fanzine Tertuliando (On-line)

Este "blog" é a versão "on-line" da fanzine "Tertuliando", publicada pela Casa Comum das Tertúlias. Aqui serão publicados: artigos de opinião, as conclusões/reflexões das nossas actividades: tertúlias, exposições, concertos, declamação de poesia, comunidades de leitores, cursos livres, apresentação de livros, de revistas, de fanzines... Fundador e Director: Luís Norberto Lourenço. Local: Castelo Branco. Desde 5 de Outubro de 2005. ISSN: 1646-7922 (versão impressa)

sábado, maio 15, 2010

O que é que a Assíria tem ?*

Começamos hoje uma série de artigos dedicados à arte neo-assíria... Poderiam vocês até perguntar:" Afinal o que é que nós temos a haver com isso? "

Eu respondo: Muito. Até porque temos neste género de arte algo nunca visto na história da humanidade. Pela primeira vez encontramos uma história narrada numa série de imagens que podemos verificar a história da nação assíria, assim como a introdução dos mitos e da manutenção da ordem.
Este pode ser sem dúvida o regresso à arte neo-assíria que desenvolvi como tema de dissertação de licenciatura (para uns) seminário em História de arte (para outros) no longíquo ano de 2000-2001.
Depois disso muita coisa aconteceu. Em 2004 foi apresentada uma tese de mestrado em História e Cultura Pré Clássica sobre Guerra e Inscrições assíria e egícia de Pedro Abreu Malheiro.
Em 2008 o departamento de Histórai da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) começou a desenvolver um estudo sobre a iconografia da Guerra.

Afinal , perguntamos nós o que é que a Assíria tem?

Num país de deserto árido onde a cultura é muito difícil penetrar e como me disseram a Professora Kátia Pozzer e Simone muitas vezes a bibliografia em Português chega com cerca de 20 anos de atraso para passar o oceano.
Graças ao incentivo financeiro do governo do Brasil através do CNPq - Conselho Nacional de Pesquisa, o projeto A representação da Guerra na Iconografia Neo Assíria, pode adquirir bibliografias em língua estrangeira, o que possibilitou a constituição de um pequeno acervo bibliografico sobre Assíria que neste momento se encontra no LAPEMA-Laboratório de Pesquisas do Mundo Antigo, criado e dirigido pela Prof.a Katia Pozzer.

Dessa equipa destacam-se a Doutora Kátia Paim Pozzer, Simone Silva da Silva, Ricardo Serres e Leandro Serres.

KÁTIA POZZER (estuda a religião), SIMONE (qestuda a ideologia do rei assírio), RICARDO SERRES (estuda a tecnologia na guerra) e LEANDRO BARBOSA (novo integrante que está retomando o tema sobre os deportados e os prisioneiros nos relevos)
Este projeto de pesquisa tem por objetivo estudar a representação imagética da guerra e dos conflitos militares que marcaram a constituição do grande império neo-assírio na Antigüidade, a partir da análise dos relevos parietais assírios. O estudo tem, ainda, como objetivo a organização e disponibilização de fontes documentais iconográficas e a produção de textos para o estudo da história das guerras, como forma de contribuir para o preenchimento de uma lacuna editorial neste campo do conhecimento no país. As imagens são representações de ideais, sonhos, medos e crenças de uma época. Logo, são, elas próprias, fontes históricas e, sendo assim, material para a análise e a interpretação histórica. A escolha da temática de pesquisa justifica-se por ser a guerra uma prática que acompanha toda a história da humanidade. A prática cultural de criação de relevos monumentais está associada ao momento político de construção de grande impérios. A imponente quantidade de cenas e a sua própria continuidade, indicam uma função amplamente documental. A maioria das cenas representadas evocam a guerra, mais exatamente as campanhas militares empreendidas pelos assírios contra seus inimigos. Temos como objetivo geral estudar a representação da guerra nas imagens de relevos monumentais da Assíria no I milênio a.C. e por objetivos específicos identificar o papel da ideologia do poder real e de como ela foi interpretada pelos artistas na representação imagética da guerra e dos conflitos militares, que marcaram a constituição do império neo-assírio na Antigüidade; analisar o papel da figura do rei e sua legitimidade política; identificar aspectos tecnológicos, tais como, armas, carros de guerra, táticas e estratégias nas batalhas; identificar os aspectos religiosos e suas práticas rituais, compreender a representação dos estrangeiros, dos exércitos inimigos e da população civil capturada e digitalizar e disponibilizar estas séries iconográficas de relevos assírios.
Numa das recentes conversas em e-mail Simone Silva da Silva fala da dificuldade de investigar textos em acádico, levando estes a abandonar os seus estudos.

Esta é em primiera mãos uma das muitas viagens à Assíria tropical onde as imagens e relevos poderão vir a falar sobre o seu próprio quotidiano sem ter que pedir auxílio ao demónio Pazzuzu presente no filme Exorcista para garantir que este sonho não acabe, bastará mais a atenção de cada um devós e olhar para o passado e voltar a ouvir os velhos contadores de histórias. Até breve.

* O autor agradece a colaboração de Simone Silva da Silva e Kátia Paim Pozzer

1 Comments:

  • At 5:24 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Antônio, os antigos assírios agradecem por lembrá-los!
    Abraços do Brasil!
    Simone Silva da Silva

     

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