o casamento como um contrato celebrativo, uma peça fundamental na nossa história ocidental e um consumismo pedante. Porque não criarem cabeças degoladas no lugar de coração com os dizeres: Por amor, eu perdi a cabeça, mas não perdi a razão...
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