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terça-feira, setembro 25, 2018

Ovo de Fogo Cap. XII

Coisas de  historinha...Amor  como amor se paga


Sempre gostei   de histórias de  terror . Apesar de viver com todas as mordomias que a minha família  me proporcionou , levou-me desde criança  a procurar o elementar Vlad Drakul . Em pequena desaparecia  horas , procurando o papão , ou qualquer mito contado  pelas gerações , primeiro papão , depois aqueles trastes e mais tarde nem vale  a pena referir. Quando  me tornei autónoma  ,andei de biblioteca em biblioteca, arquivos e registos à procura de uma  boa aventura .

Para além desses seres misteriosos  da noite do qual me  tornei fã  do verdadeiro e original Drácula o qual lutou contra os opressores  otomanos , e que muitos séculos depois  ele  receberia  honras e de ter dado  conta  dos  invasores , foi através do  romance  o  Historiador  que eu me tornei  historiadora , queria seguir as pisadas daquela  professora , sentir  os  cheiros dos  arquivos , do enigma  dos  documentos e daquilo que eles me  diziam , assim como os  ossos  , e outros  documentos são para os  arqueólogos e  médicos legistas, esses documentos  também me contavam as suas  histórias ,e  foi isso que  sempre me  importou na  história , contar uma  boa  história e não fazer dela  uma  instrumentalização do poder , da política ,sempre  odiei pelas  diferentes razões que  os  estados  totalitários usaram o passado em prol de um povo perfeito e  o mais  estranho é que a antiguidade  surge sempre  como o estado perfeito, como a Atlântida . Hoje em dia ninguém sabe  se existiu ou não , mas  que a marca  de uma  civilização perfeita  que  é apropriada não só para modelos  políticos , mas também para filmes , livros , contos e histórias de ficção científica e nas telenovelas  .Mas as  histórias que nos contaram  podem ter diferentes rostos , quem se dedica  à pesquisa  histórica , bem sabe disso , por essa mesma  razão incomoda muito quando se  diz que não existe  história  contemporânea  ou que  determinados  povos eram extraterrestres , dou-vos dois casos , um deles  é o da terra  onde vivi na  minha  infância  Canha  onde  toda a gente  afirma ter existido um  castelo , mas o mesmo  não aparece em lado algum , apenas nos  memórias dos mais  velhos  que lhes  contaram, mas esquecem-se  que  essa terra  fazia parte da  Ordem  de Santiago não ?
O segundo caso tem a ver com os  Egípcios , é verdade , a maioria das pessoas  acreditam que eles eram extraterrestres , seres estranhos , pela  sua  forma de vestir , de pensar , pelos  mitos , pelas  pirâmides . Alguns e algumas dão aso a isso  colocando a  Alice de  Lewis Carrol , Pablo Picasso ou mesmo até o recente gabriel  Garcia Marquez como herdeiro desse  campo ... ou noutro caso  seria  Freddy Marcquery a reencarnação de  Ramses II ? Só   para vos dar  exemplos tudo isso  pode ser uma boa  estratégia  para fazer um mestrado em  Egiptologia ou  procurar recepções da antiguidade , na história , os filmes de Rocky fazem essa mesma  apropriação da  história de  Aquiles e de  Heitor , até a  história de Vertigo  vai beber de  Pigamalião , e então meus  amores , se formos a  Fernando  de Noronha  e  criarmos uma variante de  Homero , mais  tropical onde um Ulisses é um escritor  com  uma crise de identidade , ou até Jocasta  é filha de um comunista  , vítima da  ditadura  militar e a história de  Rei  Édipo é transformada  numa tragédia brasileira  , com  pais e mães de santo onde  tema da  tragédia , do destino se designa  na história  brasileira  por Mandala  que na realidade  vai desaguar no Karma e esse nome  não é afinal um parente afastado do destino ?

Quando  em 2010  optei por  fazer o mestrado  em História Contemporânea para  estudar o quer que  fosse  , ligado aos  últimos acontecimentos ligados ao médio oriente  sobre o Iraque, ou que havia acontecido não sabia de modo algum que fazer ligações entre  o passado e  o presente teriam efeitos secundários , muito menos questionar a qualidade do ensino , ou a metodologia de alguns ou algumas  historiadoras . O grande erro  dos   mestres e doutores  não é  pesquisarem , mas sim tornarem-se escravos dos seus próprios arquivos , de não terem o diálogo e de viverem com medo da mudança . Como diz a sabedoria  popular em casa de quem não trabalha , todos ralham  e ninguém tem razão , no dia  em que todos deixarem de pesquisar os mesmos  arquivos , e se  existem tantos casos sobre o Estado Novo pois agora já se ouvem  vozes que  exclamam e exultam pelo seu regresso , pois esquecem -se uns do que os seus pais e avós passaram , há outros que  se tornaram detentores da verdade  e o mais irónico e aqui sou capaz de concordar  com alguns velhos do Restelo ,é que a história antiga e que muitas  vezes aqueles  que foram perseguidos , tornam-se então os verdadeiros caçadores incapazes de  pensar  ou de reflectir naquilo em  aquilo que se tornaram , alguns deles que foram advogados  ou que estudaram ciência política se  tornem depois  historiadores de uma causa , não se esqueçam eles que a cidade é assombrada  por uma misteriosa peste a que todos  querem acabar , e que para isso  surge  um herói que  terá que passar  por duras provas , oxalá seja o filho do rei para descobrir que matou o pai e casou a mãe , oxalá não descubra como na Oração da Peste de Musrsillis II que   foi o seu  pai que  deu origem a essa  tragédia ...Talvez possamos  usar a velha  máxima do  universo " Amor com amor se paga " , ou na maior parte dos casos se diz que" aqui se faz , aqui se paga ..."  Parece  que  o passado  está regressando e que a lei do universo  ou da lei  da  vingança como se fazia  no Antigo  Testamento da  Bíblia ou mesmo até na  Grécia antiga havia  a lei da Prorréssis , o direito da  vingança , em que os familiares deviam limpar o nome dos  pais   haviam sido caluniados .
 A história deve ser  cega tal como a  justiça , sejam ricos ou pobres , sejam quais forem o regimes , mas  não só do lado de certas  posições da táctica do xadrez porque aí sim acabamos por  abrir a nossa  sepultura , ou na melhor das hipóteses daremos a aso a criar um bordão de uma personagem da  Rainha  da  Sucata  dita   pelo saudoso Paulo Gracindo  " Coisas de Laurinha" quando a esposa fazia as piores patifarias , para  se  manter intacta . Assim poderemos  dizer em relação à história ou a alguns pseudo historiadores que usam a sua  posição  política   para fazer  historia  , porque não são capazes de olhar para lá do  arco -íris , não conseguem descobrir que  afinal que o velho  feiticeiro de Oz não tem capacidades mágicas  para transformar  os arquivos em fontes vivas , porque só sabem ver o que lhes  convém , talvez sejam  como a rainha de Copas  e que gritem "Cortem-lhes a cabeça ". Por isso só podemos  dizer como Betinho Figueiroa " Coisas de Historinha " .

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