O Labirinto de Ré em solidão*
Hoje sexta feira santa, todo o mundo comenta a morte de Gabriel Garcia Marquez que usam as suas palavras, algumas pessoas na rede social dizem que alguns agora tornaram-se especialistas de Gabriel Garcia Marquez. Este texto fez parte de um congresso internacional na qual eu acalentava o sonho de apresentar a minha dissertação de mestrado em Egiptologia. Alguns consideraram louca, a minha teoria, a pseudo orientadora, nunca assumiu, nem quis saber o trabalho e fez-me esperar três anos até que decidi voltar à área de especialização anterior, já que nem com o processo de Bolonha a criatura se levantou da tumba. Creio que as pessoas podem dar palmadinhas nas costas das pessoas, mas nunca conseguem assumir responsabilidades e ter a coragem de dizer que não querem orientar, quando muito fazem afirmações tristes sobre os outros. Hoje com o meu coração consternado decidi aqui brindar-vos com este texto. Desejo-vos uma boa leitura. Até breve. E já agora Macondo, Macondo sempre!
Lis boa, 13 de Julho de 2012
*Texto apresentado no Congresso Internacional La Bendita Mania de Contar onde apresentei este texto.
O. Introdução
Seria Gabriel Garcia Marquez um menino milenar, na
realidade o deus egípcio Ré? Deliciar-se-ia com as histórias de piratas e que
ao encontrar o labirinto feito para se encontrar com a sua tia Amaranta Úrsula?
Dar-lhe-ia forças para escrever o romance da sua vida, “Cem anos de solidão”?
Estas questões podem não ter nada de científico ou
de literário ou podiam jogar entre os domínios da fantasia e da realidade nas
histórias narradas por crianças.
este romance “Cem anos de solidão” é uma obra à
parte, sem termo de tempo, em que as personagens principais não têm
características definidas, vão-se construindo como se passasse num mundo irreal.
Aqui temos a presença do Antigo Egipto. Mas vejamos
como esta antiga civilização no Nilo se sente ao longo das 318 páginas do
romance.
Passemos então às últimas linhas desta composição
escrita pelo menino Gabriel: “Só então descobriu que Amaranta Úrsula não era a
sua irmã, mas a sua tia, e que Francis Drake tinha assaltado Rinchoa para que
eles pudessem procurar-se em labirintos mais intrigados de sangue, até engendrarem
o animal mitológico que havia de pôr termo à estirpe (…)”[1]
Estas são
algumas das linhas que nos levaram a
escolher o título “O labirinto de Ré em Solidão”. Solidão ,
porque evoca e celebra o romance que hoje comemoramos, o seu efeito mágico,
labiríntico ao qual nos eleva para um outro universo com o título o qual nos apropriamos:
“O labirinto do fauno”. Foi a partir desse mesmo filme e decidimos construir a
comunicação, a partir da personagem fundadora dos mitos cosmogónicos egípcios:
o deus Ré. Imaginemos que o autor do
romance de “Cem Anos de Solidão” é uma criança conhecedora das histórias do
Antigo Egipto e como Ofélia opta por enfrentar a realidade desta forma
encontrando um paralelo com o fauno sendo
Ré o próprio Deus que pretende restaurar
o Egipto através de um romance que dará o nome “Cem anos de Solidão”. Este exercício procurará estabelecer
paralelos entre a actual literatura contemporânea latino-americana e o Antigo
Egipto.
Numa das cenas iniciais do filme “O labirinto do
Fauno”, Ofélia lê o conto “O labirinto de fauno” que irá mudar-lhe a vida. A
história é a de uma princesa presa num labirinto subterrâneo onde não
havia morte nem dor, tudo era perfeito até ao dia que a princesa decidiu
fugir. Nesta obra cinematográfica, Ofélia refugia-se num mundo de fantasia para
poder defender-se do seu padrasto e cria através da sua fantasia o seu próprio
universo, o seu mundo, e engendra a sua luta armada contra o seu opositor: o
franquismo e a guerra civil espanhola. Ao longo do filme reconhecemos que a
pequena jovem é na realidade a princesa milenar do conto “O labirinto do fauno”.
A partir do momento em que entra no local em que faz fronteira entre a
realidade e a fantasia, Ofélia descobre ser a jovem princesa milenar que
reencarna no corpo de uma jovem e que deverá fazer várias tarefas para
restabelecer a ordem do mundo. Deverá realizar três provas próximo do dia do
equinócio para finalizar deverá sacrificar o seu irmão.
Essa informação é dada logo no início do filme de
Guilherme del Toro dando-nos indícios de que aquela jovem cheia de sonhos será
a prova viva da lenda que se ergue em seu redor.
No filme, Ofélia deve procurar uma chave dentro da
boca de um sapo para que possa abrir uma porta mágica, e aqui iremos encontrar
dois universos: a realidade e a fantasia. Ora é através da fantasia que, ao longo dos séculos nas ditas civilizações
pré-clássicas e nas actuais civilizações contemporâneas, registam narrativas
próximas ao imaginário egípcio.
Ofélia terá que apresentar três provas de que pode
ser a filha do rei dos subterrâneos. Na primeira prova, a jovem devia retirar uma chave debaixo de uma
árvore que é controlada por um sapo gigante. Na segunda prova, a jovem deveria
entrar dentro de um salão que tinha uma raiz que deveria representar o seu
irmão e evitar qualquer alimento presente no banquete do salão do monstro. Na
terceira, e última prova, a jovem devia sacrificar o seu próprio irmão recém-nascido
antes da meia-noite para que se tornasse imortal.
A razão de comparar estas duas obras, o filme “O
labirinto do Fauno” e “Cem anos de Solidão” e colocar-lhe este título deve-se em
parte à magia do filme, ao universo subterrâneo que evoca a viagem da barca
solar de Ré contra a serpente Apópis.
A solidão está presente no principio da criação do
mundo com Atum Ré que cria o universo através da masturbação. Ré não tem
qualquer companheiro ou companheira que o faça sentir feliz e é nesse instante,
num momento de prazer que o deus Ré cria um grupo de nove deuses ligando-os
para sempre à natureza e ao mesmo tempo a uma das narrativas mais próximas do
universo latino-americano[2].
A serpente Apopis é sem dúvida um dos
monstros mais interessantes das narrativas mitológicas da civilização antiga
egípcia porque é ela o motor de toda a crença da passagem dos dias e das
noites, dos acontecimentos ligados aos astros como os eclipses solares e
lunares. Dias de chuva ou de céu encoberto eram ligados a este ser terrível,
considerado o mal eterno.
Na actual egiptologia são poucos os
egiptólogos que se têm debruçado sobre este ser mitológico[3]
mas a tendência é para que tal se venha
a alterar.
Para nos centrarmos neste fenómeno,
idêntico a situações e cenários narrativos das novelas latino-americanas,
optámos por alguns desses seres, tendo recaído a escolha na serpente Apopis,
por se ligar ao caos ou aquilo que se poderia definir como insurreição, tal
como “isefet” (o mal que se opões à ordem da “maat”)[4].
Este conjunto de leituras levou-nos a
seguir a hipótese da professora Maria Helena Trindade Lopes que afirmou nos
Estudos de Egiptologia que se podia estudar o Antigo Egipto nas páginas de
Gabriel García Márquez[5].
Um desses exemplos está centrado na
história de Ísis e Osíris contada por Plutarco relatada e escrita no século I
da nossa era. Nesta história
de luta encontramos dois irmãos Seth e Osíris. Osíris é correcto, honesto,
trabalhador e consciente dos problemas do seu povo procura ser o mais justo
possível. Seth tinha inveja dele e preparou-lhe uma armadilha. Tomou as suas
medidas e fez um caixão, tal como gizara nos seus planos e organiza uma festa
onde tudo acontece. Seth, assim se chamava o malfeitor desta história, preparou uma festa
em honra do irmão Osíris, propôs logo um
jogo, oferecendo um caixão a quem nele
coubesse, venceria esse jogo. Assim que Osíris entrou nesse caixão, o irmão matou-o
e cortou-o aos pedaços e distribuiu-os por todo o reino, o Alto e o Baixo
Egipto. Assim me contaram os habitantes.
A sua irmã e esposa ficou preocupada e decidiu
procurá-lo, encontrando pedaço por pedaço em 14 locais diferentes. Mas o mais
fabuloso é que mesmo depois de morto, Osíris procriou, tendo conseguido dar-lhe
um filho, a quem chamou Hórus. Este não é só um exemplo que relata a história
do assassinato na mitologia egípcia, mas também no romance “Cem anos de
solidão”.
Mas é também entre Rebeca e a sua irmã adoptiva que
se irá tratar da questão da posse e da rivalidade. No lugar de dois homens
encontramos uma luta entre duas mulheres não só pela posse de um homem,
substituindo a posse de poder entre o Alto e o Baixo Egipto. Mas não só é esse
aspecto que nos leva a ver semelhanças entre as duas épocas e com os sinais dos
mitos e deste mesmo romance.
Rebeca trazia consigo uma maleita muito especial, traz o
vírus da insónia e não é tudo, é também um sinal de que mais tarde ou mais cedo
esta criança franzina e melancólica sendo prima dos Buendia leve toda uma
população ao esquecimento.
Rebecca, fez
uma viagem misteriosa fugindo de um destino para causar perigo a uma população
através da peste da insónia com a qual a população se esquece do nome, da sua
vida, de todos os aspectos mais corriqueiros como os nomes dos objectos, faz
com que aqui seja necessário apelar aos nomes e às coisas. Para tal basta analisar
a mentalidade egípcia, segundo a qual o esquecimento era pior do que a própria
morte. Para um egípcio morrer era uma coisa absolutamente normal, era preparado
ao longo da sua vida para essa altura, a pensar na outra vida como uma réplica
desta, mas havia que se preparar para ser recebido pelo seu ka. Dava-se assim
início a um longo processo de alteração corporal, mas tudo era extremamente
importante. O homem egípcio podia aspirar ao divino encontrando-se com Ré e
viajaria com ele na barca solar numa viagem subterrânea. Ao juntar-se ao deus
Ré o defunto passava por um tribunal onde tinha que provar que era inocente e
justo de voz. Mas se neste episódio as pessoas acabam por se esquecer de quem
são?
Será graças à estratégia do coronel ……que irão
colocar etiquetas por todas as casas dos habitantes de Macondo. Estamos perante
uma revistação do mito de Mênfis em que Ptah cria o mundo através da palavra.
Para fundamentar a nossa tese, seleccionamos ainda os mitos da destruição da humanidade, do
poderoso nome de Ré. Conforme verificamos ao longo deste exercício, as
personagens de “Cem anos de solidão” estão em perfeita sintonia com a instituição
monárquica. O facto das mulheres embelezarem a casa, a abrirem aos forasteiros
e gente de fora, demonstra muito bem aquele que será o princípio basilar da
monarquia egípcia. A história de Setna I revela características idênticas ao
livro Alquímico de Melquiades no romance “Cem Anos de Solidão”. A história do
ciclo de Setna centra-se na revelação entre sonhador e intérprete de sonhos,
onde podemos ver que a transmissão desse sonho tem a ver com a vontade daquele
que a revela e com a interpretação do sacerdote [6].
É desta forma que Ré tenta libertar-se da teia
maldita em que foi colocado durante cem anos; aqui presenciamos uma narrativa
com elementos mágicos e muito próximos aos dos contos de fadas, mas também a um
exercício característico dos países com fracos recursos democráticos.
1.
Quem é afinal Apopis?
Segundo a egiptóloga Malgorzoto
Acúrcio , Apopis era referida como tendo “mau aspecto” e “mau carácter”, eterna
e hostil para com o deus Ré. Ameaça contínua para com a maat – a ordem
estabelecida, cósmica e humana no mundo – Apopis simbolizava as forças
primordiais do caos e sendo opositora de Ré (Sol), personificava também as
forças das trevas e a tempestade (os textos indicam-na como possuidora de um
silvo muito forte que ecoava no Além). Não conhecemos o significado do seu
nome. Apopis é a forma mais notória e, além desta, tem muitos outros epítetos e
cognomes que rondam os 30. Muitos textos descrevem-na com os mais
diversificados nomes, mas é sem dúvida “O livro de Apopis” o mais completo de
todos os textos encontrados até hoje. Trata-se do “Papiro Brenner-Rhind”,
escrito pelo sacerdote Nesmin. Descreve um ritual para festejar a vitória de Ré
e da Maat sobre as forças do caos e das trevas. Apopis fica severamente punida
na tentativa de impedir a eterna viagem de Ré para a renovação da existência do
mundo, imobilizada pela magia, privada dos sentidos, é amarrada, perfurada com
uma lança, esquartejada para deitar fora a água que bebeu para obrigar a barca
solar a parar, e finalmente, queimada, o que, segundo as concepções egípcias,
constituía o cúmulo da punição e aniquilação total[7].
Apesar de todos os esforços, a
serpente saiu renovada e voltou a ser um perigo constante.
Decidimos escolher este ser, como a
metáfora da desordem política ou do poder centralizador e ao mesmo tempo como a
pioneira das narrativas de realismo mágico.
Apresentamos a
serpente Apopis como objecto de uma noção política entre a estética e as
catástrofes naturais que irão desencadear todas as narrativas mitológicas
egípcias ao longo de mais de 5000 anos. Ao longo de todos os períodos, este ser
foi o pioneiro da noção do mal e da desordem. Para esse factor optámos por
escolher a literatura comparada do Antigo Egipto e a época contemporânea. Não
foi por acaso que, ao longo destes anos, ao lermos Gabriel García Márquez
considerámos que o romance “Cem anos de solidão” apresenta algumas semelhanças
com o maravilhoso pagão egípcio. Por isso podemos questionar se o realismo
mágico tem origens ou não na época contemporânea, ou se não será uma recriação dos mitos egípcios? Não
terão as duas épocas uma preocupação central em abordar ou questionar a
manutenção do poder político? Como é que essas narrativas podem estabelecer um
equilíbrio entre o homem e a natureza? Ou não serão antes de mais estas
narrativas criadas por vários sacerdotes para dar uma consciência política aos
cidadãos da Antiguidade?
2. Em busca da Apopis renovada…
Para conhecermos Ré, temos que recuar ao contexto
mitológico dos quatro grandes centros religiosos egípcios. Todos eles contam
histórias de Ré como criador do universo, como primeiro ser nascido de uma flor
de lótus, como ser interventivo e espelho de uma grande narrativa. Neles, as histórias
e as maneiras de ver estes mundos paralelos são interpretados segundo uma mesma
vontade tal como cinco mil anos antes os sacerdotes, políticos ou pessoas com
conhecimento de causa queriam abordar as questões políticas em tom de romance.
Após termos verificado as raízes históricas do
realismo mágico através das suas próprias fundações, podemos conhecer agora um
pouco mais deste paralelismo entre o antigo Egipto e “Cem anos de solidão”. Podemos
reivindicar o realismo mágico como uma faceta do maravilhoso pagão.
3. Em busca do livro esquecido
Nas duas provas anteriores procuramos a relação
entre o realismo mágico e algumas passagens entre os “Cem Anos de Solidão” e
alguns dos mitos mais emblemáticos da mitologia egípcia. Como afirma João de
Melo no ensaio escrito sobre o boom da literatura latino-americana, “Cem anos
de Solidão” é um romance de fadas para adultos”. Senão vejam-se todas as
personagens que percorrem uma espécie de maldição, encantamento durante 100
anos sem saberem o que está escrito no livro escrito por Melquíades[8].
Na história em apreço, Setna I
revela características idênticas com o livro Alquímico de Melquiades no romance
de “Cem Anos de Solidão”. A história do ciclo de Setna centra-se na revelação
do sonhador e do intérprete de sonhos, onde podemos ver que a transmissão desse
sonho tem a ver com a vontade daquele que a revela e com a interpretação do
sacerdote[9]. É desta forma que Ré
tenta libertar-se da teia maldita em que foi colocado durante cem anos. Aqui
presenciamos uma narrativa com elementos mágicos e muito próximos dos contos de
fada, mas também a um exercício característico dos países com fracos recursos
democráticos.
Ora, esse livro é uma espécie de livro profético ou
antes uma espécie de livro da vida ou dos sonhos. Neles estão contidos todos os
segredos que determinam o fim do encantamento. [10]
Em Setna I, o príncipe Khamsas era um escriba
erudito, cuja actividade predilecta era estudar inscrições de manuscritos e
livros. Um dia falaram-lhe de um livro de magia escrito pelo próprio Thot, que
estava depositado num túmulo de um príncipe de tempos muito recuados, chamado
Naneferkpthah. Tal túmulo estaria
algures na vasta necrópole de Mênfis. O escriba encontrou o livro depois de
muito procurar e deparou-se com os espíritos de Naneferkpthah e da sua esposa
Ahwne que se ergueram em defesa do seu tesouro.
A magia negra pode encontrar-se em qualquer obra do
fantástico mas no conto de Setne I faz-se referência diversas vezes à suposição
e capacidade das fórmulas mágicas e à sobrevivência da personagem. Assim,
elementos como a pedra, a cera e o barro eram o material comum a estas figuras,
paralelamente aos rituais que acompanhavam os recipientes e tábuas de argila.
Esta é uma história de encantar onde a maldição e o
encantamento está certamente no livro alquímico de Melquíades presente em “Cem anos
de solidão”. Este cigano imortal que conseguiu enganar a morte. Melquíades vem
do mundo exterior trazendo conhecimento e tem nas páginas do livro que oferece
a José Arcadio Buendia semelhanças à adivinhação, mas também tem uma forma
muito próxima da profecia.
Há deuses no Antigo Egipto que têm funções de
estado. Um desses deuses é Hórus que curiosamente é apresentado como um rapaz
de trança chamando Ihy, ou mesmo até Hórus criança. Neste labirinto que Ré
pretende libertar-se e partir para outra dimensão bastará uma criança que seja
chamada pelo deus Ré, tal como Ofélia o foi em sonhos pelo fauno. As fadas
estão presentes e os piratas também e seres híbridos e sobrenaturais são
referidos nas duas culturas. O que se pede aos macondianos é não se casem com
primos para que estes não venham ao mundo com rabos de porco nas intenções de
Úrsula, mas bastará cada personagem ver no olhar do cigano Melquíades a sua
sabedoria. Poderia talvez esse menino perguntar-lhe:
- Senhor, porque é que sabes todas as coisas sobre
essa gente? Vivestem Macondo?
- Não, responderia o cigano. Eu já nem me lembro de quando morri, mas estou a entregar-te um livro
que só tu pedes escrever e decifrar.
- Como é que ele se chama senhor? – pergunta a
criança largando o caderno que tem nas mãos, mas antes que Gabriel ouvisse
alguma resposta o cigano já desaparecera deixando três provas feitas: saber se
o realismo mágico era ou não uma continuação do maravilhoso pagão, se as
personagens do seu futuro romance eram tipicamente egípcias e por fim se o
livro alquímico de Mlequíades era idêntico à história de Setna I e Setna II.
Para terminar
não sabemos qual foi a reacção da criança ao ver que o livro não tinha nada
escrito, apenas folhas em branco dando origem ao romance que hoje aqui
celebramos e que em breve esperamos que possamos comunicar com estes dois
mundos. Por enquanto conseguimos decifrar parte deste romance. Esperemos que a
longo prazo esta pesquisa dê frutos e possa contribuir para uma maior
compreensão da ligação entre os dois universos. Aí Ré conseguirá fugir do
labirinto mágico em que sacerdotes e escribas o prenderam durante milhares de
anos, mas esse mistério só Melquiades e a criança que falou com que ele, nos
poderão responder em breve.
[3] Apenas encontramos alguns verbetes de
Malgorzata Kot Arcúrsio sobre Apopis , in Dicionário do Antigo Egipto ,
ed . Caminho (1a.ed.), 2001, Lisboa , pp84 -85 ou ainda em José das Candeias Sales , As Divindades
Egípcias , Ed. Estampa, 2000, pp, 399 -402 , Até hoje encontra-se uma
dissertação de mestrado de Malgorzata Kot Arcúrsio ( 1989) apresentada na
Universidade de Varsóvia , na especialidade de Egiptologia, esta tese foi apresentada em 1994 na faculdade de
letras de Lisboa onde teve autora obteve aequivalência ao grau de mestre . Mais
recentemente, Kousalis Pagniatis da Universidade de Rhodes (Grécia) prepara uma
monografia sobre este ser mitológico. Aguardamos pois a publicação das duas
obras, já que a última irá ser escrita em inglês, esperamos a tradução do
polaco para português da tese de Malgorzata Kot Arcúrsio, “As definições de
fogo da serpente Apopis “(Cadmo, n.ºs 4 /5).
[4] Para este assunto veja-se o artigo de Rita
Lucarelli “Demonology during the late
pharonic and graeco –roman period in Egypt “in JNES , n.11(2011 ), pp 109-125.
[5] Cf Maria Helena Trindade Lopes, in Estudos de
Egiptologia , ed .A P.E, 2003, 1ed., p.12
[6] Cf Edda Bresciani , op.cit
[9] Cf Edda Bresciani , op.cit
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