fanzine Tertuliando (On-line)

Este "blog" é a versão "on-line" da fanzine "Tertuliando", publicada pela Casa Comum das Tertúlias. Aqui serão publicados: artigos de opinião, as conclusões/reflexões das nossas actividades: tertúlias, exposições, concertos, declamação de poesia, comunidades de leitores, cursos livres, apresentação de livros, de revistas, de fanzines... Fundador e Director: Luís Norberto Lourenço. Local: Castelo Branco. Desde 5 de Outubro de 2005. ISSN: 1646-7922 (versão impressa)

quarta-feira, março 30, 2005

POETAS LIVRES

Poetas
Pelos tiranos
Perseguidos
Censurados
Torturados
Fuzilados
Presos
Deportados
Mortos
Silenciados.

Os tiranos
Ditadores
Torcionários
Têm medo dos poetas
Livres, não controlados,
Subversivos, livres
Como verdadeiros poetas.

Os poetas riem-se
Dos tiranos
Ditadores
Torcionários
Reaccionários,
Que pensam
Que podem
Cortar a raiz ao pensamento.

Palavras de poeta
Magma de LIBERDADE.
Óh, palavra subversiva,
Horror dos ditadores
Tiranos
Torcionários
Déspotas.

Assassinos do corpo dos poetas
Matam o corpo,
Não matam a mensagem,
Dita, escrita, cantada, falada.
Não matam a alma
Que não existe
Porque não existe
Alma não... Ponto final.




Mas... não matam a alma,
Porque a alma só morre
Quando o corpo quer.
Quantos corpos vivem sem alma?
Quantos corpos mortos com alma viva?

Ser poeta
É ser contra-poder,
Por isso o poder
Não gosta do poeta.

O poeta
Foge do poder
Para livre ser.
Longe do poder?
Mas livre.

O menor dos homens
É o poeta d’ alma vendida
Porque trai a sua condição
De crítico do poder
De ser a voz dos oprimidos.

Poesia do poeta
Liberdade livre,
Não corrompida
Não prostituída.

A corte do poder
Não gosta dos poetas,
Inveja-os,
Porque para ser poder
Abdicou de ser livre.
Falta-lhe a coragem
Que jorra da pena do poeta
Livre.
A coragem
Está no braço que empunha
A bandeira da Liberdade
Livre do poeta.

Poeta de cravos
Vermelhos
Pena caneta
Lápis esferográfica
Pincel giz
Numa mão
Na outra mão
Erguidos.

Poeta livre
Portugal livre
Da P.I.D.E.
Caçadora d’ almas livres
E dos corpos com alma.

Poetas
Portadores
Da esperança
Que invade
Os corações
Do Povo
Oprimido.

Poetas
Portadores
Das utopias
Imaginadas
Realizadas
E por realizar.

O poeta sonha
O Homem faz.

Poetas
Portadores
Da Utopia
Que os Capitães de Abril
Realizaram.

Poetas
Portadores
De utopias
Que as ditaduras
Não podem tolerar.
Por isso, os poetas
Mandam matar.

Mandam calar o poeta,
Impedem o poeta de gritar
Forçam-no a sussurrar,
Impedem o poeta de sussurrar.

Mas não podem,
Querem
Mas não podem,
Impedi-lo de pensar,
De gritar falar sussurrar...
Pensando.

Mesmo o pior despotismo,
No reino da ignorância
No império do obscurantismo
Não consegue,
Ditador ou tirano,
Violar o último reduto da Liberdade,
A imaginação.

Um dia
O despotismo
Será as ruínas de uma cidade
Submersa pelo magma da Liberdade,
Expelido pelo vulcão da poesia
E a cidade do despotismo
Será cidade da Utopia,
Pela pena dos poetas livres,
Em Democracia.

Vivam os POETAS LIVRES.


Luís Norberto Lourenço

Castelo Branco, 15 a 22 de Março de 2000