As novas aventuras da menina Agustina
Capítulo Primeiro
Para Lourença viajar era andar para trás e reencontrar-se com milhares de histórias que tinha tido quando pequena. Todas essas aventuras eram-lhe recordadas diante do seu psicoterapeuta que na maior parte dos casos mais parecia um chaparro alentejano, à espera de dois ou três saloios de talego nas mãos comendo a desenfreada comida.
Comer era uma das outras frases que aquele homem de cachimbo lhe fazia corar imaginava-se a comer tudo o que lhe aparecesse pela frente. Naquele Verão de 1987, quando estivera numa quinta verdejante lá pelos lados do Douro numa casa senhorial, falara com fadas multicores e cheias de asas de aranha lhe diziam: Imagina!
Lourença corria pela floresta a dentro e inventava um dentinho falante cheio de doces dado pelos ratinhos que viviam por ali .Aquela quinta era muito especial , porque provinham todos os ratos das bibliotecas , muito amigos , até um que num museu perdera um dos seus dentes por tentar comer uma placa de barro com letras idênticas a patas de cegonha.
- Idiota ! –gritou a escrita . Está-me a comer ! Como é que hei de dar notícias ?
No meio daquela confusão uma boneca de pano falava sem parar:
- Devemos ir ao tribunal fazer queixa destas atrocidades ! Como é que vai ficar a nossa memória ? Eu sou a Senhora Dona Marquesa de Rabicó e conheço a Senhora Dona Lourença , ou melhor o dente dela ! Foi na corte desse dente de rato que eu estive diante dos maiores diplomatas que me pediram autógrafos . Eu que sou conhecedora de todas as personagens.. .
Lourença achou que tinha a fórmula de menina –mulher e mãe . A boneca não sabia o que ela estava a ver , mas também foi naquele dia que uma menina tão delicada chegou ao Sítio do Picapau Amarelo . Aquela quinta dourada e verdejante pelas folhas esvoaçantes e mágicas tinham um brilho idêntico aquela fazenda brasileira . Seria a vez de se mudarem para ali todas as crianças . Aquela menina não era Lourença , nem Alice , nem as meninas que pertenciam ao Sítio . Aquela menina era Agustina Bessa-Luís. Olhou-os a todos e disse :
- Estou tão cansada ! Mas não parou mais de falar com as crianças depois de feitas as
apresentações e disse-lhes que deviam fazer uma acta contra os dentes que podiam desaparecer da nossa memória . Era a primeira vez que aquela quinta secular recebia uma visita , mas não era uma visita qualquer e foi talvez que a partir daquele dia que todas as crianças daquela terra se juntavam a eles para ouvirem as histórias mais estranhas . A menina Agustina disse que tinha ideias para umas histórias onde as quais os seres já se vinham apresentando . No meio daquelas brincadeiras , Lourença personagem era apresentada à sua mãe de criatividade Agustina que lhes dizia que iria apresentar um casino de brincadeira . Naquele casino as fichas eram folhas de árvores e imaginavam que falavam casualmente com algumas pessoas . Porcos, galinhas, meninos de milho entravam nas suas histórias e queriam sem dúvida penetrar num local muito especial. A ponta estava lançada naqueles propósitos: Agustina ia mandar sentar todos os meninos e meninas que iam ouvir pela primeira vez as suas histórias. Agustina era uma menina muito aplicada e trabalhadora .
- Me conta – disse Dona Benta. Benta era uma senhora que deveria ter uns setenta anos e visitava pela primeira vez Portugal, tinha um carrapito e uns longos cabelos brancos da cor da neve.
- Ora , disse Agustina . Eu adormeço ao som da música e escrevo quando acordo com os sonhos que tive durante a noite , e é no meio silêncio para tentar ouvir as suas conversas .
_ Meu Deus ! Essa menina é igual à danadinha da Emília !- disse Tia Anastácia . Anastácia era a empregada de Benta , mas era tratada como sendo um membro da família, pois costumava viajar com todos eles quando era necessário . De súbito apareceu uma menina chamada Lúcia , de um certo narizinho arrebitado a quem todos chamavam Narizinho usava um vestido com padrão de flores de acordo com aquele dia tão primaveril que perguntou a Agustina:
- Agustina , é verdade que você inventou uma menina de carne e osso ?
-Sim , chama-se Lourença e veio para aqui passar férias . Veio à procura do rato diplomata , porque no país deles existe um segredo…
_ Não lhes estás a revelar os teus escritos cheira –me a Terras do Risco . .Nesse livro havia um historiador que afirmava que Shakespeare era um judeu fugido à inquisição , observou Visconde de Sabugosa .
O Visconde de Sabugosa era uma espiga de milho que se havia tornado gente , de óculos e tudo . Nunca se separava dos seus intermináveis livros . O seu olhar observador deixava qualquer um desarmado menos Agustina .
- Como é que sabe ? –perguntou a menina admirada . Ainda não o terminei , mas vai ser passado numas silvas e entre uns cactos alquimistas .
- Antes de virmos para aqui passamos pelo mundo das ideias da menina Agustina , e vimos que é uma história cheia de segredos, e ao que parece um desses senhores está na gruta da Cuca, segundo o Saci .
- Ah ! Já vi que ouve também as informações do povo. Saci , Cuca , Quem é que são afinal ?Talvez possa inclui-los no meu próximo livro.
Para Lourença viajar era andar para trás e reencontrar-se com milhares de histórias que tinha tido quando pequena. Todas essas aventuras eram-lhe recordadas diante do seu psicoterapeuta que na maior parte dos casos mais parecia um chaparro alentejano, à espera de dois ou três saloios de talego nas mãos comendo a desenfreada comida.
Comer era uma das outras frases que aquele homem de cachimbo lhe fazia corar imaginava-se a comer tudo o que lhe aparecesse pela frente. Naquele Verão de 1987, quando estivera numa quinta verdejante lá pelos lados do Douro numa casa senhorial, falara com fadas multicores e cheias de asas de aranha lhe diziam: Imagina!
Lourença corria pela floresta a dentro e inventava um dentinho falante cheio de doces dado pelos ratinhos que viviam por ali .Aquela quinta era muito especial , porque provinham todos os ratos das bibliotecas , muito amigos , até um que num museu perdera um dos seus dentes por tentar comer uma placa de barro com letras idênticas a patas de cegonha.
- Idiota ! –gritou a escrita . Está-me a comer ! Como é que hei de dar notícias ?
No meio daquela confusão uma boneca de pano falava sem parar:
- Devemos ir ao tribunal fazer queixa destas atrocidades ! Como é que vai ficar a nossa memória ? Eu sou a Senhora Dona Marquesa de Rabicó e conheço a Senhora Dona Lourença , ou melhor o dente dela ! Foi na corte desse dente de rato que eu estive diante dos maiores diplomatas que me pediram autógrafos . Eu que sou conhecedora de todas as personagens.. .
Lourença achou que tinha a fórmula de menina –mulher e mãe . A boneca não sabia o que ela estava a ver , mas também foi naquele dia que uma menina tão delicada chegou ao Sítio do Picapau Amarelo . Aquela quinta dourada e verdejante pelas folhas esvoaçantes e mágicas tinham um brilho idêntico aquela fazenda brasileira . Seria a vez de se mudarem para ali todas as crianças . Aquela menina não era Lourença , nem Alice , nem as meninas que pertenciam ao Sítio . Aquela menina era Agustina Bessa-Luís. Olhou-os a todos e disse :
- Estou tão cansada ! Mas não parou mais de falar com as crianças depois de feitas as
apresentações e disse-lhes que deviam fazer uma acta contra os dentes que podiam desaparecer da nossa memória . Era a primeira vez que aquela quinta secular recebia uma visita , mas não era uma visita qualquer e foi talvez que a partir daquele dia que todas as crianças daquela terra se juntavam a eles para ouvirem as histórias mais estranhas . A menina Agustina disse que tinha ideias para umas histórias onde as quais os seres já se vinham apresentando . No meio daquelas brincadeiras , Lourença personagem era apresentada à sua mãe de criatividade Agustina que lhes dizia que iria apresentar um casino de brincadeira . Naquele casino as fichas eram folhas de árvores e imaginavam que falavam casualmente com algumas pessoas . Porcos, galinhas, meninos de milho entravam nas suas histórias e queriam sem dúvida penetrar num local muito especial. A ponta estava lançada naqueles propósitos: Agustina ia mandar sentar todos os meninos e meninas que iam ouvir pela primeira vez as suas histórias. Agustina era uma menina muito aplicada e trabalhadora .
- Me conta – disse Dona Benta. Benta era uma senhora que deveria ter uns setenta anos e visitava pela primeira vez Portugal, tinha um carrapito e uns longos cabelos brancos da cor da neve.
- Ora , disse Agustina . Eu adormeço ao som da música e escrevo quando acordo com os sonhos que tive durante a noite , e é no meio silêncio para tentar ouvir as suas conversas .
_ Meu Deus ! Essa menina é igual à danadinha da Emília !- disse Tia Anastácia . Anastácia era a empregada de Benta , mas era tratada como sendo um membro da família, pois costumava viajar com todos eles quando era necessário . De súbito apareceu uma menina chamada Lúcia , de um certo narizinho arrebitado a quem todos chamavam Narizinho usava um vestido com padrão de flores de acordo com aquele dia tão primaveril que perguntou a Agustina:
- Agustina , é verdade que você inventou uma menina de carne e osso ?
-Sim , chama-se Lourença e veio para aqui passar férias . Veio à procura do rato diplomata , porque no país deles existe um segredo…
_ Não lhes estás a revelar os teus escritos cheira –me a Terras do Risco . .Nesse livro havia um historiador que afirmava que Shakespeare era um judeu fugido à inquisição , observou Visconde de Sabugosa .
O Visconde de Sabugosa era uma espiga de milho que se havia tornado gente , de óculos e tudo . Nunca se separava dos seus intermináveis livros . O seu olhar observador deixava qualquer um desarmado menos Agustina .
- Como é que sabe ? –perguntou a menina admirada . Ainda não o terminei , mas vai ser passado numas silvas e entre uns cactos alquimistas .
- Antes de virmos para aqui passamos pelo mundo das ideias da menina Agustina , e vimos que é uma história cheia de segredos, e ao que parece um desses senhores está na gruta da Cuca, segundo o Saci .
- Ah ! Já vi que ouve também as informações do povo. Saci , Cuca , Quem é que são afinal ?Talvez possa inclui-los no meu próximo livro.
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