Páginas

domingo, outubro 02, 2022

 

O Pecado de Senaqueribe ou o nascimento do romance policial ?


Hoje estou aqui para fazer uma grande revelação. Revelação essa que tem sido menos prezada  pelos historiadores e pelos escritores de romances policiais históricos. De facto quem tem abordado estes temas são os teólogos ou mais propriamente  os estudiosos da Bíblia , mais propriamente os da linha  luterana . Porque analisar estas coisas pertencem aos beatos ou testemunhas de outras confissões  religiosas (desculpas  para as outras confissões, porque eles fazem mais em prol da  religião  que os  próprios  católicos e muitos tornam-se historiadores da antiguidade pré - clássica por via  da análise bíblica e do seu próprio estudo . Isto de ler a Bíblia  tem muito que se lhe diga . O que hoje me traz aqui hoje é a abordagem de um mistério com mais de três mil anos ) .O  segredo  dessa  história milenar que  tem  ficado escondida nos anais  da história  é a falta de provas ou mais  concretamente  a história causa - efeito de crime e castigo . Se as provas ou os documentos  que formos analisar  têm sido deixados de lado  leva-nos a  questionar  todos os passos de reconstituição da personagem  histórica  nos seus últimos tempos de vida .

Chamamos pois a vossa atenção para o monarca assírio  Senaqueribe (filho de Sargão II )  que morreu  no ano de 681  a.c . É a sua história brutal de déspota , de homem  que quis criar  uma nova ordem política e  geográfica  que  fez com que os deuses o amaldiçoassem e fosse  vítima de um crime. Durante  muito tempo a única  fonte disponível seria a Bíblia e este caso  tornava-se como muitos outros casos policiais  arquivados  na história  do médio oriente antigo. Alguém disse um dia e com razão que a investigação histórica  pode-se assemelhar a um inquérito policial.

Passamos a analisar  os pontos essenciais da  nossa investigação de hoje : Crime - Suspeitos - Provas - Inquéritos - Testemunhos e  Conclusões .

A investigação  que vamos  fazer hoje não está descrita  nos arquivos habituais , as testemunhas  falam silenciosamente . A Bíblia falava  da vingança  do Senhor  contra a arrogância   de um homem  que quis  domar o mundo , apaixonou-se por uma mulher . Mudou os códigos de leis como prova do seu amor . È  neste quadro   que passamos a abordar  as semelhanças a um policial  concreto o modo  como aconteceu o crime , como o assassino preparou levou-me a delirar por esta história  e pensar  como um bom  criminoso : Meu Deus , como é  que eu não pensei nisto antes ?

È  que para  entramos  neste universo temos não só que pensar como um criminoso , mas à  maneira da época  e reconstituirmos esse  mesmo universo mesopotâmico  que esteve  fora  do nosso alcance . Muito antes de  se escreverem policiais  no ido ano de  681 ac  Nínive teve  o seu crime espetáculo  . Meu Deus  a notícia até está  descrita  numa das tabuinhas cuneiformes . Assim não haveria  forma de pedirmos a alguém para  reinventar  o romance policial histórico ?

Temos muitos e variados romances policiais históricos... mas nenhum foi tão longe como a própria realidade . A sua resolução parecia remetida  para um canto , talvez debaixo do tapete ... Eis que no dito ano de 1979 um assiriólogo finlandês   ,o professor  Simo Parpola ( hoje  em dia professor jubilado da Universidade de Helsínquia) num Congresso de assiriologia  apresentou  uma comunicação  com um título próximo de um dos romances de Agatha Cristye : O Crime na Mesopotâmia . O texto  está net à espera de  quem o leia . O investigador finlandês  desvendou  o crime  e quem seria o possível mandante .

Quando menos se esperava Sirmo Parpolla  como um bom  detetive entrou no espírito da coisa,  e revelou nos mínimos detalhes os  os usos e costumes daquela  época , e  não só ambiente de todo  a corte , os súbditos na entrada   do palácio , como os visitantes  se portavam e o protocolo diplomático , revelou os códigos de leis   e as relações familiares e até um dos familiares fosse o próprio assassino . Só  um indivíduo muito próximo do  poder saberia os aspetos ligados  à arte e à sua ideologia .
Poderíamos reclamar um novo tipo  de romance policial,  ou  concorrer ao prestigiadíssimo  prémio  criado com o  nome da escritora Ellis Petters. Este prémio  foi criado para  premiar  romances policiais históricos  como à escritora  que lhe deu  o nome. Criou  um monge  detetive   que lutou em Jerusalém . Uma história que vale por si e deu nome a um prémio . Resta  saber quem irá morder o anzol e escrever uma história  policial passada no  ano de 681 ac . Aí  poderemos parafrasear Mário Liverani (reputado assiriólogo  italiano  que esteve em Lisboa  há mais de  vinte anos   no colóquio internacional sobre o Oriente  Antigo . "Depois basta ouvir a decisão  do juiz  do tribunal da história  e esperarmos pelo veredicto ."
Todos nós  continuamos à espera de um resultado final deste romance policial.

 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Comentários anónimos, sobretudo falando de tudo menos do texto ou imagem a comentar não serão publicados.